Fundada em 13 set 1988, no centenário de seu patrono
Conrado Ernani Bento

 

 

MEMÓRIA

INFORMATIVO DA ACADEMIA CANGUÇUENSE DE HISTÓRIA


CENTENÁRIO DA ESCOLA ESTADUAL DE 1º GRAU
 IRMÃOS ANDRADAS
EM 8 DE MARÇO DE 2012

 

Ano 2012                 Especial              8 MAR66

 

CENTENÁRIO DA ESCOLA ESTADUAL DE 1º GRAU IRMÃOS ANDRADAS

 

Cel CLAUDIO MOREIRA BENTO

          Completa 100 anos de profícua contribuição ao ensino em Canguçu – RS, a Escola Estadual de 1º Grau, Irmãos Andrada, sediada ao lado da Casa da Cultura Marlene Barbosa Coelho, com frente para a rua Cel GN Genes Gentil Bento, o seu fundador,

         Sua raiz histórica é o Colégio Elementar da Vila de Canguçu, criado no Centenário de Canguçu em 1912, como Freguesia N. S. da Conceição de Canguçu, pelo Intendente de Canguçu (1905-1916), Cel da Guarda Nacional Genes Gentil Bento e como parte das comemorações do centenário da  Freguesia.   Este Colégio funcionou inicialmente de 1912/1914, na Rua Júlio de Castilhos, ( na quadra  da Igreja) , onde atualmente existem as casas números  985 e 987. Local histórico que havia servido de 1857/1900 como sede da Câmara de Vereadores no Império (1857-1889) por cerca de 30 anos e como sede da Intendência, na República, de 1890 a 1900, por cerca de 10 anos. Foi sede da Sociedade Bailante  Clube Éden Canguçuense e que ali foi sucedida  pela sede provisória do Clube Harmonia, até ser adquirida a sua primeira sede, pelo então presidente Cap GN Carlos Norberto Moreira, em prédio antigo que existiu no local onde hoje funciona a Prefeitura Municipal, depois de haver sido o Globo Hotel, a sede provisória da Igreja durante sua restauração, sede da Agência do Banco do Brasil. Neste local que abrigou a Câmara de Vereadores e a Intendência,  nas décadas de 20 e 30 abrigou o cinema mudo que é descrito pelo autor e pelo Major Ângelo Pires Moreira na Revista dos 200 anos de Canguçu da Academia Canguçuense de História  as p. 166/ 169.

     O Correio do Povo em sua seção. Há um século no Correio do Povo, de 29 de julho de 2011, como pesquisa do jornalista Renato Bohusch e sob o titulo em epigrafe registrou:

    “O Dr. Carlos Barbosa presidente do Estado, atendendo ao pedido que lhe fez o Coronel Genes Gentil Bento, intendente municipal de Canguçu, concedeu um auxílio pecuniário para mais aulas rurais em Canguçu, as quais seriam providas, para a sede do Colégio de Canguçu, o Governo do Estado mandará o mobiliário. O Coronel Luiz da Silveira Nunes, administrador dos Correios, mandará estabelecer uma linha de correio de Pelotas a Canguçu, diretamente, ficando portanto suprida a linha indireta entre Piratini e Canguçu”.

