HOMENAGEM DA
ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL
AOS OFICIAIS R/2 FORMADOS PELOS CPORs e NPORs
DESDE 1927, aos 30 DE NOVEMBRO 2006
MUSEU MILITAR CONDE DE LINHARES
ORAÇÕES PRONUNCIADAS EM SEQÜÊNCIA:
-FINALIDADE DA SESSÂO E
HOMENAGEM AO PATRONO DOS CPOR E NPOR
Pelo Cel Cláudio Moreira Bento
Presidente da AHIMTB
-HOMENAGEM AO MARECHAL JOÃO BATISTA DE MATOS
Pelo Acadêmico Cel Ernesto Caruso
Delegado da Delegacia Mal João Batista de Matos.
-RECEPÇÃO DO ACADEMICO TEN R/2 ISRAEL BLAJBERG
Pelo Acadêmico Gen Ex Gleuber Vieira seu instrutor no CPOR/RJ.
-ELOGIO DO ACADÊMICO ISRAEL BLAJBERG
AO SEU PATRONO DE CADEIRA CEL MARIO CLEMENTINO E AO ACADÊMICO EMÉRITO CEL NILTON FREIXINHO
A QUEM SUBSTITUIU NA CADEIRA.
PALAVRAS FINAIS DE ENCERRAMENTO DA SESSÃO
-Pelo Cel Cláudio Moreira Bento
Presidente da AHIMTB
Grupo de Oficiais R/2
Em pé:
Acad. Marcelo Peixoto da Silva, Tenentes Zdanowski, Ney, Torquato, Francisco, Mergulhão (Editor da Revista e Site Sangue VO+), Nasser, Reynaldo, Moreira, Alves, Paulo Sérgio, Ruyberto,
Pesquisadora Irene Hapuque,
Sentados:
Cel. Inf SÉRGIO Gomes Pereira, Pres do Conselho Deliberativo da ANVFEB
Cel Claudio Moreira BENTO, Presidente da AHIMTB
Ten Felinto, Acadêmico Ten Israel Blajberg
Vets da FEB: Major R/2 Joaquim Thiago e Ten R/2 Dr Israel Rosenthal
FINALIDADE DA SESSÃO
NO MUSEU CONDE DE LINHARES
EM 30 de NOVEMBRO DE 2006
A presente sessão solene, a última em que a ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL comemora o seu 10 º ano de existência, se destina a homenagear os oficias R/2 formados pelos CPORs e NPORs desde 1927 e nesta sua segunda sede, onde funcionou , de 1931 a 1966 e formou 36 turmas , o primeiro CPOR, o do Rio de Janeiro.
E dentro destas homenagens empossar, como seu acadêmico, o Tenente R/2 Engenheiro Israel Blajberg, na cadeira Cel Mario Clementino , um dos jovens turcos fundadores da revista A Defesa Nacional , em reunião , no Clube Militar em 1913 e, também,o autor do 1º editorial da mencionada revista que foi reproduzido pela História do Exército Brasileiro - Perfil Militar de um Povo, editada pelo Estado-Maior do Exército 1972, coordenada por Comissão de História presidida pelo Cel Francisco Ruas Santos, comandante do CPOR/RJ ao tempo em que aqui estudou o Tenente Israel.
CPORs idealizados pelo Ten Cel Luiz de Araújo Correia Lima que vem sendo, por tradição, considerado e cultuado como o patrono dos CPOR e NPOR, de que foi o idealizador.
Solução que com a extinção da Guarda Nacional em 1918, veio a solucionar o grave problema de formação de oficiais subalternos destinados a integrar a Reserva do Exército.
Constituiu seu pioneirismo um grande avanço neste particular, ao lado de adoção do Serviço Militar Obrigatório, em 1916 e a transformação das Policias Militares em Reserva do Exército .
Foi tão feliz a projeção a sua obra que na FEB cerca de 1/3 de oficiais, de aspirantes a capitães, eram oriundos do CPOR, além de muitos que participaram da defesa do litoral, aqui no Brasil.
Correia Lima iniciou a formação de oficiais da Reserva, na caserna hoje vazia, até pouco tempo ocupada pelo Grupo Monte Bastione., depois de bem sucedida campanha entre alunos da Escola Politécnica, não sem sofrer resistências enormes dentro e fora do Exército. Finalmente, em 20 abr 1927, viu triunfar seu ideal que logo se generalizou pelo Brasil.
Sobre o assunto escreveu artigo na Revista do Clube Militar nº 3, 1927. Foi criado o CPOR-RJ e, como capitão, foi o seu primeiro comandante. Correia Lima fora praça voluntária do 25º BI em 24 set 1907 e ingressou na Escola de Guerra em Porto Alegre, no Casarão da Várzea ,em 1908.
Em 1808 e 1809 cursou Infantaria e Cavalaria e logo a seguir como Aspirante -a- Oficial, cursou Artilharia e o Curso de Engenharia quando foi mandado servir no 20º GAC, onde começou a dar asas ao seu ideal concretizado, de formar oficiais da Reserva do Exército, com base em leituras específicas que realizara sobre a 1ª Guerra Mundial e com apoio no Dec. 15.185 de 21 dez 1821 que previu a formação de oficiais de 2ª Classe da Reserva.
Correia Lima nasceu no Rio Grande do Sul em 4 nov 1891 e faleceu aos 39 anos em Curitiba, em 10 out 1930, num sangrento episódio da Revolução de 30, defendendo bravamente o seu comando e convicções.
O tenente R/2 Israel Blajberg dinâmico, solidário e criativo coordenador da Delegacia da Academia Militar Terrestre do Brasil aqui no Rio que tem por patrono ,o historiador dos monumentos brasileiros Marechal João Batista de Matos, será recebido em nome de nossa Academia pelo acadêmico Gen Ex Gleuber Vieira seu instrutor no CPOR do Rio de Janeiro que funcionou repetimos de 1931 /1966 neste edifício histórico hoje Museu Conde de Linhares e ocupara vaga do Cel Nilton Freixinho por elevado a condição de acadêmico emérito.
Mesa Diretora: Cel Freixinho, Gen Ventura, Gen Gleuber, Cel Bento, Gen Nery,
Cel Sérgio, Vet. Alain, Vet. Gerald e Cel Caruso
ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL
DELEGACIA MARECHAL JOÃO BAPTISTA DE MATTOS
HOMENAGEM AO MARECHAL JOÃO BATISTA DE MATOS
Pelo Acadêmico Cel Ernesto Caruso
Delegado da AHIMTB no Rio de Janeiro
Ernesto Caruso (*)
A homenagem ao insigne militar — MARECHAL JOÃO BAPTISTA DE MATTOS — que denomina esta Delegacia da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, no Rio de Janeiro, é um atestado, um reconhecimento e um agradecimento a quem participou da História, valorizou o seu estudo e deixou lições de História.
A sua vida militar é um exemplo de dedicação como lídimo representante da Arma de Infantaria, quer à frente da tropa em combate, quer como instrutor e administrador, atingindo com brilhantismo os mais elevados postos da carreira.
Adepto e cultor do conhecimento por excelência não poupou esforços, agregando à sua formação militar o estudo das Ciências Jurídicas e Sociais, ainda como capitão, em 1937, deixando uma lição a tantas turmas que se sucederam na busca de um diploma na área civil, que na maioria das vezes, funciona como vasos comunicantes fluindo a vida da caserna à outra parte da sociedade e dela sorvendo o néctar que deve fortalecer o espírito de brasilidade, integração de uma grandiosa Nação.
Laborioso, deixou 13 obras sob o título Os monumentos Nacionais, Imprensa Militar, 1947 que hoje integram as coleções de Obras Raras das bibliotecas, não se limitando aos aspectos iconográficos, nem aos componentes paisagístico, descritivo e turístico. Não.
Veramente é parte integrante da Geografia e da História locais.
Como ilustração, cita-se a criação da distante Cruzeiro do Sul no portal do Acre que nos apresenta uma contribuição colhida da obra do Marechal, além de servir de fonte a outras publicações em diversas bibliografias, irradiando a cultura e elevando o nome do Exército:
“As contendas entre brasileiros e peruanos tiveram fim com a expulsão destes, estabelecidos em posto militar na foz do rio Amônea, após forte combate travado naquele local, no dia 5 de novembro de 1904, entre tropas brasileiras do 15° Batalhão de Fronteiras do Exército, reforçadas pela ajuda dos proprietários importantes dos arredores e as forças peruanas do posto militar, que totalizavam 80 homens armados e municiados”.
