PATRONOS NA AERONÁUTICA

O Patrono da Aeronáutica

O Marechal - do -Ar (honorário) Alberto Santos-Dumont foi consagrado, por Lei 7.243 de 4 nov 1984, patrono da Aeronáutica Brasileira, por suas valiosas e pioneiras contribuições à locomoção aérea mundial onde sobressaem: Seu grande feito de haver sido o primeiro aviador mundial, a voar com uma máquina mais pesada que o ar, que inventara e construíra, o avião 14 – Bis, na tarde de 23 out 1906, no Campo de Bagatelle, em Paris, frente a público numeroso, quando arrebatou, com um vôo de 70 metros, a Taça Archedeacon, destinada a quem voasse mais de 25 metros e, haver iniciado a Era da Aviação Mundial com o seu avião Demoiselle nº 20, cujo modelo difundiu-se mundialmente e no qual todo o mundo iniciou a voar.

No sonho concretizado de inventar o avião, fato que o consagrou como o Pai da Aviação, percorreu o seguinte itinerário cheio de dificuldades vencidas com coragem, galhardia, determinação e riscos de vida.

Foi tocado pelo desejo de voar ao ler, de 1887-1891, as aventuras de Júlio Verne que abordava, com visão do futuro, a locomoção aérea. Ao deparar, em Paris, na exposição de máquinas no Palácio da Indústria, com um motor a petróleo, compacto e leve, escreveu: "Parei diante dele como o pregado pelo destino. Com ele tinha sentido a possibilidade de tornar reais as fantasias de Júlio Verne". E daí começou a escalada de seu sonho longo, mas glorioso, até o Demoiselle nº 20.

Alugou balões e com eles fez ascensões. Construiu o balão Brasil, com o qual se familiarizou mais com manobras aéreas. Construiu o balão nº 1, longo com forma de charuto, com propulsão a motor. Com a altitude, o gás esfriou e o balão dobrou-se e perdeu os controles e Santos-Dumont salvou-se por milagre. Construiu o balão nº 2. O charuto dobrou-se no ar e outro acidente. Construiu o nº 3 de maior diâmetro e menor comprimento, mas em vôo perdeu o Leme e mais uma queda. Construiu o nº 4 com o qual realizou ascensões dirigidas. Aumentou o nº 5, com um remendo e alguns aperfeiçoamentos com o qual teve dois acidentes.

Construiu o nº 6 e em 15 out 1801, contornou com ele a Torre Eiffel e conquistou o prêmio Deutsch de La Meurth, grande dia para a história da locomoção aérea. Construiu o nº 7, mais veloz que foi inutilizado por vândalos, em New York. Passou por cima do nº 8 por superstição e construiu o nº 9, pequeno, com o qual descia defronte sua casa. Construiu o nº 10, o balão ônibus. Aperfeiçoou o nº 10 e construiu o nº 11. Projetou o helicóptero, seu projeto 12, que não conseguiu voar.

Construiu o balão 13 com possibilidade de receber injeções de ar quente. Construiu o nº 14 com excelentes resultados, com aperfeiçoamentos. Construiu em 6 meses o mais pesado que o ar – o 14-Bis e com ele, em 23 out 1906, inventou o avião, ao nele voar 70 metros.

Por esta razão, o dia 23 out foi considerado o Dia do Aviador do Brasil.

Santos-Dumont nasceu em 20 jul 1873 na Fazenda Cabangu, hoje transformada em museu e no interior do município de Santos-Dumont, ex-Palmira.

Desde os mais verdes anos revelou grande vocação para a mecânica, resolvendo nesta especialidade os mais intricados problemas domésticos.

Fez estudos no Rio de Janeiro e Ouro Preto. Em 1891 viajou à França onde seu pai se fizera engenheiro pela Escola Central de Paris. Lá foi que conheceu o motor a petróleo sobre o qual escreveu mais tarde: "Ao motor de petróleo devi mais tarde, todo inteiro, o meu êxito. Tive a felicidade de ser o primeiro e empregá-lo nos ares. Aí nasceu seu sonho de estudar em Paris." Foi emancipado e seu pai entre outros conselhos disse-lhe: "Não esqueça que o futuro do mundo está na mecânica. Você não precisa ganhar a vida. Eu lhe deixarei o necessário para viver."

Em Paris estudou, com o sábio espanhol Garcia, Química, Física, Astronomia e Mecânica Aplicada.

Comprou um automóvel e depois um triciclo. E o tempo ai escoava entre idas ao Brasil. Em 1897 empreendeu sua 4ª viagem a Paris. Então fez sua primeira ascensão no Vangirard, alugado por 250 francos. Sobre suas impressões e escreveu:

"Era inverno. Durante a viagem acompanhei as manobras do piloto. Compreendia a razão de tudo o que ele fazia. Pereceu-me até que eu nasci para a Aeronáutica.

