O JUBILEU DE OURO DA TURMA SANTOS DUMONT

AMAN – 8 de maio de 1954

 

Cel Cláudio Moreira Bento

 

Ultimamente temos recebido vários livros e revistas sobre períodos da História da AMAN, os quais temos integrado ao acervo da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB). Pois ela dispensa especial carinho as fontes de História da AMAN, onde ela possui a sua sede em instalações que ela lhe cedeu e ora ampliadas pelo seu atual comandante, o Gen Bda Marco Antônio de Farias

E assim recebemos com dedicatória do General Sérgio Ruschel R. Bergamaschi, o Memorial do Jubileu de Ouro da Turma Santos Dumont.

O general Bergamaschi foi o primeiro de sua turma na entrega do Espadim e da Espada, acrescentando , assim, glória a Arma de Engenharia que cursou na AMAN, conforme registro em nosso Os 60 anos da AMAN em Resende.

Como singularidade, registro haver ele recebido o seu espadim em 25 de agosto de 1952, no Rio, do Presidente Getúlio Vargas, 20 anos depois de ele haver prometido, em julho de 1932, na Estação Ferroviária de Resende ,que lançaria a pedra fundamental da hoje AMAN. E foi bem mais longe, a construindo e a inaugurando em 20 de março de 1944, decorridos 42 anos de seu injusto desligamento, com retorno a tropa, como sargento, da Escola Preparatória e Tática de Rio Pardo, cuja história acabamos de resgatar em parceria com o Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis sob o título - As Escolas do Exército em Rio Pardo 1859/1911. Obra prefaciada pelo seu idealizador como comandante do CMS, o Gen Ex Renato Cesar Tibau da Costa, atual Chefe do Estado - Maior do Exército Estado –Maior do Exército. Ao Gen Bergamaschi, antigo Diretor de Assuntos Culturais do Exército, devo em parte, a publicação de nossa lavra da obra -O Exército Farrapo e os seus chefes, 2 v. pela BIBLIEx em 1991.

O Cadete Getúlio Vargas cursou 2 anos a Escola Preparatória e Tática do Rio Pardo e integrou o Exército por 6 anos. Decorridos 30 anos, em julho de 1932, ele prometeu a oficias reunidos na Estação de Resende que ele lançaria a pedra fundamental da atual AMAN, o que concretizou em 1938, indo mais longe a construindo e por fim a inaugurando em 20 de março de 1944


 

 

Cadete Bergamaschi recebendo do Presidente Getúlio Vargas, em 25 agosto de 1952 no Rio de Janeiro, 50 anos depois de o cadete Getúlio Vargas haver deixado a Escola Preparatória e Tática do Rio Pardo, da qual fora desligado com outros 19 companheiros, injustamente, como tentamos demonstrar no citado livro As Escolas do Exército em Rio Pardo 1859/1911. Getúlio Vargas deu expressiva colaboração para o desenvolvimento da Doutrina do Exército de 1930/45, como demonstramos na Revista A Defesa Nacional , nº 802, mai/jul 2005


 

É do General Bergamaschi a poesia, Louvação a AMAN que ele leu no Cinema da AMAN no dia do Jubileu de Ouro de sua turma e que se acha publicada na Revista do Clube Militar, nov/dez 2004.

O livro em tela, um Memorial, em sua abertura reproduz a Medalha Comemorativa do Jubileu de Ouro da Turma Santos Dumont e o Espadim de Caxias entregue pela primeira vez, em 1932, no Largo do Machado e cópia fiel em escala da invicta espada de Caxias que desde 1925 integra o patrimônio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro do qual Caxias foi sócio honorário. Relíquia que em duas ocasiões a transportei a AMAN como seu integrante e membro da IHGB, chefiando uma Comissão integrada por cadetes.

Em baixo lê-se a inscrição do Canto X, 153 de Camões existente na pérgula da AMAN.

"A disciplina militar prestante não se aprende, Senhor, na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando. Senão vendo, tratando e pelejando.

Inscrição que desde que instrutor de História Militar em 1978/80 na AMAN assim a traduzia aos cadetes e continuo a fazer até hoje.

A Doutrina Militar em vigor, não se aprende, na fantasia, sonhando, imaginando . Senão estudando criticamente a História Militar, a luz dos fundamentos da Arte Militar, e realizando manobras e combatendo."

A abertura do trabalho, à guisa de prefácio ou apresentação, é da lavra do consagrado cronista castrense Ten Cel Antonio Gonçalves Meira, acadêmico muito solidário e prestante da nossa AHIMTB.

São homenageados os companheiros falecidos como o Cadete Ney Silveira Araújo, o "Batata", que formava dupla de paradista com o Malta e que pereceu em acidente aéreo quando se deslocava para o Rio Grande em férias ao final do 1º ano.

Lembro como aluno da EPPA a comoção causada por sua perda.

E a ele segue-se a lista de 111 falecidos da turma.

O General Bergamarchi e o Ten Antonio Gonçalves Meira assinam matérias importantes como também o Cel Evandro Souto Maior, o editor do Informativo 3C da Cavalaria, no Rio de Janeiro.

