INFORMATIVO GUARARAPES

 


7 ANOS

 

O GUARARAPES

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

CGC 01.149.526/0001-09


A ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL NOS 350 ANOS DE SOROCABA-SP EM 7 AGOSTO 2004

Fundada em 1o de março de 1996

ANO: 2004                 MÊS:   JUL/SET     ADITAMENTO AO No 42


A ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL NOS 350 ANOS DE SOROCABA-SP EM 7 AGOSTO 2004

Cel Cláudio Moreira Bento

Em 7 de agosto de 2004, no contexto dos 350 anos de Sorocaba e dos 50 anos do Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Sorocaba em sessão solene Academia de História Militar Terrestre do Brasil(AHIMTB) no Auditório da 14ª Circunscrição do Serviço Militar (14ª CSM), empossou como seu acadêmico o Professor Adilson Cear na cadeira que tem pôr patrono o Ten Cel Diogo Arouche de Morais Lara, o paulista paulistano que foi, em 1816, o primeiro historiador militar terrestre do Brasil nação como Reino Unido. Cadeira esta que vagara por elevação a acadêmico emérito do seu antigo titular, o jornalista e historiador paulista Hernâni Donato, o autor do utilíssimo instrumento de trabalho do historiador militar brasileiro o seu Dicionário das Batalhas Brasileiras. E ele, em memorável oração, coube representar o Colégio Acadêmico da AHIMTB, na recepção do novo acadêmico Adilson Cezar, o qual coube fazer o elogio do seu patrono de cadeira e ao acadêmico emérito Hernâni Donato a que ele sucedia e, além, ao patrono da Delegacia criada pela AHIMTB em Sorocaba, a Delegacia Aluizio de Almeida da qual passou a ser o Delegado. Nome este em homenagem ao grande historiador de Sorocaba, fundador e presidente perpétuo do IHGG de Sorocaba e autor do mais completo trabalho sobre a Revolução Liberal de 1842 em São Paulo e Minas Gerais, pacificadas pelo Duque de Caxias, patrono da AHIMTB

A seguir as orações proferidas na ocasião

1 - Oração de Abertura da sessão lida pelo Chefe da 14ª CSM Cel Inf. Domingos e Abreu Vasconcelos Neto

2 - Discurso sorocabano feito por Hernâni Donato de recepção ao acadêmico Adilson Cezar.

3--Elogios do acadêmico Adilson Cezar ao acadêmico emérito Hernâni Donato e ao seu patrono de cadeira o Ten Cel Diogo Arouche Morais Lara.

4- Leitura do que consiste a Academia de História Militar Terrestre do Brasil pela estagiaria no IHGG de Sorocaba .....FALTA.

5- Apresentação pelo acadêmico e Delegado da AHIMTB em Sorocaba, Adilson Cezar de síntese da vida e obra do patrono desta Delegacia Aluizio de Almeida.

6-Palavras finais do presidente da AHIMTB Cel Cláudio Moreira Bento

 

1- ORAÇÃO DE ABERTURA DA SESSÃO

PEDIMOS A DEUS QUE NOS DÊ SABEDORIA PARA DESCOBRIRMOS A MELHORES LIÇÕES E A VERDADE HISTÓRICA, NAS PESQUISAS E REFLEXÕES DA ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL.

CORAGEM MORAL E VONTADE CULTURAL PARA ESCOLHER AS MELHORES LIÇÕES E A VERDADE HISTÓRICA.

FORÇA, GARRA E DETERMINAÇÃO PATRIÓTICAS PARA FAZER COM QUE A VERDADE HISTÓRICA E AS MELHORES LIÇÕES TRIUNFEM SOBRE AS FALSIDADES, AS DETURPAÇÕES, A INDIFERENÇA E A IGNORÂNCIA.

TUDO PARA A MAIOR GLÓRIA E O DESENVOLVIMENTO DAS FORÇAS TERRESTRES DO BRASIL, NO EXERCÍCIO O MAIS COMPETENTE POSSÍVEL DE SUAS MISSÕES CONTITUCIONAIS.QUE ASSIM SEJA!

 

2 - DISCURSO SOROCABANO FEITO PELO ACADÊMICO EMÈRITO HERNANI DONATO, DE RECEPÇÃO AO ACADÊMICO ADILSON CESAR.

Gosto e repito amiúde a afirmação fruto do talento do poeta Fernando Pessoa de que "a minha pátria é a língua portuguesa". Porém, para sentir-me mais a vontade nos limites desse horizonte, acrescento "e a história brasileira". Amo, por igual e com amor desmesurado, uma e outra, sendo que o termo história, nesse contexto, abrange a geografia.

Em função desse amor que é normativo para a minha vida, leio, pesquiso, escrevo, ouço, digo. Ouço muito, leio, também, muito. E quanto mais o faço mais cresce em mim a preocupação com a língua e a história. Sem esta e aquela, o Brasil que restar não será mais o meu país.

Daí a minha ternura preocupada para com as Academias de Letras, de História, os Institutos, as Faculdades. São núcleos de resistências cívico- patriótica que a cultura vai deixando para não desaparecer de todo no território dominado pela futilização da vida e pela uniformização aplastante, fruto de globalização generalizada.

A esses redutos incumbe salvaguardar a cultura. Por exemplo, a civilização latino- cristã foi salva pelo monges que ante o aluvião dos bárbaros levaram para o retiro dos mosteiros, as oficinas e a dedicação dos copistas.

Este é um momento em que somos invadidos por outra espécie de bárbaros. Esta instituição, Academia de História Militar Terrestre do Brasil, é um reduto ao qual se recolhem e estudam, e escrevem, e falam, e divulgam os chamados por vocação e depois por eleição, para cultuar a história da nação e do povo no segmento militar terrestre.

Trata-se de recrutamento cauteloso, pois a missão é árdua e não oferece outra recompensa senão a do fazer por amor. Amor à pátria, respeito aos que de algum modo – ainda que polemicamente fixado – por ela tenham lutado e até morrido.

Hoje aqui, na Sorocaba de tanta glória e tanta história, recebemos mais um companheiro: Adilson Cezar. Damos- lhe as boas vindas.

Quando o Coronel Presidente Cláudio Moreira Bento ordenou a este humilde Reservista de Segunda Categoria que saudasse o camarada de fileiras foi como se me tivesse promovido a alto posto. É fácil e agradável, além de honroso, o saudar o professor Adilson que passa o tempo a nos dar lições de como fazer, o que fazer, quando fazer. Esta satisfação me é concedida pela segunda vez, e como o decorrer dos anos não fez senão confirmar, aumentar e valorizar virtudes "adilsianas", bem que posso repetir algumas verdades ditas ao recebê-lo na Academia Paulista de História.Além dessa curiosidade há outra, e esta muito sensibilizante para mim. É a de que tendo o nosso Presidente feito a minha ascensão à categoria de Sócio Emérito, foi o Adilson Cezar eleito para essa cadeira. Com essa saída a essa entrada, ela, a Academia, resultou dignificada. 

Ela tem por patrono um paulista dos milhares levados para as guerras do sul e que ali muito se distinguiu e também ali encontrou a morte depois de escrever a crônica da campanha. Chamou-se Diogo Arouche de Moraes Lara.

Pouco se sabe dele, de tal modo que Adilson e eu mesmo, decidimos empregar esforços para saber mais e divulgar os méritos desse soldado e escritor militar terrestre. E vamos conseguir – isto é, o Adilson conseguirá os desejados informes, pois é um caso raro de devoção aos trabalhos cívicos. Dou o testemunho de membro do Conselho de Honrarias e Méritos do Estado de São Paulo. Ele preside a partir de Sorocaba e nunca o Conselho foi tão direta, contínua e firmemente dirigido. Se às reuniões faltam conselheiros domiciliados quase ao pé da sala de reuniões, o Adilson não falta jamais, se deslocando quase noventa quilômetros para conduzir os trabalhos.

Há mais: difícil, ou melhor — impossível — ocorrer algum evento histórico em Sorocaba que não conte com a sua presença. Este titular da Academia de História Militar Terrestre é também o agitador- mor das ondas sorocabanas, pois mantém na cidade um núcleo de serviços à Marinha brasileira.

Recebemos um verdadeiro historiador, alguém que domina com inteireza o seu campo de operações. Acompanhar a trajetória, a bibliografia, os trabalhos de Adilson Cezar é não só satisfazer-se com o texto que ele nos dá a ler como também se convencer quanto à validade dos métodos que ele empregou para elaborar o texto.

