OS PATRONOS NO EXÉRCITO

 

O Patrono do Exército

 

O Marechal-de-Exército Luiz Alves de Lima e Silva e Duque de Caxias, foi consagrado, de direito, por Dec. 51929 de 13 mar 1962, como o Patrono do Exército Brasileiro, onde ele se forjou e de cujo seio emergiu no cenário nacional, como um dos maiores brasileiros de todos os tempos.

Caxias prestou à Pátria mais de 60 anos de excepcionais e relevantes serviços, como político e administrador de contingência e inegualados, como soldado de vocação e tradição a serviço da Unidade, da Paz Social, da Integridade e da Soberania brasileiras.

Ainda em vida e até nossos dias, o povo, a imprensa, chefes, escritores, pensadores e historiadores têm procurado defini-lo entre outros com os seguintes títulos: "Filho querido da vitória; Pacificador; General invicto; Condestável, escora e espada do Império; A maior espada do Brasil; o Wellington Brasileiro; Duque de Ferro e da Vitória; o Escravo da Pátria; Nume ou Espírito Tutelar; Símbolo da Nacionalidade e, Maior Soldado do Brasil".

Por sua monumental obra pacificadora de quatro lutas internas e, modelares manobras de flanco de Humaitá e Piquiciri na guerra Tríplice Aliança contra o Paraguai 1865-70, figura, sem favor nenhum, na galeria dos maiores capitães da História Militar Mundial.

Sua escolha como patrono deveu-se ao fato de haver vencido todas as seis campanhas que participou das quais, as campanhas internas pacificadoras da Balaiada, no Maranhão em 1841; de São Paulo e Minas Gerais, em 1842 e a Revolução Farroupilha de 1842-45 e, as externas das guerras contra Oribe e Rosas 1851-52 e da Tríplice Aliança contra o Paraguai de 1866-69, além de haver dirigido o Exército, de forma fecunda e marcante, como Ministro da Guerra, por três períodos 1855-58; 1861-62 e 1875-78, dos quais os dois últimos como Chefe de Estado, na qualidade de Presidente do Conselho de Ministros do Império.

Caxias possuía muito orgulho nativista de ser veterano condecorado da guerra da Independência na Bahia. Sonhava com uma Doutrina Militar genuína para o Exército Brasileiro. Sonho manifestado ao adaptar a Doutrina do Exército de Portugal ao nosso, em 1861, com apoio na experiência que havia colhido em 5 campanhas que até então havia vencido. Doutrina com a qual o Exército Brasileiro lutou e venceu no Paraguai.

Como Ministro da Guerra suas grandes realizações foram as construções da Escola Militar da Praia Vermelha e a do Quartel Central do Exército no Campo de Santana.

Como cidadão brasileiro seu ponto culminante foi pacificar a família brasileira, em Ponche Verde, em 1º mar 1845, o que não só pois fim à Revolução Farroupilha, como ao ciclo de lutas fratricidas que duraram quase 14 anos e iniciadas com sérios desencontros da Sociedade Brasileira, após a Abdicação de D. Pedro I.

Como líder de batalha seu grande efeito estratégico foi a manobra de Flanco de Piquiciri, através do Chaco, onde correu um risco calculado, ao sacrificar o princípio de guerra da Segurança, em benefício do princípio da Surpresa, a qual obteve em nível estratégico, ao desembarcar na retaguarda profunda do exército adversário, em Santo Antônio, abreviando, em muito, a duração do conflito e com isto poupando recursos de toda a ordem.

Como líder de combate seu grande momento foi em Itororó quando ao perceber que o Exército poderia ali ser detido, desembainhou a sua já invencível espada de 5 campanhas, brandiu-a ao vento, voltou-se decidido e convincente para o Exército detido e comandou com energia:

"Sigam-me os que foram brasileiros!"

Ato contínuo lançou-se sobre a ponte com o seu cavalo de guerra, indiferente ao perigo, arrastando eletrizado todo o Exército atrás de si, para, em seguida, colher expressiva vitória.

Caxias nasceu em 25 ago 1803 na Fazenda Taguaruçu, em Caxias-RJ, local hoje transformado em Parque Histórico Duque de Caxias.

Faleceu em 07 mar 1870, na Fazenda de Santa Mônica, em Valença, restaurada pelo Exército e que hoje se constitui em dependência do Museu Histórico do Exército.

Segundo sua vontade, seu corpo foi transportado ao cemitério por soldados de bom comportamento, onde falou em nome do Exército o Major de Engenheiros Alfredo de Taunay, que assim procurou definir o grande morto:

"Só a maior concisão unida a maior singeleza é que poderá contar seus feitos. Não há pompas de linguagem, não há arroubos de eloqüências capazes de fazer maior sua individualidade, cujo principal atributo foi a sua simplicidade na grandeza."

O historiador Capistrano de Abreu escreveu então: "Caxias dispensou as honras militares. Fez bem !

As armas que ele tantas vezes conduziu à vitória, teriam vergonha talvez de não terem podido libertá-lo da morte."

Os restos mortais de Caxias e de sua esposa encontram-se no Panteon defronte ao Palácio Duque de Caxias e sua invicta espada de 6 campanhas, da qual os espadins dos cadetes do Exército são cópia fiel em escala, pertence ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro do qual foi sócio.

Caxias sublimou as Virtudes Militares de Bravura, Coragem, Abnegação, Honra Militar, Devotamento e Solidariedade.

Em se tratando de um trabalho sobre vultos das Forças Armadas, não se pode esquecer o pioneirismo de Caxias em nossa Aeronáutica, ao mandar vir dos EUA balões cativos para proceder reconhecimentos das posições inimigas que se antepunham ao seu avanço de Tuiuti, até a Fortaleza de Humaitá, reconhecimentos aéreos eficazes que contribuíram para a conquista daquela poderosa fortaleza, objetivo militar aliado, em função de uma manobra de duplo envolvimento realizada pela Marinha, pelo Rio Paraguai e pelo Exército, por terra.

