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INTRODUÇÃO À PRESENTE EDIÇÃO

Em, 1970, há 27 anos, como novel major de Engenharia, egresso da Escola de Comando e de Estado-Maior do Exército (ECEME) e estagiário no Comando do VI Exército, atual Comando Militar do Nordeste (CMNE), fomos incumbidos por seu então comandante Gen Ex Arthur Duarte Candal da Fonseca, e sem prejuízo de nossas funções, de coordenarmos e orientarmos providências para a agilizar a idéia da criação do 1º Parque Histórico Nacional nos Montes Guararapes —empreendimento cívico cultural em área que fora desapropriada pelo Presidente Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco para preservar os locais das memoráveis batalhas dos Guararapes que ali tiveram lugar em 1648 e 1649. E, complementarmente, produzirmos pesquisa histórica sobre as mencionadas batalhas para orientar, com maior segurança, o balizamento daquele sítio sagrado para o Exército e a Nacionalidade.

E pusemos com muita emoção e paixão mãos à obra, empreendimento que a muitos parecia missão impossível. Usando as tardes sem expediente no Quartel General e com a colaboração de órgãos dos ministérios da Agricultura, da Educação e Cultura, do Interior e dos Transportes e dos governos de Pernambuco e Recife, desenvolvemos em equipes interdisciplinares notável trabalho. Este contou com o de cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e o de universitários brasileiros, integrantes do Projeto Rondon dos Guararapes, vindos de todos os recantos do Brasil e, mais tarde, para a inauguração do Parque, trazendo as bandeiras de seus estados, as quais foram hasteadas juntamente com os pavilhões nacionais do Brasil e de Portugal.

Assim, em 19 de abril de 1971, o Parque Histórico Nacional dos Guararapes por nós coordenado, como delegado do Comando do VI Exército, foi inaugurado pelo Presidente Emílio Garrastazu Médici, grande entusiasta e apoiador da idéia, bem como lançada discretamente na cerimônia a pesquisa de que fôramos incumbidos, na forma de livro intitulado As Batalhas dos Guararapes, análise e descrição militar. Recife: Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), 1971. 2v (texto e mapas), com os estimulantes prefácio do Gen Ex Arthur Duarte Candal da Fonseca, Comandante do VI Exército e comentário na 4ª capa de Luís da Câmara Cascudo, grande estudioso da Geografia do Brasil holandês.

O livro, com tiragem de 2000 exemplares, foi distribuído às autoridades que assistiram à inauguração e a bibliotecas e universidades brasileiras e estrangeiras da listagem da UFPE tendo sido muito bem recebido pela crítica, conforme os comentários transcritos na presente edição e feitos por sociólogos, acadêmicos brasileiros de letras, jornalistas e historiadores civis e militares de reconhecido saber no tema abordado. Acreditamos que a citada obra tenha provocado outras reações na forma de denominação do Bairro Guararapes da Academia Militar das Agulhas Negras, com os nomes de ruas que incluíram o até então pouco conhecido e muito menos cultuado Antônio Dias Cardoso; denominações históricas de unidades e grandes unidades; abordagem das guerras holandesas na História do Exército Brasileiro, em 1972, de que fomos encarregado como historiador convidado pelo Estado Maior do Exército (EME); introdução do estudo crítico, à luz dos Princípios de Guerra e da Manobra e seus elementos, da 1ª Batalha dos Guararapes no ensino de História Militar na AMAN.

Acreditamos tenha a obra contribuído para a vitoriosa idéia de consagrar o dia 19 de abril, aniversário da 1ª batalha, como —Dia do Exército — e, em conseqüência, a atual revitalização de sítios históricos em Pernambuco, ligados à Insurreição Pernambucana: Parque Histórico Nacional dos Guararapes, Museu Militar do Forte do Brum, Arraial Novo do Bom Jesus etc.

Na inauguração do Parque também, discretamente, lançamos outro livro de nossa autoria A Grande festa dos lanceiros. Recife:Universidade Federal de Pernambuco, 1971, relacionando os Parques Marechal Manoel Luís Osório, no Rio Grande do Sul, e o Histórico Nacional dos Guararapes, ambos idéias do Presidente Emílio Médici.

A apresentação desta edição pelo Exmo Sr Ministro do Exército Gen Ex Zenildo de Lucena, filho de Pernambuco, foi também a quem coube a feliz iniciativa de propor a criação do Dia do Exército, em 19 de abril, aniversário da 1ª Batalha, aprovada por decreto do Presidente da República Itamar Franco, em 24 de março de 1994, bem como a atual revitalização de sítios e o culto de eventos e personagens históricas ligadas às guerras holandesas e em especial à Insurreição Pernambucana (1645-54), tudo em parceria com outras entidades locais, dentro do objetivo atual número 1 de sua administração do Exército:

"Preservar, divulgar e cultuar as tradições, a memória histórica e os valores morais, culturais e históricos do Exército Brasileiro."