Também da lavra de Gonçalves Meira merece destaque a magnífica e comovente crônica em que resume a saga da Turma Santos Dumont, destacando o general Gleuber Vieira, que foi o primeiro comandante do Exército e membro acadêmico como ele da AHIMTB, e na cadeira Marechal José Pessoa, e a singularidade do General Bergamaschi de haver recebido das mãos do Presidente Vargas, o Espadim de Caxias, no 1º ano e, em 1954 a Medalha Duque de Caxias na conclusão do curso, como cadete mais distinto da turma e cerca de 4 meses antes do trágico suicídio do Presidente.

Concorri a sorteio e fui sorteado para integrar a Guarda de Honra presidencial enviada pela AMAN ao Palácio do Catete onde ela foi dispensada e lá permaneci até de madrugada testemunhando a História e meu deslocamento sendo facilitado por aspirantes da Turma Santos Dumont que integravam o Batalhão da Guarda Presidencial encarregado da segurança do Catete, conforme registramos em nosso livro Comando Militar do Sul – 4 décadas de História.

Registram os integrantes da turma que atingiram o mais alto posto: generais Gleuber, Gazzineo, Joubert e Pamplona e os que se destacaram nos esportes: Cel Fico (equitação); Cel Malta, que figura nas enciclopédias Barsa e Delta Larousse, como esportista; e o Nilo Jayme Ferreira da Silva, considerado na década de 70 o melhor atleta militar; o Cel João Luiz Saraiva de Castro, grande destaque internacional em competições de Tiro e, Péricles Ferreira Gomes que comandou a Força de Manutenção da Paz em Angola, a UNAVEM I e II.

E como escritores destacaram o Cel José Fernando Maia Pedrosa, também acadêmico da AHIMTB e autor de preciosos trabalhos históricos, como por último sobre a Guerra do Paraguai; e o General Sérgio Avelar Coutinho, autor de trabalhos expressivos como o de valor profissional- Exercício de Comando – a Chefia e Liderança Militar. E menciona outros escritores autores de artigos diversos onde aparece o general Bergamaschi entre muitos e que se destacou na redação de matérias para a Revista e onde observei a não citação do Cel Sheliga, meu colega de ECEME, que reconheço articulista de muito mérito.

Como destaques nas artes aparecem na pintura os coronéis Anysio Negrão, integrante da AHIMTB em sua Delegacia de Brasília e nosso colega na ECEME e de EsNI; Maya Pedrosa novamente e Cruz Gomes e, na música, o Cel Brandão ("o Cascavel") que figurou como 1º violino em dois concertos da Orquestra Sinfônica do Vale do Paraíba.

E essa preciosa fonte histórica foi iniciativa feliz da responsabilidade dos seguintes integrantes da turma: Rocha Lima (Inf.), Nilo (Art.), Feijó (Eng.), também bom de pena, Bergamaschi (Eng.), Fico (Cav.) meu prezado colega de ECEME, como o Feijó; Malta (Art.), Souto Maior (Cav.), distinto chefe de seção como eu do EM da 1ª RM; Enir (Art.), Tarcísio (Art.), Cylan (Eng.), Leira (Cav.), Freitas (Art.), Porciúncula (Art.), Isaias (Inf.) e Charles Day (Eng.) . Este último realiza de longa data relevante papel de estimulação e de coordenação de esforços entre os oficiais de Engenharia que integram grupos sociais denominados Batalhões de Engenheiros. E o faz com grande competência e devoção, inclusive através da Internet.

Como seria relevante para o resgate da História da AMAN que todas as turmas dela egressas elaborassem um Memorial como este descrito da Turma Santos Dumont.

A minha turma, anterior a Santos Dumont ,e denominada Turma Aspirante Mega elaborou trabalho em DVD sobre o seu Jubileu de Ouro do início de sua vida militar na EPPA, em 1950 e que esta excelente e o seu Jubileu de Ouro de formatura na AMAN. Trabalho onde se destacou o ex integrante da Turma que fez carreira civil Lauro Abranches o "Barbacena".

Mas até agora, diferente da Turma Santos Dumont, ele não aprofundou no resgate e divulgação entre seus integrantes da vida e obra de seu patrono o Aspirante Mega, o que temos feito independente, e oferecido a turma em duas ocasiões , mas não aproveitado. E o publicamos em nosso trabalho citado Os 60 anos da AMAN em Resende, um retrospecto histórico e em artigos no site da AHIMTB www.resenet.com.br/users/ahimtb

Fomos contemporâneos da Turma Santos Dumont, como integrante da Turma seguinte a Aspirante Mega.

E bem recordo do cadete Bergamaschi quando fomos encarregados de chefiar equipe que fez o churrasco para a sua turma de Engenharia, no Parque Nacional do Itatiaia. Fato que não esqueço por haver na noite anterior padecido tremendo e inesperado frio ao dormir num galpão aberto, numa cama de lona que era atravessada pelo frio intenso. E a solução foi ser obrigado a apelar para um tradicional fogo de chão gaúcho. E foi tal sacrifício que sempre ao passar por aquele local com freqüência, recordar aquela noite sofrida .

Vamos escrever este ano em parceria com o Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis e o Cel Leonardo Araujo a História do Casarão da Várzea , onde como EPPA convivemos em 1951 com futuros integrantes da Turma Santos Dumont egressos desta Escola.

 

(x) Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) e do Instituto de História e Tradições do RGS(IHTRGS) cmbento@resenet.com.br.

 

Nota

Este artigo estará disponível em Artigos no site www.resenet.com.br/users/ahimtb

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