INFORMATIVO GUARARAPES- 2010              

 


 

Fundada em 1o de março de 1996

 

O GUARARAPES

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

CGC 01.149.526/0001-09

Posse como acadêmico do Cel  Estevão Alves Correa Neto na cadeira Especial Alte Augusto João Manuel Leverger Barão de Melgaço

 

 

28 AGO 2010  

    

PALAVRAS DE RECEPÇÃO  DO  PROF. JULIO FIDELIS AO PROF. CORRÊA NETO

 Prezados senhores e senhoras e demais autoridades presentes nesta cerimônia.

 

Estamos reunidos na celebração de um grandioso momento por se tratar do ingresso de do prof. Estevão Corrêa neto à academia de história militar terrestre do Brasil.

Associar-se, ou seja, viver em sociedade ou ser aceito por um determinado grupo é uma das indispensáveis necessidades do ser humano. Segundo Maslow, somente as necessidades fisiológicas: como alimentação, descanso; e necessidade de segurança: como saúde, emprego, casa própria; são mais importantes para o ser humano do que as necessidades de relacionamentos sociais.

A família, o clã e a cidade fazem parte das coisas naturais. A integração social ou aceitação pelo grupo é uma conquista humana. O homem é por natureza um ser gregário, como disse Aristóteles. Por natureza, e não simplesmente por acidente, aquele que não se relaciona socialmente é um ser degradado ou um ser acima dos homens, segundo Homero. Tratando-se de alguém sem linhagem, sem lei, sem lar.

 

Neste momento estou aqui para homenagear um homem de linhagem, de lei, de lar, um homem honrado ,militar, mestre, professor , amigo ...

 

CEL. Prof. ESTEVÃO ALVES CORREA NETO

 

- Cadeira Especial – Augusto Leverger – Barão de Melgaço.

 

RAZÃO DO SEU NOME

 

1.Nascido em  2 de março de 1941 (60 anos do seu avô).

 Local Aquidauana MS (onde seu genitor servia no Batalhão de Engenharia)

Nasce no dia do aniversário do seu avô Dr. Estevão Alves Correa Neto – médico e político em Cuiabá – MT. Ex- Governador do Estado de Mato Grosso.

Orgulha-se de ter nascido em Mato Grosso e ser neto do Dr. Estevão político saudado pelo historiador Professor Nilo Povoas da Academia Mato-grossense de letras.

 “Dr. Estevão exercera com elevado espírito público os cargos: de Diretor Geral da Instrução, Diretor do Liceu Cuiabano, Deputado Estadual, Presidente da Assembléia,

Presidente da Assembléia Constituinte em 1935,Governador de Mato Grosso (25-10-1924 a 22-10-1926)”

 

2. Filiação

Filho de ESTEVÃO ALVES CORREA FILHO – GENERAL DO EXÉRCITO E VICTÓRIA SANTOS COSTA ALVES CORREA PROFESSORA eles que cultivaram seus amigos com especial carinho, e realizaram até o final de suas vidas um trabalho diuturno na Igreja N. Srª de Copacabana e na Rádio Catedral no Rio de Janeiro. O professor Estevão considera-se herdeiro deste modo de ser, pois aprendeu a respeitar o próximo como sempre aprendeu e confia sempre em Deus que o protege.

 

3. Formação

Estudos iniciais em Cuiabá e Corumbá. Curso Ginasial completo em Campo Grande (MS). 2º Grau (hoje EM) no Colégio Militar do Rio de Janeiro.

 

Cursos Superiores

Academia Militar – Aspirante de Infantaria 1963.

Graduação em Psicologia – UERJ – 1969.

 

Tem orgulho de pertencer a turma de 1963 da AMAN por ter inclusive essa turma de três ex comandantes Gen. Ivan Bastos, Gen. Cupertino e Gen. Curado.

 

4. Vida Profissional

Aspirante no Regimento Escola de Infantaria – 1964

Classificado nessa unidade por sua escolha.

