RUY
RÉGIO PINHEIRO (1918 – 2012)
Cel Cláudio Moreira Bento
Faleceu em Pelotas em 02 janeiro de
2012, aos 93 anos, meu apreciado amigo Ruy Régio Pinheiro. Ele
foi testemunha ocular da fundação do Curso Ginasial em Canguçu,
em reunião histórica, em 25 março de 1954, no Salão Nobre da
Prefeitura, hoje Casa da Cultura. Reunião presidida pelo
Prefeito Conrado Ernani Bento e presente entre outros o Dr.
Osvaldo Muller Barlém e Firmo Duarte Moreira , as três
personalidades de Canguçu mais admiradas por Ruy que aparecem
na foto a seguir do Arquivo Conrado Ernani Bento.

Na foto na presidência da mesa com a mão no queixo o Prefeito Conrado
Ernani Bento. De pé o Dr Osvaldo
Muller Barlém, juiz de Direito,
Atrás dele, de óculos, Firmo Duarte
Moreira, Escrivão do Civil e Crime.
A sua esquerda, de pé. Lucio
Rodrigues, Secretário da Prefeitura.
De frente sentados na mesa, da
esquerda para a direita: Dr Walter
de Oliveira Prestes, advogado,
Waldemar Fonseca, Coletor Estadual,
Claudio Jorge , titular do Cartório
de Registro Civil. Atrás de Valdemar
Fonseca aparece de pé, de traje
escuro e com gravata Ruy Pinheiro
Oficial de Justiça aos 36 anos. A
esquerda na porta em traje escuro
identifico
Baltazar Nunes Duarte (Macota)e
a sua direita Jose Freitas Jorge.
Ruy Pinheiro era um dos mais
antigos reservistas do 9° Batalhão de Infantaria Motorizada – o
Regimento Tuiuti, que esteve pela primeira vez
representado na área onde hoje ele tem sede em Pelotas , através
de uma Companhia, destacada de Jaguarão para Canguçu de 1845/49,
ao comando do Capitão Antonio de Sampaio, atual patrono da
Infantaria do Exército. Em Canguçu Sampaio teve como Posto
de Comando, a antiga cadeia mandada construir por volta de 1843,
pelo Ten Cel da Guarda Nacional Francisco Pedro de Abreu, o
Moringue que em Canguçu comandava a Ala Esquerda do Exército do
Barão de Caxias. Cadeia que ele anunciava ironicamente para
servir de “Casa de hospedes dos farrapos”, segundo J. Simões
Lopes Neto em 1912, na Revista do Centenário de Pelotas ,
dedicada a Canguçu.. Esta cadeia demolida na década de 1940
(início) situava-se no local
onde foi construído o Teatro Municipal 27 de junho – Professor
Antonio Joaquim Bento, o 1º Professor régio para meninos do
município. este criado em 1857,
e introdutor do teatro em Canguçu,por volta de 1862, no local da
atual sede da Câmara de Vereadores de Canguçu.
Ruy serviu no atual 9°
BIMTz, duas vezes. em 1933, aos 15 anos como voluntário e de
1934-35, como convocado. Deste tempo ele me contou que ia de
Pelotas a Piratini a pé, para visitar a família. Ou “no 11”,
segundo a gíria militar.
O pai de Ruy Ernesto Ignácio
Pinheiro atuou como oficial das forças governistas no Combate de
Canguçu Velho ,em 14 de agosto de 1923,( Vide BENTO,Canguçu
reencontro com a História p. 197, 2 ed.) que descreve
que coube-lhe a tarefa de
sepultar no campo alguns dos tombados neste combate. Mais tarde
quando Prefeito em 1951, pela 3ª vez coube a meu pai mandar
exumá-los e colocar seus restos mortais em local seguro e bem
visível, cercado de arame farpado e as cruzes dos túmulos de
ferro para resistirem as intempéries, conforme a foto a seguir,
batida por Jesus Bento Martins, em visita ao local em 1972
quando localizei as ruínas do sobrado sede e do mangueirão de
pedra da sede da Real Feitoria do Linho cânhamo do Rincão do
Canguçu que ali funcionou de 1783/89 . Em 2008
tirei foto de Cairo no mesmo
local e deparei que o local das 3 cruzes de ferro se
transformara depois de 36 anos de minha primeira visita num
enorme cemitério.

