Palavras finais do Presidente da Academia no IME

 em 12 de março de 2002 no 7o aniversário da AHIMTB


Hoje, decorridos 7 anos de fundada em Resende, A Cidade dos Cadetes, a Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) realizou a 6a sessão , das quais 5 de posses de acadêmicos, neste Instituto Militar de Engenharia , o celeiro de futuros engenheiros do Exército, nos primeiros anos do insondável 3 o Milênio e que acolhe em suas instalações a Delegacia Marechal João Baptista de Matos.

Sessões históricas memoráveis aqui realizadas com palestras sobre as realizações da Engenharia Militar no Brasil pelos ex comandantes desta Casa, os generais José Carlos Albano do Amarante, acadêmico emérito ,e Edival Ponciano de Carvalho acadêmico e hoje pelo novo acadêmico e seu atual comandante General Rubens Silveira que falara sobre o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro .

Conjunto precioso de conhecimentos que reforçaram nos alunos que as assistiram a identidade, perspectiva profissional e auxílio em suas mais fáceis inclusões no esforço de desenvolvimento tecnológico do Exército .Pois receberam nestas palestras noções fundamentais que acreditamos só iriam adquirir depois de longa vivência como engenheiros .

E aqui desfilamos os perfis históricos do acadêmico emérito Cel Germano Seidl Vidal e do acadêmico Cel Luiz Casteliano de Lucena , bem como os dos patronos na Academia e as lições que nos legaram os marechais José Bernardino Bormann, João Baptista de Matos João Baptista Mascarenhas de Morais , o General Edmundo de Macedo Soares, o construtor da Usina de Volta Redonda e da Fábrica de Granadas de Artiharia do Andarai e do General Moacyr Lopes de Resende.

E também aqui durante 2 horas proferimos palestra sobre as Guerras Holandesas e em especial sobre a 1a Batalha dos Guararapes onde despertou o espirito de Exército e de nação Brasil ,em 19 de abril de 1648, data hoje consagrada como o Dia do Exército Brasileiro. Enfim aqui foi abordado um conjunto cultural histórico muito expressivo e valioso para os alunos e instrutores do IME que o assistiram.

Hoje aqui reverenciamos na palavra do acadêmico emérito e veterano da FEB Cel Celso Rosa a memória do falecido acadêmico emérito General Plínio Pitaluga, heróico comandante da Cavalaria da FEB na 2a Guerra Mundial e herói exemplar de solidariedade na paz ao zelar pelos interesses dos nossos veteranos de guerra da Marinha ,Exército e Aeronáutica ,missão em que sublimou a virtude militar da Camaradagem, além de orgulhoso descendente direto do Cel Ricardo de Almeida Serra , o heroico patrono dos engenheiros militares .Bastão de defesa dos interesses de ex combatentes de grande relevância social militar que passou a ser empunhado por outro grande soldado brasileiro da mesma têmpera e veterano da FEB o nosso vibrante acadêmico General Ventura falta e historiador da Polícia do Exército do Brasil .

E nesta sessão comemorativa dos 7 anos de resistência cultural da Academia de História Militar Terrestre do Brasil ela aqui hoje sintetizou o que tem realizado efetivamente para ajudar o Exército a conquistar seu Objetivo Atual n o 1

Pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a memória histórica, as tradições e os valores morais, culturais e históricos do Exército.

Objetivo a nosso ver providencial e oportuno se bem estendido, prestigiado e implementado, com vista a anular no seio do Exército a estratégia comunista denominada Grancismo que aos poucos sutilmente envolve e confunde a Sociedade Brasileira .

E hoje nossa Academia tem a consciência de haver avançado muito neste particular o que o comprova os seus arquivos, trabalhos realizados por seu membros espalhados por todo o Brasil, inclusive no Timor Leste, Estados Unidos e Portugal e a divulgação de seus trabalhos em seu site e no site Militar tendo como seus web designer dois oficias da Marinha especialistas em Informática e seus membros colaboradores eméritos.

É tudo isto nos dá hoje uma agradável sensação de vitória ao lembramos que a História Cultural do Exército já registrou a criação do Instituto Histórico Duque de Caxias que não ultrapassou a sua sessão de criação e desapareceu..

Caso a Academia de História Militar Terrestre do Brasil tivesse hoje que encerrar suas atividades por falta de apoio financeiro ,vontade cultural de seus membros e apoio moral das instituições em cujo proveito julga que trabalha, ela deixaria um precioso acervo documental e bibliográfico sobre suas realizações e em especial na Internet .