Nesta unidade tradicional onde vivenciou a coesão, a vibração e o profissionalismo consolidou os ensinamentos dos instrutores e professores da AMAN e fortaleceu a sua personalidade militar para toda a sua conduta na carreira.

 

Por suas qualidades foi designado como 2º tenente para integrar a Força Interamericana de Paz.  Nos 6 meses que esteve destacado na República Dominicana, entre outras missões substituiu a tropa de pára-quedistas do Exército dos Estados Unidos na segurança do Quartel General da FIP(Força Interamericana de Paz). Delicada missão que cumpriu com louvor.

Recebe então sua 1ª condecoração a medalha de mérito da OEA.

 

5. Serve no 2º Batalhão de Infantaria Blindada sendo subordinado do então Cel. Ernani Ayrosa (AYROSA) da Silva e do Gen. Tasso Villar de Aquino

 

Neste período ocorre seu Casamento casa-se com a senhora Ana Maria e tem início a sua vida familiar.

 

6. Promovido a Capitão é classificado para servir no 2º Batalhão de Fronteira em Cáceres no seu estado natal. Para lá segue com sua família: o seu filho Carlos Estevão com pouco mais de um ano hoje médico e advogado, sua esposa Ana Maria grávida e cheia de coragem para enfrentar a aventura de imprevisíveis louvores como muitas esposas de militares. Nessa unidade comanda sete destacamentos comandados por sargentos. Todos distantes e de difícil acesso. Em setembro poucos dias antes da comemoração da Independência nasce Eulália Alves Correa hoje capitão do Exército e esposa do Cel. Eduardo Paiva Maurmann de tradicional família resendense. Retorna com essa família aumentada porém ainda incompleta. Retorna para ser Ajudante de Ordens do General de Infantaria – Herói da FEB e Ernani Ayrosa da Silva e assim o acompanha na Diretoria de Armamento e Munição e na Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais.

 

7. Enriquecido pela experiência de ter sido ajudante de Ordens do General Ayrosa (Herói da Força Expedicionária Brasileira) e pelo curso de Psicologia realizado no CEP È novamente designado para servir em nova localidade distante do Rio de Janeiro. No comando Militar da Amazônia e no Colégio Militar de Manaus. Novamente desafiado, o então capitão Correa Neto pode demonstrar sua potencialidade no Colégio Militar de Manaus, pois simultaneamente comandou a Companhia de alunos internos da 5ª série, chefia a seção psicotécnica e o Serviço de Orientação Educacional e organiza duas edições da revista anual desse colégio. Organiza a Páscoa Acadêmica com coral de alunos e músicas de Roberto Carlos despertando o amor e respeito ao Criador. Reconhecido os alunos escolhem-no para paraninfar sua turma de formandos do 2º grau, prestando-lhe essa imorredoura homenagem. Desta época muitos alunos são oficiais das três forças armadas.

 

8. Após três anos em Manaus aceita o convite para servir em Brasília no Departamento de Ensino e Pesquisa como Ajudante de Ordens do exemplar chefe de cavalaria o General de Divisão Tasso Villar de Aquino que o considerava desde o tempo de segundo tenente no 2º BIB, nos conturbados anos de 1969.

 

9. Em Brasília é convidado para ministrar aulas no 5º ano do curso de psicologia do CEUB retornando suas atividades acadêmicas participando de seminários e congressos como palestrante. Em Brasília, nasce sua filha Ana Cristina futura psicóloga, atleta de excelente desempenho e de reconhecido valor.

 

10. Estimulado e incentivado por seus dois motivadores chefes Gen Exército Dilermando Gomes Monteiro e General Tasso Villar de Aquino prepara-se para o concurso do magistério superior do Exército na cadeira de Psicologia da AMAN. Concorre com cinco outros preparados candidatos e obtêm a 1º colocação.

 

11. Cursa a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais e é nomeado pelo Presidente da República Professor Permanente do Magistério Superior do Exército na cadeira de Psicologia na Academia Militar das Agulhas Negras.