Prestou serviço na museologia nacional e na do Exército, foi Presidente do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Diretor-Tesoureiro da Sociedade Brasileira de Geografia, membro-titular da Academia Guanabarina de Letras e da Academia de Letras de Marquês de Valença, além de sócio correspondente de instituições estrangeiras.
Deixa como legados, entre tantos atributos, a perseverança e um expressivo exemplo de família bem constituída, de origem pobre, neto e bisneto de escravas, mas que pais e filho, único que era, deram prioridade ao trabalho e ao estudo, vencendo barreiras de toda a ordem; nascido em 1900, 12 anos após a Abolição, já era cadete em 1918 deste nosso Exército que abraça a todos nós brasileiros indistintamente, de origem africana, européia, americana e asiática, ricos e pobres; foi declarado Aspirante a Oficial em 1921 e promovido a General em 1955, coroando a exitosa carreira.
Por oportuno, há que se destacar nesta solenidade em homenagem aos oficiais R/2, que o ilustre militar foi também instrutor, como voluntário, do CPOR à época da sua fundação, ao mesmo tempo que era aluno na Escola de Estado-Maior.
Um homem nobre, um militar de escol, um educador que tem o seu nome perpetuado em colégio estadual em Coelho Neto, na cidade do Rio de Janeiro.
Exemplo de vitória da consciência humana, transparente como a alma, pura, inodora, insípida e incolor.
(*) Apresentado em Sessão Solene da AHIMTB
em 30/11/2006 no Museu Militar Conde de Linhares
Vista da Mesa que presidiu
a Sessão Solene
Ten R/2 Sergio Pinto Monteiro, Presidente do CNOR
Cel Leonardo Andrade, Diretor do Museu
Cel Nilton Freixinho
Gen Domingos Ventura, Pres Cons Nac Ass Ex-Comb
Gen Gleuber Vieira
Cel Claudio Moreira Bento, Pres AHIMTB
Gen Geraldo Nery, Coord do PHOEx
Cel Sergio Gomes Pereira, Pres CD / ANVFEB
Vet Alain Mirabet Viallon- França
Vet Gerald Goldstein – USA
Cel Ernesto Caruso, Delegado AHIMTB - RIO
RECEPÇÃO DO ACADÊMICO TEN R/2 ISRAEL BLAJBERG
Pelo Acadêmico Gen Ex Gleuber Vieira
SAUDAÇÃO AO ACADÊMICO ISRAEL BLAJBERG
(Nominata)
Este momento que protagonizamos – eu e Israel Blajberg – reproduz, guardadas as proporções, outros que vivemos há pouco mais de quarenta anos. Eu, como capitão instrutor do curso de artilharia no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Rio de Janeiro, CPOR/RJ, diante de um púlpito semelhante a este, e ele, entre seus companheiros de curso, como atento aluno na aprendizagem de técnicas e táticas de artilharia.
Hoje nos encontramos em situação relativa semelhante, mas as analogias aí se encerram, pois os circunstantes, tanto quanto os propósitos, são outros. Eu e ele aqui estamos, carregando o peso dos anos e com o mesmo entusiasmo e os elevados ideais que pautaram nossas carreiras, porém hoje com a presença, não mais dos universitários que em nosso órgão de formação de oficiais da reserva aprendiam as coisas da vida castrense, mas de companheiros, acadêmicos, familiares e amigos do homenageado. Desta vez, as missões são outras e a minha, não menos empolgante e honrosa.
Cabe-me o privilégio de, em nome da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, tarefa que cumpro com a responsabilidade de acadêmico e o regozijo de admirador, cumprimentá-lo pela justa conquista e, em fraterna saudação, lhe estender o gesto de boas-vindas desta casa de estudos, justa e oportunamente neste velho quartel, templo de história, hoje Museu Militar Conde de Linhares, berço de tantas organizações que fazem parte da história do Exército Brasileiro, entre elas o CPOR/RJ.
O novo acadêmico, Israel Blajberg, é natural do Rio de Janeiro, filho de imigrantes poloneses naturalizados brasileiros. Compartilha as alegrias familiares com a esposa D. Marlene Rubinstejn, quatro filhos e três netos.
Fez seus estudos básicos no Colégio Arte e Instrução, tradicional estabelecimento de ensino dirigido por lembrado educador, Ernani Cardoso. Formou-se em engenharia eletrônica e de telecomunicações pela Escola Nacional de Engenharia da Universidade do Brasil em 1968, vindo, posteriormente, a se especializar em engenharia econômica.
Iniciou suas atividades profissionais na ITT Standard Electric e na Ecodata, adquirindo especial vivência nas áreas gerencial e técnica. Em 1975, ingressou por concurso público nos quadros do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, desenvolvendo sua competência sobretudo nas áreas social e de planejamento.
Hoje ocupa o último nível da carreira no Banco, trabalhando mais recentemente no campo do meio-ambiente, dirigindo análises e estudos de projetos.
Ao longo da profícua carreira realizou inúmeros cursos de especialização e extensão de conhecimentos no país e no exterior, particularmente nos EUA e no México. Paralelamente, exerceu e vem exercendo, na qualidade de engenheiro-chefe, funções de consultoria pertinentes à sua profissão, assim como o magistério público federal na qualidade de professor na Universidade Federal Fluminense (UFF).
Dinâmico e dotado de extraordinária disposição sinérgica, integra conselhos e assessorias de diversas associações e comissões às quais empresta o brilho de seu intelecto e o entusiasmo de suas convicções.
A versatilidade intelectual do acadêmico Israel Blajberg o autoriza a participar assiduamente de seminários, encontros, simpósios e conferências sobre as mais variadas temáticas, entre elas – e com destaque – as de conteúdo militar, ensejando e valorizando seu ingresso nesta Academia.
Do mesmo modo, sua disponibilidade o faz reconhecido em todas as partes onde sua participação é desejada e encarecida, desaguando no amplo rol de títulos, citações, diplomas e medalhas que por mérito pleno lhe foram outorgadas por entidades militares e civis. Mas é particularmente sua produção literária de marcante veio histórico que merece citação pormenorizada e a atenção de quantos hoje aqui estão para justamente homenageá-lo.
Sua atividade não se restringe à historiografia militar, alvo precioso da AHMTB, mas abrange áreas diversas, bem afirmando a amplitude de sua cultura e competência. Assim é que seus trabalhos transitam pela abordagem de aspectos idos e atuais do labor das forças armadas, contemplam as forças auxiliares e alcançam as raízes da comunidade judaica neste país e sua interação com a sociedade brasileira, notadamente com o segmento castrense.
Produziu capítulos de livros, artigos e ensaios publicados em inúmeros jornais e revistas de circulação em meios militares. É autor de amplo, instigante e extraordinário trabalho sobre Rondon intitulado “De Rondon à Embratel – soldados das telecomunicações”, no qual aborda a epopéia da interligação do Brasil.
Dentro da temática naval, apresentou penetrantes e interessantes crônicas sobre a Força Aeronaval, o poder naval e a vida do submarinista. No campo aeronáutico, apreciou o longo caminho do zepelin ao AMX em feliz remissão à história da Base Aérea de Santa Cruz e historiou a formação de nossos aviadores até chegar à Academia da Força Aérea, AFA.
Não esqueceu as forças auxiliares, destacando facetas muitas vezes esquecidas ou ignoradas do trabalho realizado por seus integrantes, narrando passagens relevantes da vida das organizações policial-militares e de bombeiros.
Pesquisador e estudioso da história e genealogia judaica e sua inserção na sociedade brasileira soube identificar sua afinidade com nossas forças armadas, apreciando pontos de contato, exaltando a participação de ex-combatentes brasileiros de origem judaica na Segunda Guerra Mundial e reverenciando suas memórias. Com sensibilidade e perspicácia se fez testemunha de hipotético encontro do Duque de Caxias com Moisés na paróquia do Engenho Velho.
Mas é no campo da história militar terrestre brasileira, antiga e contemporânea, da qual se fez sempre presente e atilado CRONISTA – saliento, verdadeiro CRONISTA – que vamos identificar a veia verde-oliva de nosso homenageado. Em realidade, o acadêmico Israel Blajberg desenvolve, em sua obra, uma palpitante interpretação da micro-história militar contemporânea.
