INFORMATIVO GUARARAPES- 2009              

 

    
 

    Fundada em 1o de março de 1996

 

O GUARARAPES

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

CGC 01.149.526/0001-09

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL CGC 0149.526/0001-09                               www.ahimtb.org.br

INAUGURAÇÂO DA 17ª DELEGACIA DA AHIMTB MARECHAL RONDON NO 1º B COM EM SANTO ÂNGELO E POSSE COMO ACADÊMICO DO TEN CEL COM

CLAUDIO ALFREDO CUNHA DORNELLES NA CADEIRA 7- CEL DEOCLÉCIO DE PARANHOS ANTUNES (03 Nov 2009).

 

 

No. 65                         NOV 2009     

    

  Sessão Solene da AHIMTB no 1ºB Com no dia 03 de novembro de 2009.

 

A seguir, será transcrita, na íntegra, a Sessão Solene que criou a 17ª Delegacia da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e empossou o Ten Cel CLAUDIO ALFREDO CUNHA DORNELLES, Comandante do 1º Batalhão de Comunicações, como novo acadêmico da Cadeira Nr 07 – Patrono Cel  DEOCLÉCIO DE PARANHUS ANTUNES. Estiveram presentes no auditório do 1º B Com o Exmo Sr ADOLAR QUEIROZ Vice-Prefeito de Santo Ângelo, o Sr Cel R/1 NERY OLIVEIRA DORNELLES, o Sr Cel R/1 PAULO ROBERTO BRASILEIRO DE AZEVEDO, o Sr Cap R/1 JOSÉ CLAUDIANO DE LUCCA, Presidente da Academia Santoangelense de Letras, bem como oficiais e praças da Guarnição Militar Federal de Santo Ângelo, historiadores, jornalistas, professores e convidados.

 

 

   

SUMÁRIO

 

1. Palavras iniciais do Cel CLÁUDIO MOREIRA BENTO, criando a 17ª Delegacia da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – Delegacia Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. ...........................................................................................................Fl 02

2. Oração de Recepção do acadêmico Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles pelo Cel Claudio Moreira  Bento.....................................................................................Fl 04

3. Elogios de Posse do Acadêmico Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles ao seu Patrono de Cadeira e ao Acadêmico Emérito que ele  sucede......................................Fl 06

 

1. Criação da 17ª Delegacia da Academia de História Militar Terrestre do Brasil – Delegacia Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

 

 No uso de minhas atribuições como Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil ( AHIMTB), crio em Santo Ângelo, na Região Missioneira, a Delegacia Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, o patrono das Comunicações do Exército e do Brasil, tendo como seu delegado o Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles .

Rondon descendia de índios bororós. Personagem apropriado para o nome de Delegacia na Região Missioneira, por sua grande preocupação com o destino dos seus irmãos índios do Brasil.

Personagem de sua dimensão foi o que faltou aos indígenas desta região missioneira que muito sofreram por longo tempo, pelo choque armado de interesses geopolíticos conflitantes dos reinos de Espanha e Portugal. Interesses herdados pelo Brasil e pelos descendentes de espanhóis, argentinos, orientais, paraguaios, disputando o território em nome de seus interesses geopolíticos de exercer soberania sobre a região missioneira, da margem esquerda do rio Uruguai até  a sua conquista pela força das armas por Portugal em 1801, numa cobrança do estabelecido no Tratado de Madrid de 1750, não cumprido pela Espanha. Interesses em conflito que abordo no capitulo 1 da História da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, a ser lançada no inicio de 2010

Se existisse na época em Portugal ou Espanha, um estadista da dimensão de Rondon não teríamos tido o massacre ou hecatombe de Caiboaté, onde índios missioneiros liderados por alguns jesuítas foram dizimados ao enfrentarem frações dos poderosos Exércitos demarcadores de Portugal e Espanha, e sem mínima chance de vitória e no momento em que, Espanha transferia a sua  soberania sobre a área para Portugal em troca de Colônia do Sacramento, fundada por Portugal, em 1680, defronte a Buenos Aires.