Tu se me apresentava muito simples e muito fácil. Não senti vertigem nem medo."

Santos - Dumont realizou sozinho mais 30 vôos alugados em cidades da França e Bélgica.

Ao foi que então decidiu percorrer seu longo caminho que iniciou com a construção do seu balão Brasil e que culminou com o vôo com 14-Bis, em 23 out 1906, que o credenciou como o inventor do avião.

Em 2 abr 1917, Santos - Dumont realizou na Ilha das Enxadas, na Aviação Naval do Brasil, o seu primeiro vôo pilotado por outro – o piloto Lamare.

Em outro avião o Presidente Wenceslau Braz.

Segundo o historiador Lavenéra – Wanderley, atual patrono do CAN – "Alberto Santos-Dumont foi o brasileiro que pelo seu gênio, suas invenções e seu feitos, maiores glórias conquistou. Executou os seus trabalhos na França e angariou fama mundial. Impulsionado por um ideal que alimentava desde a juventude, realizou o seu sonho de navegar pelos ares, cobrindo de glórias também sua Pátria, o Brasil.

Para melhor avaliar a sua glória é necessário compreender bem a ânsia que, através dos séculos, empolgava o espírito dos homens para a conquista do ar, ânsia que culminou no período de experiência de Santos-Dumont quando, finalmente, foram encontradas as fórmulas práticas para a navegação aérea."


O Patrono da Força Aérea Brasileira – FAB

 

O Marechal - do -Ar Eduardo Gomes, que passou a História como Brigadeiro, foi consagrado, pela Lei 7243 de 6 nov 1984, patrono da Força Aérea Brasileira, em função da sua influência marcante na Aviação Militar e Força Aérea Brasileira, no sentido da operacionalidade crescente das mesmas; comando da 2ª Zona Aérea, no Recife, durante a 2ª Guerra Mundial; reequipamento e modernização da FAB; ajuda a solução dos problemas de seus homens; idealização, atuação e direção exemplar do Correio Aéreo Nacional e liderança inconteste, em seu tempo, sobre a Aeronáutica e FAB, pela autoridade moral que detinha, e o respeito que infundia, em função de sua coragem, idealismo, vida exemplar, dedicação extremada a Aeronáutica e a sua gente, coerência, dignidade, firmeza de convicções, vontade férrea e acentuado patriotismo e religiosidade; qualidades que contagiaram seus contemporâneos e que hoje inspiram os integrantes da FAB para a qual ele é o soldado do ar brasileiro, símbolo e padrão.

Eduardo Gomes cursou Artilharia na Escola Militar do Realengo 1915-18, em período quase coincidente com a 1ª Guerra Mundial que assinalou o surgimento e difusão de Aviação Militar.

Seu contato inicial com a Aviação Militar foi no curso de Observador Aéreo, função importante para orientar os tiros de Artilharia sobre seus alvos.

Em 5 jul 1924, participou da Revolta do Forte de Copacabana, evento que passou para a História como, Episódio dos 18 do Forte, que foi motivado pela prisão injusta e em local incompatível com o seu posto, do Presidente do Clube Militar. Marechal Hermes da Fonseca, ex - Ministro do Exército e, ex - Presidente da República além de líder da profissionalização do Exército.

Em 5 jul 1924, participou em São Paulo de nova revolução. Então comandou um batalhão da Polícia Militar de São Paulo; liderou a Artilharia revolucionária e pilotou um avião, na tentativa de lançar boletins sobre as tropas legais e bombardear o palácio do governo.

Participou em Minas Gerais da Revolução de 30. Oficial de Gabinete do Ministro da Guerra, defendeu a criação do Correio Aéreo Militar que trouxe benéficos reflexos no adestramento da Aviação Militar e na Integração Nacional. Combateu a Revolução de 32 comandando seus aviadores no Sul de Minas e Vale do Paraíba.

Em 27 nov 1935, como tenente coronel, no comando do 1º Regimento de Aviação no Campo dos Afonso, liderou a reação contra o levante comunista ali ocorrido, o que lhe valeu merecida fama.

Passado este quadro agitado concentrou-se na supervisão do Correio Aéreo Militar.

Passou a integrar o Ministério da Aeronáutica criado em 1941 e onde o alcançou a 2ª Guerra Mundial. Como brigadeiro comandou a 2ª Zona Aérea no Nordeste, com sede no Recife e sobre isto escreveu o INCAER: "O tenente de 1922, agora brigadeiro de 1941, assumiu o comando da 2ª Zona Aérea com jurisdição sobre o mar, no Nordeste, no qual travava-se vigorosa campanha contra submarinos agressores.

