INFORMATIVO GUARARAPES

 

 

O GUARARAPES

ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO DAS ATIVIDADES DA

ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

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Fundada em 1o de março de 1996

ANO: 1997                 MÊS: JUL/ AGO                         No 10


O USO MILITAR DE JANGADAS NO BRASIL-UM EXEMPLO

De 1763-77 a posse do atual Rio Grande do Sul foi disputada pelas armas entre Portugal e Espanha.Os espanhóis o invadiram a partir de Buenos Aires em 1763, pelo litoral ,e em 1773/74 pela campanha ,chegando a controlar cerca de 2/3 de seu atual território com suas bases em Rio Grande,Santa Tecla(próximo a Bagé) e São Martinho(próximo a Santa Maria atual) e chave do acesso aos Sete Povos das Missões

Em 1774 Portugal decidiu desfechar uma contra-ofensiva para recuperar o Rio Grande ,tendo organizado o poderoso Exército do Sul ao comando do ten gen Henrique Böhn contratado por Porugal para liderar a empreza e mobilizando recursos de toda a ordem em Portugal ,no Brasil e Angola. Exército que foi concentrado em São José do Norte atual ,tendo como base logística Porto Alegre e mais efetivos em Rio Pardo para atuar na Campanha.

E expulsou os espanhóis de São Martinho em 31 outubro 1775,de Santa Tecla no início de 1776 e reconquistou a Vila de Rio Grande em 1 o abril 1776 que há 13 anos estava em poder de Espanha .

Para o sucesso desta feliz empreza foram usadas no transporte das tres vagas de assalto à margem sul do sangradouro da Lagoa dos Patos 13 jangadas .Estas construídas com madeira especial enviada de Pernambuco e por um sargento e 7 soldados pernambucanos enviados do Regimento de Henriques que guarnecia a ilha de Santa Catarina.

Os detalhes desta operação pouco conhecida o fizemos na obra A Guerra da Restauraçào do Rio Grande do Sul 1774/76(Rio,BIBLIEx,1996) com apoio nas Memórias e cartas ao Vice Rei do ten gen Böhn comandante do Exército do Sul as quais revelamos pela primeira vez no todo em português depois de traduzidas do francez pelo cel Nei Paulo Pannizzutti e por min anotadas com 260 notas e vários outros complementos e inclusive respondendo quesitos formulados pelo Estado-Maior do Exército para pesquisas em seu proveito.

Presença de jangadas que assim resumimos das Memórias de Böhn:

"...Em 5 jan 76 recebi de Pernambuco várias sumacas com madeiras de Pernambuco para a construção de jangadas .Pedi a pernambucano aqui residente que construisse uma, o que ele fez pequena sem responsabilizar-se por sua eficiência .Ela movimentou-se bem a remos e a vela, apezar de haver provocado risos na tropa por seu aspecto(...)Pedi ao governador de Santa Catarina que me enviasse soldados de Pernambuco ali destacados que soubessem fabricá-las,operá-las e carregá-las .Em 26 jan 76 ele enviou um sargento e 7 soldados capazes que logo iniciaram a construí-las com madeira mais porosa e leve do que a cortiça ,só conhecida em Pernambuco ,já acontecendo de algumas terem chegado até a Bahia(...)Estas jangadas tem calado ínfimo e aqui andam muito depressa .Mandei construir 4 na Fronteira Norte(São Jose do Norte atual) e 4 no Lagamar(enseada fora da barra onde aportavam navios portugueses sem interfência inimiga).Comecei a exercitar os soldados a manejá-las e a nelas confiar quanto a sua segurança ...)

Seu plano era usá-las no assalto a fortes espanhóis na margem Sul .Assim Böhn escreveu ao Vice Rei em 10 mar 1776:

"...O rei possui agora aqui barcos muito apropiados para navegar (no Sangradouro da Lagoa dos Patos).As jangadas são o que há de melhor para atravessar e transportar pessoas e tem acesso a todos os locais,em razão da pouca profundidade das margens do Sangradouro .Quando mandei construir a primeira a tropa riu a socapa .Logo a seguir aplaudiram o seu desempenho operacional ..."