Acervo onde se destacam a documentação de posses, diversos números de seu modesto Informativo O Guararapes, valioso arquivo biográfico ,a História do Exército na Região Sul já com 8 volumes editados e 2 encaminhados e os compêndios de Lutas Internas e Externas para a ECEME e mais o de História Militar Terrestre da Amazônia pronto para ser editado .E grande parte de seu acervo em CDs

Mas instituições como nossa Academia de despesas certas e rendas incertas se assemelham a um aniversário de crianças cheios de balões que aos pouco vão estourando ou murchando Ë comum a falta de recursos , a incompreensão de parte de alguns raros companheiros que julgam não ser o trabalho da Academia de importância e que não a prestigiam e até não a visitam parecendo considerar a nossa História Militar como um casaco velho sem serventia e para ser jogado no lixo Ou que ao se olhar para traz ,para o passado corre-se o perigo de acontecer como em Sodoma e Gomorra o virar-se estátua de sal .

Outros por não terem tomado contato com a História Militar Crítica quando estudantes e sim com a História Militar Descritiva que não os levava a lugar nenhum e que foi assim definida por Frederico o Grande, ao assistir uma péssima aula de um professor de História Militar de seu filho:

Então falou indignado:

" Não ensine História Militar a meu filho como se ensina a um papagaio, fazendo ele decorar datas, nomes e trechos .Faça meu filho raciocinar e tirar conclusões e lições do que lhe ensina .

Este é o espirito do ensino da História Militar Crítica que foi introduzido na AMAN quando seu instrutor de História Militar e mais tarde General Cardoso e continuado com vigor por nosso hoje patrono de cadeira Cel Francisco Ruas Santos e pelos que o sucedera até a modernização do ensino, cuja mecânica no tocante ao ensino de História ainda não conhecemos.

Por oportuno vale lembrar aos jovens alunos desta escola presentes e prestes a iniciarem a vida militar como oficiais esta imagem :

O passado é uma enorme planície onde correm dois rios .Um reto e de margens bem definidas que é o rio da História .Esta fruto da razão e da análise isenta da fontes históricas autênticas ,fidedignas e integras, à luz de fundamentos de crítica escolhidos.

O outro é um é cheio de curvas e meandros e de margens indefinidas e por vezes com perigosos alagamentos. Este. é o rio do Mito. E este fruto das paixões humanas, das fantasias , da ignorância , das manipulações, das deformações ,dos preconceitos e da injustiça etc .E, infelizmente predominante entre nós .Esta é uma importante lição para os jovens que nos assistem para que saibam exercer o seu espírito crítico para sempre distinguir a História do Mito .

Hoje o Brasil assiste a novela A Casa das sete mulheres onde foram cruelmente violentadas e satanizadas as imagens de dois grandes soldados brasileiros, os generais Bento Manoel Ribeiro e David Canabarro aos quais o Brasil muito esta a dever a preservação de sua Integridade, Soberania e Unidade no Rio Grande do Sul .

Na AMAN fui abordado por uma tenente e por um capitão de Saúde que me perguntaram como estavam minhas pesquisas de História .E a tenente foi logo falando ‘" Coronel Bento eu estou com um ódio daquele general Bento Manoel! E o capitão .Coronel Bento que cabra safado aquele tal de general Canabarro!

E creio que foi essa a idéia guardada pelos militares desavisados da imagem manipulada daqueles dois heróis que abordei em meu livro O Exército farrapo e seus chefes editado em 1991 pala Biblioteca do Exército

A História Militar Terrestre do Brasil , tem sido tradicionalmente no mundo ,uma atividade nobre para soldados inativos e uma maneira de continuarem a contribuir para o progresso da instituição com a experiência que adquiriram .Aliás prática esquecida entre nós o que sugere análise profunda pela estreita ligação da História Militar com o desenvolvimento de uma Doutrina Militar .

E neste objetivo vem se aplicando a nossa Academia num toque de reunir soldados inativos e ativos e civis interessados em delegacias espalhadas pelo Brasil .

Dentre os objetivos que a Academia persegue registre-se o de resgatar, preservar e divulgar as obras de historiadores militares terrestres e com elas, expressivamente, a História Militar Terrestre do Brasil ,indiscutivelmente o Laboratório da Tática , da Logística e da Estratégia terrestres brasileiras

Aqui vale lembrar o Marechal Ferdinand Foch que saiu da cadeira de História Militar da Escola Superior de Guerra para comandar a vitória aliada na 1a Guerra Mundial e sob cujo comando lutaram 24 oficias de nosso Exército e inclusive o então Ten de Cavalaria José Pessoa , patrono da Delegacia de Brasília e futuro idealizador da AMAN , o qual como seu comandante dinamizou o ensino de História Militar e introduziu o de Geografia Militar, como a Geografia do Soldado ,a serviço do maior esclarecimento nos mais diversos escalões do fator da decisão militar - 0 TERRENO .Falou o marechal Foch:

"Para alimentar o cérebro (entenda-se Comando ) de um Exército na paz, para melhor prepará-lo para a indesejável eventualidade de uma guerra ,não existe livro mais fecundo em lições e meditações do que o livro História Militar.

Esperamos que a abordagem deste assunto, contribua para solidificar nos alunos presentes a perspectiva e identidades históricas das especialidades escolhidas a do Brasil e de suas forças terrestres.