É a Aviação de Patrulha, incansável, dia e noite sobre o mar. É a construção de novas bases. É o recebimento de novos aviões e a adaptação de equipagens. É a reciclagem dos pilotos e suas adaptações a novas técnicas de vôo. É o preparo de pessoal subalterno. É a preocupação com o homem, com o atendimento de suas necessidades pessoais e de suas famílias. É a convivência com nossos aliados que combatem lado a lado conosco, em nossas bases sobre o oceano, no esforço de guerra comum", no Saliente Nordestino que foi o Trampolim da Vitória Aliada.

Consultado sobre a possibilidade de cessão do comando de nossas bases aéreas respondeu – seco e altaneiro – NUNCA!

Com a 2ª Zona Aérea acumulava a direção do agora CAN - Correio Aéreo Nacional, fusão do Correio Aéreo Naval, resultado da criação do Ministério da Aeronáutica.

Eduardo Gomes foi Ministro da Aeronáutica em 1954-55 e de 1965-67. Da profícua obra a frente da pasta registra-se: Aquisição dos C-82 Fairchild – os Vagões Voadores; criação da Esquadrilha de Reconhecimento e Ataque; aquisição de aviões C-130 Hércules e Búfalos e aprovados estudos sobre a fabricação do Bandeirante e realização de manobras reais com a participação da Escola de Comando e Estado - Maior da Aeronáutica, além da criação do Grupo de Suprimento e Manutenção do Galeão.

Eduardo Gomes fez seu último vôo, em 20 set 1960, no Correio Aéreo Nacional, no C-47 2015, quando também deixou o serviço ativo por haver completando idade limite de permanência. Na Reserva jamais olvidou a Aeronáutica e seus problemas.

Em 1975, ao prefaciar a 2ª Edição da História da Força Aérea, do Tenente-Brigadeiro Lavenére-Wanderley que o substituiu no patronato do CAN, escreveu a certa altura, num testemunho por seu apreço a História e Tradições da FAB que hoje o INCAER se incumbe de pesquisar, interpretar e divulgar:

"... o livro do "brigadeiro Lavenére – Wanderley recomenda-se à jovem oficialidade da FAB, para que, melhor a conhecendo no passado, mais possa amá-la e respeitá-la, orgulhando-se de serví-la."

Fomos testemunhas na Estação de Passageiros do Aeroporto Militar de Brasília do profundo respeito que a figura do Brigadeiro Eduardo Gomes infundia.

A estação estava lotada de personalidades civis, militares e eclesiásticas. Alguém anunciou a presença do Brigadeiro no recinto. Fez-se profundo silêncio e como um passe de mágica todos se voltaram para a sua venerada figura e o reverenciam com um gesto de cabeça com o mais profundo respeito e carinho. Dava a impressão que adentrara no recinto um santo cívico.

Foi uma cena muda, tocante, do mais profundo respeito e reconhecimento cívico - militar e uma grande reserva moral, que deu ao Brasil e a Aeronáutica o melhor de si. Valeu tê-la assistido e agora a testemunhado.

Eduardo Gomes nasceu em Petrópolis, em 20 set 1896 e faleceu no Rio de Janeiro, em 13 jun 1981,aos 84 anos , sem descendentes e como cristão de fé robusta. É seu biógrafo o brigadeiro Deoclécio Lima de Siqueira que foi l Presidente do INCAER, na obra Caminhada com Eduardo Gomes, em que demonstra a fidelidade do patrono da Aeronáutica ao lema" Servir, nunca se servir".


 

PATRONOS DA INTENDENCIA E DA SAÚDE NA AERONÁUTICA

 

Patrono da Intendência

O tenente brigadeiro intendente José Epaminondas Aquino Granja foi consagrado, por Portaria, 909/GM3 de 6 ago 1975, do Ministro da Aeronáutica, patrono do Serviço de Intendência da Aeronáutica, em razão de haver sido o primeiro chefe do seu Serviço de Intendência de "cujo esforço, espírito criativo, dinamismo, habilidade e profundo conhecimento dos regulamentos militares e legislação administrativa, lhe permitiram elaborar os primeiros Regulamento e Regimento Interno do Serviço de Intendência da Aeronáutica", além de haver criado o Depósito de Material Bélico, os reembolsáveis, a Fazenda de Pirassunga, a Granja do Galeão, as lavanderias e a mecanização contábil das Unidades Administrativas, bem como outros destacados serviços a Aeronáutica.

Ingressou como praça voluntária do Exército, em 1 jun 1914. Participou da guerra do Contestado onde o Capitão de Cavalaria Ricardo Kirk sagrou-se como o pioneiro e mártir na América do Sul, no uso do avião em operações militares.