A presente edição foi expressivamente aperfeiçoada com vistas a marcar os 350 anos da 1ª Batalha dos Guararapes, em 19 de abril de 1998 e, também, o 4º aniversário da criação do Dia do Exército, inspirado naquela memorável 1ª batalha, na qual, segundo o consenso de estudiosos do processo histórico brasileiro, a vitória luso-brasileira foi o marco do despertar do espírito de Exército e da Nacionalidade Brasileira.

Da 1ª edição foram escoimados dados fora do atual contexto e seus enormes mapas, com apoio em levantamentos topográficos com curvas de nível de 10 em 10 metros.

Nesta edição, os mapas foram reduzidos, com os recursos da computação gráfica, a uma página cada, pela colaboração pessoal de nosso filho Capitão de Corveta Carlos Norberto Stumpf Bento, servindo na Diretoria De Hidrografia e Navegação da Marinha. Isto tornou possível a condensação dos 2 volumes da 1ª edição num só volume com capa a cores por ele também idealizada, tendo como foco a parte central da tela da pintura mais representativa das batalhas, feita pelo pintor catarinense Victor Meirelles em 1877, a qual popularizou o evento nacional e internacionalmente.

Ao Tenente Coronel Paulo Claret Cassini, professor de português da Academia Militar das Agulhas Negras, em caráter particular, coube a revisão de aspectos de atualização às novas normas ortográficas e as da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A parte iconográfica foi bastante enriquecida pela agregação de elementos esclarecedores produzidos entre a primeira e a presente edição .

Dos acréscimos e supressões resultou um só volume, que esperamos marque condignamente os 350 anos da 1ª Batalha dos Guararapes e também como obra referencial que integra e relaciona a principal bibliografia e autores que trataram do tema nos últimos três séculos e meio.

Claudio Moreira Bento - Coronel

Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

 

 

PREFÁCIO À PRIMEIRA EDIÇÃO

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O livro do Major CLÁUDIO MOREIRA BENTO, intitulado "AS BATALHAS DOS GUARARAPES", é de muito fácil apresentação, pois mostra ser um trabalho meticuloso e cuidado; seu autor tem elevada acuidade histórica, pouco comum em historiadores jovens.

O enquadramento das Batalhas, no quadro estratégico da época, é perfeito: o quadro tático e o desenrolar de cada batalha são judiciosamente descritos.

O estudo — introdutório às batalhas, do terreno, da missão, dos meios e da doutrina —, feito em moldes bem modernos e sob técnica atualizada, é muito objetivo e concludente; apesar dos naturais riscos de uma tal técnica, o estudo mantém intacto o sentido histórico e não incide em nenhum anacronismo de narração.

A análise crítica das batalhas, feita em moldes cartesianos, é sóbria, imparcial e convincente.

O ponto mais alto do livro é, acreditamos nós, o estudo do terreno das batalhas. A identificação do terreno das batalhas tem sido muito controvertida, com muitas discrepâncias entre os historiadores das duas Batalhas. O Major BENTO tomou a peito dirimir, de uma vez por todas, as numerosas dúvidas existentes e o conseguiu de forma magistral e irretorquível, após demoradas e cuidadosas pesquisas.

A par dessas características de técnicas histórica, o autor mostra, ao longo de sua narrativa, vazada em linguagem escorreita, uma intensa vibração patriótica: é um sulista que, vindo ao NORDESTE, se apaixona e se empolga, desde logo, pela epopéia vivida por nossos maiores, e procura, empenhando-se de corpo e alma, revivê-la, narrando as ações heróicas de luta contra o invasor.

É um livro de alto valor histórico e substancial contribuição ao culto do civismo de nossa gente.

 

Gen Ex Arthur Duarte Candal Fonseca Comandante do IV Exército

 

 

 

INTRODUÇÃO À PRIMEIRA EDIÇÃO

Ao estudar-se a formação da nacionalidade brasileira e as unidades territorial e espiritual do Brasil, não existe, por certo, capítulo mais importante, significativo e decisivo de nossa história Pátria a contribuir para esta formação e unidades, bem como ser fonte eterna de inspiração do civismo nacional, do que o da Insurreição Pernambucana e, como parte dela, as memoráveis batalhas dos Guararapes, que serão tratadas com detalhes neste trabalho.

Sendo o civismo o vigor moral de um povo, neto da História e filho da Tradição, nada mais justo do que recordar à Nacionalidade e ao Exército Brasileiro as mensagens cívicas perenes que aquelas batalhas nos transmitem.

E a oportunidade de recordação surgiu quando o Exmo Sr. Presidente da República Federativa do Brasil, Emílio Garrastazu Médici, anunciou, em 10 de maio de 1970, em Osório-RS, por ocasião da inauguração do Parque Histórico Marechal Manoel Luiz Osório, seu desejo de inaugurar para breve o Parque Histórico Nacional dos Guararapes, "como ato de civismo", este, mais do que nunca, tão necessário ao Brasil.

Foi precisamente nas batalhas dos Guararapes que, no passado, o Visconde de Porto Seguro (Varnhagen), buscou inspiração para, através de um livro sobre a Insurreição de Pernambuco, levantar o moral nacional, abatido ante as dificuldades encontradas nos dois primeiros anos da Guerra do Paraguai.