Oficial da reserva de nosso Exército, freqüentou, como já assinalado, as salas de aula do Curso de Artilharia do CPOR/RJ, neste mesmo quartel onde hoje nos reunimos. Com sua personalidade rica em valores e conceitos que fundamentam o caráter militar e embasam as instituições de natureza permanente como o EB, ajustou-se com facilidade à vida da caserna, aprendeu a amar o verde-oliva, a ouvir reverente o troar dos canhões de sua arma, a ouvir respeitoso e contrito os hinos e canções que marcam os rituais militares, enlevam a alma e depuram o coração. Declarado Aspirante-a-Oficial como 02 da artilharia na turma Marechal Rondon, estagiou no 3º GAC, Forte de Copacabana, encerrando seu tempo de serviço militar que abrangeu o período de 1963 a 1966. Eu diria que foi seu tempo de serviço militar fardado, pois continua espontaneamente a servir à Força Terrestre com o mesmo entusiasmo daquele jovem Aspirante.
Portanto, não há razão para se estranhar sua intensa participação na construção e preservação da ponte, hoje sólida e próspera, que aproxima – mais que isso, liga – os segmentos da oficialidade da ativa e da reserva de nosso exército. Em inúmeros trabalhos que apreciam passagens e situações vividas como aluno e oficial, mantém-se fiel aos ideais de Correia Lima, exaltando os preceitos de cidadania hauridos ao longo de sua vida profissional.
É bem conhecida e louvada a forma como se ocupa da função de colaborador e assessor em organizações como a Associação de Ex-Alunos do CPOR/RJ, o Conselho Nacional de Oficiais da Reserva do Brasil, a Associação Cultural de Ex-Alunos do CPOR/RJ, a Fundação Cultural Exército Brasileiro, FUNCEB, a Associação Nacional de Veteranos da FEB, a Associação dos Ex-Combatentes do Brasil, a Associação de Diplomados pela Escola Superior de Guerra, ADESG, e tantas outras ligadas às suas atividades profissional e intelectual.
É infatigável operário na obra de preservação e divulgação da memória dos ex-combatentes brasileiros junto a todos os públicos com os quais interage: entidades civis, oficialidade da reserva, estabelecimentos militares de ensino, organizações militares das três forças armadas.
Seus trabalhos são encontrados em inúmeras publicações civis e militares e em sites conceituados na Internet, como os do Exército, da FAB, do Clube Militar, “A Continência”, Ternuma, Veteranos da Bda Pqdt, e outros mais.
De sua obra, merecem citação destacada, pela pertinência com o escopo da AHMTB, artigos e ensaios como:
- resenhas de monografias de conteúdo histórico-militar apresentadas por oficiais em estabelecimentos de estudos e pesquisas do exército;
- “Batalhão Suez”;
- “Real Academia Militar de Artilharia; Fortificações e Desenho”;
- “Reminiscências da Real Academia. Breve histórico do Instituto Militar de Engenharia, IME”;
- “IME e Escola Nacional de Engenharia”;
- “Os Dezoito do Forte”;
- “Só a Praia Era Vermelha”;
- “O Batalhão do Imperador”;
- “Visitando Eternos Heróis”;
- crônicas diversas sobre o CPOR/RJ.
Sempre presente em cerimônias de relevo para a Força Terrestre, tem acompanhado e registrado em precisas, entusiasmadas e lúdicas apreciações as comemorações de efemérides da artilharia brasileira, exaltando datas nobres da arma, seu patrono Mallet e artilheiros de destaque na história da Arma.
Agudo espírito de observação e pendor literário lhe permitiram colocar no papel, com a inconfundível lucidez, seu testemunho como estagiário da Escola Superior de Guerra no valioso trabalho “História Esguianas”. Ali, a par de relatar o curso das atividades escolares e viagens então realizadas, comenta com sutileza e graça a interação entre integrantes civis e militares dos quadros daquele estabelecimento, enquanto seu coração auriverde explode na exaltação da grandeza visitada do gigante Brasil.
Certamente não se esgota nestas linhas, nesta breve saudação de acolhida, a bagagem profissional e histórico-literária que o novo acadêmico soube construir e aprimorar com a competência própria dos profissionalmente bem formados e com a pertinácia dos firmes de caráter. Muito mais, com certeza, produzirá agora como acadêmico da AHMTB em proveito deste fórum de conhecimento, satisfazendo sua própria sede de saber, registrar e transmitir sob a ótica insubstituível da história sua percepção dos fatos passados e contemporâneos. Poderá simultaneamente saciar sua permanente ânsia de exaltar o Brasil, suas forças armadas e a Força Terrestre brasileira.
Disso estamos certos nós que hoje, aqui presentes, compartilhamos com o acadêmico Israel Blajberg a alegria de mais uma conquista, pelo que o cumprimentamos afetuosamente.
Como todos nós que nos voltamos para a grandeza do país e que pelo instrumento da história procuramos contribuir para tal fim, Israel Blajberg continuará pautando sua atividade literária pelo respeito ao passado, como forma de valorizar o presente e construir o futuro.
A AHMTB abre pressurosa suas portas para saudá-lo e recebê-lo. Venha enriquecer esta casa de busca do saber com o aporte do conhecimento, da vocação e da inteligência que ornam sua pessoa.
Bem-vindo, acadêmico Israel Blajberg.
Acadêmico Israel Blajberg
Acadêmico Gen Ex GLEUBER VIEIRA
Cel Claudio Moreira BENTO, Presidente da AHIMTB
Gen Geraldo NERY, Coordenador do Programa de História Oral do Exército
Cel. Inf SÉRGIO Gomes Pereira, Pres do Conselho Deliberativo da ANVFEB
Vet ALAIN Mirabet Vialon, Pres Association Française des Anciens Combatants
ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL – AHIMTB
Delegacia Rio de Janeiro - Marechal João Batista de Matos
SESSAO SOLENE
HOMENAGEM AOS OFICIAIS R/2 E POSSE COMO ACADÊMICO DO
2º TEN R/2 ISRAEL BLAJBERG
Quinta-Feira 30 nov 2006 as 1400h
Mus Mil Cde de Linhares - Av Pedro II, 383 - São Cristóvão
Oração de Posse do Novo Acadêmico
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
2. AO PADRINHO Cel Luiz Castelliano de Lucena
3. DO PATRONO Cel Mario Clementino
4. AO ANTECESSOR E PRIMEIRO OCUPANTE DA CADEIRA
Cel Nilton Freixinho
5. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS OFICIAIS R/2
6. AO INTRODUTOR Gen Ex Gleuber Vieira
Exmo. Sr. Acadêmico Gen Gleuber Vieira, meu Instrutor no CPOR/RJ
Exmos Srs Of Gen
Ilustre Acadêmico Emérito Cel Cláudio Moreira Bento, Presidente da AHIMTB
Ilustre Coronel Nilton Freixinho, ora elevado a Acadêmico Emérito, a quem tenho a honra de suceder,
Ilustre Acadêmico Emérito Coronel Luiz Castelliano de Lucena, que nos concede a honra do apadrinhamento
Ilustre Cel R/1 de Infantaria Leonardo de Andrade, Diretor do MMCL,
Ilmos Srs Acadêmicos, Coronéis, Ex-combatentes, Ex- Cmt e Instrutores, Demais Oficiais da Ativa, da Reserva e R/2
Senhoras e Senhores,
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Ao ser eleito para ocupar a Cadeira cujo patrono é o insigne Cel Mario Clementino, entendi que a maior credencial para ser alvo de tão honrosa indicação devia-se precipuamente a ter tido a oportunidade impar de integrar as fileiras dos discípulos de Correia Lima, ingressando na Reserva Atenta e Forte do nosso Exército.
Isso porque é sempre louvado nos conceitos de cidadania hauridos nesta Casa que interpreto a micro historia militar contemporânea, nossa área primaria de atuação
Sou dos que consideram fundamental para a nacionalidade a preservação e divulgação entre as novas gerações da memória ainda tão recente dos nossos bravos ex-combatentes.
Ao relato das suas efemérides militares, bem assim aquelas alusivas entre outras, as nossas vivencias junto aos Oficiais R/2, a Artilharia de Mallet, a Escola Superior de Guerra, a Real Academia Militar da qual a nossa Polytechnica é digna sucessora, modestamente dedico meus esforços.
Hoje vejo que eles frutificaram, eis que nesta sessão solene vem o reconhecimento da Academia aos cidadãos brasileiros que ao longo de 80 anos conduziram a bandeira um dia desfraldada pelo Cel Correia Lima.
