INFORMATIVO GUARARAPES- 2010              

 


 

Fundada em 1o de março de 1996

 

O GUARARAPES

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

CGC 01.149.526/0001-09

POSSES, NO CÍRCULO MILITAR DE SANTIAGO, DOS ACADÊMICOS CEL REINALDO GOULART CORREIA E  HISTORIADOR E ARTISTA PLÁSTICO SGT CARLOS FONTTES, NAS CADEIRAS GENERAL JONAS CORREIA E PINTOR ALCEBIADES MIRANDA JUNIOR, E LANÇAMENTO, PELA AHIMTB E IHTRGS, DO LIVRO HISTÒRIA DA 1ª BRIGADA DE CAVALARIA MECANIZADA, BRIGADA JOSÉ LUIZ MENNA BARRETO, DE AUTORIA DOS CORONÈIS CLAUDIO MOREIRA BENTO E LUIZ ERNANI CAMINHA GIORGIS, E DO SGT CARLOS FONTTES

 

 

18 SET 2010        ESPECIAL 2

    

Mesa Diretora: Gen Boabaid, Gen Eustáquio, Cel Bento, Cel Caminha, Dr. Waldir

Sumário

1ª PARTE – Posse de Acadêmicos

1 - Abertura - Palavras iniciais do Presidente da Academia, Cel Cláudio Moreira Bento

2 - Canto do Hino Nacional Brasileiro

3 - Leitura da Oração da Academia

4 - Posse de Acadêmico

     a. Oração de Recepção ao Acadêmico Sgt Carlos Fontes, proferida pelo Cel Caminha  

     b. Oração de Posse do Acadêmico Sgt Carlos Fontes

5 - Posse de Acadêmico

     a. Oração de Recepção ao Acadêmico Cel Reinaldo Correia, proferida pelo Cel Claudio Moreira Bento

     b. Oração de Posse do Acadêmico Cel Reinaldo Goulart Correia

6 - Palavras finais do Cel Cláudio Moreira Bento, Presidente da AHIMTB

2ª PARTE - Lançamento do livro “1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada”

1 - Apresentação da obra, feita pela Gen Eustáquio Cmt da 1[ Bda C Mec

2 - Palavras de encerramento pelo Presidente de Honra da Sessão, Gen Eustáquio, comandante da 1ª Bda C Mec

3 - Sessão de autógrafos e confraternização

RECEPÇÃO AO Sgt CARLOS FONTTES, pelo Cel CAMINHA

O prezado amigo, ao qual tenho a honra de recepcionar na nossa Academia de História, é o ST CARLOS FONTTES, uruguaianense, militar, historiador, escritor, tradicionalista e artista plástico de mão cheia.

É o nosso delegado, da AHIMTB em Uruguaiana, Delegacia General Setembrino de Carvalho.

Tive a satisfação de conhecê-lo em Alegrete, quando no comando do 10° B Log. Depois disso, em diversas ocasiões trabalhamos juntos. E agora, nesta história da 1ª Bda C Mec, devo destacar que é dele o pioneirismo de elaborar o primeiro trabalho sobre a Brigada José Luiz Menna Barreto.

 

O livro que hoje é lançado aqui é baseado na obra do nosso prezado Carlos Fonttes, do qual exponho algumas informações:

- o novo acadêmico é correspondente de diversos jornais e revistas, além de ter sido diretor do jornal “Centauro”, free-lancer do jornal Zero Hora na coluna regionalismo;

- há alguns anos, realizou reportagem na argentina para a Revista do Exército Brasileiro sobre os exercícios de operação de paz;

 - possui diversas matérias publicadas em revistas do Exército e da Marinha;

- pertence à Academia Uruguaianense de Letras, ao Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Tambaú (sp), ao Instituto Histórico e Geográfico de São Luiz Gonzaga, ao Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Brasília e à Comissão Gaúcha de Folclore;

- palestrante em diversas entidades, sobre tradicionalismo, história e assuntos afins;

- possui diversas medalhas e prêmios por trabalhos em arte plástica em exposições no brasil e no exterior;

- foi curador do 1° Salão Interestadual de Artes Nativas, em Uruguaiana, em 1992;

- foi coordenador cultural da Semana Farroupilha de 2004 em Uruguaiana;

- possui a Medalha de Prata de bons serviços do EB, menção honrosa da 1ª Bda C Mec e diplomas concedidos por diversas unidades do Exército, Marinha e Brigada Militar;

- participou de diversos projetos culturais em organizações militares de Quaraí e Uruguaiana, com destaque para o marco e homenagem prestada ao Patrono da Cavalaria, Marechal Osorio, em Barra do Quaraí, patrocinada pela LDN;

- em 1998, o jornal A Gazeta, de Alegrete, conferiu a Carlos Fonttes o chamado Troféu da Paz;- como artista e agente cultural, participa ativamente do já famoso carnaval fora de época de Uruguaiana;

- possui diversas obras publicadas, das quais destacamos as seguintes, algumas já esgotadas, devido ao sucesso das publicações:

. Uruguaiana, Atalaia na História, 1991;

. Regimento Conde de Porto Alegre – 8° R C MeC, Uruguaiana, 1994;

. Retomada de Uruguaiana na Guerra do Paraguai, 1994;

. Brigada José Luiz Menna Barreto – 1ª Bda C Mec, 1999;

. Uruguaiana, aqui te canto, 1995;

. Regimento Dragões do Rio Grande – 4° RCB, São Luiz Gonzaga, 2001;

. As estâncias contam a história – Uruguaiana, 2002;

. As estâncias contam a história – Bagé, 2005; e

. Histórico do Hospital de Guarnição de Uruguaiana, 2009, entre outras obras.

Ao empossar o prezado amigo Fonttes na Cadeira Alcebíades Miranda Júnior, pintor natural de São Borja que se dedicou a temas militares, temos certeza da continuidade e também da seriedade do seu trabalho na Delegacia General Setembrino de Carvalho.

Seja bem vindo Obrigado. Cel Caminha.

