RECEPÇÃO DOS
QUATRO NOVOS ACADÊMICOS, EM 14 DEZ NA AMAN, NA COMEMORAÇÃO PELA
ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL DO BICENTENÁRIO DA
CRIAÇÃO DA ACADEMIA REAL MILITAR, RAIZ HISTÓRICA DA BICENTENÁRIA
AMAN

Cel Claudio
Moreira Bento Presidente da AHIMTB
Hoje, a Academia de História Militar
Terrestre do Brasil, próximo de completar 15 anos de profícua
existência em prol do desenvolvimento da História Militar das Forças
Terrestres do Brasil, realiza esta histórica e singular cerimônia de
posse de quatro acadêmicos, comemorativa para nossa AHIMTB, dos 200
anos da criação da Academia Real Militar, a raiz histórica da nossa
bicentenária Academia Militar das Agulhas Negras. Efeméride aqui
comemorada, simbolicamente, com o lançamento do livro desta
presidência 2010 – 200 anos da criação da Academia Real Militar à
Academia Militar das Agulhas Negras. E mais o lançamento do
Guararapes alusivo à História de N.S. da Conceição, que foi a
padroeira do Exército Imperial do Brasil e grande devoção do Duque
de Caxias, que ao morrer a única decoração de seu quarto era a
gravura de N.S. da Conceição, hoje no Museu da AMAN. Cerimônia
assinalada com as seguintes posses de acadêmicos:
Gen Div Marco Antônio de Farias,
primeiro colocado de sua turma de Infantaria, ex-comandante da AMAN
e 3º Presidente de Honra da AHIMTB, e por ela condecorado com a
Medalha de Mérito Histórico Militar Terrestre do Brasil no grau de
Comendador e de quem a AHIMTB recebeu e continua recebendo notável
estímulo a sua ação, por entender o ilustre novo acadêmico o
alevantado objetivo profissional militar da Academia de História
Militar Terrestre do Brasil ou seja explorar, com apoio em
fundamentos de Arte e Ciência Militar, o rico passado militar de
mais de cinco séculos, visando isolar subsídios de Arte e Ciência
Militar brasileiras a contribuírem para a formulação de uma doutrina
militar terrestre brasileira genuína como a sonhou em 1861 o Duque
de Caxias, patrono da AHIMTB, como Ministro da Guerra e Presidente
do Conselho de Ministros.
O novo acadêmico passa a ser o
titular da emblemática figura de soldado e historiador militar
crítico o Gen Div Augusto Tarso Fragoso, a quem se deve a criação do
Estado-Maior do Exército, em 1898, depois de estagiar na Europa a
procura de solução para as seqüelas de ferimento à bala, recebido no
combate da Armação no combate a Revolta da Armada em 1893/95.
O projétil que o feriu, e a farda
que vestia na ocasião, ele a destinou ao Museu da AMAN, onde não o
localizamos.
É dele o ato de contrição feito no
seu livro A Batalha do Passo do Rosário, em 1922, de
condenação ao espírito do ensino bacharelesco que vigorou na Escola
Militar, de 1874-1905, divorciado do profissionalismo militar,
quando alunos da Escola Militar de seu tempo, sob influência de
professores divorciados do profissionalismo militar e seduzidos pelo
Positivismo, a Religião da Humanidade, por eles mal interpretada,
riam e ridicularizavam os veteranos da Guerra do Paraguai,
desfilando com os seus peitos cobertos de medalhas, julgando aquilo
uma cena ridícula.
O acadêmico a seguir é o General
Edson Leal Pujol, tríplice coroado, primeiro colocado de sua Turma
de Cavalaria de 1977, 3º Presidente de Honra da AHIMTB e que hoje
será condecorado como Comendador do Mérito Histórico Militar
Terrestre do Brasil, em reconhecimento ao excepcional apoio que dele
tem recebido a nossa AHIMTB e que desde o momento de sua posse como
3º Presidente de Honra entendeu o compromisso perseguido pela AHIMTB,
de colaborar para a nacionalização progressiva da doutrina militar
terrestre brasileira com apoio na pesquisa de história militar
crítica de subsídios em nosso rico patrimônio militar, sem deixar de
lado incorporações doutrinárias compatíveis de doutrinas militares
estrangeiras com nossas realidades operacionais e características do
soldado brasileiro, como procedia o Duque de Caxias em sua
característica de “homem amigo de escrever cartas“, segundo um de
seus biógrafos, mantendo contato com diplomatas brasileiros no
exterior. Assinala esta característica a importação de balões
cativos usados pelo Exército do Norte dos EUA para compensar a falta
de dominância de vistas sobre o desconhecido território inimigo no
Paraguai.
O novo acadêmico General Pujol passa a
ser o titular no ano do Bicentenário da AMAN, e como parte destas
comemorações, da cadeira Marechal José Pessôa Cavalcanti de
Albuquerque, o idealizador da nossa Academia Militar das Agulhas
Negras e que marca em sua bela História, duas fases. A fase antes do
Marechal José Pessôa e a fase AMAN, depois de Marechal José Pessôa.
Personagem que imprimiu ao Exército,
através dos uniformes históricos dos cadetes um elo entre o Exército
Brasileiro Imperial e o Exército Republicano. Ou Exército Brasileiro
de sempre, inspirado em figuras excepcionais dos dois períodos.
O novo acadêmico Cel Eng QEMA Cel
Carlos Roberto Peres vem demonstrando, como historiador militar,
crescente desenvolvimento assinalado por sua notável contribuição na
obra institucional comemorativa do centenário da ECEME intitulado
ECEME – Escola do Método – um século pensando no Exército.
E agora ultima a obra institucional comemorativa do Bicentenário da
AMAN, a ser lançado em 2011 – ano do início do funcionamento da
Academia Real Militar.
O novo acadêmico Cel Carlos Roberto
Peres será o titular da cadeira General Umberto Peregrino Seabra
Fagundes, uma assinalada vocação para a literatura militar histórica
iniciada ainda como tenente. Foi historiador que muito escreveu
sobre nossa Escola Militar e como notável Diretor de Biblioteca
Editora do Exército, criou uma geração de escritores militares e
estimulou trabalhos de resgate da História da FEB. Ele criou uma
geração de escritores militares, atribuindo a cada um a missão de
escrever sobre um assunto, não esperando que os vocacionados
submetessem seus trabalhos ao Conselho Editorial da BIBLIEX sujeitos
aos azares de uma recusa desestimulante como aconteceu com muitos.
O seu processo, se readotado, poderia
reforçar a enfraquecida corrente do pensamento militar terrestre
brasileiro. Fica a sugestão para o fortalecimento desta corrente. Ou
seja, o processo Umberto Peregrino. Qual o tema a ser escrito! E
escolher e apoiar quem poderá executá-lo!
O quarto acadêmico a ser hoje empossado
é o Cel Cav R/1 Ernildo Heitor Agostini Filho, que conheci menino no
1º Batalhão Ferroviário, filho do velho companheiro Capitão
Agostini, seu homônimo. O Cel Agostini tem revelado um grande
pendor, interesse e êxito como pesquisador de História Militar
Terrestre do Brasil. E, no momento, trabalha febrilmente na
elaboração da História Militar institucional da Academia Real
Militar à AMAN, a ser lançada em 2011, ano do bicentenário de início
do funcionamento da Academia Real Militar, na Casa do Trem.