A riqueza deste momento é ainda maior quando sabemos que ora transcorrem os 10 anos da fundação da AHIMTB, esta notável instituição fundada pelo Coronel Cláudio Moreira Bento, eminente filho de Canguçu, que dos recônditos dos pampas veio a ingressar na AMAN, inicio de uma relevante carreira na Arma Azul-Turquesa, e que após tantos bons serviços prestados a Força Terrestre e ao Brasil, retornou aquela mesma Resende, aonde veio a consolidar esta importante realização que é a AHIMTB, fruto de incansável dedicação ao longo da sua carreira a Historia Militar Terrestre do Brasil.
Ao Cel BENTO, desejo tornar público o nosso agradecimento pela eleição para integrar a AHIMTB, proporcionando-nos ao mesmo tempo a responsabilidade e a oportunidade de estudar e pesquisar a HMTB sob a égide desta conceituada Instituição.
Enfim lutaremos pela AHIMTB na condição de sermos seu acadêmico e não estarmos simplesmente acadêmico, como nosso Presidente costuma referir.
2. AO PADRINHO Cel Luiz Castelliano de Lucena
Fui distinguido pelo Acadêmico Cel Luiz Castelliano de Lucena, com a aceitação do nosso apadrinhamento nesta sessão solene.
Eminente Engenheiro Militar, da turma de 1955 da antiga Escola Técnica do Exercito completou ano passado 50 anos de formatura, e no próximo mês de dezembro, sua turma da AMAN de 1946 completa 60 anos, a primeira formada integralmente em Resende.
Destacado Acadêmico, é autor de rico trabalho sobre o IME.
Em sua pessoa desejo homenagear os colegas Engenheiros Militares, assim como os diplomados pela tradicional Escola Polytechnica do Largo de São Francisco também oriundos de raízes comuns, já que ambas escolas se originam da Real Academia Militar de Artilharia, Fortificação e Desenho, já há mais de 200 anos iniciando em 1792 o ensino da Engenharia nas Américas, a principio na Casa do Trem da Artilharia, transferindo-se em 1810 para o Largo de São Francisco, de onde se originaram por sucessão continua o IME da Praia Vermelha, a AMAN de Resende e a Escola Politécnica da Ilha do Fundão.
Com muita propriedade, da Escola do Largo da Cruz de São Francisco saíram nove de seus alunos para integrar a FEB.
Hoje, na A3P, a estatueta do Aluno de Engenharia Expedicionário, ladeada pela Bandeira Nacional, recebe logo a quem adentra o tradicional prédio do Largo.
Não foi por acaso que ao lançar a idéia da criação do CPOR, o então Cap Correia Lima viesse a nossa Polytechnica buscar o apoio de que tanto necessitava, e que realmente encontrou, sendo prontamente acolhido.
Ao Cel Castelliano portanto, o nosso reconhecimento e admiração pelo importante trabalho realizado, a ser preservado com o zelo dedicado as grandes obras de referência.
3. DO PATRONO Cel Mario Clementino
A Cadeira que me é dada a honra de ocupar tem como Patrono o Cel Mário Clementino de Carvalho, ligado desde a fundação à Revista A Defesa Nacional, projeto do qual como secretário do Clube Militar foi dos maiores entusiastas, segundo o Marechal Estevão Leitão de Carvalho.
Em 1913, ainda Capitão, Clementino redigiu os primeiros editoriais da Revista A Defesa Nacional.
Os cadetes da Escola Militar do Realengo dos anos 10 e 20 tiveram o privilégio de tê-lo por mestre de História Militar, ele que em 1931 editaria a obra Lições de História Militar-Notas de Aula (Rio, EME, 1931). A AHIMTB possui em seu acervo a obra em foco, na qual estudaram História Militar as gerações egressas do Realengo 1913-31.
Personagem hoje esquecido, torna-se pois mandatário o resgate e culto da memória deste ilustre mas relativamente pouco conhecido soldado e escritor de tanta projeção cultural e profissional militar.
Era um dos integrantes do grupo que tinha como expoente o citado Marechal Estevão Leitão de Carvalho, formado por oficiais brasileiros que participaram das três turmas enviadas à Alemanha em 1906, 1908, e 1910.
Ao retornarem, estes oficiais ficaram sendo conhecidos como “os jovens turcos” e fundaram em 1913 uma revista, A Defesa Nacional, que trazia então artigos sobre os ensinamentos colhidos na Alemanha, e traduções de textos doutrinários e sobre a indústria bélica germânica.
O Grupo Fundador de A Defesa Nacional – Revista de assuntos militares teve como primeiros redatores os tenentes Estevão Leitão de Carvalho; Mario Clementino de Carvalho; Joaquim de Souza Reis; Bertholdo Klinger; Francisco de Paula Cidade e Euclides Figueiredo entre outros.
A Defesa Nacional chegou a competir em importância com o próprio Boletim do Estado-Maior, órgão oficial do Exército.
Desde a Guerra do Paraguai (1865 – 1870) a influência alemã era marcante no Exército Brasileiro, entretanto com a vitória francesa na 1ª Guerra Mundial, o panorama se modificou, com a França passando a orientar a doutrina militar brasileira, com a chegada da “Missão Francesa” em 1918, o que levou a um profundo processo de reestruturação de Exército brasileiro.
Já nesta época, o pioneirismo dos jovens turcos se revelava, refletido nas páginas da ADN, mostrando a necessidade de indústrias siderúrgicas no país, a fim de garantir suprimento de material bélico, até então adquirido no exterior, como nas casas Krupp e Schneider.
Num pais rural dependente da Europa para suprir doutrina e tecnologia militar, os jovens turcos começavam a escrever na ADN as paginas iniciais do genuíno pensamento militar brasileiro,
Meio século mais tarde figuras como o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco consolidariam uma doutrina tupiniquim que encerraria em definitivo as sucessivas influências externas alemã e Francesa, sucedidas após a II Guerra Mundial pela doutrina americana.
Aos jovens turcos, os precursores, devemos o inicio desta longa jornada que em 2005 completou 1 século, na ECEME da Praia Vermelha, e da qual Clementino certamente é um dos mais significativos representantes.
Mario Clementino de Carvalho nasceu no Rio de Janeiro aos 07 de março de 1876.
Em 1888, aos 12 anos, foi admitido na Escola de Aprendizes de Artilheiros da Fortaleza de São João, sempre aprovado publicamente com distinção. Cursou em seguida a Escola Militar da Capital Federal e a Escola Militar de Ceará.
Por ocasião da Revolução de 1893, como aluno da Escola Militar do Ceará fez parte do contingente embarcado a bordo Cruzador Nictheroy.
Aprovado com distinção na Escola Militar do Ceará, em 03-11-1895, aos 19 anos, foi promovido ao posto de Alferes por serviços prestados à República, da arma de Infantaria
Autorizado a prosseguir estudos na Escola Militar de Porto Alegre e Escola Militar da Capital, desde que não houvesse incompatibilidade dentro do horário em vigor, em 1900 conclui o curso geral, sendo-lhe conferido o grau de Bacharel em Matemática e Ciências Físicas
O alvorecer do séc. XX o alcança na Comissão da Construção do Sanatório no Estado de São Paulo, seguindo-se a Comissão de Linhas Telegráficas no Estado do Paraná.
Em 1904 torna-se Auxiliar da Direção da Engenharia, na Capital Federal, passando a servir no Gabinete, acumulando como coadjuvante do ensino teórico na Escola Militar do Brasil.
Em 1905 serve como Alferes em comissão no Ministério da Viação e Obras Públicas a bordo da Esquadra Legal em operações na costa brasileira, no comando do Cel de Artilharia Adolpho Lins, percebendo soldo e gratificação de 15 mil e 500 reis da Marinha.
Nos anos seguintes alternaria comissões em corpo de tropa com o magistério militar.
Nomeado membro da Banca Examinadora de Ensino Prático da Escola Militar, ao que se segue a sua transferência para o 3º Batalhão de Infantaria em Rio Grande, onde exerceu a função de Instrutor-Geral e mais tarde Cmt da 4ª. Cia.
Retornando a Direção Geral da Engenharia na Capital Federal é designado para viagem de Estudos aos EUA, sendo em 1908 promovido ao posto de 1º Tenente.
Em 1910 ao retornar de viagem de estudos a Europa é nomeado Auxiliar do Grande Estado Maior do Exército e designado para servir na 1ª Seção.
Em 1912 é promovido ao posto de Capitão e nomeado para reger a cadeira de prática da língua inglesa da Escola de Artilharia e Engenharia, época em que inicia a sua colaboração na ADN.
