Sessão Solene da AHIMTB no 1ºB
Com no dia 03 de novembro de 2009.
A seguir, será transcrita, na
íntegra, a Sessão Solene que criou a 17ª Delegacia da Academia de
História Militar Terrestre do Brasil e empossou o Ten Cel CLAUDIO
ALFREDO CUNHA DORNELLES, Comandante do 1º Batalhão de Comunicações,
como novo acadêmico da Cadeira Nr 07 – Patrono Cel DEOCLÉCIO DE
PARANHUS ANTUNES. Estiveram presentes no auditório do 1º B Com o
Exmo Sr ADOLAR QUEIROZ Vice-Prefeito de Santo Ângelo, o Sr Cel R/1
NERY OLIVEIRA DORNELLES,
o Sr Cel R/1 PAULO ROBERTO BRASILEIRO DE AZEVEDO, o Sr Cap R/1 JOSÉ
CLAUDIANO DE LUCCA, Presidente da Academia Santoangelense de Letras,
bem como oficiais e praças da Guarnição Militar Federal de Santo
Ângelo, historiadores, jornalistas, professores e convidados.

SUMÁRIO
1. Palavras iniciais do Cel CLÁUDIO
MOREIRA BENTO, criando a 17ª Delegacia da Academia de História
Militar Terrestre do Brasil – Delegacia Marechal Cândido Mariano da
Silva Rondon.
...........................................................................................................Fl
02
2. Oração de Recepção do acadêmico
Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles pelo Cel Claudio Moreira
Bento.....................................................................................Fl
04
3. Elogios de Posse do Acadêmico
Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles ao seu Patrono de Cadeira e
ao Acadêmico Emérito que ele
sucede......................................Fl 06
1. Criação da 17ª Delegacia da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil – Delegacia
Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.
No uso de minhas atribuições como
Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (
AHIMTB), crio em Santo Ângelo, na Região Missioneira, a Delegacia
Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, o patrono das Comunicações
do Exército e do Brasil, tendo como seu delegado o Ten Cel Claudio
Alfredo Cunha Dornelles .
Rondon descendia de índios bororós.
Personagem apropriado para o nome de Delegacia na Região
Missioneira, por sua grande preocupação com o destino dos seus
irmãos índios do Brasil.
Personagem de sua dimensão foi o que
faltou aos indígenas desta região missioneira que muito sofreram por
longo tempo, pelo choque armado de interesses geopolíticos
conflitantes dos reinos de Espanha e Portugal. Interesses herdados
pelo Brasil e pelos descendentes de espanhóis, argentinos,
orientais, paraguaios, disputando o território em nome de seus
interesses geopolíticos de exercer soberania sobre a região
missioneira, da margem esquerda do rio Uruguai até a sua conquista
pela força das armas por Portugal em 1801, numa cobrança do
estabelecido no Tratado de Madrid de 1750, não cumprido pela
Espanha. Interesses em conflito que abordo no capitulo 1 da
História da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, a ser lançada no
inicio de 2010
Se existisse na época em Portugal ou
Espanha, um estadista da dimensão de Rondon não teríamos tido o
massacre ou hecatombe de Caiboaté, onde índios missioneiros
liderados por alguns jesuítas foram dizimados ao enfrentarem frações
dos poderosos Exércitos demarcadores de Portugal e Espanha, e sem
mínima chance de vitória e no momento em que, Espanha transferia a
sua soberania sobre a área para Portugal em troca de Colônia do
Sacramento, fundada por Portugal, em 1680, defronte a Buenos Aires.
Acreditamos que não teria sido
necessária a remoção dos índios missioneiros da região e sim
Portugal os absorver como era de seu feitio.
O tão elogiado Tratado de Madrid
1750, não cumprido em razão da Guerra Guaranítica, resultou numa
grande tragédia para índios dos Sete Povos das Missões e para a
Companhia de Jesus, que foi expulsa da América do Sul Portuguesa e
Espanhola, por terem pretendido enfrentar a soberania destas duas
grandes nações. E o seu prejuízo foi enorme.