O altar portátil usado por Caxias para assistir missas em campanha, como católico de fé robusta que era, encontra-se no Mosteiro de Santo Antônio, no Largo de Carioca.

 


PATRONOS DAS ARMAS BASE DO EXÉRCITO

 

O Patrono da Infantaria

 

O brigadeiro Antônio de Sampaio foi consagrado, em Dec. 51429 de 13 mar 1962, patrono da Arma de Infantaria, em cujo seio se forjou e se forjou e se destacou sobremodo como bravo e modelar líder de combate, instrutor e disciplinador da Infantaria, a frente da qual, representada pela sua 3ª Divisão de Infantaria – a Divisão Encouraçada, teve seu glorioso encontro com a glória militar em 14 mai 1866, na Batalha de Tuití, onde se constituiu em fator decisivo para a vitória, em que pese os três ferimentos recebidos que determinaram sua morte, em 6 jul 1866, a bordo do vapor "Eponina" e o fato de quatro cavalos que montava durante a resistência, a todo o custo que liderava, terem tombado por perfurações de balas e baionetas inimigas e mais o de sua heróica Divisão haver concorrido com 33% das baixas brasileiras neste dia, por haver se constituído em ponto chave da defesa.

Sampaio chegou ao Rio Grande do Sul ao final da Revolução Farroupilha, onde, no comando de uma companhia de Infantaria, estacionou quase 5 anos em Canguçu, como instrumento de consolidação da Paz de Ponche Verde e próximo de Piratini e Caçapava, antigas capitais da República Rio-Grandense (1836-45).

 

A seguir Sampaio empenhou-se a fundo no comando sucessivo de batalhões e brigadas de Infantaria. Em pouco transformou-se num consumado condutor de homens, conhecedor profundo do terreno e mestre em adestrar e empregar a Infantaria. Combateu na guerra contra Oribe e Rosas (1851-52) quando participou da Batalha de Monte Caseros, como integrante da Divisão Brasileira.

Comandou um Batalhão de Divisão de Observação que penetrou em Montevidéu em 7 mai 1859, a pedido do Presidente oriental Venâncio Flores. Na guerra contra Aguirre teve atuação destacada a frente de uma Divisão, na conquista de Paissandú o que lhe valeu sua promoção a brigadeiro.

Durante a guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-70), que fez como oficial general, teve atuação destacada até Tuití.

Sobre o seu conceito e o de sua tropa escreveu em Reminiscências da campanha do Paraguai, Dionízio Cerqueira o maior cronista deste conflito e que foi integrante da Divisão Encouraçada e subordinado de Sampaio:

"A idéia de eu passar para a Infantaria não me abandonava. Esta arma exercia sobre mim indizível fascinação. Quando passava um daqueles belos batalhões da Divisão Sampaio, a Encouraçada, de bandeira desfraldada, os pelotões alinhados, guardando bem as distâncias, marchando airosos e elegantes, ao som alegre de um dobrado vibrante, não me podia conter, e punha-me a marcar passo..."

E mais adiante. "Fui apresentar-me ao general Sampaio. O ilustre general, glória do Exército pelo valor e amor a disciplina, estava uniformizado, debaixo de uma ramada, lendo uma história de Napoleão, seu capitão predileto. Quando me viu, fechou o livro, marcando-o com o indicador da mão esquerda".

Sampaio era cearense de Tamboril, onde nasceu em 24 mai 1810. Morto heroicamente aos 56 anos, após sublimar as Virtudes Militares de Coragem, Bravura, Honra Militar e Desprendimento.

Vive ainda na memória do Brasil, na alma do Exército e sobre tudo nas melhores tradições da Infantaria Brasileira que ele ajudou a forjar. Seus restos mortais repousam em mausoléu no Cemitério São João Batista, em Fortaleza-CE.


O Patrono da Cavalaria

 

O Marechal-de-Exército Manoel Luiz Osório e Marquês de Herval, ou simplesmente o general Osório, como foi chamado em seu tempo, foi consagrado, em Dec. 51.429 de 13 mar 1962, patrono da Arma de Cavalaria, em cujo seio se forjou e despontou como líder de combate, mais bravo, audaz, querido e carismático do Exército, ao ponto de ter sido o único a concorrer com o Duque de Caxias à consagração como Patrono do Exército.

Osório foi o comandante aliado na vitoriosa batalha de Tuiuti, em 24 mar 1866, a maior batalha campal da América do Sul, na qual, anulou a capacidade e ofensiva tática adversária, ao conduzir, pessoalmente, modelar defesa em posição. Foi tamanho o brilho de sua arte militar nesta batalha que um dos seus biógrafos assim à definiu – "Tuiuti é Osório é Tuiuti".

Osório teve especial destaque na guerra Cisplatina (1825-28) quando, como alferes, conseguiu espetacular e audazmente romper o cerco inimigo no combate de Sarandí. Seu comandante general Bento Manoel, admirado pelo feito do alferes Osório setenciou: Hei de legar-lhe, Alferes, a minha lança porque a levará mais longe, do que a levei. E esta profecia seria cumprida!

 

Na guerra contra Oribe e Rosas (1851-52) a frente do 2º Regimento de Cavalaria Ligeira, Osório desempenhou importante papel na vitória aliada de Monte Caseros, o que lhe valeu promoção a coronel, por merecimento.

Na guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-1870) coube-lhe comandar o Exército Brasileiro em operações contra o Paraguai, desde o Uruguai até a batalha de Tuiuti, destacando-se no comando da invasão ao Paraguai, em Passo da Pátria, quando preferiu celebrar palavras em Ordem do Dia, em 17 abr 1866: "É fácil a missão de comandar homens livres, basta mostra-lhes o caminho do dever." Ele foi o primeiro a pisar do outro lado, em solo inimigo.

Osório destacou-se como líder de combate em Avaí, onde foi ferido no rosto. Prestou nesta guerra excepcionais serviços a Integridade e Soberania no Brasil, sobrepujando doenças e ferimentos.