      O Colégio que recebeu o nome de seu fundador durante a sua administração, ele o transferiu em 1815 para o antigo casarão ao lado do Clube Harmonia, com o nome de Colégio Elementar Araújo de Porto Alegre. E  ali funcionou por cerca de 35 anos, até ser transferido para o atual local em 1950, tendo sua pedra fundamental sido lançada pelo Interventor Federal General Osvaldo Cordeiro de Farias, em 8 de maio de 1942. General que comandaria a a seguir, na Itália, a Artilharia da Força Expedicionária Brasileira. Coincidência  que exatamente três anos transcorridos deste lançamento da Pedra Fundamental, o General Cordeiro de Farias  comemorou em 8 de maio de 1845, o Dia da Vitória da Liberdade e da Democracia contra o nazi facismo. Vitoria para a qual Canguçu contribuiu com as vidas de dois de seus filhos, os soldados Izidro Matoso do 6º Regimento de Infantaria de Caçapava-SP , onde vi seu nome inscrito em um monumento e Hortêncio da Rosa, do Regimento Sampaio, unidade que leva o nome do Capitão Antônio Sampaio que em Canguçu comandou uma companhia de 1845/49, para consolidar a paz farroupilha em Canguçu e entorno. Estes dois bravos representaram 10% dos mortos gaúchos nesta guerra.       O Colégio foi construído em terreno onde até por volta de 1876 fora o cemitério local, por cerca de 75 anos. E nele foram sepultados os 35 bravos, sendo 5 imperiais e 30 republicanos farrapos que tombaram no 2º combate de Canguçu no dia 6 de novembro de 1843 , conforme abordo em meu livro Canguçu reencontro com a História ..p.105/109, 2ed.

       Lembro, menino dos 11 aos 13 anos ao brincar, de esconde, esconde, nas escavações dos alicerces para a construção do Colégio, deparar com restos mortais de pessoas ali sepultadas. Não esqueço da sepultura que acreditei ser uma jovem com seu vestido de noiva, ainda bem conservado. Todos ali foram esquecidos!     Isto  me fez lembrar esta afirmação de um historiador de Barra Mansa, quando assumi a Cadeira Marechal Floriano Peixoto na Academia Barra-mansense de História que eu ajudara  a fundar.

      “O ser humano tem três mortes. A primeira  ao dar o ultimo suspiro. A segunda ao baixar a sepultura. E a terceira e definitiva, a ultima vez que seu nome for lembrado ou pronunciado!. Sendo assim creio haver ressuscitado simbolicamente muitos conterrâneos e conterrâneas ali sepultados, cujos nomes tenho recordado em minhas obras como historiador de Canguçu.

      A partir de 1917, o Colégio Elementar passou pelas seguintes denominações, além da inicial  de Cel  Genes Gentil Bento e a seguir Araujo Porto Alegre.  Em 3 Dez 1931, ano em nasci, esta escola passou a se chamar, Grupo Escolar André Puente, personagem que biografamos em nosso livro citado , Canguçu  reencontro com a História e que mereceu de nós o artigo Um canguçuense na praça da matriz em Porto Alegre. Diário Popular, Pelotas,4 abril, 1972.( Referencia a um monumento colocado na praça por seus alunos ilustres entre os quais o ex-governador Walter Só Jobim). Em 10 de Out. 1940 mudou  para  Grupo Escolar Irmãos Andradas , por decreto do interventor estadual General Cordeiro de Farias. Em 12 Mai. 1978 recebeu o nome de Unidade Estadual de Ensino Irmãos Andradas. Em 21 Nov. 1980 recebeu o seu o atual nome de Escola Estadual de 1° Grau incompleto Irmãos Andradas. A historiadora deste Colégio, conhecido popularmente como Grupo, é a  sua ex-aluna e acadêmica da ACANDHIS, a Advogada Yone Meireles Prestes, que foi secretária por longos anos da Câmara de Vereadores de Canguçu.   Acompanhei a vida do Grupo de 1938/1944 como aluno do Colégio N.S. Aparecida. E deste período lembro das professoras D. Georgina Quadros,( ex-aluna do Colégio)  Ibrantina, Bila Nascimento e da Zeladora Mimosa Vasques que dedicou longos anos de sua vida a esta escola. Lembro de Maria por ela criada e que não era dedicada e atenta aos estudos . E contam que de certa feita inspetores estaduais foram conferir a aprendizagem dos alunos e Maria foi escolhida para um teste . Perguntada: Quem descobriu o Brasil? E Maria respondeu: !”Foi o Pedro Escalante !”  Este era um famoso e corpulento policial municipal. Perguntada: Quais são a 4 cores da bandeira nacional? E Maria pensou , pensou e respondeu ! “ As 4 cores da bandeira nacional são três, verde e amarelo! “ Estes fatos creio que inverídicos circulavam entre nós meninos.  Destacaram-se na direção do Grupo, em minha adolescência Marlene Barbosa Coelho, Alda Aguiar Valente, Florisbela Machado Barbosa (Florzinha), Joaquina Lessa da Rosa, Terezinha Borges Baldez e Neuza Paes do Amaral. Foi professora no inicio da década de 40, a consagrada Genealogista brasileira Ilka Guittes Neves, autora do precioso livro Canguçu –RS primitivos moradores, primeiros batismos. Pelotas: Editora Universitária/UFPEL ,1998. Livro que a seu convite o prefaciamos e que registra os canguçuenses de 200 anos que descendem dos povoadores de Canguçu ao tempo em que foi elevado a Freguesia , cujos nomes ela registrou bem como os seus descendentes.       Esta é pois homenagem da ACANDHIS e minha como historiador de Canguçu, a todos que integraram os Corpos Docente e Discente desde educandário nos últimos 100 anos. E mais detalhes históricos deste Colégio serão por seus integrantes divulgados em 8 Mar. 2012 em seu centenário, no ano do Bicentenário de Canguçu como Freguesia.