Poucos, à moda deste confrade ora recebido navegam com decidida preferência nas águas lustrais da documentação de fonte. Parece ter sido a respeito de Adilson Cezar que Jacque Le Goff afirmou, no trabalho "Documento/Monumento", relativo às fontes da História: "a memória coletiva e a sua forma científica", à História aplicam-se a dois tipos de materiais: os documentos e os monumentos.

No início deste século, o pensamento positivista deslocou-se do monumento para o documento, interesse maior do pesquisador. A objetividade do registro, a materialidade do papel rabiscado, muitas vezes em circunstâncias dramáticas, superariam a intencionalidade — muitas vezes deturpadora — do monumento. Exemplo ótimo dessa verdade temo-lo em nosso monumento do Ipiranga. Comparemos os depoimentos deixados por testemunhas presenciais do Grito da Independência com o que pretendem ensinar a propósito o mármore e o bronze.

Pois Adilson Cezar é um dos que com obsessiva pertinácia buscam o equilíbrio entre o documento e o monumento. Melhor ainda busca o documento no monumento. Dão prova desse empenho o seu esforço pela maquetização da Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema; a reconstituição do Palácio Scarpa, a reativação do relógio de sol fabricado no Ipanema, pelo estrondo vitorioso do canhão da Maioridade. Este artefato bélico, fundido nesta região para solenizar o primeiro aniversário da Maioridade, manteve-se virgem e silente naquela oportunidade; não rugiu sua cólera liberal quando Feijó e Tobias defenderam Sorocaba ante ao avanço dos "periquitos" de Caxias. Um canhão que não canhoneou — o que há de mais triste? Isso até 1994 quando Adilson Cezar fez disparar o canhão, obtendo o fragor que nem Feijó, nem Tobias, nem o receio a Caxias conseguiram. É, pois, o "artilheiro- mór da fortaleza Sorocabana" e isso não apenas no sentido histórico. Nesses momentos de muita responsabilidade, momentos de atravessar o Rubicão, o nosso Adilson foi verdadeiramente um Cezar.

De muito especial destaque, lembremos o carinho com que Adilson zela pela memória do grande vulto que foi Aloísio de Almeida.

Igualmente impressiona e realça os méritos do neoacadêmico a ponderação laboratorial com que se utiliza das informações extraídas aos documentos. Nem um átimo além do que dizem. Nisso atende ao preceituado por um velho mais ainda respeitado mestre, Fustel de Coulanges que no clássico "A cidade antiga" afirmou ser a única habilidade do historiador "o tirar aos documentos tudo o que eles contêm e em não lhe acrescentar nada do que eles não contêm".

Claro, eu e todos aqui, não concordaremos que essa seja a única habilidade requerida ao historiador. Mesmo porque Adilson Cezar, a nossa referência desta tarde, nos vem exornado de várias outras habilidades que igualmente o consagraram.

Veja-se o currículo de Adilson Cezar: é um nunca acabar de cursos seguidos e de cursos ministrados. Causa admiração o verificar que esse historiador de primeira água formou-se, especializou-se em Química no famoso IPT; acompanhou as lições de curso a respeito de Radiologia do Coração; e também outros de Astronomia, História, Arte, "o pensamento de Teillnard de Chardin", "a evolução do partido comunista brasileiro", "a saúde do escolar". Isso, como aluno. Enquanto professor ocupou dezesseis cátedras em treze estabelecimentos fazendo valer as suas licenciaturas em Pedagogia, Estudos Sociais e História.

Química, Astronomia, Cardiologia, Pedagogia, Estudos Sociais, Política, Defesa Civil, Saúde Escolar. Para tudo o nosso recebido desta tarde encontrou tempo, a tudo deu atenção, cumprindo aquela receituário de Walter Benjamim para quem o homem de sucesso em sua coletividade deveria ser polimorfo e poliatuante de vez que a chave do sucesso e do bom serviço público é obter que as idéias e os trabalhos se relacionem com as coisas ao redor tão harmoniosa e lindamente quanto, aos nossos olhos, as estrelas se harmonizam com as constelações.

Esse servir e esse harmonizar e embelezar levaram a que governos, entidades, escolas e povos exornassem a figura e a atividade de Adilson Cezar com inúmeras distinções oficiais de vários Estados, destacando-se a Ordem do Ipiranga no grau Grã Cruz, vinte distinções e títulos honoríficos oficializados e não oficiais.

Com esta Academia de História Militar Terrestre, somam trinta e duas as entidades que o quiseram parte de seu corpo constitutivo. Entre elas, destaque para os Institutos Históricos, sendo quatro de letras, onze de cultura e cinco em outros países: Portugal, Canadá, Estados Unidos, Argentina, Paraguai.

Além do importante livro "Notas para a Lavoura Canavieira em Sorocaba", da coordenação da coletânea "MMDC – Orgulho dos Paulistas", a imprensa daqui e dali repete, com alguma assiduidade, os seus vinte e quatro artigos para revistas, quarenta e quatro para jornais, enquanto os textos de quarenta e três conferências sobre temas sócio- historiográficos são requisitados e preferentemente ouvidos.

Por tudo isso, porém muito mais por tudo quanto esse fraterno irmão que se vem juntar ao nosso grupo de amantes de Clio pode, quer, e de certo realizará no campo da História de São Paulo, dizemos, com a intenção e o acento com que se diz na hospitaleira, tradicional, querida cidade de Sorocaba: "Companheiro, entre, a casa é sua".

3- ELOGIO DO ACADÊMICO ADILSON CESAR AO ACADÊMICO EMÉRITO HERNANI DONATO AO QUAL SUCEDEU NA CADEIRA TEN CEL DIOGO AROUCHE DE MORAES LARA.

Elogio ao acadêmico emérito Hernâni Donato

Suceder ao escritor, historiador, sociólogo, e acadêmico Hernâni Donato, é mais do que simplesmente uma grande honra, é sentir-se o escolhido entre os eleitos. A este refinamento acresce-se o fato do mesmo diferentemente do que ocorre em outras Academias, quando a sucessão somente se dá pelo falecimento, neste caso ela acontece pela promoção elevatória do titular à qualidade de Acadêmico Emérito. Ora, tal circunstância permite que a cerimônia se realize com a presença do Acadêmico, que tem a oportunidade de se manifestar sobre sua sucessão, fato este que transcende na valorização da Cadeira e no estímulo ao sucessor. 

Tenho o prazer de poder de público proclamar a amizade e cordialidade que sempre envolveram nosso relacionamento. Conheci o baluarte Dr. Hernâni Donato, quando já era consagrado, e assumia a Presidência do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, diga-se, de passagem, uma das mais antigas instituições de cultura de nosso Estado. Mantivemos durante esse período um relacionamento cultural intenso, promovendo uma integração entre a Instituição por ele presidida e o Instituto de Sorocaba, que se encontrava debaixo de minha tutela. As atividades relativas às comemorações do Sesquicentenário da Revolução Liberal de 1842 aproximaram-nos e consegui também patrocinar a aproximação entre membros do IHGSP e o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais. Da mesma forma, devo ao Dr. Hernâni Donato o discurso de saudação à minha pessoa, por ocasião de meu ingresso na egrégia Academia Paulista de História. Designado pelo Governador do Estado de São Paulo para compor o corpo de Conselheiros do Conselho Estadual de Honrarias e Mérito partilhamos da responsabilidade desse colegiado. Depois quando assumi a Presidência desse órgão, não tive dúvidas em indicar o amigo para ocupar a Vice- Presidência. Assim podem perceber que há muito tenho tido o privilégio de poder contar com a sapiente amizade do Dr. Hernâni Donato.