O novo acadêmico será o titular da
cadeira nº. 46, General Moacyr Lopes de Resende, que considero o 1º
historiador de nossa AMAN com vistas comemorações do
Sesquicentenário da AMAN, em 1961. Obra que me serviu de base para a
produção dos diversos trabalhos de minha iniciativa sobre História
da AMAN, iniciados em 1978.
Ao General Resende, atribuo a autoria
de trabalho balizador dos principais eventos ocorridos na História
da AMAN e do qual adicionei exemplar nas fontes de História da AMAN,
que coleciono desde 1978, quando iniciei a minha atividade de
instrutor de História Militar da AMAN, já historiador consagrado e
premiado e membro de instituições históricas como o Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro e adjunto da Presidência de
Comissão de História do Exército do EME, presidido pelo saudoso
mestre Cel Francisco Ruas Santos, Veterano da Defesa Territorial e
da FEB, e autor de excelente Teoria de História Operacional e
Institucional do Exército Brasileiro, trabalho que poucos exércitos
do mundo dispõem.
É com grande satisfação castrense que
acabo de receber em nome da Academia de História Militar Terrestre e
como seu Presidente e fundador os ilustres acadêmicos na esperança
que continuem a lutar pelo desenvolvimento da História Militar
Terrestre Crítica do Brasil como atividade militar profissional com
vistas a retirar de nosso rico passado militar subsídios de arte e
ciência militar terrestres brasileiras para o progressiva
nacionalização da Doutrina Militar Terrestre Brasileira genuína como
a sonharam, além de Caxias, os Marechais Floriano Peixoto e Humberto
de Alencar Castello Branco, e diversos outros pensadores militares
entre os quais destaco e reverencio o nosso Acadêmico Emérito Cel
Amerino Raposo Filho, com o qual muito aprendi com sua preciosa obra
A Manobra na Guerra.
A seguir os novos acadêmicos procederão
o elogio a seus patronos de cadeiras e acadêmicos eméritos que
sucedem
Oração de posse do
Acadêmico Gen Div Marco Antônio de Farias

Senhor Presidente da Academia de
História Militar Terrestre do Brasil, Coronel Cláudio Moreira Bento,
Exmo Sr Gen Edson
Leal Pujol, comandante da AMAN
Senhores acadêmicos, companheiros,
amigos e convidados,
Meus senhores,
Minhas senhoras,
Queridos familiares!
Feliz a providência divina que me
trouxe de retorno a esta Academia Militar, casa de cultura e de
formação de homens de bem, santuário onde vivi momentos
inesquecíveis da minha existência. Feliz a providência divina que me
permitiu tomar posse na cadeira nº. 5, no mesmo cenário em que o meu
antecessor, o Gen Tácito, a ocupou. Feliz a providência divina que
me permitiu tão grande honraria no exato período em que se comemoram
os 200 anos do nascimento do Brigadeiro Antônio de Sampaio, patrono
da Infantaria brasileira, e que teve no Gen Tácito, infante como eu,
o iniciador do movimento que trasladou os restos mortais de Sampaio
para Fortaleza, onde, agora, descansa num panteão digno de herói
nacional. Essas são as coisas de Deus, perceptíveis para os
crédulos, coincidências para os indiferentes, mas que dão sentido e
a exata dimensão da grandeza do servir e do viver.
Inicio meu discurso, neste Ato de
Posse, agradecendo aos membros da Academia de História Militar
Terrestre do Brasil por minha indicação e àqueles que me honraram
com seu voto, possibilitando que eu acendesse a esta Casa para nela
ocupar a Cadeira de número 5. Incluo neste agradecimento aqueles que
contribuíram para chancelar os procedimentos regimentais das
sucessões acadêmicas.
Agradeço, também, de forma especial, a
presença marcante do Cel Cláudio Moreira Bento, criador e atual
presidente da AHMTB, neste evento. O Cel Moreira Bento, a quem
sempre tratei pelo epíteto de “Mestre”, pelo respeito e admiração,
simboliza o labor e o amor pela nobre causa da defesa da verdade na
evolução do passado militar do Brasil.
A Cadeira nº 5 figura entre as 50
cadeiras, excetuando-se as especiais, em número indeterminado, que
compõem o quadro desta respeitável Academia, criada em 1996 com o
intuito de preservar, cultuar, divulgar e pesquisar a História
Militar do nosso país em seu espectro da Força Terrestre.
O Patrono da Cadeira que ora passo a
ocupar é o Gen Augusto Tasso Fragoso. Este insigne Patrono nasceu no
dia 28 de agosto de 1869, em São Luís, a capital maranhense. Além de
destacado militar, foi escritor, tendo como obras notáveis os livros
“A Revolução Farroupilha”, “A História da Guerra entre a Tríplice
Aliança e o Paraguai” e “Os Franceses no Rio de Janeiro”.
Ainda jovem, no Rio de Janeiro, Tasso
Fragoso entrou em contato com as idéias positivistas amplamente
disseminadas por Benjamin Constant e, em 1889, tomou parte na
operação militar que instaurou o regime republicano no Brasil. Ainda
que contra sua vontade, foi eleito deputado à Assembléia Nacional
Constituinte, em 1890, pelo Maranhão. Não aceitou o cargo, por
entender “que o militar não deve ser político”.
Convidado pelo Presidente Floriano
Peixoto, em 1891, para assumir a Prefeitura do Distrito Federal,
coerente com o seu pensamento, declinou o convite, tendo,
entretanto, aceitado a chefia do Departamento de Obras e Viação
Geral daquela prefeitura, cargo no qual permaneceu em exercício até
abril de 1892.
No ano seguinte, participou da
repressão à Revolta da Armada que pretendia derrubar o governo de
Floriano Peixoto. Em 1908, viajou à Europa como membro do
Estado-Maior do Ministro da Guerra Hermes da Fonseca. Quatro anos
depois, em 1914, foi nomeado Chefe da Casa Militar pelo presidente
Venceslau Brás, função exercida até 1917. Nesse ínterim, desempenhou
importante papel na implantação do serviço militar obrigatório e na
reestruturação do Exército.
Alcançou o generalato em 1918. Foi
designado, em 1922, para participar dos inquéritos instaurados pelo
governo para apurar responsabilidades sobre o levante do Forte de
Copacabana, que deu início aos movimentos tenentistas e que deixaram
marcas indeléveis naquela década. Em novembro daquele mesmo ano,
assumiu a chefia do Estado-Maior do Exército, onde se destacou no
processo de transformação do Exército, executado sob orientação da
Missão Militar Francesa. Exonerou-se da chefia do EME, em 1929, por
discordar do descaso com o Órgão nas decisões relativas à
remodelação do ensino militar no país.
Exclusivamente dedicado à sua carreira
profissional e distante de questões políticas, Tasso Fragoso
recusou-se a participar da Revolução de 1930. O cenário de então,
favorável aos revolucionários, acabou, entretanto, por levá-lo
aceitar a sugestão do General Mena Barreto do seu nome para comandar
a operação militar destinada a afastar o Presidente Washington Luís.
Ao lado do próprio General Mena Barreto e juntamente com o
Contra-Almirante Isaías de Noronha, participou da junta governativa
que substituiu o presidente deposto e posteriormente transferiu o
poder a Getúlio Vargas, comandante das forças revolucionárias.
Em março de 1931, o General Tasso
Fragoso reassumiu o cargo de Chefe do Estado-Maior do Exército.