 

 

 

 

12. Ainda é capitão quando ingressa na AMAN. Com seus cabelos ainda pretos convive com muitos dos seus antigos e respeitadíssimos mestres. Renova e fortalece os valores para cooperar na formação dos oficiais do Exército Brasileiro. Vivencia a importância da missão do professor.

 

13. Na AMAN é promovido a Major, Tenente Coronel e Coronel todas as promoções por merecimento. Nesta instituição exerce a função de professor, chefe de cadeira, chefe de seção e decano dos professores. Dirigiu o Instituto dos Docentes Militares eleito por unanimidade de votos (com uma conduta firme e corajosa) conforme palavras do General de Exército Max Hertel; promove concurso para o magistério, seminários de ensinos e coopera com pesquisas e orientações de monografias.

 

14. Na AMAN como professor busca seu aperfeiçoamento constante realizando cursos de pós-graduação em: Metodologia do Ensino Superior, Administração e Psicologia do Trabalho e o seu mestrado em Educação realizado na UNISAL e avaliado na UNICAMP.

 

15. Seu trabalho na AMAN foi reconhecido e recompensado tendo recebido as medalhas de 10, 20 e 30 anos de serviço e as almejadas condecorações, Medalha do Pacificador e a Ordem do Mérito Militar, ordem na qual também foi promovido.

 

16. Trabalhos Científicos apresentados.

 

Revistas publicadas no Colégio Militar de Manaus com artigo de docentes, alunos e civis.

 

Material de apoio didático sobre testes psicológicos para alunos do 5º ano do curso de psicologia do CEUB – Brasília.

 

Artigo – A metodologia de Dom Bosco publicado no Anuário de Ensino da AMAN e na revista do Clube Militar.

 

Poesia premiada publicada no livro “Cânticos Poéticos” livro da Biblioteca do Exército.

 

Dissertação de Mestrado acerca da avaliação de atributos da área afetiva. Trabalho elogiado pelas bancas de doutores da UNISAL e da UNICAMP.

 

Saudação a Portugal publicado na revista do Exército de Portugal.

 

Trabalho publicado em seminário de ensino na AEDB COM título “A pergunta do aluno”. Trabalho elogiado pelo chefe do Departamento de Ensino do Exército.

 

Pesquisa com alunos do 1º ano da AEDB na Semana de Acolhimento com análise dos resultados.

 

 

 

 

 

 

Autoridades e presentes o que tenho a dizer do professor Corrêa  Neto após desvelar a todos um pouco de sua vida está sintetizado nas palavras de Gaspar Melchor de Jovellanos :

"a verdadeira honra é a que resulta do exercício da virtude e do cumprimento dos deveres."   Assim não é de se esperar após ouvir a síntese da vida de novo acadêmico que honra as tradições de seu patrono nas virtudes e no cumprimento dos deveres merecendo mesmo carregar como lema o  “ sempre prompto” do Almirante Leverger.  Seja bem vindo!

 

 

SAUDAÇÃO AO PATRONO ALMIRANTE AUGUSTO LEVERGER – BARÃO DE MELGAÇO PELO NOVO ACADÊMICO CORONEL ESTEVÃO ALVES CORREA NETO

 

 

A história de Augusto João Manoel Leverger, nascido em 30 de janeiro de 1802, faz parte de páginas da história da Marinha Brasileira. Esta Instituição o acolheu e o promoveu por seus méritos. Acolheu conforme documenta Boiteux (1921) p. 215 e 216, pois Leverger se identificando com os filhos do país elabora sua petição ao Imperador:

“desejando continuar por um modo mais permanente a servir ao Brasil

cuja Boa e Justa Causa tem abraçado e ajudado…”.

 E assim inicia, com esta justificativa do seu desejo, a sua devoção ao Brasil. A avaliação do Almirante Rodrigo Lobo também mencionado por Boiteux (1921) também contribuiu para essa justa e futura admissão:

“Relativo ao piloto, o que posso dizer por experiência que gostei de o ver mandar quando a Corveta entrou n´este Porto”.