Acreditamos que não teria sido necessária a remoção dos índios missioneiros da região e sim Portugal os absorver como era de seu feitio.

O tão elogiado Tratado de Madrid 1750, não cumprido em razão da Guerra Guaranítica, resultou numa grande tragédia para índios dos Sete Povos das Missões e para a Companhia de Jesus, que foi expulsa da América do Sul Portuguesa e Espanhola, por terem pretendido enfrentar a soberania destas duas grandes nações. E o seu prejuízo foi enorme.

Na região das Missões, embora predomine hoje a feição portuguesa, ela tem por infra-estrutura a raiz indígena missioneira que, segundo o historiador Guilhermino César, acrescentou mais variedade ao tecido antropológico do Rio Grande do Sul, fruto de intensa miscigenação, branco x índio, iniciada no período pós Guerra Guaranítica com soldados espanhóis e portugueses se miscigenando com índias missioneiras Guaranis, muitas viúvas dos guerreiros guaranis  mortos no massacre de Caiboaté. Miscigenação durante a longa ocupação das Missões pelos exércitos demarcadores depois da citada guerra.

Agora, além do Museu Rondon contendo o seu patrimônio histórico pessoal doado por sua família, como suas espadas de oficial general, oficial e aluno da Escola da Praia Vermelha, suas condecorações etc, a Delegacia Marechal Rondon O Guerreiro da Paz, como o denomino em nossa síntese biográfica do Marechal Rondon, que será distribuída aos presentes  por iniciativa do Cel Claudio Dornelles e de sua dedicada equipe do 1º BCom. Historiador que será a seguir empossado acadêmico da Cadeira 7 da Academia de História Militar Terrestre do Brasil a cadeira Cel Int Deoclécio de Paranhos Antunes. E  sucedera o historiador Major Prates Carrion elevado a acadêmico emérito.

Para que os presentes melhor entendam a significação histórica do Marechal Cândido Mariano da Silva  Rondon alinho as seguintes interpretações de sua grande obra:

O Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, foi o maior desbravador, civilizador, sertanista, bandeirante e inspetor militar de fronteiras mundiais, em terras e selvas tropicais, foi consagrado pelo Dec. 51.560, de 26 abr 1962, patrono da Arma de Comunicações, por haver chefiado a implantação, no Brasil, de 8.000 km de linhas telegráficas. Por quase 40 anos, esta linhas telegráficas foram um fator de integração, unidade e desenvolvimento, além de essenciais ao exercício da soberania brasileira sobre a imensa faixa de fronteira e sobre os grandes vazios demográficos na Amazônia e no Centro Oeste.

A obra de Rondon foi também fundamental para apoiar a Marcha para Oeste e para o Norte, uma preocupação que vinha desde o Império para que os vazios demográficos do Centro Oeste e do Norte fossem a cada dia mais povoados, explorados economicamente e por consequência conquistassem maior expressão política. Em virtude desse pensamento, surgiu o Projeto Rondon, que, sob a inspiração de sua vida e obra provocou, de 1968 a 1989, a marcha em especial para o Oeste e para o Norte, da Universidade através de seus alunos em férias, que conhecerem por meio de estágios de serviços as realidades brasileiras ao vivo e não na teoria. Projeto ora restabelecido

As linhas telegráficas que com seus picadões de 40 metros de largura prestariam serviços a circulação humana e de riquezas com maior capacidade que as primitivas e estreitas trilhas indígenas. Foram elas também fator de Paz Social por levarem em sua vanguarda Rondon – "O Pai Branco", o "Apóstolo das Selvas" de nossa população indígena, por ele redimida, valorizada, protegida de massacres e explorações, compreendida e amada, fiel a seu lema – " Morrer, se preciso for. Matar, nunca.."