Nesta função, participou, dois anos depois, do combate à Revolução
Constitucionalista de 1932. Entretanto, por considerar-se alijado
das decisões mais importantes dessa campanha, voltou a solicitar sua
exoneração da chefia daquele órgão. Em abril de 1933, nomeado
ministro do Supremo Tribunal Militar (STM), exerceu a função até
1938, quando se aposentou compulsoriamente por limite de idade.
Uma coincidência feliz fez com que eu
fosse indicado para ocupar a cadeira cujo Patrono é o General Tasso
Fragoso. Longe de mim buscar igualar-me a tão ilustre figura da
História Militar Brasileira. Refiro-me ao fato de eu estar ocupando
o cargo de 1º Subchefe do Estado-Maior do Exército, na oportunidade
em que a Força Terrestre se encontra, como aconteceu naquele momento
da vida do insigne general, em um processo de transformação. Que
seja esta similitude um venturoso augúrio de minha passagem por esta
casa.
De igual forma, sinto-me bafejado pela
boa sorte e, mesmo, ungido pelo desígnio celeste, ao alcançar a
Cadeira inaugurada e outrora ocupada pelo General-de-Exército Tácito
Theóphilo Gaspar de Oliveira.
O General Tácito encontrou seus
primeiros contatos militares no Colégio Militar do Ceará. Tendo
concluído sua educação básica, seguiu para a Escola Militar, no
Realengo, onde foi declarado aspirante-a-oficial, em 1934.
Protagonizou uma carreira militar destacada, servindo como oficial
subalterno e intermediário em organizações militares do Nordeste.
Dali, atendendo ao chamamento da pátria, seguiu para cumprir seu
dever na campanha da Força Expedicionária Brasileira, na Itália. O
desempenho, a competência e a habilidade no Comando da Companhia do
Quartel da 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária (1ª DIE),
renderam-lhe merecidos elogios do Gen Mascarenhas de Moraes e do
próprio Gen Mark Clark. Após o seu retorno, aprovado em difíceis
exames, cursou a Escola de Comando e Estado-Maior, ainda como
capitão. Concluídos seus estudos, foi designado para servir no
Estado-Maior do Exército, como adjunto da 3ª Seção.
Promovido a major, por merecimento, em
1951, ingressou no círculo dos oficiais superiores, permanecendo,
porém, na mesma função. Ainda major, cursou a Escola de Guerra
Naval, instituição na qual veio a ser assessor, representante da
Força Terrestre. Sua promoção a tenente-coronel, igualmente por
merecimento, se deu em 1955. A mais destacada ação nesse posto,
entre tantas, foi sua aprovação em concurso e participação como
Instrutor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército dos
Estados Unidos da América. Ali, ficou encarregado da edição
brasileira da “Military Review”. No retorno, em 1961, foi promovido
ao posto de coronel, por merecimento, destacando-se como Chefe do
Gabinete do Gen Castello Branco e, posteriormente, projetando-se
como Diretor-Geral de Ensino do Exército. Ao iniciar-se a Revolução
Democrática de 31 de março de 1964, estava no comando do 23º BC.
Como comandante da Unidade, assegurou aos presos políticos,
recolhidos ao seu quartel, um tratamento urbano e humanitário,
evitando qualquer tipo de represália contra os mesmos. Ainda no
posto de coronel, participou da Força Interamericana de Paz, que
atuou na República Dominicana.
O então coronel Tácito alcançou o
generalato em 1966, aos 52 anos. Como general-de-brigada, foi
nomeado Superintendente de Desenvolvimento do Nordeste (na SUDENE),
o que lhe favoreceu profundos agradecimentos da população nordestina
pelos trabalhos ali realizados. Foi promovido a general-de-divisão,
em 1972 e a general-de-exército, em 1976.
Em 1977, encerrando sua carreira do
mesmo modo brilhante como a iniciou, o Gen Tácito foi nomeado
Ministro Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), de onde
saiu para a reserva, em 78, após 53 anos de relevantes serviços
prestados ao País, ao Exército e à sociedade.
Emérito estudioso e intelectual
dedicado às letras, o Gen Tácito colaborou na revista "Defesa
Nacional" e "Revista Militar Brasileira"; colaborou na edição dos
volumes da "História do Exército Brasileiro" e publicou estudos
sobre Caxias, Sampaio, Tibúrcio e o Conde D’Eu, bem como estudos
sobre a Independência, a Guerra da Independência no Piauí e
Maranhão, a Colonização do Ceará, a II Guerra Mundial e a Campanha
da FEB.
Entre as inúmeras condecorações que
recebeu, vale destacar: Grã-Cruz da Ordem do Mérito das Forças
Armadas; Grã-Cruz da Ordem do Rio Branco; Grã-Cruz da Ordem do
Mérito Judiciário do Trabalho; Medalha de Campanha da Força
Expedicionária Brasileira; Medalha de Guerra; Bronze Star Medal
(Estados Unidos); Medalla Abdon Calderon (Equador); Gran Estrella al
Mérito Militar (Chile); Medalha ao Mérito, da FIP (Organização dos
Estados Americanos). Um grande militar, uma grande trajetória!
Gen Tasso Fragoso e Gen Tácito: estes
são os personagens da História a quem eu passo a reverenciar, de
forma particular. São e serão, doravante, incentivo e memória, farol
e guia para a minha conduta acadêmica. O gosto pela história militar
terrestre brasileira, assim como as minhas experiências de
Comandante da AMAN e de Diretor de Ensino Preparatório e
Assistencial hão de me permitir representar honrosamente as ilustres
figuras que me antecederam. Buscarei nutrir-me do passado, sem
contudo deixar de avançar em direção ao porvir.

Concluindo minhas palavras, sinto-me
instado a agradecer à minha família pelo integral apoio à minha
carreira, pela presença constante e leal ao meu lado e por, jamais,
deixar de acreditar em mim. Agradeço, também, aos meus amigos e a
todos aqueles que, direta ou indiretamente, colaboraram para que eu
pudesse estar aqui, hoje, assumindo a Cadeira de número 5, a do Gen
Tasso Fragoso, nesta Academia de tão profundo e importante
significado para a preservação da história do nosso País.
Como despedida, incito todos à reflexão
do pensamento do filósofo grego Políbio, que já no século II a.C.
afirmou: “Um homem, quando assume atitude de historiador, tem que
esquecer todas as considerações, como o amor aos amigos e o ódio aos
inimigos, pois assim como os seres vivos se tornam inúteis quando
privados de olhos, também a história da qual foi retirada a verdade
nada mais é do que um conto sem proveito”. Assim, em que pese a
alusão desditosa em relação à aptidão dos cegos, reitero o meu
compromisso de cultuar, pesquisar e divulgar a História Militar
Terrestre do Brasil com a verdade de Políbio, verdade que a História
do país merece.
Muito obrigado a todos!
Oração de posse do
Acadêmico Gen Bda Edson Leal Pujol

Exmo Sr Gen Div Marco
Antônio de Farias, 1º Subchefe do EME, ilustríssimo Sr Cel Cláudio
Moreira Bento, Presidente da AHIMTB, Ilmo Sr Acadêmicos da AHIMTB
aqui presentes, Sr oficiais, cadetes, senhores e senhoras.