Seguem-se funções na Companhia Regional do Alto-Acre, em Rio Branco, e no 53º Batalhão de Caçadores em Lorena, alternando com os bancos escolares, sendo em 1916 nomeado para exercer internamente o cargo de professor da 4ª aula do 2º ano do curso da Escola do Estado Maior.
Mais uma vez retorna a tropa, no 15º Batalhão do 5º Regimento em Florianópolis, e no Comando do 14º Batalhão do 5º Regimento em Itajaí.
Em 1918 segue para a Capital Federal para servir adido a Escola Militar em virtude da extinção da Escola Pratica do Exército da qual era professor, assumindo a regência da aula de inglês e turmas do 1º e 2º ano do curso fundamental
Em 1919 é nomeado vitaliciamente professor da Escola Prática e do Exército, sendo reformado a pedido no posto de Major.
Em 1931 é mandado reverter ao serviço ativo do Exército, promovido a TCel a contar de 1928, e a Cel em 1930, devendo figurar no Almanaque da Guerra entre os coronéis Colatino Marques e Estevam Leitão de Carvalho
Em 1932 sob o comando do Gen Artur Silio Portela, este o louvou pelo esforço e dedicação que dispensou com a preocupação de bem servir o Exército no preparo de seus oficiais. As lições que professava eram eloqüentes atestados de um grau de cultura que muito honrou o corpo de docentes militares.
Em 1934 foi louvado pelo Cel Francisco José Pinto ao deixar o Comando das Escolas Técnicas do Exército e Militar Provisória por ter assumido a chefia do Gabinete do Min da Guerra: “peço neste instante permissão ao Snr Cel Mario Clementino, muito digno professor da 5ª aula do 3º ano para testemunhar-lhe a minha profunda admiração pelo cabal desempenho e inexcedível competência com que rege a referida aula. Esses predicados que ornam o Snr Cel Mario Clementino não constitui para mim nenhuma novidade. Desde o seu ingresso no oficialato de Exército Brasileiro, que me habituei a ver, muito justamente, pela sua vasta cultura intelectual e Professional e pela inteireza de seu diamantino caráter, como um dos expoentes da nossa classe e um dos mais brilhantes ornamentos do quadro de professores militares”.
Em 1934 foi ainda nomeado para constituir a comissão examinadora da 5ª aula – História Militar – do 3º ano da E.M.P.
Em 1936 foi transferido para a reserva, visto ter atingido a idade limite para o Serviço Ativo do Exército.
A melhor homenagem que poderíamos dedicar a CLEMENTINO seria relembrar alguns trechos de seus notáveis escritos, dos quais selecionamos pela originalidade e relevância o artigo de Mario Clementino de Carvalho que abre ADN na ‘seção editorial’; tanto na primeira quanto na revista de nº 2 , ao final do ano de 1913.
Suas palavras, escritas há quase um século, permanecem extraordinariamente atuais:
Vasto pois fértil, opulento e formoso, com 1200 léguas de costa, abertas as incursões do lado do mar; com extensas linhas fronteiriças rebeldes, do outro lado das quais se agitam e progridem muitos povos também em formação – não seria absurdo admitir a hipótese de que o Brasil viesse um dia a encontrar um sério obstáculo as suas naturais aspirações de um desenvolvimento integral.
E nesse dia, que pode estar próximo ou remoto... o Brasil não poderia contar senão com as suas próprias forças, isto, é, com a sua organização militar.
Ma a questão tem ainda um terceiro aspecto: o exército, num país como o Brasil, não é somente o primeiro fator de transformação político-social, n em o principal elemento de defesa exterior, ele tem igualmente uma função educativa e organizadora de exercer na massa geral dos cidadãos um bom exército e uma escola de disciplina hierárquica, que prepara para a disciplina social; e é ao mesmo tempo uma escola de trabalho, de sacrifício e de patriotismo.
Um exército bem organizado é uma das criações mais perfeitas do espírito humano, porque nele se exige e se obtém o abandono dos mesquinhos interesses individuais, em nome dos grandes interesses coletivos; nele se exige e se obtém a entidade homem, de ordinário tão pessoal e egoísta, se transfigure na abstração dever; nele se exige e se obtém bens que é a vida, em nove do princípio superior de pátria.
Evoca a história da pátria que houve um sucesso parcial ou relativo na tentativa de organizar um Exército regular. Diz que os 24 anos de administração republicana evidencia esta necessidade.
“Essa convicção geral repercutiu no seio do Exército, e nós começamos a trabalhar de 89 pra cá. Temos gastado nesse período 1 milhão e 500 mil contos aproximadamente: fizemos 2 reorganizações gerais, algumas parciais; o regulamento das escolas militares foi reformado 4 vezes: 2 vezes no sentido de dar ao ensino teórico 1 importância maior que ao ensino prático e 2 vezes no sentido contrário. Alteramos várias vezes o plano de uniformes e os regulamentos da armas. O de arma de infantaria foi transformado 4 vezes; e há soldados de 20 anos de praça (por que os na!) 9 sabemos 4 instituições dessa arma. Enfim ..., temos trabalhado.”
O autor diz que o Exército atual não corresponde às necessidades e que o país está indefeso
A revista significa o “verdadeiro ponto de partida”.
“Não queremos ser absolutamente, no seio da nossa classe, uma horda de insurrectos dispostos a endireitar o mundo a ferro e fogo – mas um bando de ‘Cavalleros da Idéia’ que saiu a campo armado, não de uma clava, mas de um argumento; não para cruzar ferros, mas para raciocinar; não para contundir mas para convencer.
Foi com estas idéias que resolvemos fundar esta revista.”
E de sua obra Lições de História Militar-Notas de Aula (Rio, EME, 1931), destacamos uma observação onde critica ao bacharelismo que se implantou no ensino no Exército de 1874 até 1905, com os bacharéis em Ciências Físicas e Matemáticas procurando nestas soluções para problemas de Arte Militar, como bem definiu Mário Clementino:
“A Arte da Guerra exclui qualquer esquematismo. E não há maior perigo do que se pretender querer conduzir uma campanha com régua e compasso, como quem faz geometria ..."
Exemplificando o pensamento do mal Ferdinand Foch transcrito antes, escreveu:
"Durante os períodos de paz mais ou menos longos, é do estudo meditado da História Militar que os comandos dos exércitos se preparam para as eventuais campanhas futuras.
Esse estudo é de tal forma proveitoso que se têm visto exércitos que durante largo tempo só estudaram a guerra nos livros, baterem em campanhas recentes exércitos aguerridos, porém que deram mostras de menosprezo ao estudo teórico dos princípios da Arte da Guerra.
De 1815-1866 o Exército da Prússia não tinha ido à guerra. Entretanto venceu com notável maestria em 1866 o Exército da Áustria que vinha de realizar a campanha de 1859.
O Exército do Japão só aprendeu a Arte da Guerra com a experiência alheia, adquirida de missões militares alemã e francesa. E na Manchúria revelou conhecimento completo da Arte da Guerra e fez campanha notável sob todos os pontos de vista.
Não se deve concluir disto que a mera acumulação na memória dos fatos da História Militar confira a capacidade para comandar exércitos. Se assim fosse seria fácil ser um general cabo de guerra. Mas não é isto!
A Guerra é produto de um conjunto de circunstâncias múltiplas e várias, e o que se pode afirmar é que nenhuma campanha se reproduz da mesma forma no espaço e no tempo, de modo que possa ser copiada ou rigorosamente imitada de campanhas recentes.
O que interessa no estudo da História Militar, no mais alto nível, é a capacidade de discernir, destacar e isolar os princípios da Arte da Guerra que regem o fenômeno, da massa enorme de fatos que deles se depreendem, como uma emanação espiritual. (N. – é o que nosso Presidente Cel Bento classifica como História Militar crítica).
E mesmo depois que se fez isso,depois que os Princípios da Arte da Guerra foram isolados,destacados e compreendidos ,aqueles que aspiram as culminâncias da Arte Militar tem de ir um pouco além.
Tem que penetrar-lhes (Princípios da Arte da Guerra ) em seu senso filosófico e por vezes esotérico,sua estrema elasticidade diante das circunstâncias ,o seu relativismo inflexível,os seus conflitos mútuo-aparentes ou reais,os paradoxos a que eles por vezes conduzem e, ao lado disso , o seu carácter imutável e eterno, a sua incoercibilidade irredutível em determinadas emergências ,a implacabilidade de seus decretos ,as conseqüências desastrosas que às vezes acompanham as suas mais elementares infrações.