Dele e de sua singular liderança poderia afirmar com apoio em Moro Mariante: Osório nome que foi legenda e que é glória. Foi estrela guia em negros horizontes no caminho da luta e da vitória. Formou-se na Academia Militar das Coxilhas, na Fronteira do Vai-e-Vem, entre pará tatás de centauros, pontaços de lanças, quadrados de Infantaria, troar de canhões e cargas de Cavalaria, na belicosa coreografia da Arte Militar dos Pampas.

Osório nasceu em Conceição do Arroio, atual Osório-RS, em 10 mar 1808, em local transformado em Parque Histórico com o seu nome. Faleceu no Rio de Janeiro, como Ministro da Guerra, em 4 out 1879, aos 71 anos. Seu corpo embalsamado repousava na Praça 15 no Rio de Janeiro. Hoje está em Tramandai, no Parque Osório.

Osório sublimou as Virtudes Militares de Coragem, Bravura, Desprendimento, Honra Militar e Camaradagem. Foi militar excepcionalmente vocacionado, cidadão exemplar, chefe e líder amado, camarada invulgar e modelo de soldado brasileiro. Glória lhe seja pois, "ou a mais preciosa recompensa dos bravos", no seu conceito.


PATRONOS DAS ARMAS DE APOIO

 

O Patrono da Artilharia

– A Arma do Apoio de Fogo

 

O Marechal-do-Exército Emílio Luiz Mallet e Barão do Itapevi foi consagrado, por Dec. 51424 de 13 mar 1962, patrono da Arma de Artilharia, em cujo seio se forjou e se firmou com o honroso título de Artilheiro Símbolo do Brasil.

Mallet teve como ponto culminante e mais glorioso de sua carreira a frente do 1º Regimento de Artilharia a Cavalo, o atual Regimento Mallet, na batalha de Tuiuti de 24 mai 1866. Ali com seu regimento na vanguarda e em posição atrás de um fosso escavado com auxílio inclusive do Batalhão de Engenheiros e manobrando com rara habilidade e competência sua "Artilharia-Revólver", cumpriu sua determinação assim expressa no calor da luta: "Por aqui eles não passam". Foi o primeiro a suportar e a repelir as massas inimigas que a todo o custo pretendiam romper a posição aliada o que lhe valeu promoção a coronel por bravura.

E assim narrou com simplicidade este seu heróico feito:

"Este Regimento com 24 bocas de fogo, colocado na vanguarda sobre o centro do Exército, sustentou triunfalmente e repeliu todas as colunas do inimigo... Em poucas horas foi varrida a frente do Exército e o grande número de homens e cavalos mortos atestam a eficácia de seus fogos." Isto foi na guerra do Paraguai, que ele fez de fio a pavio, em companhia de seus três filhos, e na qual, segundo Osório, "nenhum oficial do Exército prestou mais assinalados serviços, do que o valente comandante da nossa Artilharia".

 

Como tenente, no comando de duas peças de Artilharia, Mallet teve atuação marcante na batalha de Passo do Rosário de 20 fev 1827. Na guerra contra Oribe e Rosas (1851-52), como capitão, fez toda a campanha contra Oribe no comando do 1º Regimento, então tracionado por bois. Data de então a tradição da unidade chamar-se "Boi-de-botas", em razão dos bois, de tanto atravessarem lodaçais, no inverno, darem a impressão de estarem calçando botas.

Mallet nasceu em Dumquerque – França, em 10 jun 1801 e faleceu no Rio de Janeiro em 2 jan 1866, depois de 68 anos de devotamento à construção de sua nova pátria , na paz e na guerra. Seus restos mortais repousam no São Francisco Xavier – Cajú, jazigo perpétuo 4751.

Mallet sublimou as Virtudes Militares de Bravura, Coragem, Devotamento e Abnegação, como oficial do Exército, em todas as guerras externas do Império do Brasil: guerra da Cisplatina (1825-28); guerra contra Oribe e Rosas (1851-52); guerra contra Aguirre (1864) e guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-70).

Amargou a injustiça de demissão indevida do Exército, pela Assembléia Geral, no posto de capitão, em 1831, por ser estrangeiro, embora tivesse sido 1º cadete, privilégio de brasileiros, cursado a Academia Militar, lutado pela Independência do Brasil e se consagrado herói, em Passo do Rosário. Mas em 1831 lhe exigiram como condição de permanência um ferimento em ação. Por não possuí-lo, a injustiça se consumou.

Foi reintegrado 20 anos mais tarde, em função de requerimento que recebeu despacho favorável do Conselho Superior Militar, em 20 set 1851. 

 

O Patrono da Engenharia

– A Arma do Apoio ao Movimento

 

O tenente coronel de Engenheiros João Carlos de Vilagran Cabrita, foi consagrado por Dec. 51.429 de 13 mar 1962, patrono da Arma de Engenharia – a arma de apoio ao Movimento, criada no Brasil em 1910, por desligamento da Arma de Artilharia que até então integrava.

Vilagran Cabrita teve seu encontro glorioso com a História, em 10 abril 1866, ao liderar o vitorioso combate de consolidação da conquista da Ilha de Redenção, no Rio Paraná, defronte do forte inimigo de Itapirú. Operação militar que se constituiu em importante e bem sucedida ação diversionária, para permitir o desembarque aliado em Passo da Pátria, 6 dias após, o que caracterizou a invasão do Paraguai no curso de guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-70).

Vilagran Cabrita, então comandante do glorioso Batalhão de Engenheiros, que apoiava o 1º Corpo de Exército, ao comando de Osório, foi selecionado dentre muitos para na liderança de 900 homens de Engenharia, Infantaria e Artilharia, conquistar, fortificar e manter a todo o custo a ilha, com apoio inclusive da Marinha.

 

Cumpriu exemplarmente a missão recebida, com o sacrifício da própria vida. Pois, morreu quando redigia a parte da Vitória, atingindo por mortal estilhaço de um obus disparado do forte Itapirú.