É para mim uma grande
honra ter sido empossado no ano passado como 3º Presidente de Honra
da AHIMTB e, mais ainda agora, convidado para suceder na Cadeira de
nº 22 Acadêmicos Eméritos do porte do Cel Cláudio Moreira Bento,
Presidente e fundador da AHIMTB, do Gen Ex Gilberto Barbosa de
Figueiredo, ex-Presidente do Clube Militar e meu antigo Chefe do
Departamento de Ensino e Pesquisa/DEP, hoje DECEx, no período em que
comandei a Escola de Administração do Exército e o Colégio Militar
de Salvador, bem como o seu antecessor, o Gen Ex Gleuber Vieira,
antigo Ministro e Comandante do Exército, e que foi meu Cmt da EsAO,
quando lá servi como Instrutor do Curso de Cavalaria. Todos elevados
por seus méritos a Acadêmicos Eméritos da AHIMTB e comigo
partilhando da Cadeira Marechal José Pessôa Cavalcanti de
Albuquerque.
Mas, nesta cerimônia de
posse, cumpre-me a honra de destacar e homenagear a histórica figura
do Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, Patrono da
Cadeira 22 da AHIMTB.
O Marechal José Pessôa
nasceu em Cabaceiras, na Paraíba, em 12 de setembro de 1885. É um
dos nove filhos de Cândido Clementino e Maria Pessôa Cavalcanti de
Albuquerque.
Embora pouco se saiba
sobre sua infância, pode-se destacar que realizou os primeiros
estudos na capital do estado, quando ainda se chamava “Parahyba”,
hoje, João Pessôa, em homenagem ao seu irmão assassinado pouco antes
da Revolução de 1930. Seu curso secundário foi efetuado no Colégio
Nacional, depois denominado Dom Pedro II, como aluno interno.
Cedo, porém, o jovem José
demonstrava sua vocação militar. Resolveu prestar concurso para a
Escola Preparatória e de Prática do Realengo, quando já cursava o
Liceu da Paraíba, em 1902. Aprovado, partiu para a Capital Federal,
o Rio de Janeiro e em dezoito de março de 1903, foi matriculado na
escola, iniciando a sua trajetória na profissão militar.
Com o fechamento da
Escola Militar do Brasil, na Praia Vermelha, os cursos foram
transferidos para a Escola de Guerra, em Porto Alegre, no prédio que
atualmente abriga o Colégio Militar de Porto Alegre, onde foi
declarado Aspirante de Infantaria e de Cavalaria em janeiro de 1909.
No mesmo ano cursou a Escola de Artilharia e Engenharia do Realengo.
Sua primeira Unidade foi
o 13º Regimento de Cavalaria, no Rio de Janeiro, sendo depois
transferido para a 4ª Companhia de Caçadores, na Paraíba do Norte e,
a seguir para o 50º Batalhão de Caçadores, em Salvador.
Na capital baiana foi
nomeado instrutor militar da Faculdade de Medicina da Bahia.
Posteriormente, cursou a
Escola Politécnica, no Rio de Janeiro, formando-se engenheiro
topógrafo.
Em 1913, foi transferido
definitivamente para a arma de Cavalaria.
Em 1916, no
quartel-general de São Paulo, além de exercer suas funções, foi
instrutor militar da Faculdade de Direito, exercitando seu
sentimento cívico e formando uma juventude identificada com os
valores da Pátria, contagiada pela influência dos ideais de Olavo
Bilac.
Em 1918, como
primeiro-tenente realizou estágio na escola de formação de oficiais
franceses, a atual Escola Especial Militar de Saint-Cyr. Após o
estágio, combateu nos campos de batalha da Europa junto com os
franceses, na 1ª Guerra Mundial, permanecendo adido ao 4º Regimento
de Dragões do exército francês. Recebeu inúmeros elogios e foi
promovido ao posto de capitão por atos de bravura. Comandou o 1º
Pelotão do 1º Esquadrão de Carros de Assalto. Quase ao final daquele
conflito bélico, José Pessôa foi acometido de tifo. Evacuado da
frente de combate para um hospital francês conheceu a enfermeira
inglesa Blanche, alistada como voluntária na Cruz Vermelha da
França. O casamento ocorreu em 1918.
No pós-guerra, realizou o curso da
Escola de Carros e o curso prático de Artilharia de Assalto, ambos
em Versailles, na França, onde absorveu as inovações doutrinárias
dos carros de assalto e escreveu o livro “O tanque na guerra
européia”.
Em 1921, ao voltar ao
Brasil, assumiu o Comando da Companhia de Carros de Assalto, no Rio
de Janeiro, nas atuais instalações do 57º Batalhão de Infantaria
(Escola). O carro utilizado era o francês Renault FT-17, que não era
o de sua preferência, pois preferia os ingleses Whippet. Porém ele
afirmava: “O Renault FT-17 é o suficiente para preparar o nosso
pessoal na prática dessa nova arma de guerra”.
Entre os anos de 1923 e
1924, tem sua primeira passagem pela Escola Militar, no Realengo,
desempenhando as funções de Fiscal Administrativo.
A seguir, no desempenho
das funções de Comandante do 1º Regimento de Cavalaria Divisionário,
no Rio de Janeiro, fez renascer a mística dos uniformes históricos,
concebidos por Gustavo Barroso.
Em 1930, assumiu o
Comando do Corpo de Bombeiros da Capital Federal, tendo uma ativa
participação na Revolução de 30. Naquele episódio, no comando do 3º
Regimento de Infantaria, sediado no antigo prédio da Escola Militar,
na Praia Vermelha, reviveu sua atuação nas instruções da Faculdade
de Direito de São Paulo, recompletando a unidade com civis
voluntários, em substituição aos que não haviam aderido ao
movimento. Cumpriu a missão de cercar e ocupar o palácio Guanabara,
sede do Governo, para dar segurança aos generais que levariam uma
intimação ao presidente Washington Luís, e os revolucionários
conseguiram derrubar o governo.
No mesmo ano, por haver
conquistado a confiança do Ministro da Guerra, General Leite de
Castro, é nomeado Comandante da Escola Militar, no Realengo. Não
aceitou o cargo de imediato, condicionou-o a não sofrer
interferências estranhas ao seu comando e a construção de uma
Academia Militar longe da capital federal. Para o então presidente,
Getúlio Dornelles Vargas, o nome era perfeito, pois, além de ser um
militar com excelentes dotes profissionais, era irmão de João Pessôa,
um símbolo da Revolução, seu ex-candidato a vice-presidente. Sua
atuação na Escola Militar deu um novo rumo à formação do oficial do
exército.
Estas modificações
puderam ser sentidas a partir da sua ordem do dia de quinze de
janeiro de 1931:
“...a Revolução não
terminou......engrandecer a Nação é o único e verdadeiro fim. O
Exército, instituição democrática, mais rapidamente se deve
recompor. Urge remodelá-lo, aparelhá-lo e, sobretudo, retomar em mão
os seus quadros. O Comando da Escola Militar é a missão mais honrosa
de toda a minha vida. Saint-Cyr, West Point e
Sandhurst
serão os moldes de
onde sairão as linhas gerais do processo de formação militar. Da
formação do oficial militar devem constar: educação física, cultura
geral científica e preparação profissional rigorosa. Entretanto, sem
que tomemos o empreendimento como um ideal, na mais ampla acepção do
termo, nada se fará. O plano de remodelação ficará inerte se não lhe
insuflarmos a vida de nosso entusiasmo, de nossa fé, dos nossos
sacrifícios, pequenos e grandes, como um verdadeiro ideal. Cadetes!
A partir de hoje, vivamos a mentalidade da nova Escola Militar, da
Escola Militar que vamos construir”.
