Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque

 

 

 

Nasceu em 12 de setembro de 1885, em Cabaceiras na Paraíba.

Incorporou ao Exército Brasileiro no 2º Batalhão de Infantaria, no Recife, em 1903 e, após aprovação no exame de suficiência, foi matriculado, em 18 de março de 1903, na Escola Preparatória e de Prática do Realengo, no Rio de Janeiro.

No prosseguimento de sua formação, o Aluno José Pessôa frequentaria a Escola Militar do Brasil, na Praia Vermelha - Rio de Janeiro. Entretanto, aquela Escola foi fechada em 1904 e extinta em 1905, como consequência da Revolta da Vacina Obrigatória, sendo reaberta  em Porto Alegre, em 1906  com o nome de Escola Militar de Porto Alegre – Escola de Guerra, no prédio que atualmente abriga o Colégio Militar de Porto Alegre, para onde foi transferido, formando-se Aspirante-a-Oficial de Infantaria e Cavalaria, em 2 de janeiro de 1909. No mesmo ano, cursou a Escola de Artilharia e Engenharia do Realengo.

Sua primeira Unidade foi o 13º Regimento de Cavalaria, no Rio de Janeiro, sendo depois transferido para a 4ª Companhia de Caçadores, na Paraíba do Norte e, a seguir para o 50º Batalhão de Caçadores, em Salvador. Em 26 de fevereiro de 1913, foi promovido a Segundo-Tenente e transferido definitivamente para a Arma de Cavalaria.

Na capital baiana, foi nomeado instrutor militar da Faculdade de Medicina da Bahia. Posteriormente, cursou a Escola Politécnica, no Rio de Janeiro, formando-se engenheiro topógrafo.

Em 1916, no Quartel-General de São Paulo, além de exercer suas funções, foi instrutor militar da Faculdade de Direito, exercitando seu sentimento cívico e formando uma juventude identificada com os valores da Pátria, contagiada pela influência dos ideais de Olavo Bilac.

Com a entrada do Brasil na Primeira Guerra Mundial, em outubro de 1917, o Segundo-Tenente José Pessôa foi enviado no ano seguinte à França, como um dos membros da Missão Militar Preparatória que o Exército Brasileiro deslocou à Frente Ocidental. Naquele país, foi matriculado na Escola Militar de Saint-Cyr, para aprender os fundamentos sobre a adaptação da Cavalaria à então recente invenção, os “carros de assalto”, e seu emprego no campo de batalha.

 Durante àquele conflito mundial, foi arregimentado como adido no 503º Regimento de Cavalaria, o 4º Dragões do Exército Francês, onde recebeu o comando do 3º Pelotão e, posteriormente, do 1º Pelotão ambos do 1º Esquadrão, honra que poucos estrangeiros foram brindados, sendo um dos pioneiros no emprego das inovações doutrinárias dos carros de assalto no teatro de operações.

Foi promovido a Primeiro-Tenente em 29 de maio de 1918 e, naquele mesmo ano, José Pessôa foi acometido de tifo, sendo evacuado da frente de combate para um hospital francês, onde conheceu a enfermeira inglesa Blanche, alistada como voluntária na Cruz Vermelha da França, a qual veio a ser sua futura esposa.

Em 8 de janeiro de 1919, foi promovido a Capitão, por atos de bravura em ações de combate na França e na Bélgica.

No pós-guerra, realizou o Curso da Escola de Carros e o Curso Prático de Artilharia de Assalto, ambos em Versailles, na França, onde absorveu as inovações doutrinárias dos carros de assalto e escreveu o livro “O Tank na guerra europeia”.

Ao retornar ao Brasil, em 1920, fruto da experiência adquirida com carros de combate no teatro de operações europeu, foi designado comandante da primeira unidade blindada do Exército, a Companhia de Carros de Assalto, nas atuais instalações do 57º Batalhão de Infantaria (Escola), no Rio de Janeiro, dotada dos carros franceses Renault FT 17.  Permaneceu no comando daquela Unidade até 1923, quando foi promovido a Major.

Nesse novo posto, assumiu a função de Fiscal Administrativo e de Subcomandante da Escola Militar do Realengo, onde permaneceria até 18 de agosto de 1927, quando foi promovido a Tenente-Coronel, passando a comandar o 1º Regimento de Cavalaria de Guarda - Dragões da Independência.

