INFORMATIVO GUARARAPES- 2010              

 


 

Fundada em 1o de março de 1996

 

O GUARARAPES

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

CGC 01.149.526/0001-09

CERIMÔNIA DE PALESTRA  E DE LANÇAMENTO DE LIVRO NA AMAN EM HOMENAGEM AO BRIGADEIRO ANTÔNIO DE SAMPAIO EM SEU BICENTENÁRIO PELA AHIMTB

 

ESPECIAL       MAI 2010        

    

Cerimônia, na AMAN, de palestra e lançamento do livro:

Bicentenário do Brigadeiro Antônio de Sampaio, o Patrono da Infantaria.

no Curso de Infantaria, pelo Cel Claudio Moreira Bento presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

 

A seguir, será transcrita, na íntegra, a cerimônia de lançamento do livro: Bicentenário do Brigadeiro Antônio de Sampaio, o patrono da Infantaria, que tem como autor o Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO, Presidente da AHIMTB.  

 

 Capa e contracapa do livro

      Estiveram presentes, na sessão realizada no dia 3 de maio l de 2010 no Auditório General Médici (AGM), o Exmo Sr Gen EDSON LEAL PUJOL, Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras, 3º Presidente de Honra, o Sr Cel Inf JOSÉ LUIZ LISBÔA NEIVA, S Cmt, o Cel Inf MILTON SILS DE ANDRADE JÚNIOR, Cmt CC, o Ten Cel Inf MARCELO BENTO PIRES, Cmt do Curso de Infantaria, oficiais do Estado-Maior Geral e Especial, instrutores, professores, cadetes e os seguintes acadêmicos: Cel Com QEMA Alberto Cláudio de Oliveira Weirich e Cel Com QEMA CLÁUDIO ALFREDO CUNHA DORNELLES.

1. Apresentação do Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO, Presidente da AHIMTB, efetuada pelo Cap Inf NILTON FABIANO VELOZO LINS, S3 do Curso de Infantaria da AMAN

 

O Coronel Eng CLÁUDIO MOREIRA BENTO é natural de Canguçu, RS, local onde o então Capitão ANTÔNIO DE SAMPAIO esteve destacado por 4 anos, depois da Revolução Farroupilha, e onde conheceu sua esposa, JÚLIA DOS SANTOS MIRANDA. Cidade que, também, contribuiu com 10% dos gaúchos mortos na FEB que integravam a Arma de Infantaria. O Cel BENTO pertence à Turma ASPIRANTE MEGA da AMAN de 1955 e do qual é biógrafo. Foi instrutor de História Militar na AMAN no triênio 1978/80. Comandou o 4ª Batalhão de Engenharia de Combate em Itajubá e dirigiu o Arquivo Histórico do Exército de 1985-1990. Possui o curso de Analista de Alto Nível pela antiga Escola Nacional de Informações. É historiador militar consagrado com 86 títulos (livros, álbuns e plaquetas) e centenas de artigos onde se destaca seu livro: Como estudar e pesquisar a História do Exército publicado como manual pelo Estado–Maior do Exército em 1978 e 1999. Além disso, publicações relacionadas com o Projeto História do Exército na Região Sul que ele desenvolve desde 1994 e ao qual pertence o livro que hoje aqui será lançado. integra as principais entidades nacionais e estaduais de História do Brasil, e as Academias de História de Portugal, Espanha, Argentina, Uruguai, entre outras. Possui sete prêmios literários. Fundou, em 1996, em Resende a Academia de História Militar Terrestre do Brasil  sediada em  dependências cedidas pela AMAN, próxima da Casa do Laranjeira, e voltada para colaborar com o Exército,  na  conquista  de seu objetivo atual Nr 1:

       “Pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História, as tradições e os valores morais, culturais e históricos do Exército”.

          Desde 1971, dedica-se à História Militar Crítica à luz dos fundamentos da Arte Militar aprendidos no curso da ECEME.

          O Cel BENTO foi condecorado com as Medalhas da Ordem do Mérito Militar, Oficial do Mérito das Forças Armadas, Pacificador, Militar de ouro com passador de platina, Mérito Tamandaré, entre outras.

          Possui, a maior condecoração de Resende, a Medalha Conde de Resende, fundador do ensino militar acadêmico nas Américas e do Ensino Superior Civil no Brasil em 1792 e da cidade de Resende.

         Outros dados de sua vida e obra constam em seu currículo, ao final do livro que hoje aqui será lançado. Publicação que apresenta com originalidade a única foto conhecida do Brigadeiro ANTÔNIO DE SAMPAIO.

O Cel BENTO dedica-se à História institucional e operacional do Exército na forma definida, a seguir, pelo Marechal FERDINAND FOCH, o comandante da vitória aliada na 1ª Guerra Mundial:

       “Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para melhor prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em lições e meditações do que o livro de História Militar”.