Referia-se o Almirante Rodrigo ao Piloto Leverger, que serviu na Corveta “General Lécor” de 4 de agosto de 1820 até 28 de dezembro de 1822. Comissionado e posteriormente efetivado no posto de Segundo Tenente em 1825, ainda jovem inicia sua vida na Marinha. Exemplifica, por suas atitudes, como esta Instituição consolida personalidades que se destacam como exemplares. E foram as missões desafiadoras recebidas que o conduziram a gradual glória e o reconhecimento histórico que será perpetuado pela pesquisa humilde e ética. Humilde pelo respeito que evidente deve-se ter. Ética para ser precisa e justa. Segui estes dois princípios como orientação neste singelo trabalho que se transforma em juramento necessário, justificando o meu ingresso nesta Academia de História Militar. Nada me foi cobrado pelo Coronel Cláudio Moreira Bento, porém, estas minhas palavras são necessárias para abrir os corações dos que me ouvem e reviver a vida de tão querido antepassado, que, como os notáveis, passam a ser mais do que bens comuns. Passam a ser bens públicos tocáveis como disse com respeito e ética. Abri páginas de livros e documentos preservados como fontes de inspiração que certificam o nascimento e a vida sendo, portanto, as certidões de vida de tão honrado patrono. Ingresso, com a singela semelhança e em decorrência desta herança imortalizada no “SEMPRE PROMPTO”, conforme afirma Taunay, (s.d.) p. 145:

“Sempre Prompto era sua divisa heráldica, a que obedecia, desde que não lhe melindrasse a altivez, sobranceira às conveniências e acomodações subalternas”

E assim respondo aceitando o convite para nesta nova e salutar missão compor: o quadro de acadêmicos da Academia de História Militar.

Aqui estão outros descendentes do Almirante Augusto Leverger representando o seu legado genético e seu eterno estímulo. Assim destaco:

Dr. Luiz Alves Correa, e meus queridos netos Mateus e Luana filhos de Eduardo Paiva Maurmann e Eulália Alves Correa Maurmann nascida em Cáceres em 1970, ocasião em que eu servia como Capitão no Segundo Batalhão de Fronteira.

 

A passagem de Augusto Leverger pela Marinha do Brasil

 

Este oficial do Império e do Imperador, viveu sua exemplar vida na Marinha do Brasil e foi reformado em 22 de maio de 1857 com cinqüenta e cinco anos de idade. Suas promoções e condecorações:

·                    Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro

·                    Cavaleiro da Ordem da Rosa

·                    Cavaleiro da Ordem de São Bento Aviz

São as recompensas justas e meritórias para uma dedicação reconhecida e hoje por nós relembrada. Com apenas dezoito anos, ao final de sua adolescência, ofereceu o saudável exemplo, pois já estava embarcado na “General Lécor” conforme relata Boiteux (1921) na sua importante obra. Recomendo sua leitura como incentivo para as futuras lideranças de nosso país. Que belo final de adolescência que nos permite repetir como os nossos antepassados:

“Que belo exemplo”

 Imaginemos também o que significou esse gesto para os jovens do nosso Império ao qual Dom Pedro se declarava

“Defensor Perpétuo”

 Conforme registra carta do brasão outorgado a Augusto Leverger. A História registra a carreira deste Almirante e suas passagens por corvetas, fragatas, bombardeiras em situações de combate real e sua sobrevivência para hoje novamente saudarmos o “bretão cuiabanizado”. Saudamos também a sua existência que possibilitou esta única e rica herança inquestionavelmente histórica. Sobreviver exige liderança; é o que podemos constatar ao longo do estudo da História. Cedo o nome de Augusto Leveger se tornou respeitado, pois assim diz Virgílio Correa Filho (1930):

“já era então sobremaneira prestigiado e popular o nome de Augusto Leverger em toda a Marinha Brasileira. Maior realce ainda alcançou no combate de Ponta de Lara, a 16 de junho de 1828.”

 Hoje leio saudoso tio Virgílio, pois ainda cadete eu o lia, tranqüilo, na rede repousando e a mim dedicando um olhar de afetivo estímulo, que hoje decifro.