Em 1929, como Coronel, concluiu o curso da recém-criada Escola de Aperfeiçoamento e Curso de Comando e Estado-Maior.  Este curso foi a fonte de inspiração na concepção de um de seus mais ricos projetos: o de uma nova Escola de Cavalaria. Em outubro de 1930, foi designado Comandante do 3º Regimento de Infantaria, sediado no velho prédio da antiga Escola da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, com a missão principal de contribuir para a dissipação do movimento revolucionário que assolava a Capital Federal (Revolução de 1930).

Foi nomeado Comandante da Escola Militar do Realengo em 19 de novembro de1930, permanecendo no comando até 1934, tendo papel fundamental na sua reestruturação e transferência para Resende- RJ. Implementou considerável melhoria na formação do Oficial do Exército Brasileiro. Nesse período, idealizou a Academia Militar das Agulhas Negras - AMAN, fundada em 1944, restabeleceu o título de Cadete, criou o Espadim de Caxias, considerado o próprio símbolo da Honra Militar, o Corpo  de Cadetes, com Estandarte e Brasão próprios e implementou o culto à figura do Duque de  Caxias - “Cadete de Caxias”.

Em 3 de agosto de 1933, foi promovido a General-de-Brigada e no ano seguinte foi nomeado Inspetor e Comandante do 1º Distrito de Artilharia de Costa da  1ª Região Militar no Distrito Federal. Coordenou a vinda da Missão Militar Norte- Americana. Sob a sua direção essa Comissão influiu na criação do Centro de Instrução de Artilharia de Costa (atual Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea), da Escola Técnica do Exército, percussora do atual Instituto Militar de Engenharia (IME) e na evolução da doutrina defensiva - “mentalidade Maginot” - para a doutrina ofensiva.

Foi promovido a General-de-Divisão em 24 de maio de 1940 e, em 1944 foi eleito presidente do Clube Militar, permanecendo neste cargo até 1946. Com o fim do Estado Novo, foi nomeado adido militar em Londres de 1946 a 1947. Passou para Reserva em setembro de 1949, no posto de General-de-Exército e, em janeiro de 1953, foi promovido a Marechal.

Em 1954, foi convidado pelo então Presidente Café Filho para substituir o General Aguinaldo Caiado de Castro, na época Chefe da Casa Militar da Presidência da República, na presidência da Comissão de Localização da Nova Capital Federal.

O Marechal José Pessôa, eterno partidário pela necessidade de mudança da Capital Federal, já em 1949, no discurso como paraninfo da Turma de Aspirantes-a-Oficial, na Academia Militar das Agulhas Negras, alertava àqueles jovens oficiais para sua eventual responsabilidade diante da solução de certos problemas, como o da construção da nova Capital Política do Brasil. Afirmava, ainda, que o adequado desfecho dessa questão seria....

….“útil para a grandeza e salvaguarda de nossa nacionalidade, vantagens inegáveis nos advirão, quais sejam:

- aproximar todos os Estados pela ação radial do governo central;

- acelerar, na direção do altiplano dos sertões brasileiros, a marcha lenta de nossa civilização, encastelada no litoral há 400 anos;

- resguardar nossa capital, hoje tão vulnerável, à borda do oceano, para ponto menos exposto, no coração do País, sem falar nos reflexos econômico-financeiros altamente compensadores.

Por outro lado, a nova localização da capital facilitaria também a complexa solução de outro magno problema, pois dali estenderíamos os braços aos irmãos da Hileia  Amazônica, que vivem naquelas paragens, ainda esquecidos da ajuda material e moral dos governos”.

O Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque faleceu em 16 de agosto de 1959, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, pouco menos de um ano da inauguração da Nova Capital Federal, que ele ajudou a gerar.

Ao deixar o o serviço ativo passou o seu último dia na Ativa na Academia Militar das Agulhas Negras e declarou ter sido este o dia mais feliz da sua vida.

 O Marechal José Pessôa é Patrono de Cadeira da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB). A Federação foi inaugurada por seu presidente e fundador o Cel Claudio Moreira Bento, mesmo criador da  Delegacia Marechal José Pessôa, ao abrigo do Colégio Militar de Brasília, em Brasília, cidade cuja realidade esta muito a lhe dever. A Delegacia foi transformada, em 23 de abril de 2011, durante o Bicentenário da Academia Militar das Agulhas Negras, em Academia Marechal José Pessôa, desde seu início sob a direção do Gen Div  Arnaldo Serafim.

A Academia Militar das Agulhas Negras possui, na entrada de seu novo Conjunto Principal, o busto do Marechal José Pessôa e,  no interior deste mesmo prédio, O Memorial Marechal José Pessôa, justa homenagem ao seu idealizador.

Autor: Anderson do Nascimento Demutti – Cel Cav

 


 

Referências Bibliográficas

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- http://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Pessoa