ALOCUÇÃO DE POSSE DO Sgt CARLOS FONTTES

 

Exmº Sr. Gen. Bda, JOSÉ EUSTÁQUIO GUIMARÃES, MD CMT 1ª Bda C Mec – BRIGADA JOSÉ LUIZ MENNA BARRETO;

Autoridades mencionadas no protocolo

Senhoras e Senhores.

Cumpre-nos, com a mais alta satisfação, aliando-nos a este momento muito importante em que fazemos o relançamento da obra histórica sobre a gloriosa 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada - Brigada José Luiz Menna Barreto, quando então, por solicitação do General de Bda Luiz Cesário da Silveira Filho, lançamos a 1ª edição da obra em 15 de julho de 1999, no Comando do Gen. Bda Fernando Sérgio Galvão e hoje, concretizando a continuidade da história, com a nossa aquiescência, completamos a 2ª edição da trilha histórica desta consagrada Brigada de Cavalaria, em parceria com o Presidente da Academia de história militar terrestre do Brasil e do nosso Delegado estadual da Academia.

Nossa assunção, como Delegado da Academia, com a criação da Delegacia Marechal Setembrino de Carvalho em Uruguaiana em 2002, nos traz como regozijo, a satisfação ímpar em bem servir à nossa história castrense quando ocupo, hoje, também, a cadeira especial que temos como patrono o vulto de um grande pintor que soube consagrar a história nas próprias imagens plásticas que criou e que hoje, nesse momento de consagração à história, no relançamento das memórias desta Brigada, e que ocupamos definitivamente uma cadeira na Academia de história militar terrestre do Brasil foi que, escolhemos, como patrono o vulto do pintor:

 

ALCEBÍADES MIRANDA JÚNIOR

Nasceu esse ilustre artista plástico, na cidade gaúcha de São Borja, em 27 de maio de 1903 sendo filho de um oficial do nosso Exército, de mesmo nome, notabilizou-se, principalmente, na iconografia plástica militar. Com as constantes transferências do seu pai, ele estudou, além da sua cidade natal, em Curitiba até fixar-se no Rio de Janeiro em 1919, onde se diplomou em 1924, na Escola Nacional de Belas Artes, tendo sido premiado com uma viagem à Europa, especializando-se na Alemanha.

Seus trabalhos ilustram os principais acervos militaesr como, o gabinete do Comando do Exército, Palácio Duque de Caxias, Comando Militar do Leste e tantos outros e ainda muitas revistas do Exército, Aeronáutica e da Marinha. Na obra “História do Exército Brasileiro – Perfil de um povo”, editado em 1972 pelo EME, vemos seus traços magníficos contando a própria história. Em 1960, a Revista do Exército Brasileiro, consagrou-o como o “pintor do Exército”.

Nosso ilustre biógrafo veio a falecer em um hospital do Rio de Janeiro, em precárias condições de pobreza, em 4 de junho de 1976, aos 73 anos de idade.

Aí está, senhoras/senhores, a resposta justificada à escolha do meu patrono nessa tão conceituada Academia, o meu agradecimento, a minha mais alta consideração e o meu grande apreço por fazer parte desta história. Obrigado – Carlos Fonttes

ORAÇÃO DE RECEPÇÃO DO CEL REINALDO GOULART CORREIA

Pelo Cel Claudio Moreira Bento

Presidente da AHIMTB

 

Em 1976, por ocasião do Bicentenário da Reconquista do Rio Grande do Sul aos espanhóis conhecemos o General Jonas Correia, então Presidente modelar do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, e teve inicio uma grande amizade em função da admiração que ele me provocou, como historiador e líder cultural. Foi então que lhe sugeri a comemoração, em Simpósio, do Bicentenário da Reconquista do Rio Grande do Sul aos Espanhóis. Acolhida nossa sugestão, ele a transmitiu a outro admirável historiador e líder cultural notável, o saudoso Professor Pedro Calmon, que mudou Reconquista para Restauração. Então promoveram um simpósio conjunto IHGB / IGHMB sob o título; Bicentenário da Guerra da Restauração do Rio Grande do Sul, em que o tema foi pioneiramente resgatado em profundidade, em 4 volumes dos Anais do Simpósio da Restauração do Rio Grande, do qual fomos um dos conferencistas.

 

E aí surgiu uma grande admiração aos historiadores General Jonas Correia e Pedro Calmon, e especialmente como líderes culturais notáveis no setor de historiografia militar do Brasil. Modelos que até hoje me inspiram, bem como outros historiadores e líderes culturais gaúchos: Dante de Laytano e Arthur Ferreira Filho.

E hoje os quatro estão consagrados patronos de cadeiras na Academia de História Militar Terrestre do Brasil, que fundamos e dirigimos inspirados nestes quatro ícones da historiografia brasileira em geral e na militar.

Oficial de Engenharia, como cadete, ao retornarmos do Parque de Instrução na AMAN, sempre ouvia do comandante da tropa. "Atenção, Pelotão, a Canção da Engenharia, pelo Cadete Bento, começar”! E eu a iniciava e todos me acompanhavam.

"Se for mister partir um dia para a guerra, pra defender o brasileiro solo amado, marchará na Vanguarda nossa tropa galharda, cujo peito inflamado fortes surtos encerra ...” E assim por diante.

 

Mais tarde soube que a canção fora de autoria de um oficial de Engenharia,  Jonas Correia, e a música de sua primeira esposa, D. Valmirina, avós do acadêmico Cel Cav Reinaldo Goulart Correia, que ora tenha a honra de receber em nome da AHIMTB. Cel Cav Reinaldo Goulart Correia, por sua vez filho do ilustre acadêmico emérito Gen Ex Jonas de Morais CorreIa Neto, continuador das tradições de seu pai, as quais temos certeza  de que o Cel Reinaldo dará a continuidade e brilho.

 

E o faço muito feliz por haver tido a honra de haver sido recebido, como sócio do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por seu avô, General Jonas Correia. Orações manuscritas que conservo como preciosidades em meu arquivo pessoal.