Como Sargento fez o Curso de Oficial Intendente do Exército. Foi declarado Aspirante-a-Oficial de Intendência, em 18 dez 1923. Em 1934 cursou no Rio de Janeiro o Curso de Intendente de Guerra sob a orientação da Missão Militar Francesa (MMF) em nosso Exército. Foi promovido a Major, em 23 jan 1936. De 1937-41 trabalhou como chefe da Intendência da Aviação do Exército. Criado o Ministério da Aeronáutica passou a nele exercer a função de Assistente de Fazenda da Aeronáutica.

Em 1943, como tenente coronel, visitou todos os órgãos de Intendência do Exército dos EUA, onde colheu preciosos ensinamentos.

Em 23 ago 1945 foi criado o Serviço de Intendência da Aeronáutica, para a qual dera o melhor de seu esforço e inteligência.

Exerceu a chefia deste serviço por seis longos e profícuos anos, até setembro de 1951, quando foi transferido para a Reserva.

O brigadeiro Epaminondas nasceu em Leopoldina-PE, em 27 ago 1897 e faleceu em 4 dez 1975, aos 78 anos, no Rio de Janeiro, no Hospital Central da Aeronáutica.

O Patrono do Serviço de Saúde na Aeronáutica

O major brigadeiro méd Ângelo Godinho dos Santos foi consagrado, por Dec. 63.152 de 29 ago 1968, patrono do Serviço de Saúde da Aeronáutica "por sua atuação decisiva e relevante no progressivo desenvolvimento do Serviço de Saúde da Aeronáutica, do qual foi, "na evolução alcançada, o seu primeiro Chefe e Diretor" e mais, por "seu abnegado empenho e devotamento para concretizar pioneiramente a sua estrutura adequada, quando previu, planejou e regulamentou o respectivo funcionamento, inclusive criando, adaptando e aperfeiçoando a quase totalidade dos órgãos especializados, necessários ao Serviço de Saúde da Aeronáutica".

Do estudo das fontes conseguidas e consultadas dele pode ser dito: "Idealista, grande espírito de iniciativa, pragmático, objetivo, espírito de pioneiro, administrador de largo descortínio e profissional de Saúde de sólida cultura", em Medicina Geral e Medicina de Aviação da qual foi um dos mais destacados pioneiros entre nós.

Em 1937, como major médico do Exército, Godinho dos Santos dinamizou o Departamento Médico da Aviação Militar. Aí, aos poucos, liderou o desenvolvimento da nova especialidade – a Medicina de Aviação. Formou especialistas que realizavam exames especializados de Fisiologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Radiologia e Psicologia, em gabinetes dotados do que havia de mais moderno. Realizou, pioneiramente, exames psicotécnicos em massa. Sob sua sábia direção, criado o Ministério da Aeronáutica com aquela estrutura já eficaz de Aviação Militar, ele formou o núcleo do atual Serviço de Saúde da Aeronáutica.

Durante a 2ª Guerra Mundial conseguiu vitória na luta para criar-se o Hospital Central da Aeronáutica, com a desapropriação do Hospital Alemão.

Desenvolveu as atividades para - médicas de Farmácia, Odontologia e Enfermagem na Aeronáutica. Instituiu a enfermagem feminina padrão universitário e pretendia instituir enfermeiras militares.

Segundo José Amaral, colaborador íntimo de Godinho dos Santos, "O idealismo e o pioneirismo dele não foi feito só de sonhos. Foi um idealismo com os pés fincados no chão".

Com idealismo e material esparso e partindo de uma simples Divisão ou DP-5, da então Diretoria de Pessoal, estruturou um Serviço de Saúde, em sistema, dinâmico e harmônico, que recobria todo o território Nacional, cujo órgão central – a Diretoria de Saúde liderada por ele, Godinho dos Santos, mantinha em funcionamento a vasta estrutura onde não havia solução de continuidade que pudesse por em jogo a missão do Serviço de Saúde da Aeronáutica.

O brigadeiro Godinho dos Santos que foi o primeiro brigadeiro médico da Aeronáutica nasceu na Bahia em 11 mar 1888. Faleceu em 6 abr 1949 na função de Diretor do Serviço de Saúde da Aeronáutica tendo pronunciado ao sentir a aproximação do fim estas palavras de despedida: - "Digam aos colegas que o Diretor morre como homem".