Hernâni Donato é nome declinado com o maior respeito em todos os meios de cultura, não apenas circunscritos ao estado de São Paulo, mas transcende mesmo as fronteiras da Pátria. Homenageado pelas mais diferentes instituições, chegando mesmo a ser um prêmio vivo, em sua cidade natal, Botucatu, instalada na serra onde descansa o gigante. Foi esse o solo soberbo em que teve a sua primeira visão, aniversariando no dia em que Colombo descobriu a América. Talvez por isso ele é todo história. Não somente pelo gostar de História, mas também pelo fazer história. Aos poucos e através desta nossa breve narrativa, será possível termos uma idéia do que foi até o presente a trajetória ímpar da vida do homem Hernâni Donato. Sua preocupação com a cultura e com o social, na valorização dos indivíduos, é a grande constante. Muito cedo, quando cursava a 2.ª série ginasial, equivalente hoje a 6.ª série do ensino fundamental, escreveu, juntamente com o colega Francisco Marins, alternando os capítulos, uma novela "O Tesouro", publicado em rodapé do suplemento juvenil do jornal "O Diário de São Paulo". Com o mesmo colega e outros, manteve em sua cidade, uma sociedade literária com biblioteca aberta ao público de bairro operário. Interessado em conhecer o folclore e as formas de tratamento sociais diferenciadas, viajou por vários Estados e Países vizinhos. Com a finalidade de estudar condições sociais, vivenciando- as e colher material para temas de contos e romances, trabalhou colhendo algodão, em erval sul-mato-grossense, em garimpos, e na região praieira dos Parecis. Participou da organização de um grupo que se propôs retraçar o percurso do caminho pré- cabralino do Peabiru, entre São Vicente e Cuzco. Em seu sítio Águas de São Pedro, em Botucatu, promoveu experiência comunitária rural à base do pensamento tolstoiano. Essa tentativa durou dois anos, e questionado a respeito, lembrou que "as dívidas muitos mais". Integrando a Comissão Paulista de Folclore, secretariou a revista Folclore. Dirigiu o jornal Rumos Operários e a agência noticiosa Labor, da Federação dos Círculos Operários, da qual foi vice-presidente. Trabalhou na redação dos jornais: Correio Paulistano, A Gazeta e no Diário Latino. Foi um dos pioneiros da televisão, produzindo os primeiros campeões de audiência: Do zero ao infinito. Com outros escritores, fundou e ajudou a dirigir a Editora Autores Reunidos, primeira instituição nacional de cooperativa de autores de ficção. Representou o Brasil em reunião setorial da ALALC sobre publicações; no item livros da Brasil Export de Bruxelas; na reunião da WAPOR em Punta del Este. Passou pela direção criativa de algumas agências de propaganda. Terminando o Curso de Dramaturgia da Escola de Teatro, produziu o texto Irmãos, utilizado para exame final de autores da Escola. O costume de "contar histórias" às crianças deu-lhe o título de Contador de Histórias de Parques Infantis e, com Cassiano Ricardo, o de Patrono da Academia Juvenil de Letras da Biblioteca Monteiro Lobato, SP. Presidiu a Editora Propaganda, editando a revista do mesmo título; a regional paulista da Associação Brasileira de Relações Públicas; a Comissão Nacional de Ética da Propaganda. Integrou o Conselho de Cultura do Município e também do Estado de São Paulo. Conselheiro designado pelo Governador para compor o Conselho Estadual de Honrarias e Mérito, da qual é seu Vice -presidente. Recebeu os prêmios Saci e Governador do Estado (1959) pela transposição para o cinema do seu romance "Chão Bruto", o qual foi levado duas vezes a versões cinematográficas, representando o Brasil (1958), no Festival de Santa Margherita. Outro romance, "Selva Trágica", também cinematografado, foi exibido no Festival de Veneza de 1959. Prêmio Afonso Arinos, da Academia Brasileira de Letras, pelo livro de contos "Babel". Prêmio da Academia Brasileira de Letras (A.B.L), do Penn Clube, da Academia Paulistana da História e da Associação de Críticos Teatrais do Estado.

É membro de várias instituições de cultura, das quais destacamos, o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, do qual foi seu Presidente por duas gestões sucessivas e é o atual Presidente de Honra; Membro da Academia Paulista de História e da Academia Paulista de Letras. Sócio Correspondente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

Foi distinguido, por serviços de relevância com inúmeras condecorações, das quais destacamos: a Grã Cruz da Ordem do Ipiranga, a mais alta honraria do Governo do Estado de São Paulo; com o Colar Ibrahim de Almeida Nobre – o tribuno dos Paulistas, do Governo do Estado de São Paulo; com a Medalha Rosa da Solidariedade do Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo, com a Medalha Cultural Aluísio de Almeida, com o Colar Cruz do Alvarenga e dos Heróis Anônimos, ambos do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e oficializados pelo Governo do Estado de São Paulo, com o Colar do Sesquicentenário da Revolução Liberal de 1842, do Comando de Policiamento do Interior Sete.

De sua rica lavra bibliográfica dispomo-nos a citar os seguintes trabalhos:

Infantis: Histórias da Floresta; Apuros do Macaco Pium; Façanha do João Sabido; Novas Travessuras de Pedro Malasartes; Histórias dos Meninos Índios;

Juvenis: O Tesouro, em folhetim; A maravilhosa História dos Presentes de Natal; A Maravilhosa História do Presépio de Natal; A palavra Escrita e sua História; História do Calendário; A longa História dos Transportes, Vol. II da colecão Conquistas Humanas;

Biografias: Raposo Tavares, o Vencedor dos Andes; Vital Brasil, o Domador de Serpentes; José de Alencar; Plácido de Castro; Casimiro de Abreu; Vicente de Carvalho; Schliemann, Desenterrador de Cidades, no livro Os descobridores; Manzoni, e Cervantes, no livro Os Escritores; Galileu Galilei;

Contos: Contos muito Humanos; Grandes Amores da História e da Lenda; Babel;

Romances: Filhos do Destino; Chão Bruto; Selva Trágica; O Rio do Tempo – romance do Aleijadinho; Núpcias com a Morte, rodapé do jornal Última Hora. Ensaios: Darwin e seu A Origem das Espécies e Einstein e sua Teoria da Relatividade, ambos na obra Os Livros que Abalaram o Mundo;

Divulgação: Dicionário das Mitologias Americanas: Grandes Discursos da História (19 oradores e suas peças mais notórias); Os Guerreiros (as vidas e as batalhas de 12 soldados); Os Cientistas (as vidas e as descobertas de 12 cientistas); Maravilhas da Novela Italiana, seleção, tradução, notas e prefácio;

Roteiros cinematográficos: O Caçador de Esmeraldas, Chão Bruto, Os Irmãos Leme, José do Patrocínio;

História: Achegas para a História de Botucatu; Peabiru; Paulistas nas Guerras do Sul; Provérbios Rurais Paulistas; Dicionário das Batalhas Brasileiras; A Revolução de 32.; 

Traduções principais: A Divina Comédia, de Dante Alighieri (integralmente, anotada, em prosa moderna); Delito no Campo de Tênis (Moravia), Histórias do País da Fantasia (infantil), Meoni; e

Coletâneas e antologias com trabalhos seus: Contos Provincianos, Depois das Seis, contos: O Planalto e os Cafezais; coleção Histórias e Paisagens do Brasil: O Livro de Ouro de Histórias Infantis. E vários outros trabalhos que deixamos de citar.Tal é o aporte de obras e as inúmeras e elogiáveis experiências de vida do Dr. Hernâni Donato, que estas não precisam de interprete, pois quaisquer comentários que possamos tecer ficaram aquém de seu mérito.or tudo, somos imensamente gratos ao Cel. Cláudio Moreira Bento e ao Dr. Hernâni Donato, por este feliz momento. Meu muito obrigado.(*)

do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo VII, n.º 26 – Julho de 1845, p.: 123 a 170, terceira edição, Rio de Janeiro ; imprensa Nacional, 1931, p.: 123 a 170.

------------ - Apêndice à Memória da Campanha de 1816, in Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo VII, n.º 27 – outubro de 1845, p.: 263 a 317, terceira edição, Rio de Janeiro ; imprensa Nacional, 1931, p.: 363 a 317

 

Elogio de Adilson Cezar a seu patrono Ten Cel Diogo Arouche de Morais Lara.

 

A Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) , quando formada, teve como preocupação recuperar para a História Militar Terrestre Brasileira, o Ten Cel Diogo Arouche de Mrais Lara, personalidade que esteve nos dois "frontes", no das letras e no tradicional dos combates e que se dedicou, a escrever e registrar nossas ações bélicas, independentemente de uma vasta produção. A idéia era a de retirar do olvido, aquele esquecido, mas que teve o cuidado de elaborar a nossa primeira narrativa bélica, do período do Brasil Reino Unido a Portugal e Algarves,

Foi assim o Coronel Cláudio Moreira Bento buscar em nossa história a figura do Tenente Coronel Diogo Arouche de Moraes Lara para Patrono desta cadeira, e escolheu para seu primeiro titular a personalidade ímpar do civil, mas historiador militar, Dr. Hernâni Donato, ao qual tenho a subida honra de suceder.

Com relação ao nosso invulgar Patrono, o Tenente Coronel Diogo Arouche de Moraes Lara, na realidade muito pouco conhecemos – paulista de estirpe consagrada pelo apego à defesa da terra, dedicação ao seu desenvolvimento, e acendrado sentimento cívico, lembram aqueles que traçaram seu escorço biográfico; ter saído aos seus, sendo também filho dileto de Minerva e discípulo eleito de Marte.

Realmente conseguiu reunir a inteligência, a vivacidade, e argúcia do intelectual, com o destemor, e a força necessária ao guerreiro.