No livro, o Visconde procurava mostrar à Nação que se mobilizava, quão maiores e ingentes foram as dificuldades e sacrifícios vencidos pelos desamparados patriotas do Nordeste, na luta contra o invasor holandês.

Igualmente, o então General Mascarenhas de Morais, antes da partida para a Itália, durante a cerimônia cívica de trasladação dos restos mortais de Fernandes Vieira e Vidal de Negreiros para a Igreja de N. S. dos Prazeres, procurou motivar seus futuros comandados da FEB com o "Espírito de Guararapes". Ao retornar vitorioso da Itália, depôs os louros da vitória nos Guararapes.

As mensagens cívicas dos Guararapes, que inspiraram no passado o Brasil na guerra, deverão inspirá-lo na "Batalha do Progresso".

Neste trabalho é tentado, pela primeira vez, um ensaio de análise militar das manobras nas duas batalhas, bem como a análise destas à luz dos "Princípios de Guerra", consagrados pelo pensamento militar moderno, além de situá-las e estudá-las no contexto da História Militar Mundial.

Assim, procuraremos mostrar que elas contêm idéias militares precursoras que somente foram praticadas em toda a sua plenitude um século e meio após, por Napoleão, e codificadas por Clausewitz, além de, como guerra de patriotas, ter se verificado 144 anos antes da batalha de Valmy, que assinala, historicamente, "o fim da guerra dos reis e início da guerra dos povos" (Marechal Foch).

Constituiu preocupação metodizarmos o trabalho no texto e na parte gráfica, com visitas a torná-lo o mais acessível possível ao leitor não especializado em assuntos militares, para que este possa sentir em toda a extensão a grandeza e projeção destes feitos de armas memoráveis dos luso-brasileiros nas duas batalhas dos Guararapes.

As demais contribuições do presente trabalho, que o leitor interessado as conclua e as julgue.

CLÁUDIO MOREIRA BENTO

 

 

Alguns comentários à 1ª edição das Batalhas dos Guararapes .

 

De historiadores militares brasileiros

"Li de um só fôlego e com apurado interesse o seu livro As Batalhas dos Guararapes — Análise e descrição militar. Penso que nesta obra o senhor se consagrou definitivamente como historiador militar. O livro é um primor de clareza e objetividade. As descrições são escorreitas e nítidas. A análise, sempre séria e bem fundamentada em sólidos conhecimentos históricos e profissionais. As conclusões, abalizadas e irrebatíveis!

Os esboços anexos fornecem uma ajuda extraordinária aos estudiosos de História Militar. São "esboços falantes" e ajudam a compreensão topo-tática das situações vividas. [.] A força de sua pesquisa meticulosa repõe na história, no lugar de destaque que ele ocupou nos acontecimentos, esse soldado regular, um dos poucos militares profissionais entre os tantos guerreiros formados na necessidade da luta o Sargento-Mor Antônio Dias Cardoso."

(Carta do Gen Carlos de Meira Matos ao autor, de Natal-RN, em 10 jun. 1971 e então sede do Comando da 7ª Infantaria Divisionária)

 

"Li com muita atenção e agrado a sua As Batalhas dos Guararapes —Análise e descrição militar. Apesar de se tratar de assunto que também já pesquisei, nele encontrei novos aspectos e imagens de muito interesse, que o seu espírito imaginoso e poder de dialética conseguiram configurar no quadro tumultuário, mas heróico, das lutas sustentadas pelos luso-brasileiros contra os holandeses.[.] Felicito-o pelo que já fez e espero que prossiga porque os seus trabalhos têm a marca inconfundível do talento e vocação do legítimo historiador militar."

(Gen Antônio de Souza Junior, chefe da Sessão de História da FEB e autor do clássico Do Recôncavo aos Guararapes).

 

"Trata-se do mais completo trabalho histórico- militar sobre as duas Batalhas dos Guararapes. O autor soube valorizar as fontes pertinentes, analisou-as com critério e de modo cabal e interpretou-as devidamente, com lógica e boa fundamentação topo-tática e histórica. Elaborou para a boa compreensão de parte dos leitores uma coleção de esboços que enriquecem o trabalho e com apoio num levantamento de curvas de níveis de 10 em 10 metros que solicitou ao Ministério da Agricultura para a construção da Parque Histórico Nacional dos Guararapes cuja coordenação lhe esteve afeta.[.] O trabalho do Major Claudio Moreira Bento está fadado a servir de base a um roteiro de turismo cultural, tendo por fim o conhecimento dos locais ligados aos dois grandes feitos das armas luso-brasileiras, em 1648 e 1649, destino que lhe atribuímos dada a objetividade de que a obra se reveste."

(Parecer da Comissão de História do Exército do Estado-Maior do Exército, em 29 abr. 1971, por seu presidente Cel Francisco Ruas Santos)

 

"Como historiador e soldado de formação, muito apreciei o seu trabalho de trazer de tão longe no tempo, para o Brasil de nossos dias, como fruto de exata pesquisa, esse encontro do Rio Grande do Sul, do General Osório, com o meu Nordeste dos Guararapes em seus excelentes A Grande Festa dos lanceiros e As Batalhas dos Guararapes, lançados na inauguração do Parque Nacional dos Guararapes, em 19 de abril de 1971.

