RÉQUIEM A UM POETA

 
Carlos Fonttes

 

Delegado da Academia de História Militar Terrestre

Do Brasil em Uruguaiana Delegacia  General Setembrino de Carvalho 
(E-mail: carlosfonttes@ibest.com.br)

 

 

   O canto silencioso do “Rio dos pássaros” calou-se na inquietude indômita das águas do velho rio Uruguai, enquanto os “Urus”, quedaram-se tristes pelas margens ribeirinha, num tributo de quem tanto amou e cantou em versos a sua Uruguaiana.

   A poeira da história marca velhas reminiscências pelo “Disparo de tropas” que se perderam pelo tempo, repontando os “Mitos e Lendas do campeiro” para a invernada da querência eterna, onde, nas velhas taperas da “Lagoa da Música”, ouve-se ainda o gemido lânguido do “Cancioneiro das noites do sul”.

   Assim partiu Hugo Rodrigues Ramirez – Um cabedal infindável na literatura Sul Rio Grandense, misto de poeta, escritor, jornalista, advogado, conferencista e grande tradicionalista, mas acima de tudo, meu mestre e grande amigo, quando, às 23;45 min do dia 1º de agosto de 2007, veio a sucumbir na capital do Estado, onde residia, com a missão de repontar dos céus, junto a invernada do Patrão Celestial, com o mais belo dos poemas, a “Lenda do Minuano”.

   Nasceu Hugo Rodrigues Ramirez em Uruguaiana, à 12 de abril de 1922. e pelo dia 15 de março de 1936, quando se iniciavam nos quartéis do Exército as Escolas Regimentais, lecionou durante dez anos no, então, 8º Regimento de Cavalaria, alfabetizando os recrutas que necessitavam de aprendizado. Teve, por 1940, como Diretor responsável dessa Escola, o Aspirante a oficial, JOÃO BATISTA FIGUEIREDO, (1941), mais tarde Presidente da República.    Publicou sua primeira obra literária em 1940, com o título de “Adolescência”,.

    Estréia no jornalismo de Uruguaiana em 1938, trabalhando no jornal “A Nação” e no “O Jornal”, de 1939 a 1941, com a coluna “O CANTO DA SEMANA”. Foi um dos fundadores junto com o poeta Humberto Feliciano de Carvalho, da Associação “Biblioteca da Mocidade Estudiosa” – instituição destinada a promover palestras e debates de assuntos culturais e edições de livros de autores, em 1942, no Clube Caixeiral dessa cidade.

    Em 1944, foi aluno do Instituto União, freqüentando a Escola Normal até 1946.

    Colaborou no semanário “Sabe Tudo”, em cujas edições desenvolveu campanha pró-monumento ao poeta Alceu Wamosy (1943/44), secretariando a comissão existente.

    Publica seu segundo livro, de poesias, em Uruguaiana em 1943 “Redemoinho”. A partir daí, passa a residir em Porto Alegre, onde se forma na Universidade Federal em 1951, com especialização em Geografia e História, com pós-graduação em História do RS.

   Na capital gaúcha, se dedicou com afinco à literatura, onde já publicou mais de setenta títulos, com 38 ensaios pedagógicos e sociológicos. Membro efetivo da Academia Rio Grandense de letras, tendo sido Presidente por duas gestões. Idealizador e principal organizador da Estância da Poesia Gaúcha (1957). (Um dos fundadores do CTG 35, do CTG de Erechim (6/12/52), presidente, por duas gestões do Movimento Tradicionalista Gaúcho (1970/1971), ocasião em que , como Presidente, foi um dos articuladores na criação da Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana.

    Lecionou em Erechim, no ginásio da Escola Normal José Bonifácio, de 1952 a 1957.

    Em 1979, conclui o curso de atualização em criminologia, na Faculdade de Direito, com tese sobre Martins Fierro à luz da Penalística.

    Das muitas láureas e condecorações recebidas, destacamos a concessão do “Mérito Cultural Juscelino Kubitschek”, da ordem internacional das ciências, Artes e cultura, recebida em Brasília, em 25/5/1999. Foi Patrono da Feira do Livro de Uruguaiana;.

    Era casado com a Srª Maria Fraga Dornelles da Costa, também escritora e advogada.

    Mestre e amigo Ramirez – a tua terra te consagrará na eternidade para que sejas sempre lembrado na plenitude literária e o canto do   Rio dos Pássaros”, embalará as águas mansas do Rio Uruguai, pelos cantares que deixastes a tua Uruguaiana.

 

OBS: Os títulos grifados são livros/poemas de Hugo Ramirez.

      

 

 

A ele se deve a revelação da permanência em Canguçu por longo período depois da Paz da Revolução Farroupilha para ali assegurar a paz, o Capitão Antonio de Sampaio, atual patrono da Infantaria no comando de uma Companhia deFuzileiros( Nota do Presidente da AHIMTB)