Foto do autor então Major da Comissão de História do Exército, do Estado
Maior do Exército, tendo ao lado
seu filho Carlos Norberto, hoje
Comandante de Marinha no posto
de Capitão de Mar e Guerra
(posto equivalente ao de
coronel no Exército) e
atualmente instrutor de
Navegação na Escola Naval(Foto
de meu arquivo)
Ruy foi casado por 63
anos de 1942 a 2004, com D. Hilda( Krusser) Moreira Pinheiro,
neta de Franklin Maximo Moreira, veterano da Guerra do Paraguai
e fundador do Clube Harmonia, com seu irmão mais moço, Carlos
Norberto Moreira e ambos hoje patronos de cadeira na Academia
Canguçuense de História (ACANDHIS) por suas atividades
literárias em Canguçu, no Império.
O casal teve os seguintes
filhos; Maria Suzana, Cairo, Mary Suez,
Siana Maria e Iran, todos
nascidos em Canguçu. A mãe de Ruy era D. Adelaide Régio
Pinheiro ( D.Zizica). Quando
menino, fui socorrido por D. Adelaide, ao cair de bicicleta e
ter perfurada cerca 1,5 cm da perna direita, abaixo do joelho,
pelo punho acionador do freio de mão dianteiro. Ela me levou
para sua casa que ficava em diagonal com a casa de minha tia
Alice Moreira, há pouco demolida, na esquina da General Osório
com a Duque de Caxias em Canguçu.
Aí lavou o ferimento com uma infusão de uma erva em álcool que
conservava numa garrafa, e a seguir protegeu o ferimento com uma
atadura de pano, não me esqueço desta cena!
Ruy possuía 5 netos sendo
duas netas Niaia,
Eduardo, Anderson, Antonela e
Rafael nascidos em Pelotas, menos Eduardo e 5 bisnetos, sendo
2 netas; Nicole e Isabel e 3
netos; Lucas, Thiago e Yuri Fernandes. Todos pelotenses.
Ruy era maçom filiado as
lojas Rio Branco III em Piratini e Antunes Ribas em Pelotas e
era membro do Lions Clube Centro em Pelotas e Patrono da
Associação da Família Pinheiro.
Quando jovem trabalhou
em Serviços Gerais na Prefeitura de Piratini. Foi balconista
de seu tio Maneco e sapateiro.
Conheci e fui muito amigo de seus irmãos em Canguçu, Paim, Olavo
. Este muito inteligente e criativo, Ambos se arrumaram bem na
vida. Conheci o seu irmão Luiz Catão há pouco tempo. Ele
trabalhava no Correio do Povo.
Dentre os amigos de Ruy
Pinheiro ele destacou como seu maior amigo e seu primo,
Valdomiro Pinheiro Duarte, que ao casar lhe fez presentes de
itens básicos, para iniciar sua vida de casado e inclusive sua
roupa para a cerimônia de casamento, no qual foi seu padrinho,
Era muito amigo de Hermes Ribeiro
(Lelo), como também o
fui.Lelo foi casado com uma filha de Kurt Von Laer e os três
filhos homens fizeram belas carreiras. Convivo mais com
Sebastião hoje acadêmico da cadeira J. Simões Lopes Neto que foi
inaugurada por meu primo Major Ângelo Pires Moreira, consagrado
historiador pelotense.