Rondon como soldado, no Paraná e em Santa Catarina, teve brilhante desempenho pacificador ao evitar mal maior. Perguntado ao General Gamelin, chefe da Missão Militar Francesa (MMF), na hipótese de uma guerra qual general seu ex-aluno que indicaria para comandar o Exército Brasileiro? Respondeu - o General Cândido Mariano Rondon!

Ele soube bem conciliar a sua filosofia positivista – a Religião da Humanidade, com a profissão de Soldado do Brasil, do que deu cabal demonstração de conhecimentos como aluno da Missão Militar Francesa (MMF), nas Manobras de Saicã, em 1922; e em Pirassununga, em 1926; e na pacificação da Revolução de 1924, no Paraná e em Santa Catarina. E, como positivista, adepto da Religião da Humanidade, ao impor-se ao mundo por sua obra ciclópica, sem igual, de explorador de selvas tropicais e em favor do índio.

Foi o delegado do Ministro da Guerra Pandiá Calógeras para, como Diretor de Engenharia do Exército, semear modernos e confortáveis quartéis pelo Brasil, os quais, cuidados com desvelo por seus ocupantes, há mais de 76 anos prestam valiosos serviços ao Exército. E entre eles a atual caserna do 1º BCom depois de haver abrigado diversas organizações do Exército.

Este grande brasileiro, pelo conjunto de sua obra monumental, foi consagrado, de justiça, pelo Povo Brasileiro, como Marechal Honorário do Exército, por decisão do Congresso Brasileiro, traduzido na Lei nº 2.409 de 27 Jan 1955, além de ser dado o seu nome ao Território e atual Estado de Rondônia que ele desbravara. Em seus quase 93 anos de vida, o Marechal foi fidelíssimo ao seu pensamento:

"Mais importante que a vida é o espírito com o qual a vivemos".

Seu nome foi imortalizado e consagrado internacionalmente na Sociedade Geográfica de Nova York quando foi inscrito em letras de ouro sólido ao lado de outras três grande sumidades internacionais:

Amundsen - O descobridor do Pólo Sul.

Peary – O descobridor do Pólo Norte.

Byrd – O explorador que mais fundo penetrou em terras árticas.

Rondon – O explorador que penetrou mais extensamente em terras tropicais.

Falta agora se já não o foi feito inscrevê-lo no livro de aço dos heróis da Pátria, no Panteon da Praça dos Três Poderes em Brasília.

Votos de que o Delegado da Delegacia Rondon Ten Cel Dornelles consiga a infra-estruturar para que ela cumpra a finalidade para a qual foi criada na região missioneira.

 

2. Oração de Recepção do acadêmico Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles pelo Cel Claudio Moreira Bento

 

 

Como da tradição acadêmica, coube a mim, Acadêmico Emérito presidente da AHIMTB fazer a recepção do nosso novo acadêmico, Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles, na cadeira 7 da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Cadeira que tem por patrono o Cel Deoclécio de Paranhos Antunes, um grande nome do Serviço de Intendência do Exército e historiador militar com várias obras, em especial o livro Os Dragões do Rio Pardo. O Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles sucede na cadeira o historiador Major Farmacêutico Luiz Prates Carrion a quem se deve a sugestão da criação do Colégio Militar de Santa Maria.

O Tenente Coronel DORNELLES é o atual Comandante do 1º Batalhão de Comunicações de Santo Ângelo – RS, nasceu em 07 de outubro de 1964, em Resende – RJ, filho do gaúcho Nery Oliveira Dornelles, presente na mesa e grande colaborador da AHIMTB e sócio efetivo em Resende do Instituto de História e Tradições do RGS. E sua mãe a resendense a Sra Adayl Cunha Dornelles.