Na região das Missões, embora
predomine hoje a feição portuguesa, ela tem por infra-estrutura a
raiz indígena missioneira que, segundo o historiador Guilhermino
César, acrescentou mais variedade ao tecido antropológico do Rio
Grande do Sul, fruto de intensa miscigenação, branco x índio,
iniciada no período pós Guerra Guaranítica com soldados espanhóis e
portugueses se miscigenando com índias missioneiras Guaranis, muitas
viúvas dos guerreiros guaranis mortos no massacre de Caiboaté.
Miscigenação durante a longa ocupação das Missões pelos exércitos
demarcadores depois da citada guerra.
Agora, além do Museu Rondon contendo
o seu patrimônio histórico pessoal doado por sua família, como suas
espadas de oficial general, oficial e aluno da Escola da Praia
Vermelha, suas condecorações etc, a Delegacia Marechal Rondon O
Guerreiro da Paz, como o denomino em nossa síntese biográfica do
Marechal Rondon, que será distribuída aos presentes por iniciativa
do Cel Claudio Dornelles e de sua dedicada equipe do 1º BCom.
Historiador que será a seguir empossado acadêmico da Cadeira 7 da
Academia de História Militar Terrestre do Brasil a cadeira Cel Int
Deoclécio de Paranhos Antunes. E sucedera o historiador Major
Prates Carrion elevado a acadêmico emérito.
Para que os presentes melhor
entendam a significação histórica do Marechal Cândido Mariano da
Silva Rondon alinho as seguintes interpretações de sua grande obra:
O Marechal Cândido Mariano da Silva
Rondon, foi o maior desbravador, civilizador, sertanista,
bandeirante e inspetor militar de fronteiras mundiais, em terras e
selvas tropicais, foi consagrado pelo Dec. 51.560, de 26 abr 1962,
patrono da Arma de Comunicações, por haver chefiado a implantação,
no Brasil, de 8.000 km de linhas telegráficas. Por quase 40 anos,
esta linhas telegráficas foram um fator de integração, unidade e
desenvolvimento, além de essenciais ao exercício da soberania
brasileira sobre a imensa faixa de fronteira e sobre os grandes
vazios demográficos na Amazônia e no Centro Oeste.
A obra de Rondon foi também
fundamental para apoiar a Marcha para Oeste e para o Norte, uma
preocupação que vinha desde o Império para que os vazios
demográficos do Centro Oeste e do Norte fossem a cada dia mais
povoados, explorados economicamente e por consequência conquistassem
maior expressão política. Em virtude desse pensamento, surgiu o
Projeto Rondon, que, sob a inspiração de sua vida e obra provocou,
de 1968 a 1989, a marcha em especial para o Oeste e para o Norte, da
Universidade através de seus alunos em férias, que conhecerem por
meio de estágios de serviços as realidades brasileiras ao vivo e não
na teoria. Projeto ora restabelecido
As linhas telegráficas
que com seus picadões de 40 metros de largura prestariam serviços a
circulação humana e de riquezas com maior capacidade que as
primitivas e estreitas trilhas indígenas. Foram elas também fator de
Paz Social por levarem em sua vanguarda Rondon – "O Pai Branco", o
"Apóstolo das Selvas" de nossa população indígena, por ele redimida,
valorizada, protegida de massacres e explorações, compreendida e
amada, fiel a seu lema – " Morrer, se preciso for. Matar,
nunca.."
Rondon como soldado, no Paraná e em
Santa Catarina, teve brilhante desempenho pacificador ao evitar mal
maior. Perguntado ao General Gamelin, chefe da Missão Militar
Francesa (MMF), na hipótese de uma guerra qual general seu ex-aluno
que indicaria para comandar o Exército Brasileiro? Respondeu - o
General Cândido Mariano Rondon!
Ele soube bem conciliar a sua
filosofia positivista – a Religião da Humanidade, com a profissão de
Soldado do Brasil, do que deu cabal demonstração de conhecimentos
como aluno da Missão Militar Francesa (MMF), nas Manobras de Saicã,
em 1922; e em Pirassununga, em 1926; e na pacificação da Revolução
de 1924, no Paraná e em Santa Catarina. E, como positivista, adepto
da Religião da Humanidade, ao impor-se ao mundo por sua obra
ciclópica, sem igual, de explorador de selvas tropicais e em favor
do índio.