O seu belo exemplo de coragem e valor militar e mais o seu sacrifício supremo comoveram todo o Exército Brasileiro em operações.

E desde então seu nome e exemplo viraram legenda.

Até então Vilagran tivera uma vida normal como a grande maioria dos oficiais do Exército Imperial. Era zeloso do seu preparo profissional e moral. Estava preparado profissionalmente e moralmente para o seu grande encontro na Ilha da Redenção, com a História do Brasil.

Vilagran era brasileiro, nascido na então Província Cisplatina do Brasil, atual Uruguai, em 30 dez 1820.

Ignora-se o destino de seus restos mortais.

O Patrono das Comunicações – A Arma do Comando

 

O Marechal Cândido Mariano Rondon, o maior desbravador, civilizador, sertanista, bandeirante e inspetor militar de fronteiras mundiais, em terras e selvas tropicais, foi consagrado por Dec. 51.560 de 26 abr 1962, patrono da Arma de Comunicações, por haver chefiado a implantação no Brasil de 8.000 Km de linhas telegráficas, fatores de Integração, Unidade e Desenvolvimento, além de essenciais, por quase 40 anos, ao exercício da Soberania Brasileira sobre imensa faixa de fronteira e sobre os grandes vazios demográficos a ela adjacentes, na Amazônica e no Centro Oeste.

Linhas telegráficas fatores de Paz Social por levarem em sua vanguarda Rondo – O Pai Branco, de nossa população indígena, por ele redimida, valorizada,, protegida de massacres e explorações e compreendida e amada fiel a seu lema – "Matar, nunca. Morrer se preciso for."

Rondon como soldado comandou Forças em Operações contra revolucionários em 1824, no Paraná. Perguntado ao general Gamelin, chefe da Missão Militar Francesa, em caso de guerra qual general seu ex-aluno que indicaria para comandar o Exército – respondeu, o general Rondon.

 

Rondon soube bem conciliar a sua filosofia positivista – a Religião da Humanidade, ao impor-se ao mundo por sua obra em favor do índio, com a sua profissão de soldado.

Ele foi o instrumento do Ministro Calógeras para semear modernos quartéis pelo Brasil que há mais de 76 anos prestam valiosos serviços. Rondon nasceu em Mimoso, próximo a Cuiabá, em 5 mai 1865 e faleceu no Rio de Janeiro em 15 jan 1958, após haver recebido do povo brasileiro, através de seu Congresso, o posto de Marechal e ter sido dado seu nome ao território de Rondônia. Foi fidelíssimo o seu pensamento: "Mais importante que a vida é o espírito com qual a vivemos."


 

PATRONOS DA INTENDÊNCIA E DO MATERIAL BÉLICO

 

O Patrono do Serviço de Intendência

 

O Marechal graduado Carlos Machado Bittencourt foi consagrado patrono do Serviço de Intendência, por Decreto-Lei nº 2442 de 5 Abr 1940, confirmado por Dec. 51.426 de 13 Mar 1962, por haver demonstrado, como Ministro da Guerra, na Expedição a Canudos, em 1897, nos sertões da Bahia a necessidade da existência de um serviço de Intendência estruturado, equipado e adestrado, para garantir o apoio logístico as tropas que lá combatiam e, assim, o sucesso operacional. Machado Bittencourt ao analisar as derrotas das três expedições anteriores a Canudos, concluiu que concorreu para isto a falta adequada de apoio logístico o que acarretou até a fome entre nossos soldados.

Foi então pessoalmente a Bahia e, segundo Olynto Pillar, em "07 set 1887, o Ministro da Guerra chegava a Monte Santo, levando cerca de 3000 homens e copiosa munição de boca e guerra (Classe I e V), transportada por cerca de 1000 muares, veículo eficaz para o sertão.

 

– Imprimindo um cunho pessoal, suas providências foram tais que a partir daí os comboios seguiam para Canudos assegurando um mínimo de suprimentos aos combatentes".

Segundo o autor citado "Fora, sem dúvida, a fome, o agente desmoralizante de desordem, de indisciplina, e de extermínio de nossos soldados, fator único da vergonhosa derrota das três expedições anteriores a Canudos". Ou, falta de Apoio Logístico, que tantas e tantas vezes tem se repetido ao longo da História Militar Mundial.

Em Canudos, o Apoio Logístico foi decisivo para a vitória da 4ª Expedição e para a derrota das anteriores e Euclides da Cunha, em Os Sertões imortalizou a ação de Machado Bittencourt.

Machado Bittencourt trazia mais de 2 anos de experiência de apoio logístico da guerra do Paraguai, como deputado do Quartel Mestre – General, junto a 7ª Bda Inf e auxiliar do deputado do Quartel Mestre da 3º DI – A Divisão Encouraçada",, ambas ao comando de seu heróico pai, o Cel Jacinto Machado Bittencourt que substituiu Sampaio depois de Tuiti no comando da Divisão.

O Quartel Mestre era o responsável pelo apoio logístico do Exército. E, em cada grande Unidade, em campanha, ele se fazia representar pelo deputado do Quartel Mestre General, e pelo auxiliar deste. Era da responsabilidade do Quartel Mestre General entre outras as seguintes missões: Aquisição, depósito, arrecadação, conservação e movimentação de material; pelos transportes de pessoal e material: pelos suprimentos em geral, pelos armamentos e equipamentos etc.

O Quartel Mestre General daria origem a criação da Repartição de Intendência Geral, em 15 jan 1859, raíz do atual Serviço de Intendência.

Machado Bittencourt nasceu em Porto Alegre em 12 abr 1840, durante o 3º e último sítio farrapo que durou de 15 jun 1838 - 8 dez 1840. Era neto e filho de heróicos soldados que morreram em campanha. Participou bravamente da guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1866-70) sendo ferido em ação e promovido a capitão, por bravura e, por merecimento, nas promoções de oficial superior. Tombou ferido de morte em 5 nov 1887, ao interpor-se entre o Presidente Prudente de Morais e o seu agressor – O anspeçada Marcelino Bispo. Atingido por quatro punhaladas do agressor, morreu no local, hoje balizado por monumento na Praça Marechal Âncora defronte o atual Museu Histórico Nacional. Seu enterro foi concorridíssimo.