A partir de agora, irá discorrer acerca do Brigadeiro SAMPAIO e aqui lançar seu livro: Bicentenário do Brigadeiro Antônio de Sampaio, o patrono da Infantaria, o Cel BENTO.

 

2. Palestra do Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO, Presidente da AHIMTB

   Excelentíssimo Sr Gen EDSON LEAL PUJOL, Cmt da AMAN, Sr Cel JOSÉ LUIZ LISBÔA NEIVA, S Cmt, senhores oficiais,  cadetes,  o  brigadeiro  ANTÔNIO DE SAMPAIO foi consagrado, em Dec Nr  51.429 de 13 de março de 1962, patrono da Arma de Infantaria, em cujo seio se forjou e destacou-se,  sobremodo, como bravo e modelar líder de combate, instrutor e disciplinador da Infantaria, a frente da qual, representada pela sua 3ª Divisão de Infantaria – a Divisão Encouraçada, teve seu glorioso encontro com a glória militar em 14 de maio de 1866, na Batalha de Tuiuti, onde se constituiu em fator decisivo para a vitória, em que pese os três ferimentos recebidos que determinaram sua morte, em 6 de julho de 1866, a bordo do vapor "Eponina" e o fato de quatro cavalos que montava durante a resistência, a todo o custo que liderava, terem tombado por perfurações de balas e baionetas inimigas e mais o de sua heróica Divisão haver  concorrido  com  33%  das  baixas  brasileiras  e   29%  das  baixas  aliadas  neste  dia,  por haver se constituído em ponto chave da defesa.

 
Banner presenteado ao C Inf pelo Cel BENTO com foto real do herói

 

SAMPAIO chegou ao Rio Grande do Sul ao final da Revolução Farroupilha, onde, no comando de uma companhia de Infantaria, estacionou cerca de quatro anos em Canguçu, como instrumento de consolidação da Paz de Ponche Verde e próximo de Piratini e Caçapava, antigas capitais da República Rio-Grandense (1836-45).

A seguir SAMPAIO empenhou-se a fundo no comando sucessivo de batalhões e brigadas de Infantaria. Em pouco transformou-se num consumado condutor de homens, conhecedor profundo do terreno e mestre em adestrar e empregar a Infantaria. Combateu na guerra contra ORIBE e ROSAS (1851-52) quando participou da Batalha de Monte Caseros, como integrante da Divisão Brasileira.

Comandou um Batalhão de Divisão de Observação que penetrou em Montevidéu em 7 de maio de 1859, a pedido do Presidente oriental VENÂNCIO FLORES. Na guerra contra AGUIRRE teve atuação destacada a frente de uma Divisão, na conquista de Paissandu o que lhe valeu sua promoção a brigadeiro.

Durante a guerra da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-70), que fez como oficial general, teve atuação destacada até Tuiuti.

Sobre o seu conceito e o de sua tropa escreveu DIONÍSIO CERQUEIRA, o maior cronista deste conflito e que foi integrante da Divisão Encouraçada e subordinado de SAMPAIO, em Reminiscências da Campanha do Paraguai.:

"A idéia de eu passar para a Infantaria não me abandonava. Esta Arma exercia sobre mim indizível fascinação. Quando passava um daqueles belos batalhões da Divisão Sampaio, a Encouraçada, de bandeira desfraldada, os pelotões alinhados, guardando bem as distâncias, marchando airosos e elegantes, ao som alegre de um dobrado vibrante, não me podia conter, e punha-me a marcar passo..."

E mais adiante. "Fui apresentar-me ao general SAMPAIO. O ilustre general, glória do Exército pelo valor e amor a disciplina, estava uniformizado, debaixo de uma ramada, lendo uma história de NAPOLEÃO, seu capitão predileto. Quando me viu, fechou o livro, marcando-o com o indicador da mão esquerda".

SAMPAIO era cearense de Tamboril, onde nasceu em 24 de maio de 1810. Morto heroicamente aos 56 anos, após sublimar as virtudes militares de coragem, bravura, honra militar e desprendimento.

Vive ainda na memória do Brasil, na alma do Exército e sobre tudo nas melhores tradições da Infantaria Brasileira que ele ajudou a forjar. Seus restos mortais repousam em Panteon em Fortaleza - CE defronte ao aquartelamento onde ele iniciou sua vida como  soldado em 1830 e que servirá de cenário para  a Festa Nacional da Infantaria este ano em comemoração do  seu bicentenário.

Sejam felizes!

Após a palestra, o Cel BENTO entregou exemplares de seu livro a cadetes do Curso de Infantaria,
 destaques em História Militar da Academia Militar das Agulhas Negras

3. Leitura das abas do livro redigidas pelo Gen Div MARCO ANTÔNIO DE FARIAS, Primeiro Subchefe do Estado-Maior do Exército

 

A Infantaria é arma do combate aproximado. É formada por soldados bravos e tenazes, que podem atuar em todos os tipos de terreno e sob quaisquer condições atmosféricas. Sua principal missão é conquistar e manter o terreno, aproveitando a capacidade de manobrar com pequenas frações. O patrono dos corajosos infantes brasileiros é o Brigadeiro ANTONIO DE SAMPAIO.