OUTROS PATRONOS DA AERONÁUTICA

 

O Patrono do Correio Aéreo Nacional

O Tenente Brigadeiro-do-Ar Nelson Freire Lavenére-Wanderley, além de assinalado historiador da Força Aérea Brasileira, estudioso de estratégia e piloto militar, foi consagrado, por Lei 7490 de 12 jun 1986, patrono do Correio Aéreo Nacional (CAN) por haver sido o pioneiro desta instituição de assinalados serviços prestados à Integração do Brasil e ao adestramento realista, em navegação, de várias gerações de pilotos militares. Isto ao ser o primeiro piloto a realizar um vôo do CAN, em 12 jun 1931, no K-263 – Curtiss Fledg Ling, do Rio a São Paulo, junto com seu antigo instrutor, Ten Casemiro Montenegro, o hoje patrono da Indústria Aeronáutica Brasileira , por haver fundado o ITA e o CTA .

Lanenére -Wandrley acumulou, de 1950-63, mais de 2000 horas de vôo como piloto de bimotores e quadrimotores do CAN, quando tornou-se conhecedor de suas linhas e da problemática das regiões por elas cobertas.

Ingressou na Cavalaria da Escola Militar do Realengo em 1927. Em 1929 transferiu-se para a Escola de Aviação da mesma Escola, sendo declarado Aspirante em 21 jan 1930. Em 20 nov 1930 recebeu seu diploma de Piloto – Observador – Metralhador.

Como comandante da Esquadrilha de Treinamento com aviões Curtiss Fledg Ling foi que realizou seu histórico vôo pioneiro no CAN.

Foi o primeiro brasileiro a tirar curso de piloto militar nos EUA, experiência que serviu de base para o resto de sua brilhante carreira de aeronauta.

De retorno foi instrutor - chefe de Aviação no Realengo.

Cursou a ECEME no Andaraí e na Praia Vermelha em 1939-40. Criado o Ministério da Aeronáutica integrou o gabinete de Salgado Filho. Depois foi Chefe de Ensino da Escola de Aeronáutica, quando participou da escolha de Pirassununga para sediar a AFA.

Integrou Comissão Militar Brasileira que partiu para o TO do Mediterrâneo para estudá-lo sob a chefia de seu ex-cmt no Realengo e amigo, Gen Div Mascarenhas de Morais. Lá permaneceu como Oficial - de - Ligação e Observador Militar sendo classificado no QG da Força Aérea do Mediterrâneo como Brasilian Liason Officer. Cursou a Escola de Controladores de Caça da RAF, no Cairo.

Acompanhou o Ministro Salgado Filho no Panamá, em visita ao 1º Grupo de Caça Brasileiro, em final de treinamento e com o qual, nos EUA, ficou apto para missões de combate nos Thunderbolt p-47.

Acompanhou no TO do Mediterrâneo a epopéia do 1º Grupo de Caça – O Senta a Pua, sobre o que escreveu em uma de suas muitas obras sobre o assunto:

"A atuação do 1º Grupo de Caça na Itália é a página mais gloriosa da História da FAB."

Lavenére - Wanderley voou em missões de combate com o 1º Grupo de Caça para compreender seus problemas, embora não tivesse a isto obrigado como oficial de Estado - Maior.

Após, desempenhou importantes e elevadas funções, inclusive a de Ministro da Aeronáutica e Chefe do EMFA. Foi o fundador do CEBRES – Centro de Estudos Estratégicos. Comandou a ECEMAR.

Lavenére-Wanderley nasceu no Rio de Janeiro em 27 out 1907. Faleceu em São Paulo em 30 ago 1985, perdendo a Força Aérea um dos seus mais ilustres integrantes. Confirmou toda a vida o que dele disse seu técnico de instrução francês da MMF, em 1930:

"Aluno de belas qualidades. Calmo e refletido, de caráter muito simpático. Muito bom piloto."

O INCAER ao sintetizá-lo assim se expressou:

"Na carreira militar – O profissional brilhante, preparado e dedicado, exemplo de comandante e líder.

Na família – Esposo, pai e amigo dotado das virtudes dos homens de bem, exemplo de chefe e companheiro.

Como homem – Homem como os que todos os países civilizados necessitam nos momentos de paz e nos apuros de guerra, exemplo de estadista."

Tive a honra de desfrutar de sua amizade e convívio nos Institutos Histórico e Geográfico Brasileiro e de Geografia e História Militar do Brasil dos quais foi membro ativo e assíduo.

 

O Patrono da Aviação Aero-Desportiva Nacional

O jornalista, político, empresário e diplomata Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Mello foi consagrado, por Dec. 58.495 de 11 dez 1985, patrono da Aviação Aero - Desportiva Nacional, por haver intensificado, em 1941, durante a 2ª Guerra Mundial e no ano da criação do Ministério da Aeronáutica, a Campanha Nacional de Aviação. Esta consistente na criação de aeroclubes por todo o Brasil, marco histórico inicial da Aviação Aero -Desportiva e, visando à formação de uma reserva de pilotos, tanto para a Força Aérea, como para a Aviação Civil.