"Nos montes Guararapes, onde combateu a figura de Vidal de Negreiros, paraibano de nascimento, assinou como pernambucano a Ata de Rendição dos holandeses na Campina do Taborba."

(Gen Ex Aurélio de Lyra Tavares, Embaixador do Brasil na França, em carta ao autor, de Paris, em 30 nov. 1971)

 

".Parabéns pelo seu belíssimo trabalho: As Batalhas dos Guararapes —Análise e descrição militar. Sinceramente penso que foi mais feliz de que todos os outros militares que abordaram o assunto no que se refere à organização, método e objetividade."

(Major Fernando Maia Pedrosa, instrutor de História Militar da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, em carta de 31 ago.1971)

 

"As Batalhas dos Guararapes e a Grande festa dos Lanceiros, de autoria do Major Claudio Moreira Bento, vieram engrandecer a Biblioteca do Batalhão por se tratarem de obras dignas dos maiores elogios e necessárias ao conhecimento da História Pátria ."

(Ten Cel Virgílio Veiga, Comandante do 3 o Batalhão de Engenharia de Combate, em Cachoeira do Sul, em ofício de 8 jun. 1971 à UFP)

 

 

De historiadores e intelectuais brasileiros

".Ia mandar-lhe parabéns calorosos pelo feliz sucesso que foi a inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes, ao qual deu o melhor de seu primoroso senso patriótico e histórico, quando me chegam seu trabalhos, todos magistrais, As Batalhas dos Guararapes — Análise e descrição militar e mais A grande festa dos Lanceiros.

Envio-lhe, com prazer, não somente o louvor de que é digno, como a palavra cordial de estímulo, para que prossiga neste útil afã. Considero que já ninguém neste país poderá versar o tema batalhas dos Guararapes sem lhe bater à porta, pedir-lhe a contribuição e beber nas suas fontes de verdade, sobre o terreno das batalhas, inspirar-se nas suas indicações, abonar os seus critérios analíticos e concluir segundo a sua clara e douta lição. Não seria tudo, cercar a área, erigir o Parque Histórico dos Guararapes, como lugar sagrado.Também se fazia mister iluminar com a forte luz da História este campo santo, o que fez, com sabedoria e amor que honram a Cultura e o Exército Nacional ."

(Dr Pedro Calmon, Presidente do Instituto Histórico Brasileiro e membro da Academia Brasileira de Letras. Carta, Rio de Janeiro, 17 maio 1971)

 

".O Major Claudio Moreira Bento dedica-se a uma campanha de obstinação e patriotismo: divulgar os episódios históricos basilares de nossa personalidade coletiva na dimensão do Tempo; expor no turbilhão da hora presente (abril 1971), as raízes permanentes do Brasil real e vivo.Todos os elementos foram revisados pelo brilhante pesquisador (.) reassinalando os fundamento eternos do Povo Brasileiro. Não nos parecem suficientes as noções estudadas no curso ginasial e apagadas na maturidade. É indispensável que algumas datas e fatos sejam presenças em nossas memórias, como os nomes dos pais e o local de nascimento. De quem viemos e onde nos incorporamos à amada Terra do Brasil. Não uma leve referência, mas uma consciência alta e nobre de nossa existência nacional. Ninguém vive sem a emoção nacionalista ou nativista. Quando não ama a sua Pátria, devota-se à Pátria dos outros! Confiar no Brasil é uma mentalidade decorrente de raciocínio e verificação. Nós descendemos de seus construtores. O Major Claudio Moreira Bento bate-se na extrema dessa linha ofensiva. Com as armas da inteligência e do comunicante amor. Com tenacidade, alegria, esperança! Na presente obra As Batalhas dos Guararapes —Análise e descrição militar, estuda, com exaltação intelectual, com vibração gaúcha a serviço da Unidade Nacional, as batalhas de 19 de abril de 1648 e 19 de fevereiro de 1949. Se essas batalhas fossem perdidas pelo general Francisco Barreto de Menezes, a História do Brasil seria completamente diversa. Guararapes vale Aljubarrota!

(Luís da Câmara Cascudo, professor emérito da UFRGN, Grande Oficial do Mérito Militar. Trasncrito da 4ª capa da 1ª edição desta obra)

 

".Seu livro As Batalhas dos Guararapes —Análise e descrição militar vale pelo copioso material que acumulou e pela coordenação que lhe deu como escritor. A reconstituição dos ambientes e o ritmo dos acontecimentos dão a medida do que representou esta epopéia. Mesmo a parte técnica militar é animada de um sopro empolgante.

A sua longa pesquisa inovou o estudo, elucidando alguns pontos ainda obscuros desse monumental episódio de nossa história militar: As batalhas dos Guararapes. Cordialmente."