Foi o delegado do Ministro da
Guerra Pandiá Calógeras para, como Diretor de Engenharia do
Exército, semear modernos e confortáveis quartéis pelo Brasil, os
quais, cuidados com desvelo por seus ocupantes, há mais de 76 anos
prestam valiosos serviços ao Exército. E entre eles a atual caserna
do 1º BCom depois de haver abrigado diversas organizações do
Exército.
Este grande brasileiro, pelo
conjunto de sua obra monumental, foi consagrado, de justiça, pelo
Povo Brasileiro, como Marechal Honorário do Exército, por decisão do
Congresso Brasileiro, traduzido na Lei nº 2.409 de 27 Jan 1955, além
de ser dado o seu nome ao Território e atual Estado de Rondônia que
ele desbravara. Em seus quase 93 anos de vida, o Marechal foi
fidelíssimo ao seu pensamento:
"Mais importante que a vida é o
espírito com o qual a vivemos".
Seu nome foi imortalizado e
consagrado internacionalmente na Sociedade Geográfica de Nova York
quando foi inscrito em letras de ouro sólido ao lado de outras três
grande sumidades internacionais:
Amundsen
- O descobridor do Pólo
Sul.
Peary – O descobridor do Pólo Norte.
Byrd – O explorador que mais fundo penetrou em terras árticas.
Rondon – O explorador que penetrou mais extensamente em terras
tropicais.
Falta agora se já não o foi feito
inscrevê-lo no livro de aço dos heróis da Pátria, no Panteon da
Praça dos Três Poderes em Brasília.
Votos de que o Delegado da
Delegacia Rondon Ten Cel Dornelles consiga a infra-estruturar para
que ela cumpra a finalidade para a qual foi criada na região
missioneira.
2. Oração de Recepção do
acadêmico Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles pelo Cel Claudio
Moreira Bento
Como da tradição acadêmica, coube a
mim, Acadêmico Emérito presidente da AHIMTB fazer a recepção do
nosso novo acadêmico, Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles, na
cadeira 7 da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.
Cadeira que tem por patrono o Cel Deoclécio de Paranhos Antunes, um
grande nome do Serviço de Intendência do Exército e historiador
militar com várias obras, em especial o livro Os Dragões do Rio
Pardo. O Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles sucede na cadeira o
historiador Major Farmacêutico Luiz Prates Carrion a quem se deve a
sugestão da criação do Colégio Militar de Santa Maria.
O Tenente Coronel DORNELLES é o
atual Comandante do 1º Batalhão de Comunicações de Santo Ângelo –
RS, nasceu em 07 de outubro de 1964, em Resende – RJ, filho do
gaúcho Nery Oliveira Dornelles, presente na mesa e grande
colaborador da AHIMTB e sócio efetivo em Resende do Instituto de
História e Tradições do RGS. E sua mãe a resendense a Sra Adayl
Cunha Dornelles.
Como profissional
militar o nosso novo acadêmico sempre se dedicou à História Militar,
vindo a ganhar experiência e reconhecimento como historiador militar
crítico, ao apresentar sua monografia sobre Análise Histórica da
Batalha do Passo do Rosário, em Montevidéu, no ano de 2007, como
aluno da Escola de Comando e Estado-Maior do Uruguai e com apoio em
nosso trabalho realizado no contexto do Projeto História do Exército
na Região Sul desenvolvido com o
apoio por cerca
de 8 anos da 3ª Região, trabalho intitulado
Os 175 anos da
Batalha do Passo do
Rosário em 2003. A monografia do Ten
Cel Dornelles que causou excelente impressão aos militares
uruguaios, por até então conhecerem o episódio marcado por
preconceitos e interpretações políticas e não na analise critica de
fontes históricas autênticas, integras e fidedignas.