Tudo isto deve o general discernir e compreender em meio do tumulto e do entrechoque dos motivos ,os mais diversos ,que entram no fenômeno da guerra:
motivos/psicológicos,biológicos,industriais,geográficos,topográficos.climatéricos,místicos,políticos e outros....
Assumindo a Cadeira patroneada pelo Cel Mario Clementino, recordar a sua trajetória pioneira será sempre o melhor estímulo para prosseguir nos dedicando a Historia Militar do Brasil.
4. AO ANTECESSOR E PRIMEIRO OCUPANTE DA CADEIRA - Cel Nilton Freixinho
Primeiro ocupante da Cadeira cujo Patrono é o Cel Mario Clementino, tem sido notável a atuação do Cel Nilton Freixinho na ACADEMIA e o orgulho que manifesta em pertencer a seus quadros e a exaltar a sua importância. Dono de extensa e rica biografia, é agora muito merecidamente elevado à condição de Acadêmico Emérito.
Historiador e pensador militar e político fecundo, o Cel Freixinho enriqueceu a bibliografia da História do Brasil, com repercussões em sua História Militar, em alentadas e valiosas obras de História crítica do Brasil:
“O Poder Permanente da História”, apresentado por Austregésilo de Athayde "como original e do nível dos estudos que se fazem nos melhores centros universitários da Europa e EUA";
“Brasil os Difíceis Caminhos da Integridade”, que serve de modelo de História Militar crítica das lutas que o Brasil enfrentou para preservar a sua Integridade ao longo do processo histórico, “500 anos depois de Gabriel Soares de Souza”, um modelo de História crítica de estudo do passado, para entender o presente e projetar o futuro, no caso a ameaça do destino de grandeza Brasil pelo seu retardo econômico, tecnológico e industrial para enfrentar a cobiça manifestada por potências altamente industrializadas."
A vida do Cel Nilton Freixinho foi dedicada a carreira militar, seguindo-se 17 anos em que colaborou na Itaipu Binacional, depois abraçando a literatura.
Nascido no Rio de Janeiro – na época capital do país – às vésperas da década de 20 do século passado, Freixinho escolheu ser militar. Concorrendo com 1.200 candidatos, foi um dos 90 selecionados para cursar a tradicional Escola Militar de Realengo.
Declarado aspirante a oficial, teve sua primeira ligação afetiva com o Paraná: escolheu servir na guarnição de Curitiba. Nomeado instrutor, foi mais tarde transferido para o Rio de Janeiro, promovido a 1º tenente e designado ajudante de ordens do ministro da Guerra, Gen Dutra.
Freqüentou a Escola de Estado Maior e concluiu o curso entre os mais bem avaliados da turma. Permaneceu na Escola como instrutor até ser incluído, aos 28 anos de idade, no Quadro do Estado Maior, onde consolidou sua carreira militar.
Designado para uma comissão no exterior, o Cel Freixinho esteve nos Estados Unidos, em Fort Leavenworth, onde foi assistente de editor da edição brasileira da Military Review. Nessa função foi promovido a major.
Candidatou-se ao Curso de Comando e Estado Maior do Exército Norte-Americano classificando-se com destaque em uma turma de 630 alunos, dos quais 500 eram oficiais norte-americanos.
De volta ao Brasil, integra a primeira turma de estagiários do Curso de Estado Maior e Comando das Forças Armadas (CEMCFA).
Promovido a tenente coronel, serve pela segunda vez no Paraná, comandando o Grupo de Artilharia da Lapa.
De volta ao Rio de Janeiro, presta serviço no Departamento Geral de Ensino, é promovido a coronel, por merecimento, e integra o Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (ESG).
Encerra a carreira militar em Brasília, no Departamento geral de Economia e Finanças do Exército.
Em seguida, o Cel Freixinho iniciou na Itaipu Binacional a segunda grande fase de sua vida profissional, a serviço do nascente projeto brasileiro–paraguaio, convocado pelo general José Costa Cavalcanti, primeiro diretor-geral brasileiro, para, já em janeiro de 1975, organizar, colocar em funcionamento e dirigir a Gerência do Acompanhamento Físico-Financeiro do gigantesco empreendimento
Quando, mais tarde, Costa Cavalcanti foi substituído por Ney Braga, este confirmou sua continuidade na importante função, na qual permaneceu até ser posta em funcionamento a 18ª unidade geradora, a última da primeira etapa da construção dessa obra de fundamental importância para o desenvolvimento do nosso país, quando ao ver concluída a honrosa missão, avaliou ter chegada a hora de encerrar este profícuo capítulo da sua laboriosa trajetória profissional.
Ao deixar o serviço ativo de Itaipu em 1975 - 1990, o Cel Freixinho encontrara motivação para aprofundar estudos sobre a política de poder na nação.
Com inestimável apoio de sua esposa, Therezinha, valente pernambucana naturalizada carioca, segundo relata, publicou seis livros:
O Poder Permanente da História (1992)
Os Difíceis Caminhos da Integridade – Brasil (1994)
Instituições em Crise – Dutra e Góes Monteiro, duas Vidas Paralelas (1997)
As Transformações do Pensamento Brasileiro – uma Investigação(1999)
500 anos depois de Gabriel Soares de Souza – a Ânsia do Progresso e
o Estigma da Pobreza (2001)
O Sertão Arcaico do Nordeste do Brasil – uma Releitura (2003) – prefaciado pelo Acadêmico Antonio Olinto
Concomitantemente com suas atividades de historiador, o Cel Freixinho atua como brilhante conferencista em diversas entidades culturais, notadamente o Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, o Centro Brasileiro de Estudos Estratégicos, e a Sociedade Brasileira de Geografia, da qual é Diretor Cultural.
Assim afirmou o Cel Nilton Freixinho, como historiador e pensador no artigo A Educação dos Jovens e a Memória Nacional, cujas palavras fazemos também nossas:
“... o passado só contém e representa valor quando tem algo a dizer ao presente. E é o peso do passado que estrutura o inconsciente de um povo e dá-lhe consciência coletiva, como Nação, gerando rigorosamente, a âncora de sua existência e de persistência no tempo.
Externo justa preocupação quanto à falta de empenho das atuais gerações de brasileiros de situar o papel das entidades históricas do Brasil devotadas ao estudo, à análise, ao culto e a divulgação das lutas dos antepassados para alicerçar e forjar a Nação que integram.
Historiadores e sociólogos proclamam que o descaso para com a memória nacional enfraquece e ameaça a coesão nacional e a unidade da Nação, em face de pressões destrutivas, por confundir a consciência da sua real identidade e perspectiva histórica ...”
Dar continuidade a tradição iniciada pelo eminente Cel Nilton Freixinho como destacado primeiro ocupante da Cadeira a qual dá nome o insigne Cel MC é com certeza uma difícil tarefa, de grande responsabilidade, que procurarei sempre manter e cumprir na medida das minhas possibilidades. Ou ser acadêmico, ao contrario de só estar acadêmico.
5. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS OFICIAIS R/2
No histórico quartel onde nos encontramos, ao longo de 35 anos, de 1931 a 1966, o Exército Brasileiro formou a sua Reserva Atenta e Forte, no CPOR do RJ.
"Da Universidade à Linha de Frente" daqui saíram os Bravos Discípulos de Correia Lima, no dizer da Canção do CPOR o nosso fundador, patrono e guia,
Nos idos da década de 20 teve ele uma idéia avançada para o Brasil da época, que iria se provar acertada até hoje, revelando-se em toda a sua magnitude durante a Segunda Guerra Mundial, quando metade dos 800 tenentes da FEB era R/2, a mocidade do CPOR.
Desde então a Comunidade R/2 tem escrito páginas gloriosas da história do nosso Exército, presente em todas as guarnições,
Seja Integrando a gloriosa FEB e na Defesa do Litoral, seja formando em Tropas de Paz, na Selva, na Montanha, na Caatinga, onde quer que haja uma unidade do EB, certamente por lá estarão os Tenentes R/2, neste imenso Brasil, realizando na prática o projeto do bravo Cel Correia Lima.
Seu descortino para a época era incrível. A idéia de reunir estudantes das faculdades para construir uma reserva de alto nível para o Exercito trouxe importante aporte para a Força Terrestre, como se confirmou por ocasião da II Guerra Mundial, quando os Oficiais R/2 foram chamados a compor expressivamente os efetivos da gloriosa FEB - Força Expedicionária Brasileira, como líderes de fração de tropa nos combates na Itália.