De imediato os cadetes
tiveram a certeza de que estavam diante de um militar de
características especiais. O General Tasso Villar de Aquino, assim
se referiu ao seu ex-Cmt: “José Pessôa é homem de elegância
extraordinária, em tudo. No trajar, nos gestos, na fala, ele é um
homem que não se descuida nunca. Você nunca o apanha em momento de
relaxamento. Sempre composto. Dignidade extraordinária. É atitude
consciente e ele quer passar essa imagem para o cadete. O cadete
deveria ter uma atitude especial, ele não era um estudante comum”.
Para aperfeiçoar a
formação dos oficiais, o Coronel José Pessôa escolheu o Marechal
Duque de Caxias como vulto histórico para transmitir aos cadetes
virtudes militares e criar a mística do “Cadete de Caxias”.
Com essa visão, o novo
comandante adotou uma série de medidas: o retorno da graduação de
cadete, extinta por influência republicana no governo do Prudente de
Moraes; a reformulação dos uniformes; a criação do brasão do cadete
e do Corpo de Cadetes; a reformulação dos regulamentos e a adoção do
espadim, réplica da espada invicta do Duque de Caxias, símbolo da
própria honra militar.
Após o comando da Escola
Militar foi designado para comandar o 1º Distrito de Artilharia de
Costa, tendo participação direta na formação dos primeiros
engenheiros que formariam as bases para a criação da nossa futura
indústria militar bélica.
Entre 1938 e 1946 exerceu
as funções de Inspetor de Cavalaria, realizando um trabalho
altamente benéfico tanto para arma quanto para o Exército.
Em 1943, o penúltimo ano
da Escola Militar, no Realengo, foi homenageado pelo seu então
comandante, o coronel Mário Travassos. Quando se dirigiu aos cadetes
da Escola assim se pronunciou: “Nesta Escola está o cofre onde
deposito as minhas melhores esperanças e a minha certeza em um
futuro cada vez maior para o meu Exército e para o meu País”.
Em 1938, uma comissão
militar confirmou Resende como sede da nova Escola Militar. No dia
29 de junho de 1938, o presidente Getúlio Vargas assinou a ata de
início da construção da Escola Militar de Rezende, com a presença do
General José Pessôa e do industrial Henrique Lage, o cadete número
um. O presidente, com uma pá de prata, colocou cimento na borda de
uma urna com jornais e revistas da época, simbolizando a pedra
fundamental.
Em 12 de setembro de
1949, após quase meio século dedicado ao Exército Brasileiro, deixou
o serviço ativo. O comandante da Escola Militar de Rezende, General
Cyro do Espírito Santo Cardoso, prestou uma significativa e marcante
homenagem ao General José Pessôa. Passou-lhe o comando simbólico da
Escola em um dia de festa, o qual se emocionou ao proferir as
seguintes palavras:
“Eu creio na vossa
inteligência e na cultura que estais adquirindo nesta Academia;
creio na vossa dedicação, na vossa fé nos destinos do Brasil; creio
no vosso patriotismo, que há de renovar o Exército e levá-lo à
posição de mantenedor da paz no nosso continente; creio na rija
têmpera da vossa juventude, que tudo há de levar por diante num
clima de honestidade, de pureza de caráter, de trabalho fecundo e de
coragem cívica; creio na vitória de vossas armas e de vossos ideais;
creio no vosso destino glorioso; creio no nosso Exército; creio na
grandeza e na pujança da nossa Pátria”.
Um de
seus maiores desejos foi realizado, quando em vinte e três de abril
de 1951 a Escola Militar de Rezende passou a denominar-se Academia
Militar das Agulhas Negras.
Como sua última missão
exerceu a presidência da Comissão de Planejamento e Localização da
Nova Capital Federal do país. Realizou, em companhia do Arquiteto
Pena Firme, o mesmo que o ajudou na idealização da AMAN, todo o
planejamento da criação de Brasília, que seria denominada Vera Cruz
e teria uma conformação semelhante à atual, incluindo o Lago Paranoá
e que posteriormente serviu de base para os trabalhos de Oscar
Niemayer e de Lúcio Costa.
O Marechal José Pessôa
foi um militar extraordinário, de grande capacidade profissional e
invulgar cultura geral, tendo exercido inúmeras comissões no
exterior e no Brasil e atingido o mais alto posto do nosso Exército.
A mais significativa de
suas realizações é sem sombra de dúvidas a idealização da Academia
Militar das Agulhas Negras.
Para mim, portanto, é com
invulgar emoção e júbilo, que hoje exercendo o Comando da Academia
Militar das Agulhas Negras, que é a concretização do sonho do Mal
José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, tenho a grande honra de tomar
posse na Cadeira nº 22 da AHIMTB, da qual é o insigne Patrono.
Oração de
posse do Acadêmico Cel Carlos Roberto Peres

Ilustríssimo
Sr Cel Cláudio Moreira Bento, Presidente da AHIMTB, Exmo Sr General
Marco Antônio de Farias 1º Subchefe do EME, Exmo Sr Gen Edson Leal
Pujol, comandante da AMAN, Ilmo Sr acadêmicos da AHIMTB, Sr
Oficiais, Cadetes, a razão de ser da Academia Militar das Agulhas
Negras, muito me alegra tê-los aqui neste momento, senhores e
senhoras, dentre as quais destaco minha querida esposa Marli,
companheira de 43 anos de lutas e que sempre me apoiou, seja nas
atividades militares, seja nas civis.
É para mim uma grande
honra ter sido proposto para substituir o Coronel Paulo Dartagnan
Marques Amorim, antigo Diretor do Arquivo Histórico do Exército, por
duas vezes, nos períodos de 29 de janeiro de 1993 a 29 de janeiro de
1996 e de 17 de dezembro de 1998 a 30 de junho de 2004, um dos
grandes pesquisadores da história do nosso Exército e que foi
recentemente promovido a acadêmico emérito da AHIMTB.
O Coronel Dartagnan
nasceu no Rio de Janeiro, em 14 de outubro de 1941 e assentou praça
na Academia Militar das Agulhas Negras em 1962, sendo declarado
Aspirante-a-oficial da Arma de Cavalaria em 1965.
Foi promovido a 2º
tenente em 1965, a 1º tenente em 1967 e a capitão em 1970. Suas
promoções a major em 1979, a tenente-coronel em 1984 e a coronel em
1989, ocorreram pelo critério do merecimento.
Serviu em Organizações
Militares localizadas em quase todas as regiões do território
nacional, tendo em sua passagem pela Amazônia sido distinguido com a
Medalha do Serviço Amazônico.
Realizou os cursos de
Comando e Estado-Maior da Escola de Comando e Estado-Maior do
Exército e de Política e Estratégia Militar da Escola Superior de
Guerra.
Foi distinguido com as
medalhas da Ordem do Mérito Militar, no grau Comendador e do
Pacificador, dentre outras condecorações.
Nesta cerimônia de posse,
cabe-me o privilégio de poder destacar a figura do General Umberto
Peregrino Seabra Fagundes, patrono da cadeira 47 da AHIMTB.