Foi a análise critica pioneira desta batalha feita pelo Duque de
Caxias, com apoio em depoimentos de oficiais brasileiros, argentinos
e uruguaios, que dela participaram e feita a pedido do Instituto
Histórico e Geográfico Brasileiro do qual era sócio. Analise isenta
a luz da Arte Militar que o consagraram como patrono da nossa
Academia além de Patrono do Exército.
No comando do 1º B Com, em Santo
Ângelo, com o apoio de sua dedicada equipe, o Ten Cel Dornelles
prosseguiu em sua ação, em apoio ao Objetivo Estratégico Atual nº1
do Exército;
Pesquisar, preservar, cultuar e
divulgar a História, as Tradições e os Valores morais culturais e
históricos do Exército.
Objetivo que nossa academia estendeu
as demais forças terrestres que ela estuda: Fuzileiros Navais,
Infantaria da Aeronáutica, Policias e Bombeiros Militares e outras
forças terrestres que as antecederam Voluntários da Pátria e Guarda
Nacional. E o trabalho do novo acadêmico pode ser comprovado pelo
que aqui pode ser visto: artística vitrine homenagem ao soldado
brasileiro com manequins uniformizados com uniformes de diversas
épocas; Biblioteca com obras diversas de História Militar do Brasil
editadas pela BIBLIEx e pela AHIMTB à disposição de pesquisadores da
comunidade; maquete para demonstrações a militares da unidade e a
escolas visitantes da história militar das Missões, com ênfase na
verdadeira participação da Força Terrestre Brasileira na sua
conquista e defesa; modelar Auditório para instrução militar e
reuniões culturais ao lado do complexo cultural de História do
Exército, balizada pelo valioso museu que abriga o precioso
patrimônio histórico do Marechal Rondon, doado por sua família ao 1º
B Com (Espadas, condecorações, uniforme de Marechal, objetos
pessoais).
Merece destaque nas realizações
históricas do Ten Cel Dornelles a original reconstituição histórica
da Guerra Guaranítica com os deslocamentos projetados sobre mapas da
Google da região, procurando atender no tocante a história o que diz
esta placa no Museu da Republica: “A História é uma imensa planície
onde correm dois rios. Um reto de margens bem definidas, firmes e
inundáveis. Este é o rio da História fruto da análise isenta
de fontes históricas confiáveis autênticas, integras e fidedignas. O outro é um rio cheio de
curvas e meandros, de margens inseguras pantanosas e sujeitas a
perigosos alagamentos. Este o rio do Mito. Este fruto de
interpretações fruto das invejas, das vinganças das injustiças e de
interpretações e manipulações políticas etc. Interpretações
facciosa”, lamentavelmente predominante entre nós como já denunciava
Rui Barbosa em seu tempo.
Foi esta atuação do novo acadêmico e
de sua equipe que me trouxe de tão longe para testemunhar o seu
trabalho e o seu esforço para tentar corrigir certos mitos e
injustiças regionais, que espero reforçar em nosso livro História
da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada prestes a ser lançado e no
capitulo 1 Antecedentes militares da área das Missões desde 1624
-1908.
O nosso acadêmico começou sua
carreira militar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército em
Campinas – SP, em 1980, no nosso último ano como Ten Cel Instrutor
de História Militar na Academia Militar das Agulhas Negras, passando
em seguida para a mesma, tendo concluído sua formação acadêmica em
1986 quando, como coronel, dirigíamos o Arquivo Histórico do
Exército.
O 1o B Com foi sua
primeira unidade, onde prestou serviços como Aspirante-a- Oficial em
1987, na época, a sede do Batalhão era no Rio de Janeiro.
Sua carreira foi dedicada às
Comunicações e ao Ensino Militar, prestando serviços em vários
locais do país:
- Foi subcomandante da 7a
Companhia de Comunicações em Recife - PE.
- Comandante da 2a
Companhia de Comunicações de Campinas – SP.
- Trabalhou na Diretoria de Material
de Comunicações, Eletrônica e Informática, em Brasília – DF,
acompanhando de perto a implantação do atual Sistema Tático de
Comunicações do 1o B Com.