Na madrugada de 1 o abril 1776 elas transportaram com sucesso em dois escalões de ataque com de 200 granadeiros cada , as duas primeiras vagas de assalto,sendo a que do Ataque Principal guiada pelo ten de Dragões e Ajudante -de- Ordens de Böhn e nascido em Rio Grande -Manoel Marques de Souza,atual denominação histórica da 9a Bda Mtz com QG em Pelotas.Granadeiros do atual Batalhão Sampaio foram no ataque secundário.

Em carta de 8 set 1776 ao Vice Rei Marquês do Lavradio Böhn escreveu:

"...A opinião de V.Excia sobre o uso militar das jangadas é tão justo que sem elas eu teria tido dificuldades de atravessar o Sangradouro ( De São José do Norte atual a Rio Grande ).Ficaria encantado de receber mais madeiras para fabricá-las ..."

A Revista Militar Brasileira atual Revista do Exército de jan/jun 1976 a p.26 publicou uma gravura da época focalizando uma destas jangadas em artigo de Abeillard Barreto.

Este é mais um eloquente exemplo da criatividade militar luso-brasileira e da sua singular contribuição para o sucesso da grande operação anfíbia conjunta- Exército e Esquadra que reconquistaram a Vila de Rio Grande em 1 o de abril de 1776 ,definindo assim, pelas armas ,o destino brasileiro do Rio Grande do Sul confirmado pelo Tratado de Santo Ildefonso de 1777.

Hoje os que andam de jangada a vela sobre trilhos ,atração turística no molhe sul da barra do Rio Grande ,longe estarão de imaginar que 13 delas foram importantes para transpor de São Jose do Norte para o lado da cidade de Rio Grande as tropas luso-brasileiras que a reconquistaram aos espanhóis,em 1 o abril 1776,dia de São Francisco de Paula ,nome primitivo da cidade de Pelotas lembrando aquela feliz reconquista .

O estudo militar crítico desta operaçào em que foram usadas jangasa foi introduzida no ensini da AMAN e 1978 com mapas esclarecedores na obra História Militar do Brasil 2v.texto e mapas financiada pelo EME .

60 o ANIVERSÁRIO DA BIBLIEx EDITORA

Em 6a jun 1937 foi criada por empenho do gen Valentim Benício ,chefe de gabinte do Ministro gen Eurico Gaspar Dutra a BIBLIEx Editora .O gen Benicio vinha de adido militar na Argentina onde se inspirou na Biblioteca del Oficial e presume-se que em ato do comandante da Escola Militar do Realengo o cel Art J.B.Mascarenhas de Moraes que pelo BI de 6 fev 1936 ,"com o fim de incentivar nos cadetes o habito da leitura e de bem escrever ,facultar-lhes os meios de consulta para aprimorarem a cultura profissional,geral e especializada ,oficializou as bibliotecas escolar ,as dos cursos e da Sociedade Acadêmica e autorizou a criação das especializadas em equitação e educação física.

O gen Benício profissional de escól ,culto,escritor elegante e historiador secretariara a Junta Militar presidida pelo gen Tasso Fragoso, seu ex -comandante em Uruguaina e foi o criador da Revista Cavalaria .

Além da criação da BIBLIEx editora resgatou cerca de 4/5 do acervo da que fora criada em 1881 pelo Ministro da Guerra poeta e escritor Barão de Loreto e estinta por lacônico aviso de 6 maio 1925 do Ministro da Guerra mal Setembrino de Carvalho que instituira no ano anterior o culto ao Duque de Caxias .Biblioteca fechada segundo versào existente por seu enfoque literário e poético e nào profissional militar e estar contribuindo para aquela formaçào e nào a profissional como vinha sendo o caso da Revista A Defesa Nacional fundada em 1913 pelos jovens turcos entào influentes no Gabinete do Ministro .Extinção sob o argumento de que em que pese o regulamento de Ensino de 1905 ser ponto de inflexào entre o bacharelismo militar iniciado com o Regulamento de Ensino de 1873 ,a formaçào cientifica matemática e física que o impregnava em detrimento da formaçào profissional militar haver a cultura do oficial enveredado para a literária e poética o que o mal Setembrino havia constatado na Campanha do Contestado.E o contraditório a acusaçào que tem sofrido pelo fechamento da Biblioteca Mlitar.