Percebe-se que o estudo da História não permite que os homens pelos seus feitos sejam esquecidos. Este estudo enriquece a personalidade dos futuros chefes militares. Reconhecendo o valor do Almirante Leverger, os alunos do Colégio Naval do ano de 1980 e os Guardas-Marinha formados em 1984 o escolheram para paraninfar suas turmas e assim reviveram a imorredoura gratidão preservando seus feitos. Eternizaram-no com essa homenagem que a nós, seus descendentes, cabe agradecer. Essa é a nosso ver a maior recompensa oferecida pela Marinha do Brasil ao seu dedicado e fiel servidor.

 

“Barão de Melgaço, Exemplo de Cultura”

 

Pedro Rocha Jucá (2002), participando da revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato-Grosso, na edição comemorativa do bicentenário de nascimento do Barão de Melgaço, assim o descreve:

“é um exemplo de cultura e por isto deve ser sempre lembrado pelo povo mato-grossense”.

                                            Jucá, reconhecendo em Leverger o gosto de escrever textos de melhor qualidade e seu amor a Mato-Grosso, recomenda a leitura de pelo menos 35 de seus trabalhos, conforme relação em anexo por nós reproduzida.

                                                       Essa versatilidade de Leverger são os mais fortes sinais de amor ao Brasil, percebidos também pela saudosa professora Maria de Arruda Müller (2002), em seu artigo publicado na mesma revista comemorativa do bicentenário de Augusto Leverger. Maria Muller, mulher e poeta, exemplo de mãe cuiabana e educadora de líderes, relata como Leverger  amálgama culturas pelo casamento com Ignez d´Almeida Leite, em 1842, conforme testamento entregue pelo Comendador Luiz Alves Correa que nos honra com sua presença. Com este casamento, assimila por amor e por completo a cultura luso-brasileira. Os descendentes dessa união deram origem, conforme registros, às tradicionais e importantes famílias oriundas do nobre e bravo “bretão cuiabanizado” que naturalizou-se em 1844.

                                                       Ele mesmo certificou a sua irmã freira, residente na França, o seu definitivo e consagrado amor a Mato-Grosso. Em conhecida carta assim escreveu unindo-se também aos poucos poetas do Império:

“Pujem-me, às vezes dolorosas saudades da pátria, a nossa cara França (…). Poderia eu, porém deixar hoje o meu agarrador Mato-Grosso, que tão bem soube prender-me a si? Não, não, impossível!”

“Agarrador Mato-Grosso” caracterizado pelo historiador e professor Lourembergue Alves no artigo “Augusto Leverger: o cronista e sua obra” (2002).

Esta foi a influência de Leverger, é seu legado cultural de inigualável valor conforme Trindade (2001), o valor de Leverger:

“Por conta disso, as gerações de pesquisadores, que se seguiram ao longo dos tempos, puderam ter contato com esses textos” (Alves, 2002 p.66)

 

A Liderança e o Apogeu de Augusto Leverger

 

A prática da liderança aprendida pelo exemplo na Marinha do Brasil e sua lealdade demonstrada, tornaram-no confiável, para missões de maior responsabilidade. Ainda na ativa, a missão diplomática junto ao Paraguai permitiu-lhe prenunciar o futuro. Obedeceu fielmente ao “Defensor Perpétuo” do Brasil que o conduziu à Presidência da Província de 1851 a 1857. Os permanentes realísticos e respeitosos relatórios, a constante lealdade, o caráter herdado e preservado e assim por ele caracterizado:

“O único préstimo que tive foi de servir com lealdade, zelo e dedicação no trabalho”

Reconduziram-no, por três vezes à Presidência de Mato Grosso. Deu exemplos para os dirigentes e políticos do Estado que o acolheu. Porém o seu apogeu não foi político e sim militar, pois acudiu em defesa de Cuiabá e do Brasil. Em defesa de uma “população em pânico” e de um “país humilhado”. Já não mais era só o bravo bretão. Era agora também o brasileiro naturalizado. Era também a parcela do sangue português de fácil e explicável transfusão reconhecida posteriormente na simbologia de seu lindo e histórico brasão. O brasão do barão de Melgaço que hoje orgulhosamente é valorizado pela 13ª Brigada de Infantaria Motorizada

“Esta honrosa homenagem do Exército ao Barão de Melgaço se manifesta no profundo respeito que, hoje inspira desde os jovens aos comandantes agraciados com as mais altas patentes a defenderem a nossa Pátria. Ao lado da Bandeira Brasileira encontra-se o Estandarte Histórico do Barão de Melgaço, com o brasão onde foi esculpida a divisa – SEMPRE PROMPTO que expressa seus ideais de trabalho e dedicação ao Brasil”.