Machado Bittencourt herói de guerra e mártir do dever, sublimou as Virtudes Militares de Bravura e Coragem e elevou bem alto a atividade de Apoio Logístico Militar no Brasil. Ele deu início a Reforma Militar no Exército (1897-45) que elevou os padrões operacionais do Exército, de Canudos aos da FEB.

 

O Patrono do Quadro de Material Bélico

 

O Tenente-general Carlos Antônio Napion, talentoso e renomado químico, metalurgista e mineralogista e autor de livros sobre estes assuntos é considerado o primeiro comandante da Academia Real Militar instalada pelo Príncipe Regente D. João em 1810, na qualidade de seu Presidente de Junta Militar Diretora, foi consagrado, por Dec. de 12 ago 1966, patrono do Quadro de Material Bélico.

Isto em razão de haver, de 1808-14, implantado e implementado, entre nós, a infra-estrutura militar de Material Bélico, essencial sustentação militar da Soberania, Integridade, Unidade e Independência brasileiras, colocadas sob séries ameaças nos primeiros passos do Brasil, como nação independente. Infra-estrutura igualmente de grande projeção no Desenvolvimento do Brasil.

 

Como Inspetor Geral da Real Junta da Fazenda dos Arsenais, Fábricas e Fundições, criou a Fábrica de Pólvora no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, depois transferida para Estrela e mais o Arsenal Rio de Janeiro e, ambas, raízes históricas de toda a infra-estrutura de Material Bélico e com assinalados serviços prestados, em mais de 150 anos, as armas brasileiras em seus confrontos externos e internos.

Napion foi também o Diretor de Ensino da Academia Real Militar, montada na Casa de Trem em 1810, onde vinham funcionando desde 1792 a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho que estava, conforme seu regulamento, formando oficiais de Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenheiros, tornando-se assim, o mais antigo estabelecimento militar acadêmico das Américas e, em realidade, a raiz histórica da AMAN.

Coube-lhe então montar o currículo da Academia Real em atendimento aos seguintes objetivos do Príncipe D. João:

"Assegurar a formação de oficiais para responder às necessidade de Defesa e Segurança de meus vastos domínios, além de oficiais engenheiros para responderem às necessidades de desenvolvimento de meu Reino e habilitados a dirigir assuntos relativos a "Minas e Caminhos, Portos, Canais, Pontes, Fontes e Calçadas."

Além disto Napion foi fiscal da Fábrica de Ferro de Ipanema, teve destacada atuação no apoio à Expedição de Caiena, em 1809 e, na infra-estrutura de apoio, em Material Bélico, a campanha do Exército Pacificador da Banda Oriental (1811-12) e na melhoria do poder defensivo das fortalezas que protegiam o Rio de Janeiro.

Napion nasceu em Turim – Itália, em 30 out 1756. Pertenceu as Academias de Ciências de Turim e Lisboa. Lutou contra Napoleão na campanha 1793-95, quando foi promovido a major por atos heróicos. Foi contratado como tenente coronel por Portugal, em 1800. Em 1807 era Diretor de Arsenal da Guerra de Portugal. Morreu no Rio de Janeiro em 27 jun 1814, aos 58 anos, depois de 6 anos de intenso, profícuo e estafante labor. Dizem que morreu de excesso de trabalho. E isto sabendo que Napoleão o invasor e conquistador de seu berço natal – Turim, abdicara e estava prisioneiro na Ilha de Elba.

Até hoje se desconhece gravura ou pintura que represente o tenente-general Napion. É possível que algo seja encontrado nas Academias de Ciências de Turim ou Lisboa. Mesmo que nada seja encontrado, mais do que a memória de seu semblante, vale a memória de seu gesto de devoção e de desprendimento em prol da segurança do Brasil, para a qual sacrificou a sua saúde e deu, o melhor de sua vida a saber, além de constituir-se em exemplo de sublimação das Virtudes Militares de Devotamento e Desprendimento.  


PATRONOS DA SAÚDE, VETERINÁRIA E SERVIÇO DE ASSISTÊNCIA RELIGIOSA

 

O Patrono do Serviço de Saúde

 

O Gen Bda Médico Dr. João Severiano da Fonseca, também militar, escritor, naturalista, historiador, geógrafo, professor e político, foi confirmado Patrono do Serviço de Saúde, ou dos médicos, dentistas e farmacêuticos de Exército, pelo Dec. 51.425 de 15 mar 1962, pelo espírito científico, coragem moral e senso de solidariedade revelados, de modo assinalado, como médico militar e defensor dos direitos de seus pacientes, na paz e na guerra, ao ponto de ser guindado, por eleição, quase unânime, no quadro de Saúde, como símbolo e padrão do soldado de Saúde além de patrono. Segundo seu biógrafo, o historiador general Bda Alberto Martins da Silva, o general Severiano além do perfeito desempenho da função de médico militar durante a guerra do Paraguai, na qual lutou de fio a pavio, como o seu irmão o Marechal Deodoro da Fonseca, se singularizou:

"Pela defesa intransigente e corajosa dos doentes, no sentido de assegurar-lhes remédios, dietas, enfermagem, transporte condigno e abrigo das intempéries; pela venda de sua coleção de moedas para compras remédios aos seus enfermos e pelo uso da flora medicinal, em redor dos hospitais de sangue, para minorar o sofrimento de seus doentes, na falta de medicamentos."

Neste tarefa, como tenente, corajosamente e com firmeza atuou em prol do doente junto aos chefes mais graduados como os legendários brigadeiro Sampaio e coronel Tibúrcio. Tomou, também, junto com outros oficiais de saúde, posição corajosa em prol da abolição dos castigos corporais, inclusive pranchadas de espada, remanescentes do Regulamento Disciplinar do Conde de Lippe e só abolidos, em 1875, por Caxias, em Regulamento Disciplinar que então baixou como Ministro da Guerra.