- Após concluir o curso da Escola de
Comando e Estado-Maior, foi Chefe da Seção de Pessoal da 1a
Divisão de Exército – Marechal Mascarenhas de Morais no Rio de
Janeiro – RJ.
- Na área do ensino militar, prestou
serviços na Escola Preparatória de Cadetes do Exército e foi, em
duas oportunidades distintas, instrutor da Academia Militar das
Agulhas Negras. A primeira vez como Tenente Comandante de Pelotão do
Curso Básico e a segunda como Tenente-Coronel Comandante do Curso de
Comunicações.
Possui os seguintes cursos
militares:
- Curso de Comunicações da Academia
Militar das Agulhas Negras;
- Curso de Manutenção de Material
Bélico;
- Curso de Aperfeiçoamento de
Oficiais;
- Curso de Comando e Estado –
Maior;
- Curso de Comando e Estado – Maior
no Uruguai;
O Tenente-Coronel Dornelles foi
condecorado com a Medalha Militar de Prata, a Medalha do Pacificador
e a Medalha de Corpo de Tropa.
Quanto ao pessoal, o oficial é
casado com a Senhora Ângela Maria de Almeida Cunha e tem dois
filhos, Larissa e Gabriel.
Para 2010, o TC Dornelles já está
nomeado instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras, onde
esperamos a sua contribuição como membro da Diretoria da AHIMTB que,
na Academia Militar das Agulhas Negras, tem a sua sede nacional e
como seu 3º Presidente de Honra o seu comandante Gen Bda Edson Leal
Pujol, que vem do comando da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em
Santiago. E que logo compreendeu e se solidarizou com o estratégico
sonho da AHIMTB, bem como o seu 1º Presidente de Honra o Gen Ex Enzo
Martis Peri, Comandante do Exército.
E, dentro deste contexto, a AHIMTB
procura explorar os valores culturais do nosso Exercito,
representado por suas experiências originais institucionais e
operacionais embutidas em seu rico patrimônio cultural, a serem
resgatados a luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar para
serem usados para alicerçarem a formação profissional em Arte da
Guerra Brasileira de seus quadros e contribuir para a formulação de
uma doutrina militar brasileira, como a sonhou em 1865, o Duque de
Caxias, Patrono de Exército e de nossa Academia e pioneiro na
exploração da Historia Militar Critica do nosso Exército ao
realizar análise da Batalha do Passo do Rosário, a pedido do
Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro de que era membro
honorário.
Sonho manifesto mais tarde pelo
Marechal Floriano Peixoto como Ajudante General do Exército ao
determinar a historiador Cel Emilio Carlos Jourdan que escrevesse a
História da Campanha da Guerra do Paraguai, e a colocar a disposição
dos alunos de nossas três escolas militares, para que conhecessem as
realidades operacionais sul-americanas.
Mais tarde o Marechal Castelo
Branco, historiador militar crítico e pensador militar fecundo,
sonhava com uma doutrina militar brasileira que ele denominou
de Doutrina Tupiniquim. E este e o sonho dos integrantes da AHIMTB
e em destaque especial, explorar as vitoriosas experiências
brasileiras genuínas de guerras de Resistência como a Guerra
Brasílica, a Guerra a Gaúcha (esta nascida aqui nas Missões na
Guerra Guaranítica), as Guerra de Pedro Teixeira, a de Plácido de
Castro e a do General Cabralzinho na Amazônia para a formulação de
uma Doutrina de Guerra de Resistência na Amazônia, área alvo das
ambições internacionais crescentes.
Seja bem-vindo a Academia de
História Militar Terrestre do Brasil. Tome o seu lugar e sinta-se em
casa acadêmico Ten Cel Cláudio Alfredo Cunha Dornelles. E continue
sua caminhada como historiador militar critico, retirando no nosso
passado militar subsídios de Arte e Ciência militar brasileiras para
construir o futuro do nosso Exército com o fizeram as grandes
nações, potências e grandes potências militares. Pois a História não
registra grandes nações, potências e grandes potências econômicas
que ainda Oração de recepção não tem a respaldá-las o poder
dissuasório de grandes nações, potências e grande potências
militares. E o Brasil tem de proteger nossa biodiversidade na
Amazônia de ambições internacionais crescentes bem como as suas
riquezas potenciais em produção de petróleo que se espera obter do
Pré Sal.