Como profissional militar o nosso novo acadêmico sempre se dedicou à História Militar, vindo a ganhar experiência e reconhecimento como historiador militar crítico, ao apresentar sua monografia sobre Análise Histórica da Batalha do Passo do Rosário, em Montevidéu, no ano de 2007, como aluno da Escola de Comando e Estado-Maior do Uruguai e com apoio em nosso trabalho realizado no contexto do Projeto História do Exército na Região Sul desenvolvido com o apoio por cerca de 8 anos da 3ª Região, trabalho intitulado Os 175 anos da Batalha do Passo do Rosário em 2003. A monografia do Ten Cel Dornelles que causou excelente impressão aos militares uruguaios, por até então conhecerem o episódio marcado por preconceitos e interpretações políticas e não na analise critica de fontes históricas autênticas, integras e fidedignas. Foi a análise critica pioneira desta batalha feita pelo Duque de Caxias, com apoio em depoimentos de oficiais brasileiros, argentinos e uruguaios, que dela participaram e feita a pedido do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro do qual era sócio. Analise isenta a luz da Arte Militar que o consagraram como patrono da nossa Academia além de Patrono do Exército.

No comando do 1º B Com, em Santo Ângelo, com o apoio de sua dedicada equipe, o Ten Cel Dornelles prosseguiu em sua ação, em apoio ao Objetivo Estratégico Atual nº1 do Exército;

Pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História, as Tradições e os Valores morais culturais e históricos do Exército.

Objetivo que nossa academia estendeu as demais forças terrestres que ela estuda: Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Policias e Bombeiros Militares e outras forças terrestres que as antecederam Voluntários da Pátria e Guarda Nacional. E o trabalho do novo acadêmico pode ser comprovado pelo que aqui pode ser visto: artística vitrine homenagem ao soldado brasileiro com manequins uniformizados com uniformes de diversas épocas; Biblioteca com obras diversas de História Militar do Brasil editadas pela BIBLIEx e pela AHIMTB à disposição de pesquisadores da comunidade; maquete para demonstrações a militares da unidade e a escolas visitantes da história militar das Missões, com ênfase na verdadeira participação da Força Terrestre Brasileira na sua conquista e defesa; modelar Auditório para instrução militar e reuniões culturais ao lado do complexo cultural de História do Exército, balizada pelo valioso museu que abriga o precioso patrimônio histórico do Marechal Rondon, doado por sua família ao 1º B Com  (Espadas, condecorações, uniforme de Marechal, objetos pessoais).

Merece destaque nas realizações históricas do Ten Cel Dornelles a original reconstituição histórica da Guerra Guaranítica com os deslocamentos projetados sobre mapas da Google da região, procurando atender no tocante a história o que diz esta placa no Museu da Republica: “A História é uma imensa planície onde correm dois rios. Um reto de margens bem definidas, firmes e inundáveis. Este é o rio da História fruto da análise isenta de fontes históricas confiáveis autênticas, integras e fidedignas. O outro é um rio cheio de curvas e meandros, de margens inseguras pantanosas e sujeitas a perigosos alagamentos. Este o rio do Mito. Este fruto de interpretações fruto das invejas, das vinganças das injustiças e de interpretações e manipulações políticas etc. Interpretações facciosa”, lamentavelmente predominante entre nós como já denunciava Rui Barbosa em seu tempo.

Foi esta atuação do novo acadêmico e de sua equipe que me trouxe de tão longe para testemunhar o seu trabalho e  o seu esforço para tentar corrigir certos mitos e injustiças regionais, que espero reforçar em nosso livro História da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada prestes a ser lançado e no capitulo 1 Antecedentes militares da área das Missões desde 1624 -1908.

O nosso acadêmico começou sua carreira militar na Escola Preparatória de Cadetes do Exército em Campinas – SP, em 1980, no nosso último ano como Ten Cel Instrutor de História Militar na Academia Militar das Agulhas Negras, passando em seguida para a mesma, tendo concluído sua formação acadêmica em 1986 quando, como coronel, dirigíamos o Arquivo Histórico do Exército.

O 1o B Com foi sua primeira unidade, onde prestou serviços como Aspirante-a- Oficial em 1987, na época, a sede do Batalhão era no Rio de Janeiro.

Sua carreira foi dedicada às Comunicações e ao Ensino Militar, prestando serviços em vários locais do país:

- Foi subcomandante da 7a Companhia de Comunicações em Recife - PE.