Este ilustre militar nasceu no dia
3 de novembro de 1911, na cidade de Natal, RN. Fez o Curso Primário
no Colégio Diocesano Santo Antônio, o Secundário no Ateneu Norte-Rio
Grandense e o superior na Escola Militar, localizada em Realengo, no
Rio de Janeiro. Exerceu diversas funções na carreira militar, tendo
sido Professor do Colégio Militar do Rio de Janeiro, Ajudante de
Ordens dos Marechais Dutra e José Pessoa, Diretor do SAPS e Diretor
da Biblioteca do Exército. Teve destacada atuação em todas as
organizações militares onde serviu, sendo distinguido com diversas
condecorações. Exerceu ainda inúmeras atividades no meio civil,
tendo sido Diretor do Instituto Nacional do Livro, onde recebeu o
Prêmio Paula Brito, em 1959. Tornou-se escritor e publicou diversos
livros entre os quais se destaca a obra “Literatura de Cordel em
discussão”, editada em 1984, além de ensaios e artigos em revistas e
jornais.
Foi o fundador da casa de cultura
São Saruê, especializada em Literatura de Cordel, tendo
posteriormente, doado todo o acervo Cultural dessa casa de cultura
para a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, deixando seu
nome na história e no coração dos apreciadores da Literatura de
Cordel.
Dedicou-se intensamente, desde
tenente à produção cultural literária militar no nosso Exército.
Entre as muitas e variadas
projeções de sua vida cultural, brilhante e intensa, destaco a
singular e marcante atuação, quando diretor da Biblioteca do
Exército entre 1954 e 1960, quando atuou inclusive como historiador
produzindo a obra intitulada, A Biblioteca do Exército - um capítulo
da História Cultural do Brasil, editada pelo SENAI e lançada
no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Em sua gestão na Biblioteca do
Exército, Humberto Peregrino foi fiel ao espírito com que ela fora
criada. Publicar obras de preferência de oficiais do Exército e
manter, no Rio, uma Biblioteca de apoio aos militares do Exército.
Ele, por meio das inúmeras
facilidades que criou, estimulou o surgimento de uma geração de
escritores militares, encomendando-lhes obras importantes para
constituição do acervo da Biblioteca e os apoiando com copy desk,
revisão e indicações de conteúdo. Procurou sempre atingir o público
militar jovem, cadetes, aspirantes, tenentes e capitães, com a
finalidade de complementar as suas formações profissionais.
Com o objetivo de despertar e
apoiar novas vocações de escritores militares, para alimentar a
corrente do pensamento militar brasileiro, Umberto Peregrino criou
os prêmios Tasso Fragoso, Pandiá Calógeras e Franklin Dória.
Com o retorno da Força
Expedicionária Brasileira, vitoriosa da Itália, preocupou-se em
preservar a sua memória, editando diversos livros a ela
relacionados, trabalho que foi reconhecido pelo Marechal Mascarenhas
de Morais comandante da FEB.
Teve destacada atuação também, na
divulgação da História Militar Terrestre do Brasil por meio de suas
obras sobre Euclides da Cunha e Canudos, das biografias dos
Marechais Hermes da Fonseca e Floriano Peixoto e na Comissão de
Exumação dos restos mortais do Duque de Caxias.
Ao tratar da vida e obra desses
grandes líderes do Exército adquiriu valiosa noção do que se passava
nas altas esferas do Exército.
A mais significativa de
suas realizações é sem sombra de dúvidas a sua atuação com diretor
da Biblioteca do Exército.
Tenho imenso orgulho de
poder ocupar a cadeira 47 da AHIMTB que tem como patrono esta
exponencial figura da cultura do Exército e da literatura de cordel
do Brasil que foi o General Umberto Peregrino.
Muito obrigado a todos.
Oração de
posse do Acadêmico Cel Cav R/1 Ernildo Heitor Agostini Filho

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Exmo Sr Gen Marco Antônio de Farias,
1º Subchefe do Estado-Maior do Exército;
Exmo Sr Gen Edson Leal Pujol, Cmt da
AMAN;
Ilustríssimo Senhor Coronel Cláudio
Moreira Bento, Presidente da Academia de História Militar Terrestre
do Brasil;
Demais integrantes da mesa;
Senhores acadêmicos, prezados
companheiros da AMAN, cadetes;
Minhas senhoras e meus senhores.
“O Brasil de hoje e seus filhos
precisam beber, na fonte do passado, os feitos que vivificam, ativam
e enobrecem uma nacionalidade ciosa de sua força, do seu valor e do
seu talento. Com a evocação das glórias anteriores, serão
aperfeiçoadas as virtudes de nossos valorosos soldados e cidadãos,
os quais cooperam para a paz, luz reanimadora, prece ardente de
corações humanos e para um eficaz sucesso nos lances futuros”.
Hervé de Castro Romariz
– Revista da Escola Militar, 1942, pág 33
Na minha indicação para a Academia
de História Militar Terrestre do Brasil,
creio que o Coronel Bento tenha considerado mais do que meus méritos
pessoais, que são poucos. Credito essa honra aos laços de
amizade que ele possui com a Família Agostini, desde os saudosos
tempos do 1º Batalhão Ferroviário, em Bento Gonçalves, RS, a cerca
de 50 anos passados.
Apesar de ser um entusiasta de
História Militar do Brasil, não me considero à altura de tão nobre
deferência. Sou apenas um soldado de
cavalaria leitor contumaz, sem a pretensão de me comparar a
historiadores.
2. O PATRONO
O Patrono da cadeira, Gen Moacyr
Lopes de Resende, tem a sua vida militar intimamente ligada à
Academia Militar das Agulhas Negras, desde a sua instalação em
Resende.
Nascido no Espírito Santo, em 1911,
sentou praça em 1927, ano em que ingressou na Escola Militar, no
Realengo, onde foi declarado aspirante-a-oficial de Infantaria, no
início de 1932, tendo a ventura de ser comandado pelo então Coronel
José Pessôa.
Sua primeira unidade foi o 3º
Batalhão de Caçadores, atual 38º Batalhão de Infantaria, Vila Velha,
ES. Naquela tradicional unidade, serviu cinco anos, participando dos
combates ao lado das tropas legalistas na Zona de Operações de
Guerra, no Vale do Paraíba, durante a Revolução Constitucionalista
de São Paulo de 10 JUL a 23 OUT 1932.
Em 1937, vamos encontrá-lo no 10º
Regimento de Infantaria, atual 10º Batalhão de Infantaria, em Juiz
de Fora, MG, onde foi promovido a capitão, em 1938.
Em 1941, comandou a 1ª Companhia
Independente de Fronteira, posteriormente, transformada em 1º
Batalhão de Fronteira, atual 34º Batalhão de Infantaria Motorizado,
em Foz do Iguaçu, onde permaneceu até ser nomeado instrutor da
Escola Militar de Rezende.
Apresentou-se em 14 de março de
1944, sendo um dos instrutores pioneiros da nova Escola Militar.
Como comandante da 1ª Companhia do 1º ano, empenhou-se na
implantação e organização do curso de formação de oficiais
combatentes, que se iniciava em Resende.
Em abril de 1946, por ocasião das
comemorações do 135º aniversário de criação da Academia Real
Militar, proferiu interessante palestra sobre o “Histórico da Escola
Militar”, já revelando forte pendor para o estudo da História
Militar.
Em 1947 cursou a Es AO, obtendo o
conceito MB e retorna à Escola Militar, agora como Adjunto de
Professor de História Militar, em comissão, no período de 1948 a
1954. Pode ser considerado um dos primeiros professores de História
Militar da AMAN.
Sua consagração no campo da
história militar se deu com a obra “História da Academia Militar das
Agulhas Negras (1811-1951)”. Com uma linguagem simples e objetiva
percorreu a história da Academia, revelando detalhes sobre a
evolução do ensino e as peculiaridades das diversas sedes ocupadas
pela escola de formação de oficiais, da Casa do Trem a Resende. A
riqueza do conteúdo do trabalho garantiu a publicação na Revista
Agulhas Negras de 1951. Em 1948, foi promovido a major.