Nesta campanha, em favor da Aeronáutica Brasileira, pretendeu transformar cada município num centro de treinamento civil de pilotos através de semeadura de aeroclubes.

E foi muito feliz nesta cruzada patriótica, pois muitos desses pilotos prestaram, após cursarem os CPOR da Aeronáutica no Galeão, São Paulo e Porto Alegre, serviços ao esforço de guerra na Itália e na vigilância do litoral brasileiro durante a 2ª Guerra Mundial e, sobretudo, à aceleração da Integração Nacional e da Aviação Civil.

Em 1935 Assis Chateaubriand teve ação de boa repercussão na criação do Ministério da Aeronáutica, ao fazer chegar ao Presidente Getúlio Vargas, artigo de 17 fev 1935 em O Jornal, de sua propriedade, do capitão de Engenharia Aurélio de Lyra Tavares, que teve grande repercussão e sob o título "Ministério do Ar" e transcrito por Lavenére - Wanderley em História da FAB. Artigo que assim finalizava :"a idéia pois de um órgão central que dirija a evolução técnico e industrial da nossa aviação é oportuna, e a fórmula da criação da do Ministério do Ar deve ser tomada na devida consideração pelos dirigentes dos país".

Artigo escrito sob o pseudômino de Observador Militar, o qual Chateaubriand entregou pessoalmente ao Presidente Vargas que ali mesmo o repassou a Salgado Filho para estudos, concretizados em 1941, com a criação do Ministério da Aeronáutica.

Assis Chateaubriand bacharelou-se em Direito, em 1913, na Faculdade do Recife da qual foi professor de Direito Romano e Filosófica do Direito. No Recife foi editor e redator chefe do Diário de Pernambuco. Em 1917 transferiu-se para o Rio onde passou a alternar as atividades de jornalista, com políticas e empresariais.

Foi destacado revolucionário em 1930 e 1932; senador pela Paraíba e Maranhão 1952-55 e 1955-57 e embaixador na Inglaterra 1957-1960. Sua grande obra foi a construção da primeira grande cadeia de Comunicação Social do Brasil – Os Diários Associados.Ele nasceu em Umbuzeiro na Paraíba e faleceu em 4 abr 1968, em São Paulo–SP.

 

O Patrono da Aviação de Caça

BRIGADEIRO NERO MOURA

Nasceu em Cachoeira do Sul em 30 Jan 1910, onde estudou no Ginásio Rio Branco até transferir-se para o Colégio Militar de Porto Alegre de onde foi para a Escola Militar do Realengo .Ali foi declarado Aspirante a Oficial da Arma de Aviação do Exército, sob orientação da Missão Militar Francesa para a Aviação do Exército ,em 22 nov 1930, logo depois da Revolução de 30, tornando-se então amigo do Presidente Getúlio Vargas.

Combateu a Revolução de 32 no Vale do Paraíba e Sul de Minas a partir da base da Aviação do Exército no atual Campo de Paradas da AMAN. Saga que descrevemos na Revista A Defesa Nacional nº 775 Jan/mar 1997. Ali realizou cerca de 60 missões sob o comando do então Major Eduardo Gomes. Foi então que se convenceu da importância de ser piloto aviador.

Com cerca de 1000 horas de vôo em aviões como o Potez e o Newport Delage, foi enviado à França onde cursou a École d'Application del ‘Áir em Versailles em 1934-35. Aqui chegado combateu a Intentona Comunista, participando de bombardeios aéreos no 3º Regimento de Infantaria na Praia Vermelha ocupado por comunistas. Implantou em 1930 o primeiro Campo de Tiro Aéreo no local do atual aeroporto de Jacarepaguá como instrutor de Tiro e Bombardeio da Escola Militar.

Comandou em 1938 o 3º Regimento de Aviação em Santa Maria, e o transferiu para Canoas. De lá retornou ao Rio tornando-se piloto de seu amigo o Presidente Vargas.

Ao estourar a 2ª Guerra Mundial em 1939, tornou-se impositiva a criação de Ministério da Aeronáutica, tarefa da qual Nero Moura foi incumbido de opinar junto com colegas aviadores, do que resultou a criação do Ministério da Aeronáutica em 26 Jan 1941, tendo como seu primeiro titular o Dr. Salgado Filho. Nero Moura foi mandado chefiar o embrião do hoje GTE(Grupo Transporte Especial). E ali prestou relevantes serviços.