- Comandante da 2a Companhia de Comunicações de Campinas – SP.

- Trabalhou na Diretoria de Material de Comunicações, Eletrônica e Informática, em Brasília – DF, acompanhando de perto a implantação do atual Sistema Tático de Comunicações do 1o B Com.

- Após concluir o curso da Escola de Comando e Estado-Maior, foi Chefe da Seção de Pessoal da 1a Divisão de Exército – Marechal Mascarenhas de Morais no Rio de Janeiro – RJ.

- Na área do ensino militar, prestou serviços na Escola Preparatória de Cadetes do Exército e foi, em duas oportunidades distintas, instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras. A primeira vez como Tenente Comandante de Pelotão do Curso Básico e a segunda como Tenente-Coronel Comandante do Curso de Comunicações.

Possui os seguintes cursos militares:

- Curso de Comunicações da Academia Militar das Agulhas Negras;

- Curso de Manutenção de Material Bélico;

- Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais;

- Curso de Comando e Estado – Maior;

- Curso de Comando e Estado – Maior no Uruguai;

O Tenente-Coronel Dornelles foi condecorado com a Medalha Militar de Prata, a Medalha do Pacificador e a Medalha de Corpo de Tropa.

Quanto ao pessoal, o oficial é casado com a Senhora Ângela Maria de Almeida Cunha e tem dois filhos, Larissa e Gabriel.

Para 2010, o TC Dornelles já está nomeado instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras, onde esperamos a sua contribuição como membro da Diretoria da AHIMTB que, na Academia Militar das Agulhas Negras, tem a sua sede nacional e como seu 3º Presidente de Honra o seu comandante Gen Bda Edson Leal Pujol, que vem do comando da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em Santiago. E que logo compreendeu e se solidarizou com o estratégico sonho da AHIMTB, bem como o seu 1º Presidente de Honra o Gen Ex Enzo Martis Peri, Comandante do Exército.

E, dentro deste contexto, a AHIMTB procura explorar os valores culturais do nosso Exercito, representado por suas experiências originais institucionais e operacionais embutidas em seu rico patrimônio cultural, a serem resgatados a luz dos fundamentos da Arte e Ciência Militar para serem usados para alicerçarem a formação profissional em Arte da Guerra Brasileira de seus quadros e contribuir para a formulação de uma doutrina militar brasileira, como a sonhou em 1865, o Duque de Caxias, Patrono de Exército e de nossa Academia e pioneiro na exploração da Historia Militar Critica do nosso Exército  ao realizar análise da Batalha do Passo do Rosário, a pedido do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro de que era membro honorário.

Sonho manifesto mais tarde pelo Marechal Floriano Peixoto como Ajudante General do Exército ao determinar a historiador Cel Emilio Carlos Jourdan que escrevesse a História da Campanha da Guerra do Paraguai, e a colocar a disposição dos alunos de nossas três escolas militares, para que conhecessem as realidades operacionais sul-americanas.

Mais tarde o Marechal Castelo Branco, historiador militar crítico e pensador militar fecundo, sonhava com uma doutrina militar brasileira que ele denominou de  Doutrina Tupiniquim. E este e o sonho dos integrantes da AHIMTB e em destaque especial, explorar as vitoriosas experiências brasileiras genuínas de guerras de Resistência como a Guerra Brasílica, a Guerra a Gaúcha (esta nascida aqui nas Missões na Guerra Guaranítica), as Guerra de Pedro Teixeira, a de Plácido de Castro e a do General Cabralzinho na Amazônia para a formulação de uma Doutrina de Guerra de Resistência na Amazônia, área alvo das ambições internacionais crescentes.