Deste quartel, somando-se aos oriundos de São Paulo, Recife, BH e SSA partiram mais de 400 tenentes para integrar a FEB.
Nos campos da Itália, entre tantos soldados brasileiros tombados no cumprimento do dever, 12 jovens tenentes honraram o juramento de defender a Pátria se necessário com o sacrifício da própria vida, dos quais meia dúzia eram oriundos dos quadros dos CPORs, os Tenentes
Amaro Felicíssimo da Silveira
Ari Rauen
José Belfort de Arantes Filho
José Jerônimo de Mesquita
Márcio Pinto
Rui Lopes Ribeiro
Muitos mais se destacaram mercê de bravura excepcional demonstrada em combate,como o legendário Major Apolo Miguel Rezk, herói maior dentre os ex-alunos do CPOR, outros felizmente ainda se encontram entre nós, inclusive alguns aqui presentes. Menciono ainda o acadêmico há pouco falecido em Resende, TCel Celso Rosa, oriundo do CPOR.
Portanto, esta Sessão Solene da AHIMTB reveste-se de profundo significado, na medida em que contribui para uma maior projeção aos estudos e pesquisas da contribuição dos Oficiais R/2 para o Exército e para o Brasil, uma vez que mesmo em círculos militares, só mais recentemente vem sendo melhor conhecido este rico aporte.
A importância do dia de hoje e ainda maior por ocorrer às vésperas de um acontecimento ímpar, a transcorrer no próximo dia 22 de abril de 2007, qual seja, os 80 anos da criação do CPOR, que serão justamente comemorados pelo Exército e pelos milhares de Oficiais R/2. Na mesma ocasião transcorrerão também os 15 anos da Associação dos Ex-Alunos do CPOR/RJ e o décimo aniversário do CNOR.
Serão novos dias de gloria para este histórico quartel da QBV onde nos encontramos, um ícone da nossa comunidade R/2, prédio neoclássico construído em 1920, no Governo Epitácio Pessoa pelo então General Rondon, Diretor de Engenharia do EB, onde tantos de nós cursamos, e de onde alguns dos que aqui se encontram presentes, em um dia já distante do ano de 1944 partiram rumo ao desconhecido, para sob a bandeira brasileira, defender a democracia e a liberdade mundial nas montanhas geladas da Itália.
Em 1968 este quartel onde ora nos encontramos tornou-se pequeno para as modernas necessidades de formação de oficiais da reserva.
Com a mudança dos Dragões da Independência para Brasília, o CPOR transferiu-se então para aquele igualmente histórico aquartelamento, mais adiante nesta mesma Av D Pedro II. e a final em 1997 para o antigo 1 RCC da Av Brasil em Bonsucesso, onde se encontra atualmente.
Foram 36 turmas formadas entre os anos de 1931 a 1966 aqui nesta tradicional Casa de Correia Lima, uma verdadeira corporificação em cimento e tijolos do sonho do então Capitão, o idealizador do CPOR, hoje sediando o rico MMCL, e que nos 80 anos será lembrado com o justo destaque de que é merecedor, reavivando aquela época emblemática, que até hoje recende a um espírito heróico, paradigma para as novas gerações, e em cujo pátio podemos ler os nomes do Patrono Cel Correia Lima e do herói Major Apolo,
36 gerações de ex-alunos oriundos desta Casa mantém viva a verdadeira odisséia que foram os primeiros anos do CPOR/RJ, e que serão pois cultuados no local mesmo onde tantos, muitos como voluntários, prestaram o seu serviço a Pátria com a dedicação que caracteriza os verdadeiros patriotas.
Cerca de 10 milhares de Oficiais R/2 passaram pelos portões deste vetusto casarão bem ao lado Quinta da Boa Vista, passando a integrar a “Reserva Atenta e Forte”, honrando o bravo Cel Correa Lima, “Exemplo de Soldado e Cidadão”, no dizer da nossa canção, que jamais esquecemos.
Pelo corredor estreito e acolhedor por onde se adentra o atual Museu, passaram tantos brasileiros dos mais ilustres, Presidentes, cientistas, profissionais liberais da economia, medicina, direito, engenharia, magistério, industriais, comerciantes, administradores, artistas, poetas, pintores, enfim toda a variada gama que compõe o espectro social brasileiro esteve representada naqueles jovens alunos, que com o coração pleno de esperança, um dia tiveram o privilégio de ser um aluno do CPOR, vestindo a honrosa farda verde-oliva.
6. AO INTRODUTOR Gen Ex Gleuber Vieira
A satisfação proporcionada por esta tarde é ainda maior por ter merecido tão boas palavras do Ilustre Acadêmico General Gleuber Vieira, o último dos Ministros do Exército, o Primeiro dos Comandantes da Força, mas sempre recordado como nosso estimado Instrutor Capitão Gleuber, que em suas administrações no DEP, EME e Comando do Exército, muito apoiou a HM, a quem fico muito grato e honrado.
Ser recebido por V. Exa em nome da AHIMTB na nossa antiga Casa, passadas tantas décadas, é uma emoção marcante, certamente que não só para mim como para nossos demais Instrutores e colegas ora aqui presentes.
Éramos jovens Alunos, ao começar uma jornada que iria marcar as nossas vidas. Como voluntários chegamos a este histórico quartel da QBV, travando os primeiros contactos com a disciplina militar prestante, de que falava Camões.
Tivemos o privilégio de, convivendo com grandes soldados, nossos Cmts e Instr, receber ensinamentos que nos acompanham até hoje.
Eram tempos sem Internet, DVD, celular. Tudo mudou, mas a rica bagagem de patriotismo, disciplina consciente, atitudes individuais, método, respeito e companheirismo, que trouxemos dos anos saudosos da caserna continua a mesma.
Enfim, agora empossado, apresento minhas saudações a todos os Confrades da Academia.
Por fim, agradeço a presença dos distintos convidados, deixando aqui expressa a minha vontade de contribuir da melhor forma que me for possível para com esta Academia que ora me recebeu, fazendo jus a tradição do nobre Patrono da cadeira que passo a ocupar, Cel Mario Clementino e do digno Acadêmico Emérito Cel Nilton Freixinho que ora tenho a honra de suceder.
Muito Obrigado
Cel Mascarenhas, Gen Geraldo Nery, Acad. Israel,
Cel Bento, Cel Aluizio Costa e Sra., Cel Caruso
Novo Acadêmico Israel Blajberg com a filha Silvia e Esposa Marlene
PALAVRAS FINAIS NA SESSÃO DA AHIMTB NO
MUSEU MILITAR CONDE DE LINHARES
EM 30 DE NOVEMBRO DE 2006
DE HOMENAGEM AOS OFICIAIS R/2
Cel Cláudio Moreira Bento
Presidente da AHIMTB
Lidas pelo Ten R/2 Art MIRANDA
Diretor Social da Associação dos Ex-alunos do CPOR/RJ
Hoje, depois de 10 anos de fundada, a Academia de História Militar Terrestre do Brasil realizou aqui neste histórico prédio, hoje Museu Militar Conde de Linhares, a sua última reunião comemorativa de seus 10 anos de vitoriosa e produtiva existência.
Nesta seção memorável e acreditamos histórica, a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, através de sua Delegacia no Rio de Janeiro, Marechal João Batista de Matos, reverenciou este seu patrono, através de expressiva síntese feita pelo seu Delegado, o acadêmico Coronel Ernesto Caseiro. Homenageou os Oficiais R/2 do Exército Brasileiro que foram formados a partir de 1927 e, de 1931 até 1967, no primeiro CPOR do Brasil que aqui funcionou, depois de transferido da hoje vazia caserna, por desocupada pelo Grupo Monte Bastione e sob a direção inicial de seu idealizador, o então Capitão Luiz de Araújo Correia Lima, cuja vida e obra aqui sintetizamos. Personagem que como ato de justiça na voz da História é homenageado e reverenciado por seus discípulos Oficiais R/2, como o seu patrono e inspirador.
Como homenagem central aos Oficiais R/2, foi empossado nosso acadêmico, o Tenente Israel Blajberg, um destacado integrante e orgulhoso Oficial R/2 de Artilharia e pesquisador, preservador, cultor e divulgador da saga dos Oficiais R/2 do Exército Brasileiro, iniciada há 79 anos atrás, e que formou 36 turmas neste histórico edifício até 1967 e hoje sede do Museu Militar Conde de Linhares, personagem esta que foi o primeiro Ministro da Guerra no Brasil em 1808, ao para cá se transferir a Família Real e ao qual se deve a instalação do quartel que ao longo da História deu origem ao atual Palácio Duque de Caxias, QG do Comando Militar do Leste, que estudamos pioneiramente em detalhes, e cuja síntese abordamos no álbum Quartéis Generais das Forças Armadas do Brasil.