(José Américo de Almeida, membro da Academia Brasileira de Letras e autor do clássico A Bagaceira. Carta de João Pessoa, 23 jun. 1971)

 

". O major Claudio Moreira Bento —gaúcho pernambucano, pois vivendo pouco mais de um ano em Pernambuco, foi como se tivesse vivido mais de um século tal a sua integração nos temas de nossa história.[.] O seu estudo é minucioso, exato, metódico, e ilustrado com 14 mapas.Todos os capítulos acham-se marcados pela chama do historiógrafo [.] que dando o maior apreço aos que o antecederam na reconstituição dos episódios, acrescenta a sua própria contribuição aos depoimentos deles, tanto na identificação do terreno das batalhas como na sua análise. E esse trabalho, As batalhas dos Guararapes Análise e descrição militar, foi agora realizado pioneiramente em confronto com as diretrizes da guerra moderna."

(Mauro Mota, membro da Academia Brasileira de Letras e dirigente da Fundação Joaquim Nabuco, em O Jornal, Rio de Janeiro, 3 jul. 1971)

 

".No livro As Batalhas dos Guararapes — Análise e descrição militar, o autor fez um estudo completo, exaustivo, creio que mesmo definitivo da maneira como as três raças agiram de armas às mãos para derrotar o invasor. Não tínhamos uma força organizada, poderosa, como a que vinha da Holanda para sustentar um domínio que não condizia com a nossa índole.[.] O Major Bento, com esboços esclarecedores, nos vai mostrando as seqüências das duas batalhas memoráveis, analisando militarmente um fato que não é apenas histórico, porque traz consigo —no seu bojo —uma tática de guerra que foi o começo da nossa organização militar. Lendo o seu trabalho, que é magnífico, como os de Jordão Emerenciano, sente-se melhor, mais profundamente, o valor de nossa gente, a nossa imaginação, a nossa maneira de fazer diante da invasão que, de resto, se colocava nos melhores lugares, certa de que agia para vencer. Esta é uma esplêndida página de nossa arte de defesa. [.]O Major Bento historiador esgota a matéria. Seu livro deve estar nas bibliotecas, universidades: é uma cartilha cívica ."

(Nilo Pereira, da Academia Pernambucana de Letras e Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico de Pernambuco, em Notas Avulsas do Jornal do Commércio, Recife, em 28, 29 e 30 abr. 1971)

 

".Ao sensibilizar-me com as comemorações da Batalhas dos Guararapes —para cujo brilho concorreu o Major Claudio Moreira Bento, autor do bom estudo técnico das famosas batalhas [.] sensibilizou-se o povo rústico e mesmo analfabeto que tomou conhecimento ou participou das comemorações. [.]As comemorações evidenciaram que antes de Pelé, Roberto Carlos [.] existirem houve Vidal de Negreiros ."

(Gilberto Freyre ,orador na inauguração Parque Nacional dos Guararapes, no Diário de Pernambuco e Associados, em 30 maio 1971)

 

".Agradeço o bom proveito que fez de nossos modestos trabalhos sobre as Batalhas dos Guararapes, sobre os quais faltava um estudo analítico militar à luz da Arte da Guerra, feito por soldado profissional, o que o amigo realizou com competência e maestria, pioneiramente, manejando muito bem conhecimentos que aprendeu na Escola de Estado-Maior, onde acabou de formar-se ."

(Jordão Emerenciano, Diretor do Arquivo Público de Pernambuco, em carta ao autor de 30 abr. 1971)

 

".As Batalhas dos Guararapes — descrição e análise militar é o título do excelente trabalho do major Claudio Moreira Bento [.] pesquisador da melhor categoria, que pode ser considerado, hoje, um dos mais autorizados mestres de História Militar do Brasil, com especiais incursões sobre o passado do Rio Grande do Sul, de que é natural, e, de Pernambuco, objeto, ambos, do seu crescente interesse de historiador paciente e veraz. Li o seu trabalho sobre Guararapes com o mais vivo prazer espiritual, sentindo o quanto se dilatava o meu coração de brasileiro e de pernambucano, diante dos feitos daquele bravo e invencível Exército Libertador, que firmou, definitivamente, a Unidade Territorial e técnica do Brasil. O desenvolvimento das duas batalhas, contado por um honesto historiador, que também é soldado, que sobretudo soube amenizar as dificuldades militares de ordem técnica, com o relato claro, em estilo literário leve e ameno, o que tornou o trabalho realmente digno do mais profundo interesse do leitor leigo.[.] Aqui fica o aplauso de um brasileiro ao autor que tão bem entendeu aqueles homens duros e desajudados, que escreveram a mais alta página de brasilidade, neste vasto território brasileiro sob ameaça de se dividir em diversos brasis."