 


 

                              

 

Acima o Colégio Elementar de Canguçu, por volta de 1912/14, formado nos fundos do Colégio, onde identifico a aluna mais alta e de branco ao lado da bandeira, Alda Moreira Barbosa que casaria com o Dr Luiz de Oliveira Lessa, pais do tradicionalista Luiz Carlos Barbosa Lessa e, tendo a seu lado Morena Cunha Vianna. Na altura da bandeira o professor Pinto Bandeira. A baixo foto do Cel Genes Gentil Bento, o fundador do Colégio, por Decreto Municipal, em foto centenária retirada da Revista do Centenário de Pelotas nº 4, em 1912, elaborada pelo hoje consagrado escritor tradicionalista  J. Simões Lopes, em nº dedicado ao centenário de Canguçu como freguesia, e que o consagra como o 1º historiador de Canguçu. Na foto ao lado, em 1º plano, a frente do centenário Colégio Elementar reproduzida em aquarela pelo Dr Nilson Meireles Prestes.

 


 

 

À direita em uniforme branco, aluno do Colégio Elementar em 7 de setembro de 1922 no Centenário da Independência na praça General Honorário Hipólito Pinto Ribeiro que existiu na Quadra entre as longitudinais Júlio de Castilhos e General Osório e as travessas Gaspar Silveira Martins e a Av Exército Nacional/Brigadeiro Antônio de Sampaio. (Foto do Arquivo Conrado Ernani Bento, bem como as fotos acima, menos a aquarela)

 

 


 

  

 

O Colégio Elementar em 1927 onde meu pai identificou: Na última fileira da esquerda para a direita: a 1ª Sua filha Carmen Moreira Bento. A 5ª Amália Shoroeder, a 6ª Georgina Quadros (que ligaria sua vida ao magistério nesta escola). Na 2ª fila da frente para traz: A 3ª Dulce Aguiar Bento, prima em 1º grau de meu pai. A 4ª Luiza Moreira Bento, sua filha. 5ª Leda Pires Moreira.7ª Sara Pires Moreira, mãe de Gilberto Moreira Mussi. Na 2ª fila de traz para a frente. O último a direita, Ângelo Pires Moreira, mais tarde Major reformado do Exército e historiador e tradicionalista pelotense. E o 3º a  sua direita de branco e com luto João Albano de Souza. No centro o professor Figueira. Os 3 Pires Moreira eram filhos do então intendente Ciro Mattos Moreira . irmão de minha mãe Cacilda Moreira Bento.( Foto do Arquivo Conrado Ernani Bento)