Por suas qualidades pessoais e
profissionais foi nomeado comandante do Batalhão de Comando e
Serviços da AMAN, cumulativamente com os encargos de professor de
história, para o biênio 1951/52. Como comandante daquele batalhão, o
então Maj Resende revelou ser um excepcional administrador e
disciplinador. Com rara habilidade soube harmonizar a instrução, a
administração e o imprescindível apoio à formação do oficial do
Exército – razão de ser da Academia. Em 1953, foi promovido a
tenente-coronel.
Realizou o Estágio Técnico de
Ensino pela Diretoria de Ensino do Exército, já vislumbrando a nova
etapa da carreira que se iniciaria em 23 de junho de 1954, quando
foi nomeado em caráter efetivo para o Magistério do Exército, como
Professor Adjunto de Catedrático sendo promovido a coronel e
transferido para a reserva.
Permanecendo na AMAN, entre 1954 e
1958, foi também Professor Adjunto de Catedrático da Cadeira de
Contabilidade Geral.
Em 1955, o Comandante da AMAN
determinou a inclusão no Cerimonial da AMAN, que o estandarte do
Corpo de Cadetes fosse apresentado aos novos cadetes, na cerimônia
de aniversário da Academia, em 23 de abril, cabendo ao Cel Resende
realizar pela primeira vez na história da Academia a citada
apresentação.
Em 15 OUT 1957, como Subdiretor de
Ensino Fundamental organizou e conduziu a primeira comemoração do
Dia do Professor na AMAN.
Em 11 AGO 1958, promovido a
general-de-brigada, foi nomeado para o cargo de comandante do
Colégio Militar de Belo Horizonte, função que exerceu de 01 JAN 1959
a 30 MAR 1960.
Além de integrar a Ordem do Mérito
Militar no grau de Cavaleiro, foi agraciado com as seguintes
medalhas: Medalha Militar de Ouro; Medalha do Pacificador; Medalha
de Guerra; Medalha Marechal Caetano de Farias; Medalha Marechal
Trompowsky.
Por ocasião das comemorações do
bicentenário da Academia Militar das Agulhas Negras nada mais justo
que relembrar a carreira desse brilhante oficial que prestou serviço
durante 14 anos como instrutor do Corpo de Cadetes, professor a
título precário e efetivo, Prefeito Militar, Chefe da Divisão
Administrativa e Subdiretor de Ensino.
3. O PRIMEIRO OCUPANTE
O primeiro detentor da cadeira foi
o Cel Eng Mil Luiz CASTELLIANO de Lucena. Nascido em Patos – PB, em
1922, foi aluno da Escola Preparatória de Cadetes de Porto Alegre.
Em 1943, foi cursar a Escola Militar, no Realengo.
Fez parte do grupo de Cadetes
Precursores da Escola Militar de Rezende, que se apresentou
voluntariamente em 6 de março de 1944. Por coincidência, data muito
próxima de 14 de março, na qual o então Cap Resende se apresentou
para servir na Escola Militar.
Foi declarado Aspirante da Arma de
Engenharia, em 1946. Como oficial, serviu no 7º Batalhão de
Engenharia, em Recife – PE e foi instrutor na Escola de Instrução
Especializada.
Em 1952, ingressou na Escola
Técnica do Exército (hoje, IME - Instituto Militar de Engenharia),
obtendo a graduação em Engenharia Industrial e de Automóvel, em
1955.
Como Engenheiro Militar, prestou
serviço na Escola de Motomecanização (atual Escola de Sargentos de
Logística), na Diretoria do Serviço Geográfico, na Diretoria de
Motomecanização e no Departamento de Produção e Obras.
Em 1966, no posto de Coronel
Engenheiro Militar, pediu passagem para a reserva.
Após deixar o serviço ativo,
pós-graduou-se em Economia pela Fundação Getúlio Vargas - RJ e na
Universidade de Nova Iorque.
Foi professor-conferencista do IME
em Matemática Financeira, Coordenador de cursos para o Sistema
Financeiro da Habitação, professor das Universidades Gama Filho e
Cândido Mendes, professor de Análise de Investimentos na Escola os
Pós-graduação da Fundação Getúlio Vargas–RJ.
Como
pesquisador e historiador militar, ocupou a cadeira 46 da Academia
de História Militar Terrestre do Brasil e foi Acadêmico Emérito.
Em 1996, por ocasião das
comemorações do cinquentenário da turma de 1946, coordenou a
elaboração de precioso dossiê sobre 15 cadetes do Realengo
precursores na AMAN. Em justa homenagem a eles, o Coronel
Castelliano leu o texto em formatura
geral da Academia.
Enquanto o Gen Resende se
notabilizou pelo estudo da história da Academia Militar, o Coronel
Castelliano se empenhou no estudo da História da Engenharia até o
seu falecimento em novembro de 2007, deixando-nos a obra “Um Breve
Histórico do IME - Instituto Militar de Engenharia” (Real Academia
de Artilharia, Fortificação e Desenho, 1792).
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado Cel Bento
O senhor me concedeu o privilégio
de pertencer a esta Academia. Quero dizer da minha da honra em ser
admitido para a cadeira cujo patrono é o Gen Moacyr Lopes de Resende
e conviver historiadores de renome que compõe os quadros dessa
notável agremiação.
Muito obrigado.
MEDALHAS DO MÉRITO HISTÓRICO MILITAR TERRESTRE DO BRASIL
Em nome
da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, depois de
ouvida a comissão de medalhas da mesma, e na qualidade de
Grão-Mestre da Medalha do Mérito Histórico Militar Terrestre da
AHIMTB e na oportunidade do 200º aniversário de criação da Academia
Real Militar, hoje comemorado pela Academia de História Militar
Terrestre na Academia Militar das Agulhas Negras, agracio
com a citada medalha
as seguintes personalidades,
levando em consideração os critérios de estímulo, solidariedade,
apoio histórico e de ajuda voluntária de custeio financeiro às
atividades da AHIMTB. Trabalhos executados em prol da sua causa e
projeção de serviços prestados pelos agraciados à pesquisa,
preservação, elaboração, culto e divulgação da história militar
terrestre do Brasil.
NO GRAU DE COMENDADOR
Gen Bda EDSON LEAL PUJOL
Pelo estímulo e prestígio que tem
proporcionado às atividades da Academia de História Militar
Terrestre do Brasil, como comandante da AMAN, na qualidade de seu 3º
Presidente de Honra. A visitou logo ao assumir o comando da AMAN e
em seu discurso de posse como 3º Presidente de Honra revelou
identidade com o pensamento e objetivo da AHIMTB de cooperar para o
desenvolvimento da Doutrina Militar Terrestre do Brasil com
subsídios de Arte e Ciência Militar Terrestre brasileira, resultante
da análise à luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar, do rico
passado militar do Brasil, sem deixar de lado a incorporação do que
melhor existe em doutrinas militares estrangeiras adaptáveis as
realidades operacionais do Brasil.
Haver recebido em audiência o
Presidente da AHIMTB e acolhido sua proposta constante do Guararapes
nº 66 comemorativo do 14° ano de existência da AHIMTB de jan/mar de
2010.