O Cel Reinaldo nasceu no Rio de Janeiro e foi declarado oficial da Cavalaria em 14 de dezembro de 1976.Possui todos os cursos do Exército: Cavalaria na AMAN, Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e de Comando e Estado - Maior, onde foi titulado Doutor em Ciências Militares, além do Curso de Mestre em Equitação.Todas as suas promoções de Oficial Superior foram por Merecimento.Seu último curso no Exército foi o de Política, Estratégia e Alta Administração do Exército.

Possui os cursos civis de Análise Prospectiva, Gestão Empresarial e Excelência  em Gestão, Como influenciar pessoas, Liderança, Apresentações em Público, Negociação, Gestão de Pessoas, Gestão de Equipes.

Realizou estágios de Repressão a Entorpecentes e drogas afins, Básico de Inteligência, Proteção Radiológica em Soluções de Emergência e Gerenciamento de Crises. Isto atesta a sua primorosa e notável bagagem cultural acumulada.

Foi instrutor de Cadetes na Academia Militar das Agulhas Negras, subcomandante do Regimento Dragões da Independência, em Brasília, oficial do Estado-Maior da 4a Brigada de Cavalaria Mecanizada, no Mato Grosso do Sul, da 6a Divisão de Exército – Divisão Voluntários da Pátria e Comandante   do   2o   Regimento   de   Cavalaria   Mecanizado, Regimento João Manoel, em São Borja. Serviu com seu pai em duas oportunidades: no CMSE e no EMFA.

Foi agraciado com as seguintes medalhas militares; Cavaleiro e Oficial da Ordem do Mérito Militar, Cavaleiro da Ordem do Mérito Forças Armadas, Medalha Militar de Ouro, Medalha Corpo de Tropa, Medalha do Pacificador e Medalha Brigadeiro João Manoel.

Condecorações civis: Cavaleiro de Ordem de Rio Branco, Medalha Duquesa de Caxias e Medalha D. João VI.

É membro da Legião de Honra do Colégio Militar de Porto Alegre; assinou o Livro de Honra da AMAN, por havê-la cursado sem nenhuma punição; e obteve o maior conceito de aptidão para o oficialato da Turma de 1976, da AMAN.

Possui diversas distinções culturais, entre as quais registramos.

- Sócio honorário de Centro Nativista Boitatá, de São Borja.

- Membro da Augusta Ordem de Santa Bárbara da Guarnição de Santiago

- Comenda Apparicio Mariense, pela Câmara de São Borja.

- Membro Vitalício do Conselho de Vaqueanos do Piquete de Tradições Gaúchas João Manoel, do 2o R C Mec, São Borja;

- Membro do Instituto de História e Tradições do RGS, e seu delegado em São Borja;

- Sócio acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, e seu delegado em São Borja;

Integrou representações do Exército no exterior: Paraguai, Uruguai, Chile, Argentina, Timor Leste. Historiador militar autor dos seguintes trabalhos:

- A FEB e a Ofensiva da Primavera -1977;

- A Primavera de Praga 1978;

- A Geopolítica da Prata - 1992;

- A EMFA - situação atual e perspectivas - 1992;

- A Estratégia Americana pós 11 de setembro - 2002;

- O Chefe Militar do século XXI - 2002:

- Desmobilização da UNMISET e Perspectivas para o Timor  Leste - 2003;

- A Logística Militar Terrestre no Alvorecer do século XXI

- O Comando Logístico;

- Osório: o soldado e o cidadão - 2008.

É notável a sua atuação como tradicionalista gaúcho e no hipismo, tendo fundado a Liga Hípica de Fronteira Oeste, em 1988, e o Núcleo Sul - matogrossense de Hipismo.

 

Tem o orgulho de haver servido nos comandos militares do Sul, Sudeste, Leste, Oeste e Planalto e na área das 4 brigadas de Cavalaria Mecanizada do Exército; na área das duas Divisões de Exército do Rio Grande do Sul e nas fronteiras com o Uruguai, Argentina e Paraguai.

O Cel Reinaldo foi transferido para a Reserva em 31 de março de 2007 e atualmente é o Delegado, em São Borja, da FHE e POUPEX.

É casado com Carmen Lúcia, pai de Marcelo e Leandro, avô de Isabella e sogro da historiadora e acadêmica, da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, Lauriane Fernandes Wild, que irá inaugurar a Cadeira Especial Presidente Getúlio Vargas. Seja bem vindo! Ocupe o seu lugar na cadeira General Jonas Correia, que foi inaugurada por seu pai, Gen Ex Jonas de Morais Correia Neto, no Colégio Militar do Rio de Janeiro.

 

ORAÇÃO DE POSSE DO CEL REINALDO GOULART CORREIA

 

Ao ser empossado acadêmico da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, sejam de agradecimento as minhas primeiras palavras.

      

À Academia, na pessoa do Cel Cláudio Moreira Bento, seu presidente, pela honraria do convite para fazer parte dos seus quadros.

 

Ao Gen Eustáquio, Comandante da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada; ao Gen Boabaid; aos comandantes de Organizações Militares da Guarnição Militar de Santiago aqui presentes e, particularmente, aos diletos amigos, Cel Ribas Flores, desde a Academia Militar, e Cel Caminha, companheiro de bancos escolares na ECEME, historiador e tradicionalista.Aos convidados, que valorizam ainda mais esta Sessão Solene com o prestígio de suas presenças.

Estou extremamente honrado e desvanecido por ter sido admitido como acadêmico da AHIMTB, do que muito me orgulho e sinto até, por que não dizer, uma ponta de vaidade por ombrear com tantos expoentes da nossa historiografia, civis e militares, e por integrar uma instituição cultural na qual foi consagrado, ainda em vida, como Patrono de Cadeira, meu avô, Gen Div Jonas de Morais Correia Filho, e da qual faz parte meu pai, Gen Ex Jonas de Morais Correia Neto. Com ambos aprendi, ainda criança, a gostar de estudar História: estudar, pesquisar, entender...não decorar.

 

Não sou um historiador, mas um leitor assíduo, um apreciador da História, com a convicção de que devemos estudar quaisquer eventos históricos com o olhar crítico, levando em consideração as peculiaridades do período histórico em que ocorreram.                       