Com um currículo literário invejável, o Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO, ícone entre os historiadores militares do Brasil, conquistou sucesso devido à conceituada carreira de escritor de temas similares, disponibilizando aos leitores o mais alto valor histórico da memória  militar terrestre brasileira.

Para comemorar o Bicentenário do Brigadeiro ANTONIO FERREIRA DE SAMPAIO, Patrono da Infantaria, o Cel BENTO resgata  com riqueza de detalhes a história do herói nacional, nascido em Tamboril, CE, em 24 de maio de 1810.

A ligação do autor com o tema vai além do culto histórico. Quis o destino que o Cel BENTO nascesse em Canguçu, onde o Brigadeiro ANTONIO DE SAMPAIO conheceu e noivou com a canguçuense JÚLIA DOS SANTOS MIRANDA quando, exercendo ali o comando, por cerca de 4 anos, de 150 homens da 8ª Cia do 4º Batalhão de Fuzileiros, vindo de Pernambuco, garantiu o cumprimento dos termos da Paz de Ponche Verde. E casaria SAMPAIO em Jaguarão com a jovem JÚLIA, com o mesmo padre que casara seus pais em Canguçu, conforme concluiu o Cel BENTO.

           O “Bravo dos Bravos” da Batalha de Tuiuti entrou para o paraíso celestial militar em 6 de julho de 1866, a bordo do vapor Eponina, em consequência de três ferimentos à bala recebidos em combate, à frente da 3ª Divisão de Infantaria.

A Batalha de Tuiuti foi a maior peleja campal travada na América do Sul e levou SAMPAIO a ser nobilitado pelo Decreto Nr 51.429, de 13 de março de 1962, como o Patrono da Arma de Infantaria do Exército Brasileiro.

Nessa  decorrência  de  fatos,  o autor, c om admirável conhecimento, destaca a trilha

brilhante do Brigadeiro ANTÔNIO DE SAMPAIO, que teve sua carreira prestada no serviço de tropa, de soldado a brigadeiro, durante 36 anos.

O ingresso na Força Terrestre ocorreu como praça voluntário no 22º Batalhão de Infantaria, em Fortaleza. Participou de importantes e decisivas campanhas de guerra. A partir do posto de major, todas as suas promoções passaram a ser por merecimento e o peito do sertanejo de Tamboril cobriu-se de condecorações. Como coronel, recebeu o comando de uma Brigada para conquistar a localidade de Paissandu, no Uruguai. Já no posto de brigadeiro comandou a gloriosa 3ª Divisão de Infantaria, a Divisão Encouraçada, de Montevidéu até Tuiuti.                               

Sua vida de egrégio soldado - que, de origem humilde ascendeu ao quadro de Oficial General do Exército Imperial - mostrou-se pautada na tríade trabalho, fé e família, base da vida de qualquer homem de bem. Conheceu o amor e a decepção em Tamboril mas, 10 anos depois, constituiu família e apagou as mágoas do passado. Na Força, o aguerrido SAMPAIO conduziu pelotões e companhias, em 36 ações de combate. Tornou-se um líder denodado e possuidor de bravura física e moral invulgares.

Vários episódios balizaram sua relevância histórica. A audácia em combate, sobretudo ao enfrentar o inimigo sem proteção e sair ileso em inúmeras batalhas, dando origem à lenda, entre seus comandados e bandoleiros, de que tinha o corpo fechado a balas e baionetas, decorrente de uma oração que trazia no peito.

Ao desfrutar desta epopéia, o leitor perceberá que um herói nacional se constrói pelo nobre gesto de morrer por sua Pátria, mas, sobretudo, alicerçado em exemplos que permeiam sua trajetória profissional e pessoal, e pelo legado de honra que deixa, eternizando seus feitos no perfil dos atuais integrantes da Arma do Combate aproximado.

Oriundo da Infantaria, sinto-me lisonjeado e orgulhoso em poder expressar o encantamento pelos feitos de SAMPAIO e de poder identificar atributos  do  velho brigadeiro.

Dessa forma, agradeço ao autor e amigo, Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO, pela oportunidade que me foi dada de participar desta obra, que valoriza a arma de Infantaria e, para o mundo contemporâneo, carente de modelos ilibados, torna-se leitura indispensável.

 
Canto vibrante da canção da Infantaria pelo Curso de Infantaria da AMAN


    Informativo da Academia de História Militar Terrestre do Brasil
Tiragem: 50 exemplares impressos
Supervisão: Cel Eng Cláudio Moreira Bento
Redação: Cel Com Alberto Cláudio de Oliveira Weirich
Impressão: Editora Acadêmica

    E-mail: bento1931@gmail.com Telefone: (24) 3388-4788

 

"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."