Os poucos registros existentes sobre Diogo Arouche, demonstram ter desde muito cedo chamado a atenção pela sua "destacada inteligência e vivacidade de caráter". Muito jovem alistou-se na Artilharia da Legião de Voluntários Reais e logo chegou ao oficialato. Acompanhando seu regimento, marchou para os pampas, onde entrou em campanha no ano de 1811. O brigadeiro Machado de Oliveira extraiu dos apontamentos de seus serviços o esclarecedor relato sobre a sua conduta; "O exército pacificador o viu cheio de coragem e brio nas diferentes refregas com as forças inimigas; admirou-lhe a heróica constância e resignação em tão afadigosas campanhas, e o sofrer animoso e perseverante nas privações, que com elas andaram sempre de volta. Por vezes foi ele ao campo inimigo como parlamentário, e ainda em tais ensejos foram postas em prova a sua intrepidez, circunspecção e perspicácia militar ²

No ano seguinte (1812) dissolvido o Exército Pacificador de D. Diogo de Souza, a Legião dos Voluntários Reais de São Paulo, aquartelou-se em Porto Alegre. O Capitão General da Província do Rio Grande de São Pedro, em reconhecimento aos trabalhos do Capitão Diogo Arouche, o nomeou para Diretor do Arsenal de Guerra da capital. Em 1816, Gervásio Artigas resolveu invadir nossas terras, e para conte-lo a Legião de São Paulo, incorporou-se as forças do Tenente-General Joaquim Xavier Curado, comandante das tropas da fronteira do Rio Pardo. Com o movimento das tropas, o recém promovido Major Diogo Arouche de Moraes Lara, solicitou insistentemente a demissão de sua Diretoria e partiu para reunir-se aos seus camaradas.

Sua atuação, na campanha de 1816 e anos seguintes, é digna de elogios por parte de seus chefes e a promoção é conseqüência natural, sendo promovido para Tenente-Coronel. No exercício do novo posto entregaram-lhe o comando do Regimento de Lanceiros Guaranis das Missões. Ele os organizou e disciplinou exemplarmente. Era esse regimento composto por seiscentos homens.

Estava com esse comando quando Artigas novamente invadiu o nosso território pela segunda vez, em 1819.

Infelizmente, a razão para a ausência de maiores fontes de referências, e de uma existência fecunda pela atraente produção intelectual, foi o seu precoce desaparecimento. Veio a falecer quando ainda atingia seus verdes 29 anos de idade, no dia 9 de maio de 1819, da forma como sonham os grandes guerreiros. Morreu de armas em punho, tendo sob o seu comando o Regimento dos Guaranis do território de Missões, e avançava sobre os artiguistas, então ocupantes da brasileira vila de São Nicolau.

Assim a ele o célebre Gustavo Barroso, se refere: "Arouche é mandado com seu regimento defender a povoação de S. Nicolau. Encontrou nela mil e duzentos uruguaios entrincheirados. Chagas Santos ordenou-lhe que regressasse. Ele insistiu pelo ataque. E atacou. Chegou-lhe de reforço uma companhia de Infantaria. Mandou o regimento guarani apear-se, largar as lanças e ficar somente com as clavinas. Desembainhou a espada, fez tocar os clarins e atirou-se às trincheiras. Ante aquele arrojo, os orientais fugiram e foram, concentrar-se no curralão ou praça da vila, onde se acobertaram com os muros e acoutaram nas casas. Os setecentos homens do tenente-coronel ocuparam a povoação, mas ao desembocarem na tal praça, receberam terrível descarga a queima-roupa, que matou muita gente. Gravemente ferido, Diogo Arouche apoiou-se a uma parede e conteve os seus soldados amedrontados pelo morticínio imprevisto:

Entrincheirem-se! Acobertem-se com as árvores e as casas!

Os oficiais impediram a confusão. As habitações em que se emboscavam os inimigos foram sendo tomadas uma a uma pelos brasileiros. Algumas horas mais e o brigadeiro Chagas chegava com grandes reforços. A vila estava em nosso poder e, nos braços de seu general, morria contente Diogo Arouche, tenente-coronel por atos de bravura aos vinte e nove anos de idade."

Perdia assim o Brasil, o seu primeiro historiador militar terrestre do Reino Unido, no ardor da batalha. Morreu como sempre viveu, no desempenho eficaz daquilo que sabia bem fazer, lutar pela defesa de sua Pátria. Sempre após a refrega, enquanto descansava a espada, exercitava a pena em minuciosa crônica. Assim legou-nos seu escrito principal, na realidade o único que chega ao nosso conhecimento "Memória da Campanha de 1816", ano primeiro da guerra contra Artigas. Observa-se nessa Memória, a exposição dos acontecimentos militares das fronteiras de Missões e Rio Pardo; da capitania do Rio Grande de S. Pedro do Sul, e do território inimigo, ocupado pelas tropas da mesma capitania. Era Diogo Arouche de Moraes Lara, na ocasião, em que escreveu a memória, capitão da infantaria da Legião de São Paulo.

Um dos trechos desta Memória, para que seja possível aquilatar o seu estilo ao traçar este relato, refere-se ao que foi a bravia incursão do Brigadeiro Chagas Santos, em cumprimento das ordens do Marques de Alegrete, que era o Governador e Capitão General da Capitania do Rio Grande de São Pedro. Este determinara que "fizesse possíveis hostilidades aos povos da margem oriental do rio Uruguai a fim de tirar ao inimigo todos os meios de repetir a invasão ao território português das missões..."

Diogo Lara relata: "Depois de saqueadas e demolidas as sete povoações de Iapeju, da Cruz, São Tomé, Santa Maria, São Xavier, Mártires e Conceição, sitas a margem direita do Uruguai, e somente saqueados os povos de São José, Apóstolos, e São Carlos, saqueada e talada toda a campanha na distância de mais de oitenta léguas, de que resulta a rica presa de sessenta arrobas de prata, muitos e riquíssimos ornamentos das Igrejas, muitos sinos, 6.000 cavalos e éguas, e outros gêneros, importando tudo, pelos valores ínfimos, em cinqüenta contos de réis: e finalmente depois de estabelecidos os necessários postos que deviam conservar-se na margem direita do Uruguai em observação para participarem sobre os movimentos do inimigo, o brigadeiro Chagas repassou aquele rio no dia 13 de março do mesmo ano de 1817, com as suas tropas tão cobertas de glória como de despojos do inimigo, a que fizeram as maiores hostilidades, que é possível fazerem-se, sem que recebessem outro prejuízo mais que o ferimento de um homem, como fica dito".

Em outro trecho, percebe-se a vibração patriótica, o compromisso e o seu sentido de valores: "Glória e fama eterna sejam para tal rei e tal Pátria, que produzem e nutrem frutos dignos de ambos, e que tão dignamente retribuem os benefícios, e desvelos recebidos. Jamais o sagrado solo da Pátria seja profanado pelas vis plantas de execráveis insurgentes, sem que tão grave ofensa fique impune".

Ou quando ao final da batalha de Ibirocai, ele denuncia, "tão funesta para o inimigo, que ali ele purgou os crimes e horrores cometidos na invasão daquele território por ele assolado, como glória, e útil as armas, e ao Estado Português: ela decidiu da incendiária coluna de Verdum, e pôs freio ao orgulhoso atrevimento deste chefe de insurgentes, partidário de Artigas, e acérrimo entusiasta da liberdade..."

A crítica exposta contrária à valorização da liberdade tem seu fundamento, quando esse ideal, atrelava-se aos conceitos da revolução francesa, e opostos ao do Estado Absolutista Português. O próprio autor desta Memória reproduz em apêndice vários documentos comprobatórios de seus estudos, onde lembra a proclamação do governo de Montevidéu, assim que seus membros tiveram noticia da reação brasileira a invasão de nosso território. A todo o momento eles lembram lutarem a favor de suas liberdades. "O Governo de Montevidéu, empenhado de sustentar nossa liberdade e independência..." ; " ... deve fazer em vós renascer o amor à liberdade, e aquele ardor e santo entusiasmo por sua defesa..." ; "Nas vossas mãos deposito hoje o bem-estar dos vossos filhos, das vossas famílias e de nós mesmos; delas depende a nossa liberdade, ou escravidão perpétua."; ou "Correi pois todos os que vos achais alistados, e vos sentis cheios do fogo santo da liberdade ..."

Percebe-se a fidelidade em seu relato, mesmo que este não nos seja meritório. Terminara batalha de Arapehi, Artigas fora derrotado. "Finda a ação, e tendo fugido o inimigo por todas as direções, o tenente coronel Abreu entregou o campo a saque; proibindo às suas tropas o tomarem volumes ou gêneros que pudessem obstar a marcha forçada que ia fazer para o exército; e depois que a tropa saqueou o que pode conduzir, mandou por fogo ao acampamento, armazéns e depósitos, e tudo ficou reduzido a cinzas..."

