MARCOS DA HISTÓRIA

CARLOS FONTTES

(carlosfonttes@ibest.com.br)

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL – DELEGADO

DA DELEGACIA GEN FERNANDO SETEMBRINO DE CARVALHO EM URUGUAIANA

- “ A PREOCUPAÇÃO DE BEM POUCOS, TEM SIDO UMA CONSTANTE EM NOSSA HISTÓRIA, PELO ESQUECIMENTO DE MUITOS”.

       É o caso dos locais que fazem parte da memória de Uruguaiana e, embora alguns tenham sido demarcados por iniciativa de nossos historiadores ou entidades de classes, o Município ainda possui várias localidades no interior, que fazem parte de sua história, sem referência alguma, apenas mencionados em algum livro de nossos autores.

      Tendo feito “ diversas pesquisas de campo”, consultado centena de obras publicadas, relacionei muitos destes locais, que pela sua magnitude na história, tiveram destaques com pelejas e combates; tanto nas guerras como nas revoluções que assolaram em  sangue o nosso estado.

      Dessas localidades descobertas, nenhuma foi realizada ou demarcada com alguma placa ou mesmo uns pequenos marcos alusivos, que perpetuasse o acontecido naquele lugar, para o conhecimento de nossas gerações e da nossa própria história.

      Como fui indicado e aprovado para fazer parte da Confraria  CAMINHANTE SEM FRONTEIRAS”, levei ao conhecimento dos presentes, a minha preterição que, aproveitando nossas caminhadas, tivéssemos como objetivo e destino, os locais históricos, onde se poderia inaugurar um marco em memória daqueles que lutaram  ou tombaram naquele lugar.

      Para que tenhamos maior conhecimento desses lugares, narraremos, em rápida sinopse o histórico acontecido nestas localidades, fazendo o possível de serem conectadas na ordem cronológica:

 

                   CAPÍTULO I – GUERRA COM ARTIGAS

 

      Após a Pacificação do Uruguai (1811/1812), em que as nossas tropas “EXÉRCITO LIBERTADOR” se retiraram, D.  José  Gervásio Artigas grande líder e ferrenho adversário do Brasil, esforça-se para retomar as terras das missões, abrindo-se assim um período de guerrilhas, combates e batalhas nas coxilhas do nosso estado. 

      As lutas assumem proporções enormes em nossas fronteiras, com a invasão dos orientais em nosso território.

      Desses entreveros acontecidos, podemos destacar dois lugares do nosso Município:

 

      - 21 SET 1816:

       - Na tentativa do Gen uruguaio PANTEÃO SOTEL, em atravessar o Rio Uruguai, próximo a SÃO MARCOS, para dar apoio a ANDRESITO que invadiria São Borja, as tropas do Ten Cel de Milícias, JOSÉ DE ABREU fez frente de combate, desbaratando os invasores. (pg 211 – Lécor) (pg 100, Dicionário das batalhas brasileiras)

 

      - 19 OUT 1816:

        - As Companhias do Cel RAFAEL VERDUM que se dirigiam a São Borja, a fim de fazer junção as tropas do índio ANDRESITO (André Guacurarari – y Artigas filho adotivo de Artigas), são derrotados pelo Brigadeiro JOÃO DE DEUS MENNA BARRETO, nas vertentes do IBIROCAÍ, com uma forte carga de cavalaria, Foram mortos 238 uruguaios, inclusive 11 oficiais, 24 prisioneiros. Dos nossos, tivemos duas baixas  por morte e 22 feridos, inclusive o Gen Menna Barreto. (pg 111 – Os Menna Barreto e 293 – Tau Golin).

 

      Com a grande derrota da Batalha de Taquarembó (21/01/1820), Artigas busca refúgio no Paraguai, onde anos mais tarde faleceu. Assim, a Banda Oriental do Uruguai foi incorporada ao Brasil em 31/07/1828, como PROVÍNCIA CISPLATINA.

      Em 27/08/1828, finalmente a República Oriental do Uruguai proclamou sua Independência.

     


PARTE II

     

                                                      

MARCOS DA HISTÓRIA

CARLOS FONTTES

(carlosfonttes@ibest.com.br)

Academia de Historia Militar Terrestre do Brasil

Delegado Regional DA AHIMTB em URUGUAIANA

                          CAPÍTULO  II – REVOLUÇÃO FARROUPILHA

     Os graves ressentimentos face à oligarquia urbana e lusitana, com discriminações da corte ao nosso estado, deram início a mais longa de nossas revoluções, que perdurou por quase dez anos de lutas e sangrentos combates no rio grande do sul.

      O idealismo farrapo, observado por alguns historiadores consagrados, “lutaram pela liberdade social do estado, muito mais federalistas do que separatistas”, sendo a razão máxima de suas lutas, o fator econômico que preponderou quando irrompeu essa guerra.

      Devemos levar em conta que foi através dessa guerra, no governo republicano que surgiu a nossa cidade, quando, pelo Dec nº 21, de 24 Fev 1843, assinado pelo Presidente da República Riograndense, BENTO GONÇALVES DA SILVA, criava a  CAPELA DO URUGUAI.

      A cidade ostenta até hoje o título altissonante de “FILHA DILETA DA REVOLUÇÃO FARROUPILHA”.

      - Durante as varias incursões realizadas pelas tropas no estado, o nosso município, baseado nos escritos existentes, teve os seguintes locais como referência nos combates realizados:

 

- 19 AGO 1844:

  - Tropas republicanas derrotam as forças imperiais sob o comando do Cap HIPÓLITO GIL, próxima a povoação de SANT’ANA VELHA, consolidando este território para as causas futuras da Republica Farrapo. (pg 117 – Dicionário das batalhas brasileiras).

 

- 08 OUT 1844:

  - O rebelde farrapo BERNARDINO PINTO, atravessa o rio Quarai e ataca a povoação de  SANT’ANA VELHA com 200 homens, sendo repelidos pela guarnição local, ao Comando do Cap HIPÓLITO CARDOSO. Ao retroceder, os farroupilhas atravessam o rio novamente, sendo perseguidos, nos campos do Uruguai, pelo Ten Cel ANTONIO FERNANDES DE LIMA com o 4º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional, derrotando-o a 25 Out no local denominado LAS CANHITAS. (pg 254- A Revolução Farroupilha, de Tasso Fragoso).

 

- 15 NOV 1844:

  - As forças farrapos da 1ª Divisão, Comandadas por JACINTHO GUEDES DA LUZ, ao tentarem invadir Sant”Ana do Uruguai, sofrem grande derrota no combate próximo ao PASSO DO LEÃO, por tropas do Gen JOÃO PROPÍCIO MENNA BARRETO, à frente de 600 homens, vencendo-o até o seu acampamento nessa localidade. ((pg 254 – A Revolução Farroupilha, de Tasso Fragoso).

 

 

      E assim os farroupilhas passaram pela nossa história, começando a 20 de setembro de 1835, quando invadiram Porto Alegre, para encerrar suas lutas e anseio inglório, na assinatura de paz em Poncho Verde, a 28 de fevereiro de 1845.