João Severiano atuou de forma marcante como cirurgião e Diretor do Hospital Militar da Corte, raiz histórica do HCE. Foi Diretor de Saúde dedicado de 1850-57, gestão marcada por grandes melhoramentos e avanços e também pelo grande apoio dado as operações do Exército nos sertões da Bahia, na guerra de Canudos.

João Severiano nasceu em 27 mar 1836, em Alagoas. Era filho de Rosa da Fonseca que passou a História com a "Espartana brasileira" ou "mãe dos 7 Macabeus", em razão de 7 de seus 8 filhos homens haverem lutado na guerra do Paraguai, dos quais 3 morreram em ação: Hipólito Mendes e Afonso Aurélio em Curupaiti e Eduardo Emiliano, em Itororó.

João Severiano faleceu em 7 nov 1897 no Rio de Janeiro, já integrando diversas agremiações culturais e científicas e senhor de vasta bibliografia onde sobressaia Viagem ao redor do Brasil e da Moléstia em Geral, sua tese de doutoramento, em 1860.

Sobre sua visão de justiça deixou este pensamento lapidar ao reassumir a Direção da Saúde.

"Já sabem o meu modo de servir. Na balança dos meus julgamentos não tem peso igual o brio e o desleixo, e tão pronto sou em reconhecer e afagar o merecimento e os bons serviços com o sou em profligar e punir a tibieza, a diaídia e o desmazelo."

João Severiano extremou-se na prática das Virtudes Militares de Coragem, Devotamento, Desprendimento, Solidariedade e Moralidade.

Sobre ele escreveu o Marechal Dutra: "Suas altas virtudes e impecável conduta como médico e soldado, devem ser sempre louvadas com orgulho patriótico, servindo de constante inspiração aos que se devotam aos zelos humanitários e altruísticos". 

O Patrono do Serviço de Veterinária

 

O Ten Cel médico João Muniz Barreto de Aragão, foi confirmado por Dec. 51.492 de 13 mar 1962, patrono do Serviço de Veterinária do Exército, por haver sido idealizador da Escola de Veterinária do Exército inaugurada em 17 jul 1914, se destacado no combate estratégico de doenças infecciosas e parasitórias que assolavam os rebanhos nacionais e atingiam inclusive os contigentes militares nos quartéis e haver sido o criador e primeiro dirigente, de 1911-12, do Serviço de Defesa Sanitária Animal do Ministério da Agricultura, ação com muitos positivos reflexos no estado sanitário das cavalhadas do Exército.

Muniz de Aragão foi Diretor da Escola de Veterinária do Exército em 1919 e Inspetor do Serviço de Veterinária.

Membro ativo da Academia Nacional de Medicina, em 30 jun 1912 propôs e a Academia encaminhou ao governo, medidas visando a melhorar as condições dos estábulos no Rio de Janeiro, com positivos reflexos na melhor qualidade do leite.

 

Muniz de Aragão nasceu em Santo Amaro, na Bahia, em 17 jun 1874 e faleceu no Rio de Janeiro em 16 jan 1922 com 48 anos de idade. Entre seus trabalhos literários registre-se "A distribuição de água aos exércitos em marchas e operações".

Hoje sabe-se de sua preocupação com a medicina preventiva, que não pode prescindir do veterinário, seja em inspeção de alimentos, seja, no saneamento básico, seja na produção de soros e vacinas, e seja, finalmente, nos levantamentos epidemiológicos de campo, atividades identificadas com a obra científica do Patrono do Serviço de Veterinária.

Muniz de Aragão, como acadêmico de Medicina, prestou relevantes serviços nos hospitais de sangue, na guerra de Canudos.

Muniz de Aragão praticou em alto grau as Virtudes Militares de Devotamento e Desprendimento.  

 

O Patrono do Serviço de Assistência Religiosa

 

O capelão Antônio Alvares da Silva – o capitão Frei Orlando, da Ordem dos Franciscanos, foi confirmado, por Dec. 51.425 de 13 mar 1962, patrono do Serviço de Assistência Religiosa, por sua atuação destacada na frente de combate na FEB, "onde todos o queriam perto", conforme trechos de carta a seguir, escritas a sua mãe e que são eloqüentes por si só:

"Desde que vim para a linha de frente, estou sempre no Posto de Saúde Avançado, afim de atender os feridos que chegam do campo de luta.

De fato, vivo zanzando por toda a parte, hoje aqui e amanhã ali, dormindo ora neste, ora naquele lugar, sempre na primeira linha".

E noutro trecho:

"Eu não sei onde ficar, pois todo o mundo quer a minha presença". E seguramente o seu colega protestante com quem partilhava a barraca" e tornaram-se amigos e admiradores recíprocos.

Frei Orlando morreu em acidente em campanha, em 20 fev 1945, aos 32 anos, as vésperas do combate de Monte Castelo, causando grande pesar e sobretudo falta entre os combatentes da FEB.

Ele nasceu em Morada Nova – município de Abaeté - MG, em 13 fev 1913. Fez seus estudos maiores na Europa. Foi ordenado padre em 17 set 1937.

Foi um dos primeiros capelães voluntários da FEB, tendo seguido para a Itália no 2º Escalão, como capelão do 11º RI de São João del Rei onde é reverenciado como um dos vultos maiores da Unidade e mereceu de Gentil Palhares meticulosa e justa biografia. Seus restos mortais estão no Monumento aos Mortos da 2ª Guerra Mundial. O decreto que o consagrou patrono em 1969 diz a certa altura: "Haver ele demonstrado possuir peregrinas virtudes morais e cívicas que o recomendam, à posteridade, como modelo do verdadeiro sacerdote e capelão militar".

Frei Orlando sublimou as Virtudes Militares de Desprendimento, Devotamento, Solidariedade e Camaradagem.