Agora é sua vez de fazer o elogio
de seu patrono e do acadêmico que substitui. A Palavra é sua!
3. Elogios de Posse do Acadêmico
Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles ao seu Patrono de Cadeira e
ao Acadêmico Emérito que ele sucede.
É com muita honra que recebemos no
quartel do 1º Batalhão de Comunicações e na “Capital das Missões”, o
grande e consagrado historiador do nosso Exército, o Cel Claudio
Moreira Bento, Presidente da Academia de História Militar Terrestre
do Brasil, que veio até aqui especialmente para nossa posse e para
inauguração da Delegacia Marechal Rondon da AHIMTB em Santo Ângelo.
Nossa saudação também ao meu pai o
Cel Dornelles que acompanha o Cel Bento, como seu velho amigo e por
ser Grande Colaborador da AHIMTB como o Máster de ligação da AHIMTB
com o órgão do Exército que procede desconto em folha de
contribuições de associados da AHIMTB e o ajuda na condução desta
seção.
Nesta oportunidade, é importante
falarmos aos nossos oficiais e aos nossos convidados sobre o Cel
Bento e sobre a Academia de História Militar Terrestre do Brasil.
O Cel Bento é natural de Canguçu –
RS, onde nasceu em 19 de outubro de 1931, o que quer dizer que há 25
dias o Cel Bento completou 78 anos de muita lucidez e de muitos
serviços prestados à Pátria.
Declarado Aspirante-a-Oficial da
turma de 1955, é Doutor em Ciências Militares pela Escola de Comando
e Estado – Maior do Exército, tendo comandado o 4º Batalhão de
Engenharia de Combate em Itajubá – MG.
O grande pendor para o estudo da
História sempre foi uma constante na vida do Cel Bento. Foi adjunto
da Comissão de História do Exército do
Estado–Maior do Exército. Como instrutor de História Militar
da Academia Militar das Agulhas Negras, entendeu melhor a
importância de transformar dados do passado em ensinamentos práticos
para a Carreira das Armas. Como Diretor do Arquivo Histórico do
Exército por cinco anos, teve amplo acesso aos mais completos
registros da História Militar Brasileira e soube, como nenhum outro,
transformá-los em lições para os jovens oficiais.
Em 1986, fundou e preside até hoje
o Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul. O Cel
Bento integra ainda as mais importantes instituições nacionais de
História, bem como outras do exterior, possuindo inúmeros prêmios em
concursos literários.
Historiador consagrado de 86
títulos publicados, inclusive pela Internet e cerca de 1.000 artigos
em periódicos civis e militares do Brasil e de diversos outros
países.
É simplesmente impossível neste
curto espaço de tempo fazer a leitura completa do currículo e das
obras do Cel Bento. Parte de seus livros estará em exposição
permanente na Sala da Delegacia Marechal Rondon que ele aqui criou e
que iremos inaugurar em ato continuo. Sua contribuição para a
História do Exército, do Rio Grande do Sul e do Brasil é
imensurável. Sobre a região missioneira não chegou a escrever livro,
mas é muito conhecido no Exército o seu artigo sobre a Guerra
Guaranítica, bem como sobre o 1º Batalhão Ferroviário, que ficou
aquartelado em Santo Ângelo de 1922 a 1933 e também sobre o
Movimento Revolucionário de 1924, que, após a ação pacificadora de
Rondon no Paraná, se transformou na Coluna Miguel Costa – Prestes.
Sua última obra, que já está em fase final, com certeza irá abordar
melhor nossa região, pois vai falar da 1ª Brigada de Cavalaria
Mecanizada, com sede em Santiago e que é responsável pela defesa
territorial e pela segurança integrada do Noroeste gaúcho, que
engloba as Missões.
