MAIS UMA HIPÓTESE DE GUERRA

EXIGE INVESTIR EM DEFESA

 

  Compartilhar com o segmento civil da sociedade é preciso. Motivar o cidadão para as implicações que envolvem a defesa do País é uma preocupação impositiva na medida em que este não crê na possibilidade de confrontos, seja pela índole pacífica da nação, seja porque não acredita que alguém queira brigar conosco. O ideal era que tudo funcionasse assim, na base do “somos de paz como são os outros”. Acontece que a realidade é bem outra. Quem possui território e litoral como o Brasil, imperiosamente, não tem apenas muito, mas, sim, muitíssimo a defender: um centro-sul desenvolvido, uma Amazônia entesourada e um pré-sal desestabilizador a explorar. Assim, será de extrema valia que o povo se fixe no fato de que, agora, estão a nos ameaçar duas possibilidades de conflito: a da Amazônia e a do Atlântico Sul.

 

   Quanto ao risco no mar, é absolutamente vital que a população se conscientize e clame, em uníssono com a Marinha e a Força Aérea, pelo reaparelhamento de seus meios de combate. Já este, precisa ser dito, não deve visar o equilíbrio com vizinhos que evidentemente não têm motivos para nos ameaçar. Alerta! São predadores poderosos que deixam claro: ou o Brasil investe pesado em defesa ou bem cedo terá as extrações do pré-sal entregues de mão beijada a uma administração estrangeira, justo a fonte de renda que um “esperto” presidente quer contingênciar apenas para outros fins.

 

   Atenção, 1982, Guerra das Malvinas! Nossa luta será naqueles moldes, porém com preponderância suprema do emprego de elementos aéreos e navais e um mínimo, ou talvez nenhum, do seu correspondente terrestre. Governo e parlamentares, entretanto, continuam insensíveis à tirânica fragilidade da Marinha e a absurda inferioridade da Aeronáutica, sem tomar as medidas emergenciais e urgentes que se fazem prioritárias para garantir a posse daquelas camadas submersas. A propósito, a Inglaterra já vem assinalando, o que deve nos intrigar, a pesquisa afim no litoral de “suas” ilhas Falkland. E os argentinos, como nós, ainda batem na mesma tecla: protestos inúteis de diplomatas e retórica vazia de políticos, os patriotas de última hora que até hoje ainda não providenciaram de forma a dotar seus países com flotilha de submarinos nucleares. De que adiantou Cristina Kirchner apelar na última Reunião UE/América Latina, realizada em maio na Espanha? O representante inglês rebateu logo com um “cala boca” só deglutido pelos incompetentes que não conseguem se estabelecer.

 

   Os brasileiros não acreditam. Negociar quatro “submarinos amarelos classe Beatles” e um nuclear não resolve o problema. Precisamos deste último já, mais do que nunca, para sair do zero. É caro, todavia sobram recursos. Só o PAC, aquele programa investigado pelo TCU por superfaturamento de obras, teve um reforço de R$ 142 bilhões para gastos até 2010. Com menos de 1/3 deste adendo, cinco submarinos da classe suffren poderiam ter sido adquiridos na França ao preço total de 32,5 bilhões, soma que se destinaria a um Programa de Recuperação de Auto-Estima e de Sobrevivência Nacional.  Que não se duvide: o quinteto nos aproximaria em termos de submergíveis atômicos à vendedora, capacitando a Marinha atingir cruzadores e porta-aviões de distâncias consideráveis.

 

   Ao povo cabe optar: ou exige o aval de segurança de suas riquezas ou as cede, como costuma fazer o governo, ao “patrimônio da humanidade”. Uma solução imediata também existe, bastando para isso convidar a Argentina para, conjuntamente, em um projeto binacional, passarmos a desenvolver um programa único na área nuclear. O que, talvez, fosse muito mais sensato do que se esperar por submergíveis e aviões de caça que levarão anos até a sua incorporação efetiva à MB e à FAB.

 

 

Paulo Ricardo da Rocha Paiva

Coronel de Infantaria e Estado-Maior

Acadêmico da AHIMTB e seu Delegado em Santa Maria