Descreve os feitos de seus companheiros de armas, com inigualável precisão, demonstra ser bastante escrupuloso, pelo cuidado em identificar os fatos. Destaca a atuação de seus chefes como: Marques de Alegrete, o General Curado, Oliveira Alves, Abreu, Silva Brandão e outros sempre de maneira acurada, mas como era costume, pródigo em elogios.

O realismo de seus escritos surpreende, a documentação farta e comprobatória está anexada em apêndice as suas memórias. A compreensão da campanha é notável, o cuidado didático e esclarecedor completa-se com a inclusão cartográfica das principais batalhas e seus esquemas.

Notas curiosas, em várias descrições de proezas bélicas, encontram o registro da presença de mulheres, na retaguarda para prestarem auxílio aos soldados feridos, acudirem em benefícios múltiplos desde a alimentação até favores mais escusos. De passagem Diogo Lara, se refere a essa presença feminina tão conhecida, entretanto destaca uma singularidade: "Um exemplo novo de valor, e de heroísmo serviu para aumentar a celebridade da vitória gloriosa de Catalan: ele foi dado pela marquesa de Alegrete, tão ilustre por suas virtudes como por sangue: a presença do espírito varonil que patenteou no meio dos maiores perigos, e debaixo do fogo inimigo, e com que animava a todos, não foi menos admirável que a prática incansável da piedade, a que se entregou depois da batalha, em socorro dos feridos, sem distinção de amigos, ou inimigos."

Encontrava-se, o Capitão Diogo Arouche de Moraes Lara, entre os combatentes componentes da Legião de São Paulo, quando se feriu o sanguinolento combate de Catalan. "O Comandante Marques de Alegrete, e seu exército composto por 1.200 paulistas das três armas e 1.200 cavalarianos gaúchos, marchava na margem esquerda do Quaraim, junto ao arroio de Catalan, quando enfrentaram os 3.400 uruguaios e argentinos de Entrerrios e Corrientes. Tratava-se do corpo principal do exército artiguista, sob o comando de Andrés Latorre. Este, desconhecendo que Artigas fora batido em Arapeí e se encontrava em retirada, dispunha a cumprir a parte a ele confiada no plano geral de hostilização ao exército de Curado. Os luso-brasileiros apoiaram no arroio Catalan a sua ala esquerda, com cavalaria e três canhões; na ala direita dispuseram os dragões e no centro a infantaria da Legião de São Paulo, com dois canhões. Latorre enviou quatro cargas seguidas contra o centro adversário que resistiu e desgastou o atacante. Já ao anoitecer, as alas fecharam-se sobre os orientais. Nesse momento regressando ao vitorioso encontro do Arapeí, chegou ao Catalan José de Abreu. Colheu desprevenida e destroçou a ala esquerda de Latorre. Os Uruguaios assim colhidos refugiaram-se em um bosque e ofereceram desesperada resistência, principalmente com arma branca, aos infantes e cavalarianos que os foram enfrentar." Aí morreram, muitos dos nossos paulistas, e foi apenas na noite alta que conseguimos, a baioneta, expugnar e limpar o bosque. O Marques de Alegrete, distingue o cronista da campanha, para receber a rendição dos sobreviventes e atender aos feridos. Ele assim descreve esse episódio: "Novecentos mortos, inclusos vinte oficiais, duzentos e noventa prisioneiros, dentre os quais sete oficiais, dois canhões, uma bandeira, sete caixas de guerra e outros instrumentos de música marcial, seis mil cavalos, seiscentos bois, muitas espingardas, lanças, espadas, arreios de montaria e munições, foi a perda do inimigo nessa batalha, certamente a maior e mais sanguinolenta até então havida nesta campanha".

Para efeito de comparação as perdas dos vencedores foram: "Setenta e oito mortos, inclusive cinco ótimos oficiais; e teve cento e quarenta e seis feridos"

Percebe-se neste último relato, que era muito bem aceito pelas camadas de hierarquia superior, e que estes o designavam para serviços que requeriam cuidados especiais, em outras palavras muita diplomacia e respeito humano.

Verificamos que concebia a História como uma forma de aprendizagem, a semelhança do célebre jurisconsulto romano Cícero, que a definia como "Magistrae Vitae", a Mestra da Vida. Referindo-se principalmente aqueles que distinguiram na Campanha de 1816 nos campos do sul: "só deixaram motivo para imitação e eterna memória da sua honradez e briosa conduta"

A leitura atenta desta Memória revelou-nos alguns detalhes sobre seus companheiros, e que diz muito a respeito da História de Sorocaba. Não nos passou desapercebido a presença entre os combatentes, na infantaria da Legião de São Paulo, do Tenente Boaventura do Amaral Camargo, que se destaca no combate de Catalan, e mais tarde vai ser o grande herói do Massacre de Venda Grande (07.06.1842). E como componente do Regimento do Rio Pardo, encontra-se o sorocabano, Tenente-Coronel Bento Manoel Ribeiro, que vai sobressair-se nos combates de Sant’Ana, Ibiraocay, Carumbé e Catalan, referentes à guerra de Artigas, mas que chegará ao posto supremo de Marechal de Exército.

Em síntese, a única obra que nos deixou, "Memória da Campanha de 1816", trata-se de um testemunho fundamental para entendemos algumas ações acontecidas na guerra contra Artigas. Rascunhada ainda durante a refrega, sendo redigida um ano após (1817). Patenteia ela o tipo de Comandante que foi, sempre atencioso para com seus subordinados, em atitude às vezes ate mesmo paterna. Demonstra pelo contexto de suas idéias, ser um homem afinado com a sua época. O testemunho deixado por sua pena, é mais uma confirmação sobre a heroicidade dos componentes da Legião de São Paulo, que tudo fizeram para manter integro o território pátrio.

Como não é possível apartar as influências da família na formação dos homens, daí o sempre procuramos ilações entre o indivíduo e aquele que lhes são mais próximos, com a finalidade de entendermos certos comportamentos. Ora o mesmo se dá com Diogo Arouche de Moraes Lara, cujos troncos familiares: os Laras; os Moraes; os Toledo Arouche encontram-se

Descritos pelos maiores genealogistas.Basta folhear um Pedro Taques ou um Silva Leme e ali encontramos marcas da presença destes notáveis.

Seguindo as pegadas de nosso antecessor o Dr. Hernâni Donato, que descobre a genealogia do Patrono, damos destaque, há pelo menos dois nomes, em ascendência direta, o avô e o pai. O avô, Agostinho Delgado Arouche (+/09/1764), foi escrivão da ouvidoria geral da Capitania de São Paulo, tesoureiro da fazenda de defuntos e ausentes, guarda-mor das minas de ouro de Parnaíba, e pertenceu à milícia da capitânia paulista, onde chegou a Mestre-de- Campo do terço auxiliar de São Paulo, o equivalente ao posto de Coronel, denominação essa utilizada após a Carta Régia de 29 de outubro de 1749. Não sabemos se chegou a utilizar o título de Tenente-General, com forme determinação do Decreto de 05 de abril de 1762, em razão da proximidade da data de seu falecimento.

O grande historiador Affonso d.’Escragnolle Taunay, divulgou um seu retrato, usando farda, em seu livro "História da Cidade de São Paulo". Essa apresentação; e a mais antiga representação que se conhece de um paulista uniformizado, não eclesiástico.