Criado o 1º Grupo de Aviação de Caça em 18 dez 1943, o Major Nero Moura foi designado para recrutar os seus integrantes destinados a fazer parte da FEB e lutar em conjunto com a Força Aérea dos EUA nos céus da Itália. Escolhidos cerca de 500 homens, o Major Nero Moura foi nomeado em 27 dez 1943 comandante da histórico do 1º Grupo de Caça, consagrado como "Senta pua !", e conhecido pelo código "Jambock" na Itália cuja saga abordamos em A Participação da marinha mercante e das Forças Armadas do Brasil na 2a Guerra Mundial (Volta Redonda :Gazetilha ,1995).

E na sua liderança ,como Tenente Coronel ,Nero Moura treinou sua equipe no Paraná, e nos EUA em Thunderbolt P-47. Chegaram no TO da Itália em 14 out 1944, seguindo logo para o Tarquínia, onde em 14 out 1944 o pavilhão nacional foi hasteado. Em sua ordem do Dia referiu entre outras coisas.

"Na História dos povos coube-nos assim a honra de sermos a primeira força aérea sul-americana que cruzou os oceanos e veio alcançar as suas asas sobre os campos de batalhas europeus. ....

.....Cumpre-nos tudo enfrentar, com fortaleza de ânimo, a fim de manter intacto este tesouro jamais violado: a honra do Soldado brasileiro! E nós o faremos custe o que custar! "

Nero Moura destacou-se como comandante e combatente. Realizou 62 missões de guerra.

Segundo o Major Brigadeiro Rui Moreira Lima em seu livro o Senta Pua:

" Nero Moura liderou sem usar os galões. Comandou com o exemplo, em terra e no ar. Expunha-se ao fogo antiaéreo igualzinho aos seus tenentes. ..... Foi justo e exigente conosco. A indisciplina de vôo nunca foi tolerada. Dava cadeia no duro. Não havia no grupo uma voz que se erguesse contra ele..... "

Em 16 Jul 1945, partindo do Texas, chegou ao Brasil comandando 15 aviões P-47 doados pelos EUA. E logo a seguir assumiu o comando da Base aérea de Santa Cruz.

Por solidariedade ao Presidente Vargas deposto em 15 out 1945, Nero Moura pediu transferência para a Reserva em 7 dez 1945. Então participou da direção da Aerovias Brasil e do Loyd Aéreo Nacional.

Coma eleição de Getúlio Vargas em 1954 o Coronel Nero Moura torna-se o 3º Ministro da Aeronáutica aos 41 anos. Brigadeiro - do - Ar na reserva em 25 ago 1951.

Marcaram sua gestão a criação do Centro de Instituição Militar do Campo dos Afonsos, Criação do COMTA, criação da Esquadrilha da Fumaça em 1952, introdução da Aviação a jato no Brasil ,ao equipar a FAB com caças Closter - Meteor, criação das primeiras instalações de Busca e Salvamento e de Reconhecimento e Patrulha, início da construção do Aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre e transformação do Galeão, no 1º aeroporto internacional do Brasil. No Campo de Paradas na AMAN de onde Nero Moura partiu em vôo para o combate a Revolução de 32 , existe como monumento a carcaça de um Closter - Meteor . Em agosto 1954 pediu demissão do cargo de Ministro e mais uma vez em solidariedade ao Presidente Getúlio Vargas.

E continuou o líder dos veteranos do Senta a Pua, que se reuniam em sua casa nos dias 22 de abril e 6 de outubro conforme abordamos no citado A Participação ...das FFAA do Brasil na 2a GM .O dia 22 de abril foi transformado no Dia da Aviação de Caça.

Em 22 abril 1986 Nero Moura foi proclamado Patrono Vivo da Aviação de Caça . Veio a falecer em 17 dez 1994, aos 84 anos, sendo consagrado em 17 jan 1995, oficialmente como Patrono da Aviação de Caça do Brasil. Um ato de justiça na voz de História de aviação do Brasil.

Nero Moura foi voluntário para defender a Democracia e a Liberdade Mundial nos céus da Itália. Selecionou, adestrou e liderou na guerra e depois na paz, até falecer os seus bravos de "Senta Pua". Hoje se constitui num ícone cívico a inspirar os bravos integrantes de Aviação de Caça do Brasil.

 

O Patrono da Indústria Aeronáutica Brasileira

O Mar-do-Ar Casemiro Montenegro Filho foi considerado Patrono da Indústria Aeronáutica Brasileira por haver fundado no início da década de 50 o atual Instituto Tecnológico da Aeronáutica(ITA) e o Centro Técnico Espacial(CTE) e no início dos anos 80 haver criado no ITA o curso de Engenharia de Computação.