O Exército sempre deu muito valor à
História e a cultura de modo geral. Dentro desse espírito, criou em
1881 a Biblioteca do Exército,
instituição cultural que
contribui para o provimento, a edição e a difusão de meios
bibliográficos necessários ao desenvolvimento e aperfeiçoamento da
cultura profissional-militar e geral. Ação potencializada pela
criação da Bibliex Editora em 1937,voltada expresivamente para a
História do Exército e para cuja grandesa muito contribuiu o grande
historiador missioneiro General Souza Docca, patrono da Delegacia da
AHIMTB em São Borja sua terra natal.
Passados mais de cem anos da
criação da BIBLIEx, visualizou o Cel Bento a necessidade de fundação
de uma outra instituição que se dedicasse a História Militar
Crítica, voltada para alimentar o Comando de um Exército em tempo de
paz, visando melhor prepará-lo para a eventualidade indesejável de
uma guerra. Para tanto, não existe livro mais fecundo em lições e
meditações do que a História Militar, conforme ensinou o Marechal
Ferdinand Foch, instrutor de História Militar Crítica na Escola de
Guerra da França de onde saiu para comandar a vitória aliada na 1ª
Guerra Mundial, da qual participaram como combates alguns oficiais
brasileiros, entre os quais o Tenente de Cavalaria José Pessoa, que
mais tarde idealizaria a AMAN com todas as suas mais caras tradições
Espadim, Brasão, Uniformes históricos etc.
Dentro desse contexto,
considerando a História Militar como Laboratório de Táticas e
Estratégias que contribue para o desenvolvimento doutrinário do
Exército, foi que o Cel Bento fundou, em 1º de
março de 1996, a Academia de
História Militar Terrestre do Brasil, com sede em Resende – RJ,
cidade da Academia Militar das Agulhas Negras, local de formação do
Oficial de carreira do Exército Brasileiro.
Cada uma das cadeiras da Academia
presta uma homenagem aos grandes historiadores que são considerados
os patronos dessas cadeiras.
A minha cadeira corresponde ao meu
número de sorte: o Sete, que tem como patrono o historiador Cel
Deoclécio de Paranhos Antunes e como ocupante anterior o Acadêmico
Major Farmacêutico Luis Prates Carrion.
Esse meu antecessor, o Acadêmico
Emérito Maj Carrion, deixou uma valiosa contribuição para a História
Brasileira com obras sobre a Batalha do Passo do Rosário; sobre a
Batalha de Monte Castelo; sobre o
extraordinário do
gabrielense Marechal
Mascarenhas de Morais; sobre outro gabrielense famoso, Cel Plácido
de Castro, libertador do Acre; sobre o Serviço Militar no Brasil;
sobre a História de diversas cidades gaúchas como São Gabriel, Santa
Maria e Restinga Seca; tendo, ainda outros trabalhos sobre os
Símbolos Nacionais Brasileiros e sobre Geopolítica.
Quanto
ao patrono de minha cadeira, Cel Deoclécio de Paranhos Antunes, a
contribuição é ainda mais expressiva. Paranhos Antunes nasceu em Rio
Pardo – RS,
Desempenhou importantes funções
militares
em Quartéis, no Estado-Maior e em Diretorias
do Exército,
foi professor de economia e colaborou no aperfeiçoamento de Oficiais
da Polícia Militar
do Rio de Janeiro. Exerceu a Chefia de Gabinete da Diretoria de
Transportes do Exército. Foi Chefe de Gabinete da Coordenação da
Mobilização Econômica. Em 1955, foi Secretário Geral do Conselho
Nacional de Geografia, do IBGE. Secretariou a Comissão dos
Festejos do
Sesquicentenário de
Nascimento do Duque de Caxias. Fez parte da Comissão da mudança da
Capital Federal para o Planalto Central. Foi Secretário do XI
Congresso Brasileiro de Geografia e, no mesmo ano, presidiu a
Comissão do Bicentenário dos
Dragões
do Rio Pardo, em sua terra
natal.
Paranhos
Antunes pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ao
Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, aos Institutos
Históricos e Geográficos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e
do Rio Grande do Norte e também do Instituto Histórico de
Petrópolis.