Seu pai foi José Arouche de Toledo Rendon, um paulista dos mais enaltecidos. Nascido em São Paulo, em 1765, foi como muitos jovens brasileiros para Portugal, onde se formou em Direito (1779) na célebre Universidade de Coimbra, e retornou à terra natal para importante desempenho. Ingressou no Exército onde chegou ao posto de Tenente-General. No ano de 1822, por ocasião de nossa Independência, era o Comandante de Armas de São Paulo. Sua atuação ímpar junto aos grupos intelectuais, lhe forneceu o privilégio de ser o organizador e primeiro Diretor da Academia de Ciências Sociais e Jurídicas de São Paulo, hoje Faculdade de Direito de São Paulo. Foi membro de destaque do Conselho do Governo e do Conselho geral de província. Nestas rápidas lembranças, devemos nos recordar que José Arouche de Toledo Rendon, por diversas vezes, esteve aqui em Sorocaba, onde desempenhou importante função na Junta Diretora que instalava a Real Fábrica de Ferro de São João de Ipanema. Participava, portanto, dos grandes anseios de tornar o Brasil independente economicamente pelo domínio da técnica siderúrgica. Aqui manteve contato constante com o Antonio Francisco de Aguiar, tesoureiro da Fábrica, e depois com o filho deste, o futuro Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, que se tornaria Presidente da Província de São Paulo e foi o criador da atual Polícia Militar do Estado de São Paulo. Teve também grande amizade pelo Engenheiro Frederico Luiz Guilherme de Varnhagen, a quem decididamente apoiou e quando Diretor da Fábrica, construiria os primeiros altos-fornos do Brasil. Conheceu ainda menino, a Francisco Adolfo de Varnhagen, aquele que viria a ser o "Pai da História do Brasil", o Visconde de Porto Seguro. Como é possível hoje lançarmos um olhar sobre esse ambiente passado e observar nele todos aqueles nuances que se tornariam concretos e legítimos anseios para a construção de uma nova Nação, graças ao conjunto destas colaborações. Arouche entrementes daria ainda contribuição muito mais ampla, quando São Paulo, percebendo o impasse político no qual poderia resultar no simples retorno ao colonialismo português, entregou a este a incumbência de, ao lado de José Bonifácio de Andrada e Silva, levar ao Príncipe Regente Dom Pedro, o nosso apoio. Como resultante, foi o Dia do Fico. Das suas atividades inúmeras, destacamos ainda outras, para mostrar o espírito criativo, empreendedor, progressista, que contribuiria para a formação do menino Diogo.

Cresceu nesse ambiente exemplar, onde os contatos com seus parentes notáveis refletiram em sua conduta como intelectual e soldado. Foi José Arouche, um dos primeiros a tentar a introdução entre nós do cultivo do chá, o fez em sua propriedade, bem no vale do Anhangabaú, onde hoje se encontra o viaduto do chá. Espírito liberal e humanista, contrariando os costumes de sua época, defendia os indígenas, legando-nos um planejamento para "melhorar a sorte dos índios". Em virtude do desempenho de atividades públicas e, como servidor da coroa, deixou dezenas de "memórias", muitas delas contribuíram para importantes decisões dos Capitães Generais, e Presidentes da Província. Recebeu a visita da parca em 1834.

É de meu antecessor a justificativa do patrono: "Ninguém mais talhado do que Diogo Arouche de Moraes Lara, para servir de patrono de uma cadeira de Academia que sendo de História Militar requer igualmente habitualidade e experiência no exercício de bem transmitir com seriedade, propriedade, atratividade e crônica dos grandes eventos e dos grandes homens. Ele fez muito bem tudo o que fez. Amou até a exacerbação a sua Pátria, cultivou com evidente desvelo o seu idioma e a técnica – arte de bem escrevê-lo, dedicou-se com afinco às virtudes que fazem os bons soldados; apiedou-se do inimigo posto ao solo; enobreceu a farda, honrou o nome, a lei, o rei." Tendo por modelo, a vida e obra deste brioso soldado / escritor, que tomamos hoje por Patrono, procuraremos distinguir a Academia com o melhor de nossas forças produtivas.

Referências:

BARROSO, Gustavo (João do Norte) – A guerra de Artigas 1816-1820, São Paulo : Ed. Nacional, 1930.

DONATO, Hernâni – Discurso de elegia ao seu Patrono Diogo Arouche de Moraes Lara, manuscrito, s/d.

------------ - Curriculum Vitae de Hernâni Donato.

------------ - Dicionário das Batalhas Brasileiras (dos conflitos com indígenas aos choques da reforma agrária (1996), Rio de Janeiro : Biblioteca do Exército Ed. São Paulo : IBRASA, 2001 (Bibliex: 712. Coleção General Benício)

FRAGOSO, Tasso (Gen.) - "A Batalha do Passo do Rosário", Rio de Janeiro : Biblioteca do Exército, 1951.

HISTÓRIA DO EXÉRCITO BRASILEIRO, perfil militar de um povo, 3 vols., Brasília, Rio de Janeiro : Ed.do Estado Maior do Exército, 1972

LARA, Diogo Arouche de Moraes – Memória da Campanha de 1816, in Revista do Instituto Histórico e Geographico Brasileiro, Tomo VII, n.º 26 – Julho de 1845, p.: 123 a 170, terceira edição, Rio de Janeiro ; imprensa Nacional, 1931, p.: 123 a 170.

------------ - Apêndice à Memória da Campanha de 1816, in Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Tomo VII, n.º 27 – outubro de 1845, p.: 263 a 317, terceira edição, Rio de Janeiro ; imprensa Nacional, 1931, p.: 363 a 317

MARQUES, Manuel Eufrásio de Azevedo – Apontamentos históricos, geográficos, biográficos, estatísticos e noticiosos da Província de São Paulo: seguidos da Cronologia dos Acontecimentos mais notáveis desde a fundação da Capitania de São Vicente até o ano de 1876, Belo Horizonte :Ed. Itatiaia ; São Paulo : Ed. da Universidade de São Paulo, 1980 – v.2

4- LEITURA DO QUE CONSISTE A ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL PELA ESTAGIARIA NO IHGG DE SOROCABA .....FALTA.

Fundada em Resende , A Cidade dos Cadetes ,há 8 anos ,em 1o março 1996 , aniversário do término da Guerra do Paraguai e do início do ensino militar na AMAN . A Academia de História Militar Terrestre do Brasil, ou simplesmente AHIMTB ,desenvolve a História das Forças Terrestres do Brasil :Exército , Fuzileiros Navais , Infantaria da Aeronáutica ,Forças auxiliares e outras forças que as antecederam. Possui sede e foro em Resende ,mas de amplitude nacional, tem como patrono o Duque de Caxias e como patronos de cadeiras historiadores militares terrestres assinalados, por vezes também ilustres chefes militares ,como os marechais José Bernadino Bormann, José Pessoa, Leitão de Carvalho, Mascarenhas de Moraes , Castelo Branco e generais Tasso Fragoso, Alfredo Souto Malan e Aurélio de Lyra Tavares , Valentim Benício . Foram consagrados em vida como patronos de cadeiras ,em razão de notáveis serviços à História Militar Terrestre do Brasil , os generais A .de Lyra Tavares ,Jonas de Moraes Correia, Francisco de Paula Azevedo Pondé ,Severino Sombra e Umberto Peregrino , o Almirante Hélio Leôncio Martins e os coronéis Francisco Ruas Santos , Jarbas Passarinho e Helio Moro Mariante da Brigada Militar RGS .Figuram como patronos civis Barão do Rio Branco, Dr Eugênio Vilhena de Morais, Gustavo Barroso , Pedro Calmon e José Antônio de Mello pelas contribuições à História Militar Terrestre do Brasil. Entre os fatores da escolha de Resende ressalta ser a AMAN a maior consumidora de assuntos de História Militar que hoje ministra a seus cadetes nos 2 o 3 o e 4 o anos, através de sua cadeira de História Militar, o único núcleo contínuo e dinâmico de estudo e ensino de História Militar no Brasil. .A Academia possui como órgão de divulgação o jornal O GUARARAPES já no seu numero 42 que é dirigido a especialistas no assunto e a autoridades com responsabilidade de Estado pelo desenvolvimento deste assunto de importância estratégica. Divulgação que potencializa através de sua Home page - já perto de 30.000 visitas..A Academia desenvolve seu trabalho e duas dimensões: 1a,a clássica como instrumento de aprendizagem em Arte Militar com vistas ao melhor desempenho constitucional das Forças Terrestres, com apoio em suas experiências passadas etc A .2a- com vistas a isolar os mecanismos geradores de confrontos bélicos externos e internos para que colocados à disposição das lideranças civis estas evitem futuros confrontos bélicos com todo o seu rosário de graves conseqüências para a Sociedade Civil Brasileira.

A Academia dá especial atenção à Juventude masculina e feminina estudando nos sistema de ensino das Forças Terrestres Brasileiras, om vistas a promover encontro dela com as velhas gerações e as atuais de historiadores militares terrestres e soldados terrestres e, além, tentar despertar no turbilhão da hora presente, de ingresso no insondável 3 o milênio, novas gerações de historiadores militares terrestres, especialidade hoje em vias de extinção por falta de apoio e sobretudo estímulo editorial. Constatar é obra de simples raciocínio e verificação! . É assunto que merece, salvo melhor juízo, séria reflexão de parte de lideranças das Forças Terrestres com responsabilidade funcional de desenvolver a identidade e a perspectiva históricas das mesmas e ,além ,as suas doutrinas militares expressivamente nacionalizadas calcadas na criatividade de seus quadros e em suas experiências históricas bem sucedidas o que se impõe a uma grande nação, potência ,ou grande potência do 3 o Milênio .No desempenho de sua proposta ela vem realizando sessões junto a juventude militar terrestre brasileira, a par de posses de novos acadêmicos do Exército, Fuzileiros Navais ,Infantaria da Aeronáutica e Polícias Militares que vem progressivamente mobilizando e integrando em sua cruzada cultural e centralizando subsídios em seu Centro de Informações de História Militar Terrestre do Brasil em Resende ,junto a AMAN. 