O gen Benício foi o idealizador segundo o gen Salm de MIranda do que hoje se traduz pela Diretoria de Assuntos Culturais hoje dirigida pelo gen Sérgio Roberto Dentino Morgado que como cadete foi um dos redatores da Revista Cavalaria em um mais um lance da mesma que teve um grande momento em 1979 em número especial editado em homenagem ao centenário de morte do gen Osório.A idéia de valentim Benício sofreu reaçòes de igual modo que a idéia do Colégio Militar idealizada pelo senador Duque de Caxias e mais tarde vitoriosa vitoriosa com seu ex-ministro da Agricultura Tomas Coelho.

A História da Biblioteca do Exército foi publicada em data recente pelo seu ex-grande diretor gen Umberto Peregrino depois de acolhida pelo SENAI entào dirigido nacionalmente pelo historiador e escritor cel prof Arivaldo Silveira Fontes ,atual vice presidente fundador da AHIMTB e presidente da Fundaçào Osório a qual o gen Benício dedicou bons anos de suas energias e inteligência em pról da formaçào e amaro de meninas órfàos de companheiros do Exército,Marinha e Aeronáutica.Foi também o gen Benício o primeiro presidente do Instituto de Geografia e História Militar idelaizado pelo hoje gen Severino Sombra ,por esta razão principalmente patrono em vida de cadeira da AHIMTB .O gen Benício foi biografado pelo recém falecido cel Waldir da Costa Godolfim em Obra e vida do gen Benicio,1971.O cel Godolfim possuia muito orgulho de seu antepasado gen Godolfhim que como comandante da 3a RM apoiou em Porto Alegre A Revista dos Militares visando a elevaçào da cultura profissional dos oficiais do Brasil tendo em vista a esperada chegada de uma Missào Militar Alemã ,o que a 1 Guerra impediu vindo em seu lutgar 10 anos mais tarde uma Missào Militar Francesa .

A contribuiçào da BIBLIEx editora à cultura militar em especial para a História Militar Terrestres do Brasil com todos os sub produtos nobres que ela gera tem sido notavel .Ela viabilizou expressivamente o projeto do Estado-Maior do Exército em 1972 traduzido pala História do Exército Brasileiro-perfil militar de um povo em 3v que consolidou em grande parte a bibliografia editada pela BIBLIEx .Bibliografia esta focalizada por contribuiçòes à História do Exército como força operacional e instituiçào;Arte da Guerra;Estratégia,Geopolítica,Geografia,Ciência Militar; História Militar Geral : Guerra Revolucionária ,Informaçòes militares etc.no Manual editado em 1978 pelo Estado-Maior do Exército Como estudar e pesquisar a História do Exército Brasileiro e adotado na AMAN.

No ano do 60 o aniversário da BIBLIEx-Editora e com satisfaçào que dentro as 10 obras da Coleçào Benínio figura uma de um profissional militar de escól historiador e pensador militar terrestre brasileiro o cel Nilton Freixinho ex- ajudante de Ordens do Ministro Dutra focalizando as vidas do gen Goes Monteiro o criador do atual Arquivo Histórico do Exército em 1934 e a do gen Dutra o criador da Biblioteca do Exército através do gen Benício ao qual declarou haver dado "carta branca" e a chefe que sem frequentar com escritos os nossos periódicos cercou-se em seu gabinete de oficiais escritores consagrados que em apoio ao gen Benício fizeram a cxultura militar transbordar dos meios castrenses e empolgar a sociedade cidadà brasileira .Constatar é obra de simples verificaçào .

Ö Exmo sr Ministro Zenildo de Lucena 1 o presidente de Honra procura reunir e reanimar e orientar as combalidas e dispersas forças culturais do Exército como o fez o Ministro Dutra ,sinceros votos de O GUARARAPES de que a BIBLIEx concialando os intereses do Exército e do Clube de Livros em que ela se transformou ajude o Sr Ministro com o seu editorial a conquistar o seu objetivo atual n o 1:

E mais encontrar uma forma de publicar obras de preferência de militares do Exército e de interesse para a instituição e que nào interressam as editoras civis como foi o seu espiríto ao ser idealizada pelo gen Benício e crida pelo Ministro Dutra .No mais feliz aniversário orgulhosa de seu grande passado.

 


 

"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para prepará-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."