 

 

No campo específico da História Militar, creio que ela deva ser analisada sob duas vertentes: a puramente militar, que se refere à Arte da Guerra, verificando-se aspectos de liderança que decidiram batalhas, os acertos e erros de estratégias e táticas empregadas, e os reflexos dos resultados no Campo Militar, na Expressão Militar do Poder Nacional (adequação de meios operacionais e logísticos, aperfeiçoamento da doutrina, etc...); e a vertente política / diplomática, com as causas remotas e imediatas do conflito, isto é, os antecedentes, os fatores condicionantes nas demais Expressões do Poder e suas consequências para a ordem mundial e/ou regional, que serão sempre trágicas para as populações civis envolvidas.                           

Clausewitz, em sua obra “Da Guerra”, afirmou que “A guerra é a continuação da política por outros meios”. É uma verdade! Mas é também, como bem disse Bessiéres, “antes de tudo, um combate interior; é na alma de cada soldado que a batalha é ganha ou perdida”.

Vejo, nos dias atuais, o papel primordial da Forças Terrestres como sendo a defesa da paz; para isso, prepara-se para a guerra. Quando ocorre um conflito armado alguém errou e deixou a crise ou o problema ir longe demais. E é isto que, nesta Academia, nós devemos pesquisar!

Hoje, graças à sensibilidade do nosso Presidente, Cel Cláudio Moreira Bento, estou sendo empossado na Cadeira cujo Patrono é meu avô, e que teve, como primeiro ocupante, meu pai. São três gerações de acadêmicos...da mesma família. Três gerações de militares que iniciaram sua trajetória no mesmo educandário: o Colégio Militar do Rio de Janeiro.

Confesso que, ao pensar em como desenvolveria esta Oração de Posse, fiquei em dúvida se utilizaria uma abordagem mais técnica ou mais sentimental, do tipo “meu avô e eu”. Optei pela primeira, até para não me deixar trair pela emoção ao relembrar uma longa convivência de profunda amizade e aprendizado constante. 

Antes de lhes falar sobre o meu Patrono, devo fazer uma breve referência aos meus antecessores nesta Cadeira. Tenho plena consciência de que será uma pesada responsabilidade a missão de substituí-los.    

Meu pai, infelizmente, não pôde estar presente a esta Sessão Solene. Permanece como o meu exemplo de militar, cidadão e, acima de tudo, pai. Sua vocação para a carreira das Armas foi forjada naquela Casa de Thomaz Coelho, onde ingressou, por concurso, e da qual foi Comandante-Aluno. Cinquenta anos depois de cruzar o portão daquele Colégio era promovido a General-de-Exército.

 

Ainda jovem oficial começou a escrever acerca de temas relacionados à História Militar, seus fatos e personagens. Orador nato, foi palestrante nas principais escolas militares das três Forças, de todos os níveis, sendo membro e conferencista de institutos, academias e entidades culturais civis e militares, do Brasil e do exterior.

Ao longo do tempo acumulou notável e diversificado conhecimento, e grande domínio do tablado. Suas palestras empolgavam a assistência, seja de jovens capitães, na EsAO, seja de Oficiais Generais e destacados civis, na Escola Superior de Guerra.

Sempre leu muito, estudou muito e escreveu muito, mas foi, sobretudo, e ainda o é, um soldado. Parece-me que se referia a ele Castro Alves quando escreveu “Nem cora o livro de ombrear co'o sabre, nem cora o sabre de chamá-lo irmão”.

Por ter sido meu pai elevado à condição de Acadêmico Emérito, a Cadeira nº 34 foi ocupada, em 2007, pelo Gen Bda Geraldo Luiz Nery da Silva, que também iniciou sua vida militar nas alamedas do Colégio Militar do Rio de Janeiro.

 

Conheci-o quando comandava o 20º Grupo de Artilharia de Campanha, Grupo Bandeirante, em Barueri - São Paulo, Unidade de Artilharia que integrou a AD Cordeiro de Farias durante a 2ª Guerra Mundial. Creio que não foi aleatoriamente que o Exército o nomeou para comandar aquele histórico Grupo.

Àquela época já se mostrava consolidado o seu gosto pela História Militar. Sua perseverança para erigir e inaugurar um Monumento aos Veteranos da FEB, no seu quartel, foi louvável.

Anualmente, no dia 29 de abril, reunia os ex-combatentes para comemorar a última Missão de Tiro da Artilharia nos campos da Itália, que foi executada pelo seu Grupo, às 13:45h do dia 29 de abril de 1945, em Monte Castelo. Única tropa de Artilharia do estado de São Paulo na II Guerra Mundial, foi responsável por mais de 41 mil tiros dados em campanha. Naquelas cerimônias faziam-se presentes artilheiros febianos de renome, como o Gen José de Souza Carvalho, Comandante do Grupo na FEB, então Ten Cel; o Gen Rubens Resstel e o Cel Amerino Raposo Filho, Acadêmico Emérito desta Casa.

Durante considerável período de sua profícua carreira o Gen Nery realizou trabalhos voltados para a História Militar, sempre visando à preservação das tradições castrenses e, desde o ano 2000, vem-se dedicando ao Projeto História Oral do Exército.

Reitero que será necessário muito empenho da minha parte para bem substituir os dois primeiros ocupantes desta Cadeira.

É chegado o momento de falar sobre o meu Patrono, meu saudoso e querido avô.

Quase um menino de calças curtas, saiu de Parnaíba, no Piauí, sua terra natal, para estudar no Rio de Janeiro, onde foi acolhido por seu tio que, mais tarde, seria General. Pouco tempo depois ficou órfão de pai, fato que o abalou profundamente.

Em 1916 ingressou no Colégio Militar, tendo sido oficial-aluno, Presidente da Sociedade Literária e Porta-Bandeira. Ao término do curso foi condecorado com a medalha-prêmio “Conde de Porto Alegre”, em ouro, da qual se orgulhou pelo resto da vida.