Outra finalidade da Academia e enfatizar para os jovens com os quais contata a importância da História do Brasil e a de sua subdivisão - A História Militar Terrestre do Brasil .A primeira como a mãe da identidade e perspectiva históricas do Brasil e , a segunda como mãe da identidade e perspectivas históricas das forças terrestres brasileiras no contexto das do Brasil e, como em todas as grandes nações, potências e grandes potências mundiais , Isto por ser subsidiária de soluções táticas ,logísticas e estratégicas militares brasileiras que nos últimos 500 anos foram responsáveis ,em grande parte ,pelo delineamento, conquista , definição e manutenção de um Brasil de dimensões continentais .Soluções capazes de contribuírem para o desenvolvimento da doutrina militar terrestre brasileira ,com progressivos índices de nacionalização, como a sonharam o Duque de Caxias e os marechais Floriano Peixoto e Humberto Castello Branco etc..

Complementarmente procura a Academia apontar aos jovens ,seu público alvo , os homens e instituições que lutam patrioticamente ,a maioria das vezes sem nenhum apoio ,para manter acesas e vivas as chamas dos estudos de História do Brasil e seus desdobramentos com o apoio na análise racional e não passional de fontes históricas ,integras ,autênticas e fidedignas, que com grandes esforços garimpam ,ao invés das manipulações históricas predominantes entre nós feitas por historicidas ,fruto das mais variadas paixões ,fantasias e interesses, o que Rui Barbosa já denunciava em seu tempo. Confirmar é obra de simples verificação e raciocínio .E se os jovens disto se convencerem e exercerem o seu espírito crítico será meia batalha ganha

A Academia vem atuando em escala nacional com representantes em todo o Brasil em suas várias categorias de sócios e já possui em Brasília ,junto ao Colégio Militar, funcionando a sua Delegacia Marechal José Pessoa e instalou no Colégio Militar de Porto Alegre a Delegacia General Rinaldo Pereira Câmara e, em Fortaleza a delegacia Cel José Aurélio Câmara .E no Rio de Janeiro no IME, a Delegacia Marechal João Batista de Matos e em Curitiba a Delegacia Gen Luiz Carlos Pereira Tourinho. E em São Paulo as delegacias Cel Pedro Dias de Campos voltada para História da PMSP e ao abrigo da Associação de Oficiais da Reserva da Policia Militar de São Paulo cujos quadros contam com dois acadêmicos e seus presidente e vice presidente e mais as Delegacias Gen Bertholdo Klinger abrigada no QG da 2ª DE e a Mal Mario Travassos em Campinas .Em Pelotas possui a Delegacia Fernando Luis Osório homenagem ao grande historiador militar neto do General Osório .Em Caxias do Sul a Delegacia Gen Morivalde Calvet Fagundes grande historiador da Revolução Farroupilha e ao abrigo do Grupo Conde de Caxias, em Mato Grosso do Sul a Delegacia Gen João Severiano da Fonseca, em Santa Maria a Delegacia Tem Cel BMRS José Luiz Silveira e, a partir de hoje aqui em Sorocaba, a Delegacia Aluizio de Almeida. Este é em síntese o perfil da Academia de História Militar Terrestre do Brasil que pretende ser um forum cultural para o debate de assuntos históricos de natureza doutrinária e em especial para militares da Reserva das Forças Terrestres do Brasil para aproveitar as valiosas experiências que colheram em suas vidas na caserna . A Academia completou 8 anos ,E já orgulha de haver muito realizado .Seu sucesso continuado depende do empenho , solidariedade e vontade cultural de seus membros e da sensibilidade das lideranças de nossas Forças Terrestres em apoiar e estimular a iniciativa de grande beneficio e insignificante custos a serviço do objetivo atual n º 1 do Exército

5- APRESENTAÇÃO PELO ACADÊMICO E DELEGADO DA AHIMTB EM SOROCABA, ADILSON CEZAR DE SÍNTESE DA VIDA E OBRA DO PATRONO DESTA DELEGACIA ALUIZIO DE ALMEIDA.

á‹O8Ele nasceu Aluizio de Almeida nasceu no dia seis de novembro de 1904, em Guareí, filho do Coronel Aníbal Castanho de Almeida e da professora de primeiras letras, Ana Cândida Rolim.

Fez o curso primário em sua terra natal. Aos 12 anos ingressou no Ginásio Diocesano de Botucatu. Deste passou para o Seminário Diocesano, onde de 1918 a 1924 cursou o Ginásio, recebeu a ordenação sacerdotal, celebrando no dia seguinte sua primeira missa na Igreja Catedral de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. Nos anos de 1927 a 1929, exerceu as funções de Secretário do Bispado, residindo junto ao Palácio Episcopal. Em 1929, foi nomeado pároco em Itararé, permanecendo aí até 1930, quando foi transferido para ser coadjutor na Matriz de Nossa Senhora dos Prazeres em Itapetininga e no final desse ano tornou-se pároco de Guareí. No ano de 1933, foi nomeado para ser coadjutor na Catedral de Sorocaba, atendendo também a paróquia do Bom Jesus dos Aflitos, como Secretário da Diocese. Nomeado em 7 de outubro de 1933, o quinto vigário da Matriz do Bom Jesus dos Aflitos, no Além Ponte. Foi reitor do Seminário Diocesano São Carlos Borromeu, de 1940 a 1944. Nesse período agravou-se a sua saúde, acometido de uma moléstia incurável, que o perseguia desde a mocidade: inflamação da ponta dos nervos e esclerose em placas.

Doente, retirou-se para o aconchego do lar, no sobrado que seu pai construiu na rua Dr. Ruy Barbosa, 84, hoje Casa de Aluísio de Almeida, e aí celebrava missas, recebia inúmeros amigos e dedicou-se a escrever. A maioria de seus livros e artigos, foi assinada com o pseudônimo de Aluísio de Almeida, embora também tenha adotado outros e muito raramente usava o próprio nome.

Seus artigos contam-se aos milhares, publicados em revistas especializadas como as do Arquivo Municipal de São Paulo, de História da USP, Vozes e outras; jornais da localidade e da capital como o Estado de S. Paulo e o Correio Paulistano. Publicou vinte e dois livros e deixou alguns inéditos. Entre os títulos publicados destacam-se: Gema Galgani, D. Lúcio, Sorocaba 1842, Luiz Matheus Maylasky (co-autoria com Antônio Francisco Gaspar), Rafael Tobias de Aguiar, A Revolução Liberal de 1842, 50 Contos Populares de São Paulo, Contos do Povo Brasileiro, História de Sorocaba - 2 volumes, O sacerdote Diogo Antônio Feijó, 142 Histórias brasileiras colhidas em São Paulo, Velhas e Novas Anedotas, São Paulo, Filho da Igreja, Campina de Monte Alegre (romance), História de Sorocaba para as crianças, O Tropeirismo e a Feira de Sorocaba, História de Sorocaba, Vida e Morte do Tropeiro, A Diocese de Sorocaba e seu primeiro Bispo, Brasil de Nossa Senhora, Vida quotidiana da Capitania de São Paulo, Guareí, nossa terra.

Foi Historiador, Genealogista, Folclorista, Biógrafo, merecendo pelos seus trabalhos o epíteto de "Pai da História de Sorocaba". Com relação à sua obra folclórica, Luiz da Câmara Cascudo deu-lhe o cognome de "Mestre Aluísio" e a declaração que "os seus livros constituem documentário de inesgotável valimento para a interpretação da mentalidade popular". Sua obra folclórica mereceu traduções para o alemão e espanhol. Pertenceu a muitas associações de caráter cultural e científico, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de São Paulo, de Santos, membro da Academia Paulista de História, do Ateneu Angrense de Letras e Artes. Recebeu condecorações como a Medalha do Patriarca (José Bonifácio de Andrada e Silva) do Instituto Histórico e Geográfico de Santos, o Troféu Tropeiro da Fundação Ubaldino do Amaral, entre outras.

Foi o idealizador e fundador do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba e para ele criou o lema "Sorocabae Rervm Gentisqve Cvltvs in Aevvm"Culto das Coisas e da Gente de Sorocaba para Sempre. Faleceu aos 28 de fevereiro de 1981, em Sorocaba.Sorocaba (SP.) 07 de agosto de 2004.