Assim escreveu Sônia Regina Romancini e Aníbal Alencastro no artigo “Homenagens ao Barão de Melgaço” (2002). Se me permitirem este gesto do meu Exército fortalece a importante integração das três forças que compõem a necessária Defesa do nosso País e da nossa vasta fronteira.

Leverger não queria morrer de um modo triste e graças ao bom Deus assim não foi. Não queria morrer por um tiro de um desconhecido, por um tiro de um filho de país também histórico e também bravo, porém na época nosso inimigo. E nunca mais nosso inimigo. Se tivesse que morrer que fosse como Antonio João Ribeiro e a tantos quantos hoje devemos nossa gratidão.

 

O Legado Final do Barão de Melgaço

 

Agora ele não é só meu antepassado ele é o nosso antepassado.

Triste seria Leverger, se não tivesse descendentes. Triste se Ignez de Almeida Leite não o aceitasse para esposo. Triste é o país que não tem História. Triste é o homem que não tem História. Nós temos muito mais, temos honrosa História. Tenho certeza de que todos saberão um dia mais do que eu sei e que serão muito mais orgulhosos do que eu. Reconhecem que me orgulho deste país e como poderão contribuir para a preservação deste orgulho, desta poderosa Nação. Sem conhecer a História pouco poderemos fazer.

Compartilho com todos a História de Mato-Grosso, a História do Barão de Melgaço, a História da nossa Marinha, a minha história. É a nossa História que compartilhamos.

Estou feliz, muito mais feliz, pois esta posse aqui nesta casa foi efetivada na Associação Educacional Dom Bosco, que hoje denomino – A casa de Antonio Esteves, um exemplo na História.

 

Muito Obrigado a todos

Sempre Prompto.

 

 

PALAVRAS FINAIS DO CEL. CLÁUDIO MOREIRA BENTO, PRESIDENTE DA ACADEMIA DE HISTÒRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL EM SUA DELEGACIA CEL ANTONIO ESTEVES, NA ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL DOM BOSCO (AEDB) NA POSSE DO CEL ESTEVÂO ALVES CORREIA NETO NA CADEIRA ESPECIAL ALMIRANTE JOÃO MANOEL AUGUSTO LEVERGER E BARAO DE MELGAÇO, EM 28 DE AGOSTO DE 2010 .

 

   É uma satisfação, depois de 14 anos de fundada a AHIMTB, retornar a esta Associação Educacional Dom Bosco hoje sede de sua Delegacia Cel ANTONIO ESTEVES para empossar como seu Delegado e também como seu acadêmico, o mato-grossense Cel Estevão Alves Correia Neto na cadeira especial homenagem ao cuiabano de coração   Almirante João Manuel Augusto Leverger e Barão de Melgago ,” O Bretão de Cuiabá” na expressão do grande historiador brasileiro natural de Cuiabá Virgilio Correa Filho.