(Leduar Assis Rocha, em "Crônica da Cidade", no Jornal do Commércio, Recife, 15 jul. 1971 e historiador membro dos Institutos Arqueológico Geográfico e Histórico de Pernambuco e Histórico e Geográfico Brasileiro)

 

".O interior do Panteão Nacional por excelência, monumento maior ,expressivo e valioso dos Guararapes —A Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres [.]esta sendo o lugar mais adequado em que Pernambuco, através de crianças e jovens e estudantes e amigos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional viessem agradecer, em homenagem íntima, quase familiar, bem da alma pernambucana, a um bravo dos Pampas —o Major Claudio Moreira Bento, autor de As Batalhas dos Gurrarapes —Análise e descrição militar e que além de tudo muitíssimo fez em favor da implantação do Parque Histórico Nacional dos Guararapes.

O Sr. Major Bento foi a chama permanente que aqueceu e fez eclodir nesta obra já magnífica o ideal anteriormente sonhado por outros bons patriotas. A sua capacidade de mobilizar, convocar, congregar, selecionar e incentivar em nós o dever de reverenciarmos o "nosso passado", enaltecendo os nossos heróis está aqui comprovada, de maneira indiscutível, na concretização deste Parque Histórico Nacional dos Guararapes e no seu livro As batalhas dos Guararapes citada ."

(Parte de oração do Eng. Ayrton de Almeida Carvalho, chefe do 1º Distrito do Instituto Patrimônio Histórico Artístico Nacional e historiador membro do Instituto Arqueológico Geográfico Histórico de Pernambuco, em 10 jun. 1971 no interior da Igreja, em presença de meninos e meninas pernambucanas; do historiador José Antônio de Mello Neto, presidente do IAGHPE; do Diretor da Escola de Arquitetura; do irmão Quiliano, zelador do Santuário; da professora Maria Elisa Vegas Medeiros, professores e crianças pernambucanas)

 

Das crianças pernambucanas

".O sentimento ora imperante em nós tem o sabor moral e afetivo, carinhoso e terno, e volta-se para um homem do presente ligado a estes lugares pela sua capacidade de historiador, de mestre e, sobretudo, pela sua vocação de soldado brasileiro, consciente de seu verdadeiro papel de continuador das obras de Antônio Dias Cardoso e do Duque de Caxias, figuras exponenciais de soldado, cujas obras nobilitantes foram, integralmente tocadas pelo sentido de união e de paz. Aprendemos a conhecê-lo, na leitura de seu livro As batalhas dos Guararapes [.] feita ao lado de nossa professora Maria Elisa Viegas, cujos grisalhos cabelos não lhe impedem uma alma da idade da nossa [.] Foi assim que o descobrimos e o seu interesse e dedicação ao Parque dos Guararapes [.] Daí o nosso gesto em lhe homenagear, neste santuário votivo, penhor de fé que documenta a nossa glória de país livre[.]Obrigado por tudo, Mestre Major Bento, lhe dizem sinceramente todos os meninos e meninas de Pernambuco."

(Oração do aluno Moisés, do Grupo Escolar Felipe Camarão, em 10 jun. 1971, às 16 horas, no interior da Igreja N. S. dos Prazeres dos Guararapes)

 

 

 

MONTES DOS GUARARAPES

(Projeção histórica)

"Estes montes Guararapes alcançaram perpétua fama e nome, assim nestes tempos como nos futuros, por suceder neles a batalha que iremos relatando, e pela que sucedeu daí a dez meses, as quais foram as maiores batalhas campais e de mais gente, e mais sanguinolentas que houve nestas capitanias de Pernambuco e Estado do Brasil, e se disser que na América, poderá ser que não me engane, porque outras muitas ocasiões tinham sucedido de maior importância, pois foram meios de sucederem estas que foram obradas com a mesma gente e cabedal."

(Diogo Lopes Santiago. História da Guerra de Pernambuco — cronista

contemporâneo das batalhas)

* * *

 

"Montes Guararapes até agora o lugar mais memorável na História Militar do Brasil".

(Roberto Southey. História do Brasil .1862)

 

".Vencedores dos holandeses que tinham vencido espanhóis, algum tempo os senhores de Portugal, os patriotas de Pernambuco sentiam-se um povo —um povo de heróis."

(João Capistrano de Abreu)

 

"Os Patriotas venceram em toda a linha. Era este para Portugal um sério aviso, o fato de haver a colônia feito mais que a metrópole num ponto crucial como este, e haverem conseguido, praticamente abandonados pela mãe pátria, vencer a guerra que esta não pudera sustentar. Impavam de orgulho os colonos. Eram eles os vencedores e haviam provado serem iguais aos portugueses da Europa. No Brasil, nasceu e iniciou seu desenvolvimento um sentimento nacional."

(Jandiá Calabresa)

 

"Nenhum lugar mais brasileiro, nenhum outro recanto em que o espírito militar se vincule mais à tradição da nacionalidade do que GUARARAPES, para a Força Expedicionária Brasileira apresentar, no regresso à Pátria, a sua saudação ao glorioso Exército, a que tem a honra de pertencer, aos camaradas da Marinha e da Aeronáutica a sua reverência ao Brasil.

"Nesta colina sagrada, na batalha vitoriosa contra o invasor, a força armada do Brasil se forjou e alicerçou para sempre a base da Nação Brasileira.