Seja bem-vindo a Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Tome o seu lugar e sinta-se em casa acadêmico Ten Cel Cláudio Alfredo Cunha Dornelles. E continue sua caminhada como historiador militar critico, retirando no nosso passado militar subsídios de Arte e Ciência militar brasileiras para construir o futuro do nosso Exército com o fizeram as grandes nações, potências e grandes potências militares. Pois a História não registra grandes nações, potências e grandes potências econômicas que ainda Oração de recepção não tem a respaldá-las o poder dissuasório de grandes nações, potências e grande potências militares. E o Brasil tem de proteger nossa biodiversidade na Amazônia de ambições internacionais crescentes bem como as suas riquezas potenciais em produção de petróleo que se espera obter do Pré Sal.

Agora é sua vez de fazer o elogio de seu patrono e do acadêmico que substitui. A Palavra é sua!

 

 

3. Elogios de Posse do Acadêmico Ten Cel Claudio Alfredo Cunha Dornelles ao seu Patrono de Cadeira e ao Acadêmico Emérito que ele sucede.

 

É com muita honra que recebemos no quartel do 1º Batalhão de Comunicações e na “Capital das Missões”, o grande e consagrado historiador do nosso Exército, o Cel Claudio Moreira Bento, Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, que veio até aqui especialmente para nossa posse e para inauguração da Delegacia Marechal Rondon da AHIMTB em Santo Ângelo.

Nossa saudação também ao meu pai o  Cel Dornelles que acompanha o Cel Bento, como seu velho amigo e por  ser Grande Colaborador da AHIMTB como o  Máster de ligação da AHIMTB com o órgão do Exército que procede desconto em folha de contribuições de associados da AHIMTB e o ajuda na condução desta seção.

Nesta oportunidade, é importante falarmos aos nossos oficiais e aos nossos convidados sobre o Cel Bento e sobre a Academia de História Militar Terrestre do Brasil.

O Cel Bento é natural de Canguçu – RS, onde nasceu em 19 de outubro de 1931, o que quer dizer que há 25 dias o Cel Bento completou 78 anos de muita lucidez e de muitos serviços prestados à Pátria.

Declarado Aspirante-a-Oficial da turma de 1955, é Doutor em Ciências Militares pela Escola de Comando e Estado – Maior do Exército, tendo comandado o 4º Batalhão de Engenharia de Combate em Itajubá – MG.

O grande pendor para o estudo da História sempre foi uma constante na vida do Cel Bento. Foi adjunto da Comissão de História do Exército do Estado–Maior do Exército. Como instrutor de História Militar da Academia Militar das Agulhas Negras, entendeu melhor a importância de transformar dados do passado em ensinamentos práticos para a Carreira das Armas. Como Diretor do Arquivo Histórico do Exército por cinco anos, teve amplo acesso aos mais completos registros da História Militar Brasileira e soube, como nenhum outro, transformá-los em lições para os jovens oficiais.

Em 1986, fundou e preside até hoje o Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul. O Cel Bento integra ainda as mais importantes instituições nacionais de História, bem como outras do exterior, possuindo inúmeros prêmios em concursos literários.

Historiador consagrado de 86 títulos publicados, inclusive pela Internet e cerca de 1.000 artigos em periódicos civis e militares do Brasil e de diversos outros países.

É simplesmente impossível neste curto espaço de tempo fazer a leitura completa do currículo e das obras do Cel Bento. Parte de seus livros estará em exposição permanente na Sala da Delegacia Marechal Rondon que ele aqui criou e que iremos inaugurar em ato continuo. Sua contribuição para a História do Exército, do Rio Grande do Sul e do Brasil é imensurável. Sobre a região missioneira não chegou a escrever livro, mas é muito conhecido no Exército o seu artigo sobre a Guerra Guaranítica, bem como sobre o 1º Batalhão Ferroviário, que ficou aquartelado em Santo Ângelo de 1922 a 1933 e também sobre o Movimento Revolucionário de 1924, que, após a ação pacificadora de Rondon no Paraná, se transformou na Coluna Miguel Costa – Prestes. Sua última obra, que já está em fase final, com certeza irá abordar melhor nossa região, pois vai falar da 1ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, com sede em Santiago e que é responsável pela defesa territorial e pela segurança integrada do Noroeste gaúcho, que engloba as Missões.