    O Barão de Melgaço foi personagem naval brasileira cintilante, estreitamente ligado a História Militar Terrestre Brasileira que nossa Academia desenvolve,  por haver construído e liderado a resistência militar terrestre brasileira nas Fortificações  de Melgaço durante a Guerra do Paraguai,.depois de haver lutado na defesa do Forte de Coimbra. Fortificações do  Melgaço  para impedir a conquista de sua amada Cuiabá pelos paraguaios E também por haver exercido o comando com presidente de Mato Grosso em mais de uma ocasião  das forças terrestres lá estacionadas, razão de haver sido consagrado pelo Exército como denominação histórica  de uma de suas brigadas de Infantaria articuladas em Mato Grosso;

     O Almirante Leverger nasceu em Saint Malo na França em 30 de janeiro de 1802 e faleceu em Cuiabá em 14 de janeiro de 1880 prestes a completar 78 anos. sendo sepultado no Cemitério da Trindade . Casou aos 43 anos com D Leite  Foi historiador e geógrafo com especial interesse para a cartografia fluvial na Bacia do Prata .Autor de obra literária notável  consagrando-se em seu tempo como a mais importante figura da literatura mato-grossense..E considerado autor de um dos mais antigos relatos de óvnis em seu tempo E então considerado um fenômeno metrológico e não ufológico  como seria hoje quando se deslocava em junho de 1846 de Cuiabá a Assunção a  bordo de uma canhoneira

    Sua obra vasta  de cerca de 35 itens esta ainda para ser publicada e refere-se basicamente a história, geografia e a cartografia fluvial de Matogrosso o  que o consagra como o   nosso Almirante fluvial,

Resta- me cumprimentar o nosso novo acadêmico e delegado da AHIMTB da Delegacia Cel Antõnio Esteves aqui nesta faculdade, e que ele possa contribuir como nos tem declarado  para o desenvolvimento da nossa AHIMTB aqui em Resende, confraria  que ora atravessa uma fase muito promissora sob a liderança de seu 3º vice presidente de Honra e acadêmico da cadeira Marechal José Pessoa o  Gen Bda Edson Leal Pujol  e contribuição de seus oficiais também acadêmicos Cel Alberto Claudio Weirich que ocupara a cadeira Especial General Médici, Cel Claudio Dorneles que ocupa a cadeira Cel, Deoclecio de Paranhos Antunes, o acadêmico Cel Carlos Roberto Peres 4º vice presidente da AHIMTB que ocupara a cadeira General Umberto Peregrino e o Cel Ernildo Agostini que ocupara a cadeira Gen Moacyr Lopes Resende reforçarão  os nossos acadêmico eméritos coronéis  Mallebranche Alceu Paiva e Coronel Antônio Carlos Esteves e mais acadêmicos Cel Edgar Fonseca Filho , o professor Julio Fudelis e Alda Bernardes Faria Silva  que atuarão em conjunto para manter a sede nacional da Academia de História Militar Terrestre do Brasil em Resende .

Antes de concluir quero  proceder a leitura de importante carta que esta Presidência dirigiu ao Fórum Nacional a qual  define o grande objetivo da AHIMTB, o de cooperar  para o fortalecimento de poder militar dissuasório de nossas Forças Terrestres a altura do desenvolvimento econômico e social do Brasil, coerente com esta idéia Pais rico devê ser forte militarmente para defender suas riquezas.  E ai estão nossas Amazônias Verde e Azul clamando  por proteção militar dissuasória compatível

                         “Resende - A Cidade dos Cadetes - 8 de agosto de 2010

Ilmo. Sr. João Paulo dos Reis Velloso

Presidente do Fórum Nacional

       Agradeço a V. Sª o convite para participar do FÓRUM NACIONAL, com entrega prevista aos candidatos e candidatas à Presidência da República, do PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO - A HORA E A VEZ DO BRASIL.

Recebi o convite como sócio emérito do INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (IHGB), mas permita V.Sª manifestar-me como presidente da ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL AHIMTB), instituição que há 14 anos desenvolve a HISTÓRIA DAS FORÇAS TERRESTRES BRASILEIRAS: Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Polícias e Bombeiros Militares.  E de nossa rica e História Militar de cinco séculos, mas insuficientemente inexplorada criticamente, à luz dos fundamentos da Arte Militar para, dela, retirar lições de Arte e Ciência Militar Brasileiras, que foram responsáveis em grande parte pelas dimensões continentais do Brasil e por sua preservação.

Atividade que visa a formação, em Arte e Ciência Militar Brasileira, dos quadros de nossas forças terrestres, e produzir subsídios para o desenvolvimento de uma Doutrina Militar Terrestre Brasileira genuína, como a sonhou em 1861 o Duque de Caxias, como Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros.