Disse-me que chegou ao Rio trazendo apenas uma pequena mala, com alguns pertences pessoais e duas mudas de roupa que praticamente não usaria, pois, naquele tempo, os alunos iam passear na cidade envergando, garbosos, o uniforme do Colégio Militar.

Para que façam uma idéia da sua personalidade, ainda em formação, ao passar para o último ano seria promovido, mas pediu para continuar no posto de Tenente-Aluno, a fim de permanecer como Porta-Bandeira do Batalhão Escolar. Foi atendido!

Ao ingressar direto na Escola Militar do Realengo optou pelo Curso Especial de Engenharia, o que faria com que escrevesse a letra da atual Canção do Engenheiro, cuja música é de autoria de minha avó, pianista, à época sua noiva. Ao final dos anos 1960 foi composta a Canção da Engenharia mas, quando entrei na AMAN, em 1973, a Canção do Engenheiro ainda era a preferida dos cadetes, e a mais cantada.

Aluno da Escola Militar, motivou-se para o estudo da História ao participar dos trabalhos de uma comissão que tinha por objetivo erigir um “Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados”. É o monumento que vemos hoje na Praia Vermelha.

Estando entre os alunos rebelados por ocasião da Revolução de 1922, foi preso e, logo após, expulso da Escola e do Exército. Foi um rude golpe em seus sonhos e na esperança de prosseguir na carreira.

Relembrava este episódio com justificada tristeza e certa amargura, pois viu que fora manipulado, juntamente com outros companheiros, por instrutores a quem emprestaram irrestrita confiança e lealdade. Mas, como sempre fez ao longo da vida, assumiu sua cota de responsabilidade, mesmo sabendo que pagaria um alto preço por isso.

Como precisava dar prosseguimento a sua vida, aos vinte anos prestou concurso para o Banco do Brasil, onde ascendeu rapidamente, diplomando-se Contador e Guarda Livros. Escreveu o livro “Contabilidade Bancária”, editado em 1929 e, por cerca de quarenta anos, bibliografia básica e obrigatória para os candidatos à carreira bancária, particularmente para aquela instituição. Nesse período foi o idealizador e um dos fundadores da Associação Atlética Banco do Brasil, a AABB, no Rio de Janeiro.

    Tendo a Revolução de 1930 sido vitoriosa, foi anistiado e optou por retornar ao seu Exército, como 1º Tenente de Engenharia. Seus colegas de trabalho não entenderam tal decisão, até porque ganharia menos da metade do seu salário no Banco. Não compreendiam o poder que tem uma verdadeira vocação. Resignados, como prova de amizade ofertaram-lhe uma bela espada, com expressiva gravação.

Classificado no então 4º Batalhão de Engenharia, em Itajubá - MG, naquele quartel iniciou sua vida de oficial do Exército. Lá, meu pai, aos cinco anos, teve seu primeiro contato com a rotina de um corpo de tropa: montava a cavalo com meu avô e chegou a acompanhá-lo em uma marcha, seguida de um acampamento.

No início de 1932 meu avô foi convidado para lecionar no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Aceito o convite, retornou ao Rio e, pouco depois, já Capitão, foi voluntário para seguir com as tropas que iriam combater os paulistas durante a Revolução Constitucionalista. Chefiou o serviço de Engenharia de um dos setores e foi, posteriormente, Prefeito Militar de Campinas. Encerrado o conflito retornou ao Colégio Militar, agora em definitivo. Sua carreira estava traçada: foi como professor e educador que mais se afirmou e projetou.

Em 1938 ingressou, voluntariamente, no Magistério Militar, sendo promovido a Major, na reserva e, no ano seguinte, a Tenente Coronel. Em virtude do seu desmedido amor ao Exército e encantamento pelas coisas castrenses, certa vez meu pai, já oficial, perguntou-lhe o que o levara a deixar a ativa. Meu avô respondeu que “na tropa havia se dado conta do descompasso prático de quase dez anos entre ele e os tenentes recém-saídos do Realengo e, havendo a chance, preferira produzir muito mais, fazendo o que sabia fazer de melhor, a se acomodar numa legião de desatualizados malvistos”.

Entre 1933 e 1938 lecionou no Colégio Militar, na Escola de Intendência do Exército e na Escola Superior do Comércio do Rio de Janeiro, período em que se diplomou bacharel em Direito.

Foi um dos fundadores, em 1936, do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, o qual presidiu por quase quinze anos.

Sócio atuante do Clube Militar por mais de seis décadas, do qual foi Conselheiro e Diretor do Departamento Cultural, ainda Capitão dirigiu a sua Revista, tendo preparado, em 1937, a edição comemorativa do cinquentenário do Clube.

Em 1939 foi criada, na Escola Militar, uma nova disciplina chamada Revisão de Português. Dezessete anos após ser expulso meu avô retorna vitorioso ao Realengo, nomeado Catedrático da nova cadeira.

No início do ano seguinte assumiu a direção do Departamento de Educação Primária do Distrito Federal e, em 1942, tornou-se Secretário-Geral de Educação e Cultura. À frente do ensino público desenvolveu uma obra educacional digna dos maiores louvores. Promoveu, em 1944, a Reorganização do Ensino Primário, à qual o conceituado mestre Lourenço Filho, em conferência para educadores cariocas, assim se referiu: “A Reforma Jonas Correia é uma das mais adiantadas, é a real expressão da pedagogia moderna”.

Em outubro de 1945, com a queda de Getúlio Vargas, em virtude da aprovação e do reconhecimento da população ao seu trabalho na área do ensino, meu avô foi convencido a se candidatar, pelo PSD, à Câmara dos Deputados, tendo sido o Deputado Federal mais votado no Rio de Janeiro. Comentava-se, à época, que ele havia sustentado, e arrastado, no Distrito Federal, a votação do Gen Dutra à Presidência da República. Na Câmara integrou as Comissões de Educação e Cultura e de Diplomacia. Mas não era um político e, divergindo de várias posições adotadas pela situação, rompeu com a sua legenda, mudando de Partido.