6-PALAVRAS FINAIS DO PRESIDENTE DA AHIMTB CEL CLÁUDIO MOREIRA BENTO

É com grande vibração cívica e honra, que a nossa Academia de História Militar Terrestre participou hoje, nas instalações da 14o Circunscrição do Serviço Militar do Exército Brasileiro, e no contexto das comemorações dos 350 anos de Sorocaba e 50 anos do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Sorocaba, com a realização de uma sessão solene, onde empossou, como seu novo acadêmico e como o seu delegado em Sorocaba, o Professor Adilson Cezar, atual presidente do atuante Instituto Histórico Geográfico e Genealógico de Sorocaba, que este ano, repito, comemora 50 anos de fundação, e em memória do seu fundador o Monsenhor Luiz Castanho de Almeida, mais conhecido em sua obra histórica por Aluisio de Almeida, a quem tive o privilégio de aqui visitá-lo e conhecê-lo em 1977.

Em 1977, já sócio do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, onde tomei posse, tendo como patrono o Tenente Coronel Diogo Arouche de Morais Lara, paulista, paulistano e considerado o primeiro historiador militar terrestre do Brasil Nação, como Reino Unido, aqui vim visitar o Monsenhor Luiz Castanho, em companhia do saudoso amigo Venício Stein Campos, o semeador de museus paulistas. Meu objetivo, naquela ocasião, era saber de Aluisio de Almeida os locais utilizados para pousos, entre São Paulo e Porto Alegre, em 1775, da Legião de São Paulo enviada ao Sul a, para ajudar no esforço de guerra, para expulsar os espanhóis do atual Rio Grande do Sul, do qual dominavam cerca de três quartas partes. Estudo que concluímos e foi publicado no Boletim do Instituto Histórico Geográfico e Etnográfico do Paraná em 1978 sob o título: " A Participação de São Paulo e do Paraná na Guerra de Reconquista do Rio Grande do Sul aos espanhóis 1774-76.

Fiquei impressionado com sua disposição de ajudar: deslocando-se com dificuldade, usando uma cadeira como andador e, mais impressionante, o seu esforço para ler, o que fazia aproximando o texto bem junto da vista esquerda. Qual não foi a minha surpresa quando, em 1978, já instrutor de Historia Militar na Academia Militar das Agulhas Negras, recebo enorme carta por ele manuscrita, imaginando o sacrifício que havia feito para escrever cada letra, ao aproximar dela sua vista a cerca de um centímetro.

Preocupado e consternado agradeci sua heróica atenção em carta datilografada em letras maiúsculas, para tentar facilitar sua leitura.

Esta carta, mais tarde enviada ao Professor Adilson Cezar, foi paleografada e nela pude confirmar preciosas informações do histórico caminho dos tropeiros entre Porto Alegre e Sorocaba.

Mal podia imaginar que vinte e sete anos depois, como instrumento de justiça na voz da História, eu viria a Sorocaba nos seus 350 anos e nos 50 seu Instituto, para instalar a Delegacia "Aluisio de Almeida", homenageando o maior historiador da Revolução Liberal de 1845 e Pai da História de Sorocaba cuja identidade histórica ele preservou e imortalizou com seus trabalhos.

Hoje pudemos levar aos presentes nesta sessão, através da sua oração de abertura, e da leitura do que consiste a Academia e o que ela objetiva ao desenvolver a História Militar Terrestre do Brasil como instrumento valioso, a contribuir para o desenvolvimento de uma Doutrina Militar genuinamente brasileira, como são exemplos as vitoriosas guerras de resistência desenvolvidas contra os Holandeses no nordeste, na forma da Guerra Brasílica, e no sul, contra os espanhóis, na forma de guerra à gaúcha, nas quais paulistas constituindo. tropas denominadas Aventureiros Paulistas tiveram notável participação desde a Guerra Guaranitica 1752/56 no Rio Grande do Sul, na qual formavam na Vanguarda, ao modo hoje de função reservada aos engenheiros de combate na missão de facilitar o movimento amigo e dificultar o do inimigo.

Hoje, aqui nos 350 anos de Sorocaba, quero registrar a seguinte singularidade tratando-se de História Militar Terrestre: A esmagadora maioria de acadêmicos é militar, exceção feita ao Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro — mais como homenagem indireta ao consagrado historiador Pedro Calmon — e a Hernâni Donato, principalmente por seu precioso Dicionário das Batalhas Brasileiras e seus estudos sobre a Revolução Contitucionalista de 1932, razão esta de haver sido o primeiro historiador civil a ser consagrado e empossado Acadêmico Emérito no CPOR/São Paulo, no mesmo dia em que estava sendo empossado como seu correspondente em Sorocaba, o acadêmico Professor Adilson Cezar, por suas marcantes contribuições à História Militar Terrestre, e coordenando a edição de preciosa Revista do bicentenário da Revolução Liberal de 1842 — tão valiosa como fonte histórica ,quanto a obra de Aluisio de Almeida em 1992, nos comemorações dos 150 e cinqüenta anos da Revolução Liberal em São Paulo e em Minas.

Resta-nos agradecer a presenças de todos nesta sessão solene que faço votos entre para os Anais da Historia de Sorocaba e de São Paulo, pois nela foram alvos de homenagens quatro grandes historiadores militares de São Paulo: o Tenente Coronel Diogo Arouche Moraes de Lara, filho do Doutor e Tenente General Arouche, que fundou e dirigiu a Escola de Direito de São Paulo, Aluisio de Almeida, Hernâni Donato e Adilson Cezar.

Sobre o heróico patrono Tenente Coronel Diogo, morto em combate na 2a Guerra contra Artigas em 1819, na frente de seu Regimento, cabem as palavras de Péricles, filósofo e estratego grego que criou a Democracia e cujo século em viveu recebeu o nome de Século de Péricles :

"Aquele que morre pela Pátria faz mais por ela , naquele momento, que todos os demais, em todas as suas vidas."

Agradeço finalmente ao Coronel Domingues de Abreu Vasconcellos Neto. Delegado de Honra da Delegacia Aluizio de Almeida e meu aluno de História Militar em 1978 e 1979 na AMAN e a sua dedicada equipe, por haverem facultado as instalações da 14o Circunscrição do Serviço Militar do Exército Brasileiro para a realização desta Sessão Solene de Instalação da Delegacia "Aluisio de Almeida" da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.

Não posso aqui deixar de me referir aos ilustres sorocabanos, General Bento Manoel Ribeiro e a seu irmão Gabriel Ribeiro, aos quais muito devem os brasileiros: os territórios dos Sete Povos das Missões e o antigo Distrito de Entre Rios, conquistados à a ferro e a fogo , a partir de Alegrete, no Rio Grande do Sul. General Bento Manoel injustiçado na História do Rio Grande do Sul e linchado moralmente na Minisérie da Globo A Casa das sete mulheres, mas que em realidade foi um grande general conforme o defendeu Osvaldo Aranha e também o fizemos em nosso livro O Exército farrapo e os seus chefes .Rio de Janeiro:BIBLIEx,1991.v.1.

E assim procurando ser um historiador na feliz definição em São Paulo de Yone Quartin:

" O Historiador força a porta do passado, e se nele consegue penetrar, junta todos os cacos que encontra para recompor as peças que um dia foram inteiras .Boa paciência, habilidade, vocação e honestidade impedirão que ele cole a estatua com a cara para trás.".

E a estatua do sorocabano Bento Manuel Ribeiro tem sido colada de cabeça para trás e de cabeça para baixo, o que afirmo como presidente do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul e da Academia Piratiniense de História, onde ocupamos a cadeira General Bento Gonçalves da Silva, que fez o possível para o conservar nas hostes farrapas , mas não o conseguiu por culpa de um grande burrada da burocracia da República Rio Grandense em Piratini .

NOTA IMPORTANTE:O elogio do acadêmico Adilson Cezar sobre seu patrono o Ten Cel Diogo de Arouche Morais Lara retifica alguns aspectos focalizados no Guararapes 42 de que este é um Aditamento. A reconstituição histórica é o resultado de aproximações sucessivas, no caso iniciada por nós ao o recebermos como nosso patrono no IHGSP, depois por Hernâni Donato, ao tomar posse em cadeira na AHIMTB, tendo o Ten Cel Diogo como ´patrono ,e agora bastante ampliada pelo acadêmico Adilson Cesar. O Ten Cel Diogo era um herói esquecido, como o é a Legião de São Paulo com a qual seguiu para o Sul, e que mereceu de nos na História da 3ª Região Militar v.1 uma síntese A Legião Esquecida.

FIM

 


"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."