Rui era muito grato ao
seu amigo Oficial de Justiça, Eldejar Albano, conhecido por
Jarra, filho de Zeca Albano. Isto por lhe haver assistido e
orientado seus primeiros passos na profissão de Oficial de
Justiça, na época em que era profissão precariamente remunerada,
que quase a abandonou, não fora como informava, a orientação
recebida de meu pai Conrado Ernani Bento, para que tivesse
paciência que dias melhores viriam. Previsão que veio a
confirmar-se.
E as coisas melhoraram
bastante para Ruy podendo bem assistir sua família. E depois de
viúvo, aos 87 anos, quando seus males se agravaram, pode
desfrutar de boa assistência médica e cuidados de profissionais
de cuidadoras de idosos contratados para o cuidar sob a
orientação carinhosa e devotada de seu filho Cairo. Deste
inclusive esteve presente em seu 60° aniversário em 2005, na
Associação Rural em Pelotas e depois em sua Formatura em 2008,
como jornalista, em cerimônia no Teatro Guarani, tendo subido ao
palco orgulhoso para entregar a seu filho o diploma.
Ruy Pinheiro foi amoroso e
sempre dedicado a sua família e com o futuro dos mesmos. Esposo
amantíssimo, o maior atestado era sua esposa dizer que “Ruy era
uma verdadeira mãe para ela ! ” E a ela fazia todas as
vontades.
Era muito emotivo e
chegava a chorar de emoção ao ouvir músicas de seu tempo de
menino e adolescência.
Era um notável contador de
histórias e causos, ocorridos em sua infância, adolescência e
fase adulta. Gostava de declamar poesias e em especial as que
aprendera em sua meninice e inicio da adolescência na escola, na
Seleta em Prosa e Verso.
Cultivava largo círculo de
amigos e era muito popular e acolhedor, tanto em Piratini, como
em Canguçu, Pelotas e até Porto Alegre. Era exímio dançarino e
apreciava dançar sempre que surgia oportunidade.

Ruy Pinheiro aos 86 ano ao lado do autor em 2005 no 60º
aniversário do seu filho Cairo Moreira Pinheiro
Entre suas frases de
efeito, destacaram seus filhos: Sobre sua morte, sepultamento e
túmulo; “quem vier atrás de mim, fecha a porteira”. Quanto o
significado de seu nome, Pinheiro; “Pinheiro de lei verga, mas
não quebra!”. Para justificar, exagerar nas refeições: “Para mim
tanto faz comer pouco ou muito, pois o mal – estar vai ser o
mesmo”. Sobre a sobremesa depois da refeição: “Agora traz o
limpa trilho”. Não apreciava perfumes, era alérgico a eles.
Costumava dizer que “Pinheiro é uma árvore que leva 100 anos
para engrossar, mas que Pinheiro homem já nasce grosso”.
Mas isto não era a
realidade em relação a ele e a seus irmãos com quem convivi e em
especial com seu filho Cairo, que herdou do pai a gentileza, a
boa educação e a grande virtude de possuir e cultivar muitos
amigos, e ser por eles muito apreciado.
Piratini antes da atual
igreja construída por Pascoal Benito
Régio, italiano da cidade de Régia na Calábria, avô de Ruy
Pinheiro, teve no mesmo local um templo menor que foi
construído por meu tetravô paterno José Teixeira de Mattos,
natural da Freguesia da Cova Arcebispado de Braga, Portugal um
dos fundadores de Piratini como Vila dos Casais e criador do
primeiro moinho de Piratini,que deu nome ao arroio do
Moinho.Personagem que abordamos em nossos trabalhos:
Piratini, um sagrado símbolo farrapo.
Resende-,IHTRGS/ACANDHIS,2000.
Dos Lemes da Ilha da Madeira aos
Mattos, Moreiras e Bentos de Canguçu-RS.Itatiaia:ACANDHIS,2006.p.29.

Dr Lori da Rosa Krusser, Cairo, Cel Bento e
Saul Duarte no 6O º aniversário de Cairo, em Pelotas