 

Suas convicções e atitudes sempre foram muito bem definidas e do conhecimento de todos. Isto ficou evidenciado por ocasião da histórica sessão da Câmara, de janeiro de 1948, quando, como 3º Secretário, assumiu o ônus da leitura do ato de cassação dos mandatos dos deputados do Partido Comunista Brasileiro, encargo que o 1º e o 2º Secretários não quiseram assumir, a fim de evitar um provável desgaste de suas imagens. Meu avô o fez, mostrando sua firmeza de caráter e coragem moral perante uma Casa repleta e com a opinião pública não totalmente convencida da justeza do ato.

 

Sua experiência como político trouxe-lhe mais decepções e dissabores do que satisfações e, assim, não se reelegeu. Em determinada ocasião perguntei-lhe acerca desse período e ele me disse que os valores que se cultuavam naquela Casa eram muito diferentes daqueles que aprendemos a cultivar e a cultuar no Exército Brasileiro, e que só não renunciara ao mandato para honrar a confiança do povo que o elegera com milhares de votos.

 

Retornou ao Colégio Militar em 1951, como chefe do Departamento de Ensino de Português, mas sem deixar de lecionar, que era o que mais gostava de fazer.

 

Em 1955 foi convidado pelo Comandante, Cel Adalberto Pereira dos Santos, que viria a ser Vice-Presidente da República no Governo Geisel, para ser o Subdiretor do Ensino Geral, a mais elevada função do Magistério, no Colégio, que exerceu até meados do ano seguinte, quando se reformou, sendo promovido, na inatividade, a Gen Bda, mais tarde corrigido para Gen Div.

 

A respeito de sua possível ascensão ao generalato quando ainda professor do Colégio Militar, valho-me das lembranças do meu pai: “Enquanto nas tarefas letivas, acenaram-lhe com a possibilidade de ser promovido a General e permanecer em serviço. Recusou! Um dia, conversando sobre isso, perguntei-lhe o motivo da recusa. Pedindo-me reserva, para não parecer que estivesse criticando algum colega, disse-me mais ou menos o seguinte: ‘Eu não ia me sentir bem dando aulas fardado de General. Além disso, é um posto que sempre respeitei e reconheço que não fui preparado para alcançá-lo; e só o tenho como inativo por causa das vantagens legais que interessam também à minha família’.”

     Após sua reforma, em 1956, meu avô não teve mais ligações de trabalho com o Colégio Militar, mas os laços de afeto e gratidão o acompanharam até a sua morte. Gostava de ir ao “seu” Colégio! Quantas vezes, aos sábados pela manhã, no final dos anos 1950, levou-me ao Esquadrão de Cavalaria para montar o cavalo Pagé!

Reformado, dedicou-se integralmente às atividades culturais, especialmente à História Militar, sempre preservando suas raízes, vinculado ao ambiente militar.

Integrou o Conselho Estadual de Educação do Rio de Janeiro e o Conselho Editorial da Biblioteca do Exército, do qual foi Benemérito.

Participou da elaboração dos três volumes da História do Exército Brasileiro. No que tange à “revisão dos aspectos históricos das monografias básicas”, compunham o grupo de trabalho, além dele, nomes como Artur César Ferreira Reis, Prado Maia, Lavanère-Wanderlei, Salm de Miranda, Victorino Portella, Claudio Moreira Bento  e outros. Na equipe que tratou do “estudo de problemas de forma e comunicação da obra” esteve ao lado de Pedro Calmon, Josué Montello, Jacobina Lacombe e D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança. 

Fez pesquisas de campo, escreveu artigos, ensaios, pareceres e livros; dezenas de palestras e conferências. Era frequentador assíduo de todas as instituições de que foi membro. O fato de residir no Rio de Janeiro, e possuir o título de “Cidadão Carioca”, fez com que priorizasse o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, do qual foi sócio emérito, orador e vice-presidente; o Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro; a Academia Carioca de Letras, da qual foi decano; a Academia Brasileira de Filologia, onde foi presidente; a Academia Luso-Brasileira de Letras e o Clube Militar. Porém, reservava um carinho especial a todas as demais instituições, como os Institutos Históricos de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul; o PEN Club do Brasil; a Academia Portuguesa de História e outros.

Culto e erudito, foi excelente escritor e primoroso orador. Dentre os inúmeros trabalhos publicados, alguns merecem destaque: Estudos de Português; Introdução ao Vocabulário da Gíria Militar; Linguajar e Anedotário Militar no Rio de Janeiro; Sentido Heróico da Poesia de Castro Alves; Olavo Bilac, o Patriota, o Poeta; Santos Dumont na Literatura, na Poesia e na Música; O Espírito de Caxias; Deodoro e seus Dois Momentos Históricos; Floriano; A Glória de Rio Branco; Mallet na História; Tuiuti, perfil histórico de uma batalha; e O Ensino Militar no Brasil, lançado quando representou o Exército em São Paulo, em 1939, no cinquentenário da Proclamação da República.

Em página do início dos anos 1940, ao referir-se ao General Osório chamou-o “A Lança do Império”, expressão que passou a ser acolhida no meio militar e por diversos historiadores, principalmente os gaúchos, sem que fosse indicada a sua autoria.

Existe, entretanto, um traço da sua personalidade muito pouco divulgado: era um mestre em criar e em contar histórias infantis. Quando éramos crianças, ainda bem pequenos, no Rio de Janeiro, eu e meu irmão do meio dormíamos no mesmo quarto. Quase todas as noites meu avô nos contava histórias versando sobre as arriscadas e temerosas aventuras de dois irmãos, Alfredinho e Marilda, que moravam em um sítio repleto de locais e entes misteriosos. Nas noites em que não podia estar conosco era uma decepção muito grande, pois ele sempre terminava o “capítulo” anterior em um momento realmente empolgante, e ficávamos ansiosos para saber como os irmãos resolveram a perigosa e assustadora situação que se apresentava. Creio que nem ele mesmo sabia! Algumas vezes minha mãe reclamava porque, quando ele saía do nosso quarto, sempre após uma rigorosa inspeção para verificar se havia alguma bruxa escondida embaixo das nossas camas, demorávamos a pegar no sono.