Naquela oportunidade, Caxias adaptou a Doutrina Militar de Portugal, de influência inglesa, e coerente com as realidades operacionais européias, às realidades operacionais sul-americanas, que ele vivenciara como comandante militar de quatro campanhas pacificadoras no Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. E também na guerra externa contra Oribe e Rosas em 1851-53. Dizia ele:

“até que o nosso Exército dispusesse de uma doutrina militar terrestre genuína”.

Sonho ainda a realizar! E foi o que fizeram as grandes potências, que se tornaram ricas econômica e socialmente, e militarmente fortes.

Isto foi o que aprendemos e lições que ensinamos, de 1978/80, na condição de instrutor de História Militar Terrestre Crítica, na Cadeira de História Militar da Academia Militar das Agulhas Negras.

Lições traduzidas na seguinte síntese:

- PAÍS RICO DEVE SER MILITARMENTE FORTE -

E, no caso do Brasil, possuir poder militar dissuasório compatível, para proteger as riquezas das suas AMAZÔNIAS VERDE e AZUL e, nelas, as suas grandes reservas de água e petróleo, alvos de ambições internacionais crescentes.

Desconhecemos existir outra solução para um país econômica e socialmente rico ser militarmente fraco. O Barão do Rio Branco, um diplomata com alma de soldado, preocupava-se com este importante tema.

               Creio, assim, caber razão de o Brasil ser classificado, pelo historiador e pensador militar brasileiro, General Luiz Eduardo Rocha Paiva, ocupante da cadeira Marechal Humberto de Alencar Castello Branco em nossa Academia, como PSEUDO POTÊNCIA, por estar enriquecendo econômica e socialmente, mas enfraquecendo militarmente, sem dispor, como potência econômica e social emergente, de poder militar dissuasório compatível, ou em desenvolvimento efetivo neste sentido.

Creio que isto deva preocupar o FÓRUM NACIONAL, presidido por V.Sª e deve ser transmitido aos candidatos e candidatas à Presidência da República para que, com o concurso dos militares das nossas FORÇAS ARMADAS e de nossos DIPLOMATAS, carreiras de Estado compromissados com o futuro do Brasil e não com os seus governos, desenvolvam estratégias compatíveis para conciliar nossa  riqueza com o poder militar dissuasório compatível para proteger a AMAZÔNIA E O PRÉ-SAL.

E arrisco-me a ir mais longe, ou seja, formularem-se Estratégias e Planos Militares conjuntos entre os países do Bloco Econômico do MERCOSUL, para o proteger militarmente.

É o que me cumpria como brasileiro e historiador militar, e também jornalista, expor a V. Sª, como Presidente do FÓRUM NACIONAL que, creio, salvo melhor juízo, não pode deixar de lado a sua preocupação com o desenvolvimento do poder militar dissuasório do BRASIL e do MERCOSUL.

   

A propósito do Soneto 45 de Camões, que abre o PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO, justificando-o, recorremos ao referido texto, que se aplicaria ao Plano de Desenvolvimento de uma DOUTRINA MILITAR TERRESTRE BRASILEIRA, compatível com um BRASIL-POTÊNCIA ECONÔMICA E SOCIAL:

“A disciplina militar prestante

Não se aprende, Senhor, na fantasia,

Sonhando, imaginando ou estudando,

Senão vendo, tratando e pelejando”. (Os Lusíadas)

Traduzindo este pensamento para nossa realidade militar, a Doutrina Militar Terrestre Brasileira não se formulará na fantasia, sonhando, imaginando ou estudando, senão analisando criticamente nosso passado militar de cinco séculos, à luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar. E isso isolando as lições de nossas seculares pelejas predominantemente vitoriosas, testando-as em manobras militares e regulamentando-as em um Corpo de Doutrina Militar Terrestre Brasileira.

Atenciosamente Acadêmico Emérito Cláudio Moreira Bento, Coronel - Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil eSócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."