Isto para que em melhores condições, possam vir a contribuir para o desenvolvimento tecnológico e liderança das Forças Terrestres no início do insondável 3 o Milênio .

E ,também, tentar despertar vocações adormecidas de historiadores militares terrestres brasileiros , categoria que se acha em fase de extinção ,por razões várias ,e em especial por invasões indébitas de sua função social por deformadores da História Militar com os mais variados e até inconfessáveis fins.

Constatar é obra de simples verificação e raciocínio! A História por seu poder de solidificar o patriotismo, o civismo , a auto estima de um povo e a identidade e perspectiva históricas do mesmo, vem sendo atacada pela Mídia pelas estratégia do Silêncio alternada com a estratégia da Deformação, por duas forças poderosas convergentes :o Grancismo e o Poder Econômico Mundial que domina o Mercado Mundial ,uma variante em nossos dias do Bezerro de Ouro da Bíblia .Constatar é obra de simples verificação e raciocínio

Cabe pois aos que nos ouvem e futuros lideres do Exército ,saber distinguir como foi assinalado a História do Mito .Deste hoje tem sido vítimas preferidas as nossas Forças Armadas e Auxiliares de parte de agentes da Mídia em especial .

Mas as falsidades e deformações de nossa História continuam produzindo seus efeitos como se verdadeiras, no seio da juventude que não teve contado com as Forças Armadas. Disto resulta uma desorientação de parcela desta juventude que se entrega a prática de valores que confrontam e mesmo agridem os enumerados pela Sociedade Brasileira na Carta Magna .Fato diagnosticado por alguns analistas como falta de Religião e de História e do que decorre a falta de identidade e de perspectiva históricas. E nisto vem a Academia se aplicando em esclarecer manipulações que distorcem e comprometem a verdadeira imagem das forças terrestres com calúnias , deformações e manipulações que circulam com foros de pretensa História .Ou seja não se limita a AHMTB a indignação pura e simples .Parte como ONG para o debate defendendo a sua verdade!

Na peça de Júlio Cezar de Shakespeare ,Marco Antônio diz a certa altura a Brutus :"As boas obras que os homens praticam são sepultadas com os seus ossos. No entanto só o mal sobrevive ."

Outro papel da Academia tem sido o desenterrar junto dos ossos as obras dos historiadores militares terrestres brasileiros , civis e militares e com elas, por via de conseqüência ,o valioso patrimônio cultural militar terrestre brasileiro acumulado em quase 5 séculos de lutas e vigílias por várias gerações de militares de terra ,os quais foram ,em grande parte, responsáveis pelo delineamento, exploração, conquista , segurança e manutenção de um Brasil Continente que cabe as atuais e futuras gerações preservar e defender. E às gerações do 3 o Milênio caberão responder aos graves desafios reservados à soberania do Brasil na sua Amazônia, E nesta defesa a Academia se engajou ao preparar para edição este ano da obra Amazônia Brasileira - A conquista, consolidação e manutenção –História Militar Terrestre da Amazônia 1616-2003

E especial atenção tem dado a Academia ao resgate e culto das memórias de soldados terrestres que no curso do processo histórico brasileiro deram suas vidas em holocausto a pátria brasileira ,os quais ,segundo Péricles ,que viveu em Atenas, cujo século V antes de Cristo levou o seu nome ,por haver se constituído no apogeu da civilização grega e, com ela ,a da Democracia que ele ajudou a construir como chefe de Estado e estratego pôr 14 anos :

" Aquele que morre por sua pátria ,serve-a mais em um só dia que os outros em toda a vida ."

Agradecemos a presença de todos quantos prestigiaram com suas presenças este encontro de gerações de jovens alunos ,futuras lideranças do Exército ,com historiadores civis e militares e soldados terrestres da Guarnição do Rio de Janeiro .

Foi uma renovada emoção comemorar o 7 o aniversário de nossa Academia aqui no IME e nele passar algumas horas

Agradecimento a todos que prestigiaram esta histórica sessão

.Agradecimento especiais ao acadêmico coordenador desta Delegacia e até hoje no exercício dedicado das funções de Delegado Eng Militar Christovão de Ávila Pires Junior pela coordenação desta magnífica sessão e ao agora acadêmico e novo Delegado da AHIMTB no Rio de janeiro General Rubens da Silveira Brochado e comandante desta Escola e a sua dedicada equipe ,e aos alunos que serviram de porta vozes e nos auxiliaram na condução desta seção .

E finalizando ,em tributo a Disciplina e a Hierarquia, sustentáculo constitucional do ordenamento jurídico brasileiro ,a Academia de História Militar Terrestre do Brasil convida para encerrar a sessão como a maior autoridade hierárquica presente e presidente de Honra desta sessão o Exmo Sr General Ex Frederico Faria Sodré de Castro.