 

Havia alguns personagens fixos, mas quase diariamente novos figurantes surgiam naquele ambiente surreal, enquanto outros saíam de cena, para retornar em momento oportuno. Quatro ou cinco anos após essa época nasceria minha irmã, em Uruguaiana, que recebeu o nome de...Marilda.

Pouco tempo depois de ser alfabetizado, sem dúvida motivado pelas histórias do meu avô, li toda a coleção infantil de Monteiro Lobato.

Retornando às coisas sérias, desde menino eu gostava de admirar uma grande caixa de vidro onde meu avô expunha uma expressiva quantidade de condecorações. Cada uma tinha a sua história e ele valorizava todas, mas, de acordo com meu pai, parece que tinha certa predileção por três delas: a Medalha de Ouro “Conde de Porto Alegre”, do Colégio Militar; a Comenda da Ordem do Mérito Militar; e a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Educativo, que lhe foi imposta pelo seu ex-aluno Presidente João Figueiredo.

Sua última contribuição à cultura nacional encontra-se no livro, editado pelo SENAI em 1994, Símbolos Nacionais da Independência. Produto de demorada e minuciosa pesquisa, o tema foi abordado de forma bastante ampla, sendo a obra mais completa, do gênero, existente no País. Os originais, com ilustrações em cores, foram doados por meu pai ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Em 1964 estudei História e Geografia com minha avó, para prestar o concurso de admissão ao Colégio Militar. Ele, sempre atento, dizia que as duas matérias eram inseparáveis; que para bem entender a História deveríamos ter, sempre, um mapa à mão; que a História inscreve o fato no tempo e a Geografia o imprime no espaço.

Ao final daquele ano, sendo meu pai instrutor da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, foi meu avô quem me levou, durante quatro dias, para realizar as provas do concurso. Permanecia lá, conversando, cercado de amigos, quase todos seus ex-alunos. Quando eu saía, ao término da prova, apenas me olhava, analisava a minha reação e dava um sorriso.

Minha querida avó viria a falecer em abril do ano seguinte, mas a tempo de me ver envergando o uniforme do Colégio Militar, que ela achava lindo. E como meu avô tinha orgulho daquela farda! Certa vez, convidou a mim e a meu irmão para um passeio no bondinho do Pão de Açúcar, mas impôs uma condição: deveríamos ir fardados. E nós fomos!

Criança ainda, decorei uma estrofe que havia em um pequeno quadro, na sua grande biblioteca: “Filhos, estudem! Na vida, o quanto nós aprendemos é fortuna sempre havida e bem que nós nos fazemos.”

Sempre gostou de poesia, talvez influenciado pela minha avó Valmirina, primorosa poetisa. Apreciador das obras de Castro Alves, lembro-me até hoje de um trecho da poesia O Livro e a América, que ele não se cansava de repetir:

Oh! Bendito o que semeia
      Livros... livros à mão cheia...
      E manda o povo pensar!
      O livro caindo n'alma
      É gérmen - que faz a palma,
      É chuva - que faz o mar.

Jamais se cansou de estudar. Citava Leonardo da Vinci, dizendo que “Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”.

Meu avô viveu intensamente. Teve uma vida rica em conhecimentos, trabalho e produção. Deixou inúmeros amigos e admiradores. Foi soldado e cidadão.

A última vez em que estive com ele foi em maio de 1997, por ocasião das Bodas de Ouro dos meus pais. Já apresentava problemas de saúde, mas a sua cabeça permanecia a mesma. Conversamos bastante e, como sempre, aprendi muito. Foi a última aula que tive com meu avô, que faleceria oito meses depois.

Minhas senhoras e meus senhores! Creio ter-lhes dado uma idéia acerca do insigne Patrono da Cadeira que terei a honra de ocupar.

Mais uma vez, peço que aceitem minha gratidão pela presença e pela atenção a mim dispensada.      Muito Obrigado           Cel Reinaldo Correia

 

PALAVRAS FINAIS – SANTIAGO, EM 18 SET 2010

É com grande satisfação castrense que estivemos hoje aqui em Santiago, no Círculo Militar dos integrantes da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, hoje ao comando de destacado  ex-aluno nosso em História Militar, em 1978, o General-de-Brigada José Eustáquio Nogueira Guimarães e filho de nosso apreciado colega de ECEME Cel Lázaro Rodrigues Guimarães . E para presidir esta cerimônia histórica, da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul, de lançamento da História da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, dentro do Projeto História do Exército na Região Sul, faltando, do Comando Militar do Sul, somente a História em andamento da AD/3 - Artilharia Divisionária da 3º Divisão de Exército Divisão - Encouraçada, a herdeira das tradições da 3ª Divisão do Brigadeiro Sampaio, em Tuiuti , cujo 4º Batalhão de Fuzileiros, que atuou na sua Vanguarda nesta batalha, foi reorganizado aqui em Santiago como 9º Regimento de Infantaria e, desde a década de 20, aquartelado em Pelotas, e hoje como 9º BI Motorizado e denominado Regimento Sampaio, por ser a unidade mais ligada ao Patrono da Infantaria.

Nesta reunião, além do lançamento do citado livro, empossamos como acadêmico o Cel Reinaldo Goulart Correia, na cadeira General Jonas Correia, seu avô, e na qual  sucede os acadêmicos eméritos General de Exército Jonas de Moraes Correia Neto, seu pai, e o General Geraldo Luiz Neri da Silva, o coordenador do excelente Projeto  História Oral do Exército. O Cel Reinaldo é o Delegado da AHIMTB em São Borja, da Delegacia da AHIMTB General Souza Docca, da qual a AHIMTB muito espera em realizações nesta região das Missões. É uma “Mensagem a Garcia”, que temos certeza ele a entregará.

Empossamos, igualmente, o historiador e artista plástico Sargento de Saúde Carlos Fonttes, na cadeira Pintor Alcebíades Miranda Jr, grande pintor que, no passado, ilustrou publicações do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, e com o qual muito contatamos no Projeto História do Exército, em 1972, como integrante da Comissão de História do Exército de Estado-Maior. Carlos Fonttes é autor da primeira História da 1ª Bda C Mec, hoje aqui relançada bastante ampliada. É o Delegado da AHIMTB Marechal Fernando Setembrino de Carvalho, em Uruguaiana, e divide sua cadeira com o acadêmico emérito Cel Pedro Paulo Cantalice Estigarribia, grande pintor do Exército, com obras espalhadas por diversas casernas do Brasil.