"Daqui ela partiu e já atravessa mais de três séculos, passando vitoriosamente pelo Passo do Rosário, por Montes Caseros, lançando-se de Lomas Valentinas a Monte Castello, Castelnuovo, Montese e Fornovo.

"Na qualidade de Comandante da Força Expedicionária Brasileira, deponho no campo de Batalha dos GUARARAPES os louros que os soldados de Caxias alcançaram contra as tropas germânicas, nos campos de batalha do SERCHIO, dos APENINOS e do VALE DO PÓ."

(General de Exército Mascarenhas de Morais —Comandante da FEB. Trecho de discurso pronunciado nos Montes Guararapes, em 9 de julho de 1945, de passagem pelo Recife, proveniente do Teatro de Operações da Itália.)

 

"Os homens que bateram na Guerra Holandesa e que tanto contribuíram para a grandeza territorial, unidade política e de língua e religião do Brasil de hoje, não podiam sequer pensar nas transformações mentais que o futuro impôs às sucessivas gerações de nativos, que se perpetuariam nas terras que estavam sendo disputadas a mão armada.

Os luso-brasileiros da Guerra Holandesa amaram a terra brasileira com o mesmo ardor com que hoje a amamos e por ela deram tudo de seu, até a própria vida."

(Gen Francisco de Paula Cidade)

 

"Nas duas batalhas dos Guararapes, escreveu-se a sangue o endereço do Brasil: o de ser um Brasil só, e não dois ou três. O de ser um Brasil fraternalmente mestiço, na raça e na cultura, e não outra República Sul-Americana asperamente nativista ou agressivamente anti-européia. Foi Guararapes a primeira de uma série de batalhas pela nossa definição e pela nossa sobrevivência, como tipo extra-europeu, embora de modo nenhum anti-europeu, de cultura, e como um novo tipo de democracia não somente como principalmente social; e não somente social como étnico."

(Gilberto Freire—Trecho de discurso pronunciado na Câmara Federal pelo então Deputado, publicado no Diário de Pernambuco, de 22 de abril de 1948)

 

"Em pleno século XVII, longe dos campos de batalha da Europa, já se fazia no Brasil guerra de destruição do inimigo, mercê da inteligência, vivacidade e intuição dos bravos chefes militares do Arraial Novo do Bom Jesus, que, durante quase dez anos ininterruptos de luta implacável, combateram, sem desânimo, e venceram, com honra, um dos melhores exércitos da época."

(Gen Antônio de Souza Jr.)

 

"A Guerra Holandesa, além do surto de uma tática particular ao nosso terreno, forjou uma alma nacional evidentemente autônoma. Alma com características próprias e melhor definida. Merece destaque a fusão de raças que se processou e, sobretudo, a influência da mulher, que desempenhou, então, por seu heroísmo e estoicismo, não raro excepcionais, e pelos estímulos morais que emprestou, um papel relevante ainda não estudado a fundo."

(Cel Cav João Batista Magalhães)

 

"Em Guararapes, confirma-se de modo irretorquível o valor dos processos de combate, já então fundamentalmente brasileiros, e resultantes de longa interação da técnica européia e da tática indígena. Mais ainda: venciam a notável agilidade, a provada bravura e a desnorteante flexibilidade dos que, nascidos e criados no meio brasileiro, com ele perfeitamente identificados, nele haviam se exercitado através da longa e cruenta luta contra os invasores. Finalmente, no dia 19 de abril de 1648, venciam homens que, ligados entre si por costumes, lealdades e sacrifícios mútuos nas lutas holandesas, continuavam, apesar de todas as disparidades e divergências, a caminhar unidos na mesma trilha que levava fatalmente ao BRASIL NAÇÃO."

(Cap Francisco Ruas Santos em "Guararapes primeira vitória militar do Brasil", Revista do Clube Militar. n.88, 1948)

 

"Guararapes, nos seus montes sonoros, estende para longe, para 1630, o início da compressão que ali foi sublimada.Nos tambores, dizem as versões de Guararapes, nos tambores da História Civil e Militar, a batalha se reacende, viva e nobre, contra as invasões, o intruso, a violência do domínio material, a solução colonizadora, tornando os homens algarismos nos livros caixas duma sociedade anônima.Nos tambores rufos, de mobilização e alerta, de vigilância e de obstinação, perpassam pelos montes dos Guararapes.E eternas ficarão estas vozes despertas da NACIONALIDADE em seu povo fiel, como, na História, imóveis ficaram os montes evocadores do seu heroísmo e da sua beleza pernambucana."

(Luís da Câmara Cascudo. Revista do Arquivo Público Estadual de Pernambuco. 1949)

 

"Foi nos Montes Guararapes há trezentos anosA maior das batalhas. O supremo desafio. O duelo mortal do invasor e do filho da terra, do estrangeiro e do nativo, da poderosa opressão e da liberdade heróica.Nestes montes, que têm a paisagem pernambucana o insólito relevo de uma fortaleza, predestinada ao choque dos exércitos, em verdade fixou e definiu ao luso-brasileiro o seu direito a terra. Tornou-se pela força das armas o seu dono. No próprio sítio da batalha, fez Francisco Barreto construir — monumental — "ex voto" —a igreja barroca e vasta da Senhora dos Prazeres de Guararapes, que eleva suas torres brancas sobre a vegetação desses montes, pondo no panorama áspero, que domina, a imprevista nota da religião e da arte.