O Marechal nasceu em Fortaleza em 28 out 1904. Lá viveu as emoções das aventuras aeronáuticas de seu co - estaduano Pinto Martins ,hoje consagrado no aeroporto local . cuja saga lhe despertou o desejo de ser piloto .Foi declarado Aspirante a Oficial da Arma de Aviação do Exército em 1º jan 1929 pela Escola Militar do Realengo, onde ficou como instrutor inclusive de Lavenére Wanderley, tendo aprendido a voar num Spad Vernon francês com Haroldo Borges Leitão; grande piloto militar. Em 12 jun 1931 junto com o citado Tenente Nelson Freire Lavenére, Wanderley realizou o 1º vôo de Correio Aéreo Nacional(CAN) Rio - São Paulo, conforme abordamos em "Campo dos Afonsos - O ninho das velhas águias pioneiras e Santuário da Aeronáutica Militar do Brasil em Escolas de Formação de Oficias das FFAA do Brasil. Rio de Janeiro :FHE-POUPEX,1987. Participou da Revolução de 30 em Minas e, em 32 em São Paulo ,ficou preso pelos dos revolucionários.

Foi comandante de 1931-38 do hoje IV Comando Aéreo Regional (IV COMAR)no Campo de Marte em São Paulo. Então tomou contato e gosto pela Indústria Aeronáutica ao supervisionar e a acompanhar todas as fases da construção do famoso EAY-201 Ypiranga , o Pai do Paulistinha ,como o seu protótipo .EAY-1 que foi a 1a aeronave de fabricação nacional inscrita no Registro Aeronáutico Nacional e fabricado no Campo de Marte em São Paulo pela Empresa Aeronáutica Ypiranga , a qual ,entre seus sócios, contava com Henrique Santos - Dumont ,sobrinho do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica do Brasil - Alberto Santos - Dumont. O EAY-201 surgiu oficialmente em 11 set 1935 .Depois de voar 1330 horas e 40 minutos ,até 4 mar 1963 e por 27 anos, prestou seus últimos serviços em São Leopoldo e Camaquã, no Rio Grande dos Sul de onde foi recolhido, ainda voando bem ao Museu da Aeronáutica da Fundação Santos -Dumont aonde deve se encontrar. Este avião que o então Capitão Casemiro acompanhou todas as fases de sua construção ,repetimos, foi o protótipo dos famosos aviões paulistinhas dos quais foram produzidos centenas que ajudaram a alavancar o grande desenvolvimento das atividades Aeronáuticas entre nós ,e cuja saga e contribuições a integração do Brasil estão a merecer um historiador ou uma equipe deles. .

O Marechal Casemiro Formou-se em Engenharia Aeronáutica no Instituto Militar de Engenharia (IME) do Exército em 1941. Criado o Ministério da Aeronáutica assumiu a Direção da Subdiretoria Técnica Aeronáutica até 1947. Logo em seguida veio a dotar o Brasil com o ITA auxiliado por técnicos dos EUA, criando a seguir o CTA.

Em 1951 assumiu a Diretoria de Material e Aeronáutica com a qual apoiou o esforço de guerra da Aeronáutica no Brasil conforme abordamos em A Participação da Marinha Mercante e da das FFAA do Brasil na 2a Guerra Mundial (Volta Redonda:Gazetilha,1995) .Em 1952 foi mandado estudar um plano de Equipamento e Desenvolvimento da Aeronáutica, ocasião em que viajou à Holanda para informar-se da proposta da FOKKER em construir aviões no Brasil.

Em 1954 assumiu a direção do CTA até 1965, o dirigindo por cerca de 7 anos descontínuos .Em 22 out 1992 ,no 24 o aniversário do 1 o protótipo do Bandeirante e aos 90 anos o Marechal Casemiro visitou a EMBRAER .

Ele faleceu na Beneficiência Portuguesa de Petropolis aos 96 anos em 26 fev 2.000.Foi sepultado no Cemitério São João Batista no Rio com Honras de Ministro de Estado

Ao se empenhar - se a fundação do do ITA e do CTA o Marechal Casemiro propagava :

"Que se o Brasil investisse maciçamente em educação e em pesquisas científicas ,em pouco tempo se tornaria um dos grandes fornecedores de aeronaves do Mundo ." E mais :

"O que engrandece uma nação é o conhecimento que no caso do Brasil deve sempre ser buscado por instituições como o ITA,IME ( onde se formou ) e as Universidades do Brasil "

Em entrevista a à Revista Aeronáutica .n o 136 1986 ,perguntado que conselho poderia dar a geração que estuda no ITA .Respondeu:

"Estudar .E que procurem desenvolver cada vez mais sua capacidade .E que o ITA se mantenha sempre em nível e que possa continuar competindo com as escolas superiores similares dos países mais desenvolvidos ."