Professor Mário Antônio Barata (1821/2007).

 

            Faleceu aos 86 anos o nosso ilustre, culto amigo e Tenente de Artilharia da Reserva Professor Mario Barata.

           Aqui viemos, de Resende, como voluntário, pedir para que fossemos inscrito  nesta Mesa Redonda em  seção da CEPHAS, para registrar a  contribuição de Mario Barata à História Militar Terrestre do Brasil com algumas de suas obras.E em especial com sua obra Escola Politécnica do Largo do São Francisco – berço da Engenharia Brasileira.Rio de Janeiro.Clube de Engenharia, 1973. Obra que chamou a minha atenção para o ilustre mestre e a0 qual muito recorri para escrever a História da Academia Militar das Agulhas, tema de meu discurso de posse neste Instituto,  onde fomos recebidos pelo General Jonas Correia.

           O Mestre Mario Barata na 2-ª Guerra Mundial, foi soldado do Forte de Copacabana, experiência de que  muito se orgulhava. E costumava nos contar a História dos 18 do Forte de Copacabana, que ocorrera um ano depois de seu nascimento e a prisão  no Forte de Copacabana,  de presidente deposto, Washington Luiz pela Revolução de 1930.

           Mario Barata foi durante a 2ª guerra mundial soldado do Forte de Copacabana , importante instrumento da Defesa Territorial da então capital federal . Em plena guerra cursou o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, no local onde hoje funciona o Museu Militar Conde de Linhares e de onde saiu Tenente de Artilharia da Reserva do Exército.

      Data deste tempo as  suas primeiras contribuições a nossa História Militar na Revista Nação Armada, sobre os seguintes temas:

            - A Espada do General Osório. Personalidade bicentenária em 2008, de quem o IHGB guarda o seu precioso arquivo, legado por  sua família em 1917. Referia-se a Espada de Honra  de ouro obtido da fundição de libras esterlinas doadas pelos seus comandados na guerra do Paraguai e que lhe foi entregue em 1870 em concorrida cerimônia no atual Parque Farroupilha em Porto Alegre, pelo heróico Cel Manoel Deodoro da Fonseca. Episódio que resgatamos com detalhes em nosso livro General Osório o maior herói e líder popular brasileiro a ser lançado em 2008 em seu bicentenário.

            - Escreveu também Espadas usadas no Brasil nos séculos 16 e 17 e as existentes no Museu Histórico Nacional.

                Mais tarde escreveu sobre a Escola Politécnica – Engenharia da UFRJ, como herdeira e tronco ininterrupto do ensino iniciado, em 1792 na Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho na Casa do Trem. Esta   destinada à formação para o Brasil Colônia de oficiais de Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenheiros civis e militares.

                 Escola fundada pelo vice-rei Conde de Resende e que a considero o berço do Ensino Militar acadêmico nas Américas e  o berço do ensino superior civil no Brasil e, historicamente a raiz histórica da Academia Militar das Agulhas Negras em Resende, cidade fundada pelo Conde de Resende em 1801, ano da criação da segunda Academia Militar das Américas a de West Point dos Estados Unidos.

           Esta obra se constitui numa grande contribuição a História da Academia Real Militar que funcionou no largo de São Francisco e que foi bastante ampliada por seu livro citado Escola Politécnica do Largo do São Francisco

          Em nossas conversas sobre o Forte de Copacabana e o Largo de São Francisco, onde estudou entre outros o Duque de Caxias, patrono do Exército e de nossa Academia, nos aproximaram bastante.

           No Largo do São Francisco funcionou por cerca de 43 anos a Escola Militar, formando oficiais das armas e engenheiros civis e militares, daí a validade de seu livro para a História Militar Terrestre do Brasil.

            Este tema foi muito adiantado pelos seguintes falecidos sócios do IHGB como o General Francisco de Paula Azevedo Pondé. Professores António Pimentel Winz e Paulo Pardal.Tema que muito tenho adiantado e escrito sobre a projeção militar do Largo do São Francisco.

             Estudos que transformaram o panorama da História Militar relativamente ao Largo do São Francisco com esta declaração do General José Pessoa, ao escrever sobre o Espadim de Caxias dos Cadetes do Exército, afirmando:

              “Que  assim procedia para não acontecer o que havia ocorrido co a Academia Real Militar que apenas se sabia que ela havia existido.

              Sobre o Forte de Copacabana  ele me contava com detalhes o episódio do 18 do Forte de Copacabana e sobre a prisão no forte do Presidente Whasington Luiz. Mais tarde a ele recorri em conversas, quando como Diretor do Arquivo Histórico do Exército fui encarregado de presidir Comissão, com vistas a instalação do Museu do Exército no Forte de Copacabana e integrada por especialistas civis em museologia e arte e  entre eles recordo Amália Luci Geisel,, filha de ex-presidente Ernesto Geisel .Comissão que elaborou relatório no qual se baseou a implantação do Museu do Exército.

              Mais tarde a ele recorremos em conversas, para escrevermos a obra a pedido do comando da Escola de Comando e de Estado –Maior do Exército intitulada Amazônia Brasileira-Conquista Consolidação e Manutenção História Militar Terrestre da Amazônia 1616-2004.E ao professor Barata recorremos em questões relacionadas ao Pará . E também as obras notáveis dos falecidos sócios Marcos Carneiro de Mendonça e Arthur César Ferreira Reis.

         Na década de 80, ao final das reuniões no IHGB  muitas vezes o transportei até a sua residência em meu carro  em trânsito para minha residência no Grajaú .E nossas conversas giravam, em torno do Largo do São Francisco, Forte de Copacabana e seu Pará e o meu Rio Grande do Sul. E eram muito proveitosas.

           Recordo que ele ao ser  distinguindo com o título de professor emérito, no Largo de São Francisco,  nos convidou. E na impossibilidade de comparecer por estarmos residindo em Resende,  nos fizemos presentes com mensagem congratulatória que muito o sensibilizou.

      Mario Barata  foi fundamentalmente um historiador das Artes e conservador por concurso onde obteve 1-º lugar ,do Museu de Belas Artes. Mas encontrou um pequeno espaço para a História Militar Terrestre do Brasil, por certo influenciado por seu tempo de soldado do Forte de Copacabana e em seguida como Tenente de Artilharia da Reserva do Exército formado pelo CPOR do Rio de Janeiro durante a 2ª Guerra Mundial e, por sua raízes familiares no Para, algumas ligada à História Militar do Brasil .

          

Cláudio Moreira Bento

Sócio Emérito

 

Mesa Redonda em homenagem ao falecido Professor Mario Antônio Barata na CEPHAS em 17 outubro de 2007