"Com o senso de posse inabalável que tinham os portugueses, o general vitorioso marcou assim o triunfo: associando o culto divino à glória militar, para que - não comemorasse efemeramente a gratidão dos contemporâneos, porém que durasse pelo tempo adiante na sucessão dos séculos, menos façanha de soldados do que benévola inseparável — proteção dos céus dispensada à sua bravura e à sua fé."

(Dr. Pedro Calmon — Presidente do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro. Revista do Arquivo Público de Pernambuco. 1949)

 

"A luta pela expulsão Holandesa é obra muito mais de mazombos, brasileiros, brasis e negros, do que de força portuguesa. Foram os que se adaptaram ao Brasil e os que aqui nasceram que expulsaram o invasor."

(José Honório Rodrigues)

 

"Ainda hoje se pensa que ganhar a guerra com Holanda foi apenas expulsar o invasor. Já não era pouco isto decerto, mas, para realçar ainda mais a expulsão, havia o sentimento de uma pátria nascente. Nascia (nos Guararapes) uma democracia étnica de que nos podemos orgulhar. Esta nossa democracia brasileira quanto mais precariamente política, mais admiravelmente racial. Quanto mais politicamente ameaçada, mais historicamente sólida. Até parecendo obra do milagre —o milagre dos GUARARAPES. O milagre que ainda hoje sustenta o país."

(Nilo Pereira - Trecho de discurso no 101º aniversário do Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernanbucano)

 

"Duas vezes fecundado pelo sangue dos heróis, Guararapes inspira respeito e naqueles montes deve-se estar sempre em atitude reverente. Guararapes deveria ser transformado em Panteon, não somente porque neles repousam Vieira e Vidal de Negreiros e outros cujos nomes se perderam, mas porque ali se decidiu o destino deste país que amanhecia cobiçado e desejado por aventureiros e estadistas, corsários e empresas mercantilistas. Ali, os flamengos perderam mais que duas batalhas. Perderam o Brasil, perderam a América do Sul."

(João Emerenciano - Diretor do Arquivo Público de Pernambuco 1948)

 

"Montes Guararapes, palco duas vezes dos embates que mais de perto decidiram a UNIDADE TERRITORIAL DO BRASIL, encontram-se como há trezentos anos; nem o tempo nem o ecúmeno informam a sua autenticidade topográfica: guardam em si, o testemunho irrecorrível da suprema afirmação entre culturas: "A Batalha."

(Ten Cel Lauro Alves Pinto - Revista do Arquivo Público de Pernambuco-1948)

 

".O Exército Brasileiro nasceu nos Guararapes."

 

(Gen Flamarion Barreto - Conferência na TV - Semana da Pátria, 1966, Rio de Janeiro)

 

"Não é exagero afirmar-se que se aprofundam até os tempos da Guerra Holandesa, já bem remotos, as raízes espirituais do nosso Exército. Ali se revelaram, na luta de guerrilhas e emboscadas, o heroísmo e o valor combativo do homem brasileiro. Ali surgiram e se consagraram os primeiros e grandes chefes brasileiros, à frente de tropas autenticamente brasileiras.

Na luta como soldados da mesma causa, confraternizaram e se uniram desde então, em cada vez mais íntima comunhão, as três raças que formavam e defendiam, juntas, a nação brasileira.

O sentido eminentemente popular do Exército vem desde aí.

Foi sobretudo nesta formação democrática do Exército, e sob sua influência nos grandes momentos de nossa História, que se moldou o espírito da Nação."

(Gen Ex Aurélio Lyra Tavares)

 

". Na epopéia vitoriosa dos Guararapes, improvisadas milícias nativas, com imbatível desassombro e processos de combates originais, testemunharam ao invasor o espírito de sacrifício, a capacidade e a determinação dos brasileiros na defesa de seus direitos.

Nascia entre nós o sentimento de pátria. Ali germinava a semente do Exército, que cresceu e assumiu feição verdadeiramente nacional e regular, pelo mesmo caminho historicamente cristão em que o Brasil se formou e existe."

(Gen Ex Orlando Geisel - Ministro do Exército - Ordem do Dia de 25 de agosto de 1971)

 

"Espírito de Guararapes é o espírito que inspira o Exército Brasileiro do presente e que desde Guararapes o vem inspirando em suas lutas pela Unidade Nacional, durante a Independência e Regência; pela Integridade e Soberania do Brasil nas lutas do Prata e, em especial, na Guerra da Tríplice Aliança; pela Paz Social e evolução política na Abolição e República; pela Liberdade e Democracia na campanha da Itália e, ultimamente atuando sempre, identificado e em sintonia, com as aspirações do povo brasileiro, do qual é parcela armada e dele emergiu durante a Insurreição Pernambucana (1645-1654)."

(Major Cláudio Moreira Bento, 1971)