Ao acadêmico Israel devemos o resgate no Arquivo Histórico do Exército, da vida militar do seu patrono de cadeira, o Coronel Mário Clementino, que estava coberta por espessa camada de pátina dos tempos e do qual eram conhecidas a sua obra e a projeção da mesma, por interpretação notável do acadêmico emérito Coronel Nilton Freixinho, da época em que Mário Clementino, atuou com notável repercussão, e na oportunidade em que inaugurou a cadeira que hoje passou a ser ocupada pelo acadêmico Israel Blajberg, hoje aqui recebido e biografado, em nome da AHIMTB, pelo seu antigo instrutor no CPOR/RJ o acadêmico General-de-Exército Gleuber Vieira, ocupante da cadeira Marechal José Pessoa, o idealizador de nossa Academia Militar das Agulhas Negras e com expressivas e estratégicas ações para tornar Brasília uma realidade, verdade que dia após dia, aparece, evidenciando o notável trabalho olvidado de José Pessoa neste particular. História é verdade e justiça!
Marechal José Pessoa denominação da Delegacia da Academia em Brasília, para exaltar a sua atuação no projeto daquela Capital.
Em 1874 foi adotado o Regulamento de Ensino no Exército, de cunho bacharelesco, e não profissional militar, e que se prolongou até 1905, quando oficiais veteranos da Guerra do Paraguai e filhos destes, deram um basta a este período com o Regulamento de Ensino de 1905, de cunho profissional militar, inflexão do bacharelismo para o profissionalismo que até hoje vigora. Adoção do Regulamento de Ensino de 1905, aproveitando a infeliz e bacharelesca Revolta da Vacina Obrigatória de 1904, na Escola da Praia Vermelha, o que determinou o seu fechamento seguido de extinção e transferida, em 1906, a formação dos oficiais, para a Escola de Guerra de Porto Alegre (1906 – 1911) no Casarão da Várzea, onde estudou a geração de brilhantes oficiais que dinamizaram a Reforma Militar em 1938, com a criação do Estado-Maior do Exército e da Fábrica de Pólvora sem fumaça de Piquete.
Reforma Militar concluída em 1945 e que unificou todos os seus cursos de formação de oficiais na Escola Militar do Realengo em 1913.
Ano em que foi criada a Revista A Defesa Nacional, pelos jovens turcos que haviam tirado cursos em unidades do Exército Alemão e outros estudiosos, como o então Capitão Mario Clementino e o Tenente Francisco de Paula Cidade que se consagraram como mestres de História Militar Crítica, na Escola Militar do Realengo.
E estourou a 1ª Guerra Mundial na Europa, ameaçando potencialmente o Brasil despreparado para ela, contando como suas reservas renováveis os Tiros de Guerra e Centros Gaúchos, origem dos Centros de Tradições Gaúchas.
O Exército desatualizado doutrinariamente, enviou para a França na 1ª Guerra Mundial, uma comissão de 20 oficiais com vistas à compra de armamento e se atualizarem na doutrina militar francesa, e até combatendo, como foi o caso mais conhecido, o do Tenente de Cavalaria José Pessoa que combateu num Regimento de Cavalaria da França, no comando de um pelotão de soldados turcos.
Neste crítico tempo de duração da 1ª Guerra Mundial, o Brasil não poderia contar com a sua Guarda Nacional, por esta não possuir o mínimo de operacionalidade. Era uma fantasia!
Assim ela foi extinta em 1918, por ato do Presidente Wenceslau Braz que já havia adotado em 1916 o Serviço Militar Obrigatório, que já havia sido adotado e iniciado a implementar pelo Duque de Caxias, como Ministro da Guerra e Chefe do Gabinete do Ministro, e com a sua saída do cenário político, foi suspenso por cerca de 40 anos.
E finda a Guerra, o Brasil para se atualizar doutrinariamente, contratou uma Missão Militar Francesa em 1919 e que entre nós trabalhou cerca de 20 anos, ocasião em que na Escola do Realengo, foi criada a Missão Indígena, integrada por oficiais, a maior parte com cursos na Alemanha que haviam fundado A Defesa Nacional, e que foram aprovados com concurso pelo Estado-Maior do Exército, para evitar a interferência da Missão Francesa no Realengo, daí o nome de Missão Indígena. Missão que realizou em seu tempo, de 1919-21, trabalho notável em seus ilustres alunos que ficaram conscientes da perniciosa influência de oligarquias brasileiras nos destinos do Exército e do povo brasileiro.
E, a seguir, ocorreram as séries de revoluções tenentistas antioligárquicas de 1922, 1924 e 1926. E foi no ano seguinte, 1927, para completar a carência de efetivos de oficiais que foi criado o CPOR/RJ, idealizado pelo Tenente-Coronel Correia Lima.
Vale lembrar que foi há 10 anos criada a Academia de História Militar Terrestre do Brasil priorizando a História Militar Crítica que é analisada à luz dos fundamentos da Arte Militar e Ciência Militar por ajudar a formação profissional de seus quadros e na obtenção de subsídios doutrinários para o desenvolvimento de uma doutrina militar genuína, como a sonharam o Duque de Caxias, o Marechal Floriano Peixoto e por último, o Marechal Humberto de Alencar Castello Branco, doutrina que chamou de Tupiniquim, ou genuína brasileira, e outros oficiais como os Coronéis J. B. Magalhães e Amerino Raposo Filho, etc.
E assim ela vem trabalhando febrilmente, com uma insignificante relação custo/benefício para a conquista do Objetivo Atual número 1 do Exército, definido pelo General-de-Exército Zenildo de Lucena e reafirmado por seus sucessores.
Pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História, as tradições e os Valores Morais, Culturais e históricos do Exército; Objetivo que nossa Academia estendeu as demais forças terrestres do Brasil.
E confirmar os avanços de todos os presentes a esta seção da AHIMTB e em especial aos acadêmicos que insistem em serem acadêmicos da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e não aceitam apenas estarem acadêmicos e indiferentes a sua estratégica causa.
Foi uma grande alegria a nossa Academia estar aqui no Museu Militar Conde de Linhares por gentil acolhida de seu Diretor, Coronel Leonardo de Andrade e equipe. Museu hoje diplomado por seu apoio notável, Colaborador Emérito da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.
Votos de expressivas realizações da Delegacia da AHIMTB no Rio sob a liderança de seu Delegado, acadêmico Ernesto Caruso, e coordenação do acadêmico Israel Blajberg, com votos de que consigam entregar esta “Mensagem a Garcia”.
Em tributo a Hierarquia e à Disciplina, fundamentos do ordenamento jurídico do Brasil, a AHIMTB convida para encerrar a seção o presidente de Honra da presente seção, o acadêmico General-de-Exército Gleuber Vieira, que como Chefe do DEP, Chefe do Estado-Maior do Exército, último Ministro do Exército e primeiro Comandante do Exército, muito apoiou a valorização da História Militar, potencializando este estudo e o estendendo a outras escolas e criando uma solução de apoio financeiro a AHIMTB, que perdurou até 2005.
E também um estimulante exemplo do significado de ser acadêmico e não de estar acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, a qual se empenha, na conquista do já citado Objetivo Atual nº 1 do Exército. Ou seja: Pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História, as Tradições e Valores ,orais, culturais e históricos do Exército. Diretriz que a AHIMTB considera uma ordem geral a ser cumprida por todos. Muito obrigado!
E assim encerramos as comemorações do 10º aniversário da nossa Academia para continuarmos, seu futuro nebuloso por depender de solução governamental ou privada, de apoio financeiro regular a sua atuação que consideramos, salvo melhor juízo, uma obrigação do Estado que as entidades históricas realizam patrioticamente o que Portugal entendeu e subsidia a sua Academia Portuguesa de História.
Novo Acadêmico
ladeado pelo Cmt TC Gerson, Oficiais
e Delegações de
Alunos dos 7 Cursos do CPOR/RJ
Novo Acadêmico recebe cumprimentos do
Cmt do CPOR/RJ
Ten Cel CAV GERSON Pinheiro Gomes
v. 09 dez 2006