OUTROS PATRONOS NO EXÉRCITO

 

O Patrono do Magistério

 

O Marechal Roberto Trompowiski Leitão de Almeida, foi consagrado, por Dec. 1429 de 13 mar 1962, patrono do Magistério do Exército, em razão de haver sido considerado mestre por excelência ou o mais competente e admirado professor, em cerca de 30 anos de Magistério na Escola Militar e Colégio Militar, que comandara posteriormente e, mais, na Escola do Estado - Maior em 1905. Sobre ele testemunhou seu ex-aluno e destacado professor Alfredo Severo: "... Coronel Trompowiski duplo gigante na estatura e no saber... Dotado de todos os requisitos para o árduo mister de ensinar, o grande mestre reunia um completo domínio da difícil matéria (Cálculo Integral), o dom de expô-la com clareza cartesiana, sulcada de rasgos de eloqüência, em que se aliavam harmoniosamente ao mais puro vernáculo, o gesto estatutário, que modela as formas geométricas no espaço, antes de traçá-las a giz, com a mão certeira de um perfeito desenhista, no plano do quadro negro... Da primeira a última aula, sua linguagem límpida era sempre a mesma, elevada e impessoal... Ninguém como ele para saber vazar o raciocínio matemático nos moldes impecáveis da língua castiça".

 

Ele foi assistente de Rui Barbosa na Conferência de Haia e adido militar da Inglaterra, Suécia e Itália (1905-07). Em Paris, ao procurar o mais completo livro de Cálculo Integral indicaram-lhe o de um tenente polonês que em realidade era o dele, um brasileiro.

Trompowiski nasceu em Florianópolis em 8 fev 1853 e faleceu no Rio, em 2 ago 1926, aos 73 anos.

Patrono dos Engenheiros Militares

 

O coronel Ricardo Franco de Almeida Serra foi consagrado, por Dec. 94.445 de 12 jun 1989, patrono dos Engenheiros Militares do Exército, por sua atuação exemplar, profícua, abnegada e por vezes heróica, como engenheiro militar, por cerca de 30 anos (1775-1809) no Norte e Oeste do Brasil, na construção do quartel de Vila Bela (Mato Grosso) e dos fortes de Príncipe da Beira e Coimbra e mapeamento do Piauí, Pará, Amazonas e o Mato Grosso e dos vales dos rios Branco, Paraguai, Madeira, Guaporé e afluentes e, mais, a defesa heróica e legendária do Forte de Coimbra e Sul de Mato Grosso como comandante da Fronteira Sul daquela região, em 1801. Ações todas de grande projeção na Geopolítica de Portugal, no Norte e Oeste do Brasil, no sentido da definição e consolidação de suas fronteiras naquelas regiões, por terem servido de argumentos irrefutáveis, com apoio no princípio "uti possidetis".

Em 1801, o Governador do Paraguai, a frente de frota fluvial, num quadro de guerra Espanha X Portugal, apresentou-se com sua frota junto ao Forte de Coimbra e face a sua grande superioridade de meios exigiu rendição incondicional daquela fortificação.

Ricardo Franco altivo respondeu: "Preferir ver-se sepultado com seus homens sob as ruínas do forte que lhes cabia defender, do que render-se".

E resistiu bravamente ao bombardeio espanhol e a todas as tentativas de desembarque, obrigando o agressor a retirar-se surpreso e derrotado.

Ricardo Franco nasceu em Lisboa, em 1748. Cursou Engenharia e Infantaria na Academia Militar de Portugal (1762-66). Faleceu aos 61 anos, em 21 jan 1809, no Forte de Coimbra, que havia construído e legendariamente defendido. Ricardo Franco sublimou as Virtudes Militares de Coragem, Bravura, Abnegação e Honra Militar.

O Patrono do Quadro Auxiliar

 

O tenente Antônio João Ribeiro foi consagrado, por Dec. 85.091 de 24 ago 1980, patrono do Quadro Auxiliar de Oficiais, por haver atendido ao chamamento da História, ao qual está sujeito qualquer militar e no comando da Colônia Militar de Dourados, quando, com coragem, bravura, honra militar, desprendimento e altivez imolou-se no altar da Pátria, em 26 dez 1864, junto com alguns de seus comandados, na resistência à invasão do solo de sua pátria, ao negar-se a atender ultimatum de forças invasoras.

Então, com atitude de extrema heroicidade, correspondeu a estas palavras a ele atribuídas:

"Sem ordem do governo imperial não me renderei de forma nenhuma."

"Eu sei que morro, mas o meu sangue e os de meus camaradas servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha pátria."

E resistiu com 13 homens a uma força de 365 homens. O fogo cerrado do inimigo o fulminou e atingiu dois soldados e dois colonos. Os restantes foram dominados. Desde então seu gesto de enorme heroísmo tem comovido todas as gerações de brasileiros. Seu gesto heróico foi imortalizado, em bronze, no Monumento à Retirada de Laguna e Dourados, na Ilha na Praia Vermelha, no Rio.

Em sua Fé - de - Ofício é lugar comum expressões:

"É subordinado pronto para o serviço. É zeloso. Possui probidade. É pontual. Apto para o comando de Companhia.

Regular instrução da Arma e bastante do Serviço em Campanha."

Antônio João nasceu em Poconé-MT, em 29 nov 1823 e iniciou carreira militar em Cuiabá - MT, em 6 mar 1841. Ascendeu ao oficialato, como Alferes, em 29 jul 1852. Ele sublimou as Virtudes Militares de Bravura, Coragem, Honra Militar e Desprendimento.

Patrono do Quadro Suplementar do Exército

 

MARIA QUITÉRIA DE JESUS - O Soldado Medeiros do Batalhão de Voluntários D. Pedro I que ficou conhecido como Batalhão de Periquitos na luta pela Independência na Bahia, foi consagrada como Patrono do Quadro Suplementar do Exército por decreto Presidencial de 1 jun 1996.

Proclamada a Independência, a Junta Conciliadora de Defesa de Cachoeira na Bahia conclamou os baianos a se alistaram para ,no campo da honra ,consolidarem a Independência ameaçada na Bahia por Divisão Portuguesa ali estacionado ao comando do General Madeira.