 

 


 

 

 

Concentração Escolar  de todos os colegios da sede e do interior defronte a Prefeitura, em 7 de Setembro de 1942. O Grupo Escolar Irmãos Andradas esta formado atrás de uma faixa por ele transportada com o dizeres TUDO POR TI BRASIL. E neste tempo, com 11 anos incompletos eu possuía muitos queridos amigos de infância neste Colégio. Eu era tamboreiro do Colégio Aparecida e não apareço por coberto pela assistência. Neste tempo já estava sendo construída a atual sede dos Irmãos Andradas. Na foto figuram o Colégio do Salvador fundado em 30 Mar.1940, sob a direção do Reverendo Joaquim Silveira e o Colégio da Igreja Evangélica Batista, sob a direção do Reverendo do Astrogildo Pacheco.( Foto do Arquivo Conrado Ernani Bento)

 

 


 

 

  

  

Formatura do 5º ano do Grupo Escolar Irmãos Andradas, com anotações datilografadas por meu pai, dos nomes dos formandos:,Açulena Camargo que lhe doou a foto, Aldo Borges, Amilton Valente da Silveira, Ana Dulce Valente do Nascimento, Ariovaldo Goulart, Célia Escallier, Laura Fonseca, Liberta Estamer, Maria Alice Silveira, Maria Ivoni Brito, Maria Suzana Pinheiro, Maria Doralina Porto, Maria Eli Silveira, Marlene Rodrigues, Omar Moreira, Osvaldo Morales, Rosa Leonor Brum e Zaida Salgado Leal.( Foto do Arquivo Conrado Ernani Bento).

 


HOMENAGEM

 

Aqui homenageio meus ancestrais por suas ligações com o Magistério, em especial em Canguçu:Meu trisavô Alferes Joaquim Bento, nomeado pelos farrapos como o 1º professor de Alegrete( segundo o jornal O POVO da Republica Riograndense), meu bisavô Antônio Joaquim Bento, o primeiro professor régio para meninos do município de Canguçu, por cerca de 25 anos, meu avô Cel Genes Gentil Bento que estudou no Colégio Sul Americano em Pelotas no qual foi professor por algum tempo, bem como seu irmão José Monteiro Bento, o primeiro a formar-se em Agronomia em Pelotas e a seguir professor da Escola Eliseu Maciel. Meu pai Conrado Ernani Bento que como Prefeito em 1934, junto com o Bispo de Pelotas D. Joaquim Ferreira de Mello teve atuação relevante para a instalação do Colégio N.S Aparecida, conforme documentação em seu arquivo que eu organizei, alem de como Prefeito haver presidido reunião, em 24 de Mar. 1954, que fundou  o Curso Ginasial no Colégio N.S Aparecida, no qual lecionou por algum tempo seu filho José Moreira Bento. E creio haver exercido o Magistério durante toda a minha vida de soldado, ministrando instrução militar a soldados e como historiador militar haver sido  instrutor de História Militar Geral e do Brasil, a cadetes na Academia Militar das Agulhas Negras de 1978/80 e ali  haver produzido,  em equipe,  com apoio do Estado- Maior do Exército ,livros didáticos sobre o assunto, que ate hoje ali prestam serviços ao ensino de Arte e Ciência Militar. E sei que muitos descendentes do 1º professor régio do Município de  Canguçu Antônio Joaquim Bento e descendentes de direto de seu netos Conrado Ernani Bento, e netas  Leontina Aguiar Valente e de Isaura Duarte Rodrigues tem dado continuidade a esta tradição.

 

“A HISTÓRIA RESGATA O PASSADO PARA SE ENTENDER O PRESENTE, PARA MELHOR SE PROJETAR,
 
COM SEGURANÇA, O FUTURO. A HISTÓRIA É A MESTRA DA VIDA É A MESTRA DAS MESTRAS! "