Resta-nos agradecer ao General Eustáquio, e a sua equipe, o apoio da 1ª Bda C Mec a esta histórica cerimônia de lançamento da História deste grande comando, e de posses de acadêmicos; e lamentar a ausência neste evento, por motivo de força maior, do último comandante desta Brigada, que assina as orelhas desta obra, o General Edson Leal Pujol, Presidente de Honra de nossa Academia, seu incentivador e que ocupará, como acadêmico, em 2011, a cadeira Marechal José Pessoa, o idealizador da AMAN, como parte das comemorações dos 200 anos da AMAN, nossa mãe profissional, sobre a qual a Academia de História Militar Terrestre do Brasil lançará, ainda este ano, o livro 2010 - 200 anos da criação da Academia Real Militar, a AMAN. Obra prefaciada pelo Cel Caminha, com abas ou orelhas da lavra do Gen Ex Clovis Jacy Burmann, presidente da FHE e da POUPEX, e apresentação do Gen Bda Edson Leal Pujol, atual comandante da AMAN e o último comandante desta Brigada.

Com votos de que os integrantes da 1ª Bda C Mec apreciem os trabalhos de seus acadêmicos na História da Brigada. E é com prazer que aqui deixo instalada a Delegacia da AHIMTB de Santiago Marechal Carlos Flores de Paiva Chavestendo como seu delegado o Ten Florian e como seu  Delegado de Honra  o presado General Eustaquio Comadante da 1ª Brigada C Mec Muito Obrigado! Pela AHIMTB e IHTRGS,

     Cel Claudio Moreira Bento, Presidente da AHIMTB e IHTRGS.

LANÇAMENTO DO LIVRO DA 1ª Bda C Mec

 
APRESENTAÇÃO DO LIVRO

É com grande satisfação e honra que apresento a obra “1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada – Brigada José Luiz Mena Barreto”. A obra do Cel Cláudio Moreira Bento, com as contribuições do Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis e do historiador Carlos Fonttes, traz uma contribuição importante para a preservação da memória das atividades da nossa Brigada.

Em uma abordagem ampla e didática, os autores iniciam a obra apresentando os traços da história militar terrestre da região missioneira do Rio Grande do Sul, espaço geográfico que coincide com a área de responsabilidade da nossa Grande Unidade. Fruto de pesquisa detalhada, o livro registra, com precisão, os fatos históricos que nos permitem fazer uma viagem ao passado para entender nosso presente. Nesse primeiro capítulo, participamos dos combates entre portugueses, espanhóis e guaranis, na luta pelo território que herdamos, desde a fundação da Colônia do Sacramento até a sangrenta campanha da Guerra da Tríplice Aliança, passando pelas batalhas da Guerra Guaranítica. E foram essas três culturas, hispânica, lusitana e indígena, que nos legaram os traços culturais tão peculiares que sintetizam a alma missioneira. A integração dos costumes, aliada à miscigenação racial, permitiu a fusão que gerou a cultura missioneira, manifestada por esse povo orgulhoso e amistoso, combativo e cavalheiresco.O livro aborda também as origens de Santiago, acolhedora cidade que recebe os integrantes da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, desde os idos de 1922, quando ainda éramos a 1ª Divisão de Cavalaria, contribuindo em sua pesquisa para os anais do município. Na obra, podemos também conhecer um pouco mais da figura histórica de nosso patrono – José Luiz Mena Barreto – integrante de uma das mais tradicionais famílias de militares gaúchos que nos deixaram tantas páginas de glória e heroísmo nas campanhas militares, especialmente do século XIX.Ainda no segundo capítulo, os autores relatam o envolvimento da Brigada e de suas unidades nas campanhas tenentistas, desde a revolução de 22, passando pela Coluna Prestes, até as participações nas Revoltas de 32. Tais fatos nos mostram um Exército politizado e participativo. Para a evolução política da Nação, o envolvimento dos “tenentes” foi, sem sombra de dúvida, um sopro de renovação. Para  Exército, no entanto, as divisões ideológicas geradas no seio de cada unidade, com suas facções beligerantes, não deixaram boas lembranças.

Nos dois últimos capítulos, cumpre destacar o detalhamento do registro histórico do currículo dos comandantes da Brigada e o resumo histórico das organizações militares que integram nossa Grande Unidade, tornando esta obra referência obrigatória para quem queira conhecer um pouco do passado de nossa Brigada.

Assim, como comandante da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, cabe-me agradecer aos autores pelo grande esforço e marcante colaboração que deram para o registro da História da nossa Grande Unidade e da sua participação militar na formação e no desenvolvimento das comunidades da Região dos Sete Povos das Missões.

Com a publicação deste livro, o Comando da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada está convencido de que se oferece à comunidade e, em especial à missioneira, uma contribuição valiosa ao esforço de reconstituição da memória militar.Graças aos esforços dos que trabalharam na elaboração desta obra, fica preenchida uma lacuna há muito sentida e reclamada por todos que, por dever de ofício, ano a ano, buscam conhecer as origens e a história da 1ª Bda C Mec. Ao Cel Cláudio Moreira Bento, nosso instrutor de História Militar na AMAN em 1978 e à equipe dirigida por este consagrado historiador militar, que tornaram realidade um sonho de quantos tiveram a honra de integrar as fileiras desse Grande Comando, os cumprimentos e a eterna gratidão da 1ª Brigada.

Que os feitos de nossos antepassados, revividos na leitura desta importante obra histórica continuem a inspirar e orientar, no presente e no futuro, as ações dos integrantes da nossa Brigada José Luiz Menna Barreto.

Gen Bda JOSÉ EUSTÁQUIO NOGUEIRA GUIMARÃES

Comandante da 1a Brigada de Cavalaria Mecanizada

"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."