A jovem Maria Quitéria de Jesus, ardendo de patriotismo, pediu a seu pai e este negou-se a atender o seu compulsivo o desejo patriota de ingressar nas forças libertadoras do Brasil, na Bahia.

Foi então que vestindo roupas masculinas e com a cumplicidade da irmã e seu cunhado de sobrenome Medeiros, assentou praça como soldado Medeiros num Regimento de Artilharia e ,logo a seguir na Infantaria no Batalhão de Voluntários Imperador D. Pedro I ou Batalhão dos Periquitos Apodo este em razão do verde acentuado das golas e punhos de suas fardas, conforme se vê na pintura que a representa com o seu saiote" high lander" escocês, com o qual entrou triunfante em Salvador em 2 jul 1823, aplaudida pelo povo baiano que ela ajudou a libertar.

E foi aí que surgiu a legenda de uma brasileira que, para defender a sua pátria, escondeu a sua condição feminina, circunstância descoberta antes do término da libertação da Bahia em 2 julho de 1824.

Guerreira que revelou bravura e intrepidez nos combates de Conceição, Pituba, Itapuã e na foz do Paraguaçú, confirmados em elogios de seus superiores.

Destaque guerreiro que lhe valeram o recebimento das honras de 1º cadete de parte do comandante do Exército Imperial Nacional na Bahia ,ao comando do General Pedro Labatut e ,a honra de se integrar o grupo de emissários que levaram a notícia da libertação da Bahia a D. Pedro I, ocasião em que foi por este condecorada com a Comenda de Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro passando a fazer já receber o soldo de Alferes de Linha .

E as honrarias a que que conquistou como guerreira da Independência do Brasil , foram assim justificadas em decreto imperial .

"Maria Quitéria de Jesus se alistou nas fileiras do Exército, para combater os inimigos da Pátria e se distinguiu em ocasiões das mais arriscadas em combates nos quais que sempre se portou heroicamente".

A sua consagração não tardou. Foi festejada com os justos e honrosos apelidos: "A heroína da Independência do Brasil", A moça - cadete do Batalhão de Periquitos, A Cadete da Independência ; A mulher soldado do Brasil e até a Joana D'Arc brasileira.

Em 1953 forma inaugurados em todos os quartéis do Exército o retrato da mulher soldado do Brasil - Maria Quitéria de Jesus e instituída a Medalha Maria Quitéria, homenagem aquela que a o final da guerra recebera da Junta de Defesa de Cachoeira uma bela e completa espada "à moça - cadete do Batalhão de Periquitos", tudo conforme brilhante estudo do historiador e acadêmico da AHIMTB Cel Manoel Soriano Neto em artigo Maria Quitéria de Jesus em A Defesa Nacional nº 783 jan/maio 1999 p. 111-117 no qual a certa alta altura ele registra:

"Feliz portanto o Brasil, que sempre contou com homens e mulheres resolutos e de acendrado sentimento de amor à Pátria, aos quais ao brado de pátria em perigo, souberam nos Guararapes em Pirajá, em Tuiuti e Itororó e de Monte Castelo, passando por Montese e até Fornovo, arriscaram ou sacrificavam a própria vida em defesa da honra nacional".

Maria Quitéria segundo diria o ilustre baiano Pedro Calmon :

Maria Quitéria de Jesus ,é o modelo, a alma, a imagem maravilhosa do espírito que deve vibrar nas integrantes do Quadro Suplementar do Exército e a síntese mágica das virtudes e brios de que ele deve estar embuído ."

Lamentalvelmente foram coberta pela patina do tempo detalhes da vida desta heroina antes e depois de sua consagração guerreira na Guerra pela Independência na Bahia .Mas o desafio de de resgatar sua vida posua vida por completo permanece aos historiadores .

O Patrono dos CPOR e NPOR
(por tradição)

 

O Ten Cel Luiz de Araújo Correia Lima vem sendo por tradição, considerado e cultuado como o patrono dos CPOR e NPOR, de que foi o idealizador. Solução que com a extinção da Guarda Nacional em 1918, veio a resolver o grave problema de formação de oficiais subalternos destinados a integrar a Reserva do Exército. Constituiu seu pioneirismo um grande avanço neste particular, ao lado de adoção do Serviço Militar Obrigatório, em 1916.

Foi tão feliz a projeção a sua obra que na FEB cerca de 1/3 de oficiais, de aspirantes a capitães, eram oriundos do CPOR, além de muitos que participaram da defesa do litoral, aqui no Brasil.

Correia Lima iniciou a formação de oficiais da Reserva no 1º GAP em São Cristóvão e atual quartel do 1º GAA é, depois de bem sucedida campanha entre alunos da Escola Politécnica, não sem sofrer resistências enormes dentro e fora do Exército. Finalmente, em 20 abr 1927, viu triunfar seu ideal que logo generalizou-se pelo Brasil. Sobre o assunto escreveu artigo na Revista do Clube Militar nº 3, 1927. Foi criado o CPOR-RJ e, como capitão, foi o seu primeiro comandante. Correia Lima foi praça voluntária do 25º BI em 24 set 1907. Ingressou na Escola de Guerra em Porto Alegre, em 1908.

Em 1808 e 1809 cursou Infantaria e Cavalaria e logo a seguir como Aspirante - a - Oficial, cursou Artilharia e o Curso de Engenharia quando foi mandado servir no 20º GAC, onde começou a dar asas ao seu ideal, concretizado, de formar oficiais da Reserva do Exército, com base em leituras específicas que realizara sobre a 1ª Guerra Mundial e com apoio no Dec. 15.185 de 21 dez 1821 que previu a formação de oficiais de 2ª Classe da Reserva.

Correia Lima nasceu no Rio Grande do Sul em 4 nov 1891 e faleceu aos 39 anos em Curitiba, em 10 out 1930, num sangrento episódio da Revolução de 30, defendendo bravamente o seu comando e convicções.