O Exército sempre deu muito valor à História e a cultura de modo geral. Dentro desse espírito, criou em 1881 a Biblioteca do Exército, instituição cultural que contribui para o provimento, a edição e a difusão de meios bibliográficos necessários ao desenvolvimento e aperfeiçoamento da cultura profissional-militar e geral. Ação potencializada pela criação da Bibliex Editora em 1937,voltada expresivamente para a História do Exército e  para cuja grandesa muito contribuiu o grande historiador missioneiro General Souza Docca, patrono da Delegacia da AHIMTB em São Borja sua terra natal.

Passados mais de cem anos da criação da BIBLIEx, visualizou o Cel Bento a necessidade de fundação de uma outra instituição que se dedicasse a História Militar Crítica, voltada para alimentar o Comando de um Exército em tempo de paz, visando melhor prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra. Para tanto, não existe livro mais fecundo em lições e meditações do que a História Militar, conforme ensinou o Marechal Ferdinand Foch, instrutor de História Militar Crítica na Escola de Guerra da França de onde saiu para comandar a vitória aliada na 1ª Guerra Mundial, da qual participaram como combates alguns oficiais brasileiros, entre os quais o Tenente de Cavalaria José Pessoa, que mais tarde idealizaria a AMAN com todas as suas mais caras tradições Espadim, Brasão, Uniformes históricos etc.

Dentro desse contexto, considerando a História Militar como Laboratório de Táticas e Estratégias que contribue para o desenvolvimento doutrinário do Exército, foi que o Cel Bento fundou, em 1º de março de 1996, a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, com sede em Resende – RJ, cidade da Academia Militar das Agulhas Negras, local de formação do Oficial de carreira do Exército Brasileiro.

Cada uma das cadeiras da Academia presta uma homenagem aos grandes historiadores que são considerados os patronos dessas cadeiras.

A minha cadeira corresponde ao meu número de sorte: o Sete, que tem como patrono o historiador Cel Deoclécio de Paranhos Antunes e como ocupante anterior o Acadêmico Major Farmacêutico Luis Prates Carrion.

Esse meu antecessor, o Acadêmico Emérito Maj Carrion, deixou uma valiosa contribuição para a História Brasileira com obras sobre a Batalha do Passo do Rosário; sobre a Batalha de Monte Castelo; sobre o extraordinário do gabrielense Marechal Mascarenhas de Morais; sobre outro gabrielense famoso, Cel Plácido de Castro, libertador do Acre; sobre o Serviço Militar no Brasil; sobre a História de diversas cidades gaúchas como São Gabriel, Santa Maria e Restinga Seca; tendo, ainda outros trabalhos sobre os Símbolos Nacionais Brasileiros e sobre Geopolítica.

Quanto ao patrono de minha cadeira, Cel Deoclécio de Paranhos Antunes, a contribuição é ainda mais expressiva. Paranhos Antunes nasceu em Rio Pardo – RS,  Desempenhou importantes funções militares em Quartéis, no Estado-Maior e em Diretorias do Exército, foi professor de economia e colaborou no aperfeiçoamento de Oficiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro. Exerceu a Chefia de Gabinete da Diretoria de Transportes do Exército. Foi Chefe de Gabinete da Coordenação da Mobilização Econômica. Em 1955, foi Secretário Geral do Conselho Nacional de Geografia, do IBGE.    Secretariou a Comissão dos Festejos do Sesquicentenário de Nascimento do Duque de Caxias. Fez parte da Comissão da mudança da Capital Federal para o Planalto Central. Foi Secretário do XI Congresso Brasileiro de Geografia e, no mesmo ano, presidiu a Comissão do Bicentenário dos Dragões do Rio Pardo, em sua terra natal.

Paranhos Antunes pertenceu ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ao Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, aos Institutos Históricos e Geográficos do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Rio Grande do Norte e também do Instituto Histórico de Petrópolis.