E por fim haver concordado em assumir a
cadeira Marechal José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, sob a
argumentação de ser a História Militar Terrestre Crítica do Brasil,
atividade profissional militar a ser realizada por oficiais da Ativa
e da Reserva com capacidade e sobretudo disposição e gosto para a
análise do passado militar terrestre brasileiro, a luz dos
Fundamentos da Arte e Ciência Militar como procederam as potências e
grandes potências militares na formulação de suas doutrinas
militares, conforme lhe foi ensinado na AMAN, por sua Cadeira de
História Militar.
NO GRAU DE OFICIAL
Cel Com QEMA CLÁUDIO
ALFREDO DUARTE DORNELLES

Por sua notável atuação a serviço da
História Militar Terrestre Crítica do Brasil. Inicialmente como
estagiário no Uruguai de Curso de Estado-Maior, onde apresentou ao
comandante daquela escola e oficiais em espanhol nossa versão da
Batalha de Passo do Rosário, à luz dos Fatores da Decisão Militar:
Missão, Terreno, Inimigo e Meios, sendo reconhecido e elogiado
pelos oficiais uruguaios que assistiram por colocar por terra
interpretações políticas dominantes do evento, culpando por seus
maus resultados o Imperador D. Pedro I e o Marques de Barbacena,
chefe militar que em realidade salvou nosso Exército do desastre, ao
evitar que fosse cercado e rendido em Santana do Livramento, ao
interpor em manobra estratégica extraordinária, o nosso Exército
entre o Exército Argentino e as principais cidades do Rio Grande do
Sul.
Como comandante do 1º Batalhão de
Comunicações – Batalhão Rondon - em Santo Ãngelo, atuou intensamente
junto à comunidade e em especial junto a faculdades no sentido de
enfrentar manipulações históricas ideológicas que colocavam Sepé
Tiarajú como herói e Gomes Freire, comandante do Exército
Demarcador, como inimigos.
Assim, produziu com sua equipe modelar
DVD sobre a Guerra Guaranítica, manipulada na área, e organizou
modelar o museu no batalhão sobre a atuação do Exército Demarcador
de Gomes Freire e inclusive uma réplica do Monumento aos Mortos da
Intentona Comunista, com objetivo de fazer frente a manipulações
locais realizadas pelo Museu da Coluna Prestes, em realidade, Coluna
Miguel Costa - Prestes.
Revelou o Cel Dornelles capacidade
e, sobretudo, gosto para a atividade de pesquisa de História
Terrestre Crítica. E mais do que isto, disposição para esta
atividade tão relevante, que dá continuidade como Delegado da
Delegacia Marechal Candido Mariano da Silva Rondon sediada em Santo
Ângelo, a capital da região das Missões.
PALAVRAS FINAIS
Cumprimento em nome da AHIMTB os
novos acadêmicos hoje empossados:
- O Gen Div Marco
Antônio de Farias
- O Gen Bda Edson
Leal Pujol
- O Cel Carlos Roberto Peres
- O Cel Ernildo Heitor Agostini
Filho, esperando a AHIMTB que deem continuidade ao seguinte
objetivo: pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História
Militar Terrestre Crítica Brasileira à luz dos fundamentos de Arte e
Ciência Militar, continuidade como atividade profissional militar
com vistas à nacionalização progressiva da Doutrina Militar
Terrestre do Exército como a sonhou, em 1861, o Duque de Caxias,
como Ministro da Guerra e Chefe do Gabinete de Ministros.

Reafirmo a minha satisfação como
soldado e historiador militar crítico da história operacional e
institucional do Exército, de aqui haver lançado a obra “2010 – 200
anos da criação da Academia Real Militar à AMAN”. Obra comemorativa
do bicentenário da criação da AMAN nossa querida mãe profissional e
como fecho de uma atividade que exerço há 30 anos como historiador
da AMAN, conforme registro de seu comandante atual na apresentação
da citada obra.
Satisfação igual de hoje aqui
lançar e distribuir aos presentes a história da 1ª Bda C Mec
apresentada por seu último comandante e atual comandante da AMAN em
seu bicentenário.
Alegria em distribuir aos presentes
os informativos fundidos num só “O Guararapes”, “O Gaúcho” e o
“Memória”, de entidades que fundei e presido, e alusivo a N.S. da
Conceição, que foi padroeira do Exército Brasileiro colonial e
imperial e devoção de Caxias, Patrono do Exército e da AHIMTB e cuja
gravura, que decorava o seu quarto se encontra no museu da AMAN.

A AHIMTB em 15 anos de atividade
profícua muito realizou em prol da memória operacional e
institucional e estamos empenhados em que ela prossiga e não morra
conosco e receba um amparo efetivo do nosso Exército.
Assim em 2011, 200 anos do início
da Academia Real Militar, lutaremos para transformá-la e
consolidá-la em Federação das Academias de História Militar
Terrestre do Brasil, sediada em Resende com apoio da AMAN e junto a
ela a Academia de História Militar Terrestre do Brasil de Resende,
junto com sua delegacia Cel Antonio Esteves.
E, subordinadas à Federação, as
Academias de História Militar Terrestre do Brasil do Rio de Janeiro,
Rio Grande do Sul, Brasília e São Paulo etc.
Estamos convencidos de que a
História Militar Terrestre crítica do Brasil é ponto obrigatório de
passagem para a coleta de subsídios de arte e ciência militar para a
formulação de uma doutrina militar terrestre brasileira
nacionalizada do Exército.
País rico deve ser forte
militarmente, e no caso do Brasil, possuir poder militar dissuasório
para defender suas riquezas das Amazônia Verde e Azul. É o que
aprendi na Cadeira de História da AMAN como seu instrutor de 1978/80
E para esta tarefa estratégica é
necessário o concurso de oficiais com curso de estado-maior da ativa
e da reserva, que além da capacidade profissional, que todos possuem
e necessário mais vocação, prazer, devoção, determinação e
persistência.
No limiar dos meus 80 anos já com
continuidade, sinto a sensação do dever bem cumprido e aqui agradeço
o apoio e confiança dos chefes que me apoiaram e respeitaram em 40
anos minhas atividades de historiador do Exército e militar.
Foram raríssimas as exceções de
chefes que não entenderam e desrespeitaram minha atividade de
historiador militar de vocação e que e a dificultaram. Lamento por
eles.
Agradeço ao Gen Leal Pujol o seu
apoio e disposição para que eu fosse reconduzido como PTTC para
concluir a história do Exército no Rio Grande do Sul e cuidar da
nossa AHIMTB. Foram três meses de espera reprovação pela junta de
saúde; aprovação por junta em grau de recurso e finalmente o não
encaminhamento da proposta pelo Departamento de Ensino e Cultura do
Exército e em fim a manifestação do Exército através do citado
departamento que meus serviços de 40 anos como historiador militar
crítico não eram mais necessários.
Resta-nos, além da sensação do
dever bem cumprido, a satisfação desta estimulante mensagem de nosso
instrutor chefe do Curso de Engenharia 1953/55, Cel Ergílio Cláudio,
ao conhecer o volume de nossa obra como historiador:
“Meu caro Bento, você é um orgulho
para o nosso Exército. Você é um herói”. E emocionado deparei com a
definição de herói de William Shakespeare:
“Herói é aquele que faz o que dele
é esperado e que enfrenta as consequências de sua ação”.
Consequências que enfrentei e
superei as quais confidenciarei em minhas memórias de soldado e
historiador do Exército.
Muito obrigado a todos.