Como escritor,
deixou, entre outras, as seguintes obras:
- História de
Rio Pardo
- Episódios e
perfis de 1835
- Itinerários
Mentais do Pampa Brasileiro
- Limites e
Povoamento do Brasil Meridional
- Osório,
Perfil de um Herói
- História do
Grande Chanceler, Vida e Obra do Barão do Rio Branco.
- Andrade
Neves, O Vanguardeiro
- Um Capelão
do Exército na Guerra do Paraguai
- Passado e
Presente da Economia Brasileira
- Os Dragões
do Rio Pardo
Essa obra dos “Dragões do Rio
Pardo”, editada pela Biblioteca do Exército, em 1954, descreve com
detalhes a criação do primeiro aquartelamento da Força Terrestre do
Brasil em Rio Grande, no Rio Grande do Sul – trata-se dos Dragões do
Rio Grande de São Pedro, de 1737. Por determinação do Gen Gomes
Freire de Andrade, os Dragões mudaram para Rio Pardo, instalando no
Forte Jesus, Maria e José II, mais conhecido como “A Tranqueira
Invicta”. Um capítulo desse livro é dedicado ao Cel Tomás Luis
Osório, o comandante dos Dragões que fez a transferência para Rio
Pardo e que chegou com muito respeito diante da Igreja da Missão de
Santo Ângelo, em 18 de junho de 1756. Paranhos Antunes segue
listando a evolução dos Dragões após a Independência, principalmente
com a grande reestruturação de 1824. Sendo assim, essa obra de
Paranhos Antunes é uma importante ponte de ligação entre a História
Brasileira com a História Missioneira.
Saibam que me tornarei um
entusiasmado difusor das obras da História Militar Brasileira.
Portanto, estamos empenhados em reunir todas as fontes de consulta
desses renomados historiadores, transformando esse conhecimento em
palestras, quadros, manequins com uniformes históricos e maquetes
para serem apreciadas não só pelos nossos militares, mas também por
toda a comunidade missioneira.
Desde já, externo meus
agradecimentos a toda a minha dedicada equipe do Batalhão que tem me
ajudado nessa empreitada, onde não posso deixar de ressaltar o Cap
Fernando, que iniciou os trabalhos de pesquisa na Unidade,
prosseguido pelo Cap Seabra, atual Instrutor-chefe do Núcleo NPOR. A
arquiteta Daniele, esposa do Cap Seabra, que soube transformar o
antigo refeitório da 16ª Brigada de Infantaria Motorizada nesse
lindo Anfiteatro, que hoje estamos inaugurando. Ao Cap Ricardo,
nosso tesoureiro, viabilizador dos recursos necessários junto ao
Departamento de Educação e Cultura do Exército. Ao Ten Juliano,
Chefe da Seção de Aquisição Licitações e Contratos do Batalhão,
operacionalizador das novas salas. Ao Ten Zago, Oficial de
Comunicação Social, responsável pela diagramação dos informativos da
Delegacia. Aos Sargentos Kraemmer, Apolinário e Braga pela dedicação
na criação da sala Soldados do Brasil. Ao Sr Valdir Soares, alfaiate
mais especializado do Exército, que confeccionou os uniformes de
nossos manequins. Ao Museu Histórico Nacional, que, por intermédio
da coleção de soldados de chumbo denominada “Brava Gente
Brasileira”, está nos ajudando a divulgar os soldados construtores
do Rio Grande do Sul. Registramos ainda a colaboração de diversos
estudiosos e historiadores das missões, muitos dos quais nos honram
com suas presenças.
Por fim, agradeço ao Cel Bento pela
confiança em nós depositada, bem como deixamos patente o
reconhecimento de todos os nossos oficiais e praças pelo seu
extraordinário trabalho em prol da História Militar Brasileira, que
está extremamente interligada com a construção de um Brasil maior.
Informamos que a partir de hoje
nossa Delegacia e nosso museu está à disposição da comunidade
missioneira.
Muito obrigado a todos.
Brasil acima de tudo!