Como escritor, deixou, entre outras, as seguintes obras:

- História de Rio Pardo

- Episódios e perfis de 1835

- Itinerários Mentais do Pampa Brasileiro

- Limites e Povoamento do Brasil Meridional

- Osório, Perfil de um Herói

- História do Grande Chanceler, Vida e Obra do Barão do Rio Branco.

- Andrade Neves, O Vanguardeiro

- Um Capelão do Exército na Guerra do Paraguai

- Passado e Presente da Economia Brasileira

- Os Dragões do Rio Pardo

Essa obra dos “Dragões do Rio Pardo”, editada pela Biblioteca do Exército, em 1954, descreve com detalhes a criação do primeiro aquartelamento da Força Terrestre do Brasil em Rio Grande, no Rio Grande do Sul – trata-se dos Dragões do Rio Grande de São Pedro, de 1737. Por determinação do Gen Gomes Freire de Andrade, os Dragões mudaram para Rio Pardo, instalando no Forte Jesus, Maria e José II, mais conhecido como “A Tranqueira Invicta”. Um capítulo desse livro é dedicado ao Cel Tomás Luis Osório, o comandante dos Dragões que fez a transferência para Rio Pardo e que chegou com muito respeito diante da Igreja da Missão de Santo Ângelo, em 18 de junho de 1756. Paranhos Antunes segue listando a evolução dos Dragões após a Independência, principalmente com a grande reestruturação de 1824. Sendo assim, essa obra de Paranhos Antunes é uma importante ponte de ligação entre a História Brasileira com a História Missioneira.

Saibam que me tornarei um entusiasmado difusor das obras da História Militar Brasileira. Portanto, estamos empenhados em reunir todas as fontes de consulta desses renomados historiadores, transformando esse conhecimento em palestras, quadros, manequins com uniformes históricos e maquetes para serem apreciadas não só pelos nossos militares, mas também por toda a comunidade missioneira.

Desde já, externo meus agradecimentos a toda a minha dedicada equipe do Batalhão que tem me ajudado nessa empreitada, onde não posso deixar de ressaltar o Cap Fernando, que iniciou os trabalhos de pesquisa na Unidade, prosseguido pelo Cap Seabra, atual Instrutor-chefe do Núcleo NPOR. A arquiteta Daniele, esposa do Cap Seabra, que soube transformar o antigo refeitório da 16ª Brigada de Infantaria Motorizada nesse lindo Anfiteatro, que hoje estamos inaugurando. Ao Cap Ricardo, nosso tesoureiro, viabilizador dos recursos necessários junto ao Departamento de Educação e Cultura do Exército. Ao Ten Juliano, Chefe da Seção de Aquisição Licitações e Contratos do Batalhão, operacionalizador das novas salas. Ao Ten Zago, Oficial de Comunicação Social, responsável pela diagramação dos informativos da Delegacia. Aos Sargentos Kraemmer, Apolinário e Braga pela dedicação na criação da sala Soldados do Brasil. Ao Sr Valdir Soares, alfaiate mais especializado do Exército, que confeccionou os uniformes de nossos manequins. Ao Museu Histórico Nacional, que, por intermédio da coleção de soldados de chumbo denominada “Brava Gente Brasileira”, está nos ajudando a divulgar os soldados construtores do Rio Grande do Sul. Registramos ainda a colaboração de diversos estudiosos e historiadores das missões, muitos dos quais nos honram com suas presenças.

Por fim, agradeço ao Cel Bento pela confiança em nós depositada, bem como deixamos patente o reconhecimento de todos os nossos oficiais e praças pelo seu extraordinário trabalho em prol da História Militar Brasileira, que está extremamente interligada com a construção de um Brasil maior.

Informamos que a partir de hoje nossa Delegacia e nosso museu está à disposição da comunidade missioneira.

Muito obrigado a todos.

Brasil acima de tudo!

 


 

 

 

"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."