GENERAL DE DIVISÃO BERTOLDO KLINGER (1884-1969)

(O Patrono da Delegacia da AHIMTB em São Paulo)

Cel Claudio Moreira Bento(x)

O General Bertoldo Klinger foi o Comandante Militar Supremo da Revolução Constitucionalista de 32, em São Paulo. Ele conquistou merecido lugar não só na História de São Paulo, como na História do nosso Exército, como um paladino do profissionalismo militar e da modernização de sua Artilharia e como o mas jovem oficial dos 13 "jovens turcos" que fundaram há 90 anos a benemérita e histórica revista A Defesa Nacional.

Bertoldo Klinger, gaúcho de Rio Grande- RS, foi uma espécie de líder e catalalizador da chamada" Missão Militar Alemã" que de 1919/21 exerceu considerável influência positiva, através de A Defesa Nacional e da Missão Indígena da Escola Militar do Realengo, formada por oficiais recrutados em concurso, na operacionalidade e modernização do Exército e, no Brasil, pelo despertar o Tenentismo, num grupo de oficiais jovens que se empenharam em porfiadas lutas para livrar o Brasil do negativo domínio exercido por oligarquias estaduais.

Para tal contou com o apoio dos mais destacados oficiais brasileiros dos 21 que de 1910/12 estagiaram em unidades do Exército da Alemanha, o mais moderno na época, e por empenhos do então presidente da República Marechal Hermes da Fonseca.

Oficiais que atuaram no Exército com a compreensão e estímulo e proteção disciplinar do grande Ministro da Guerra Marechal Caetano de Farias e com a seguinte filosofia:

" Só se corrige o que se critica. Criticar construtivamente é um dever. O que hoje parece excelente amanhã será criticável. A nossa crítica visa idéias e não pessoas."

E Klinger participou com destaque desta revolução cultural e modernizadora do Exército que conseguiu durante e depois da 1ª Guerra Mundial reduzir a distância entre as doutrinas militares em voga na Europa e a que era praticada no Brasil que lembrava em seus aspectos táticos os praticados na Guerra do Paraguai, mas que ainda eram superiores aos que foram praticados em Canudos.

Klinger estagiou na Alemanha, na cidade Holstein, no 24º Regimento de Artilharia Montada. Ali obteve excelente conceito. Ao retornar ao Brasil exerceu marcante influência modernizadora de nossa Artilharia de Campanha através de seus artigos na A Defesa Nacional e pelos vários regimentos de Artilharia em que serviu .Introduziu a tração a xincha, os Clubes de Tiro a Giz ,simuladores do tiro real ;a caça ‘a raposa e o trote elevado etc.

Foi seu aluno o Marechal Mascarenhas de Morais, ex comandante da 2ª RM, seu amigo deste que alunos no Rio Pardo e que lhe informou em cartão enviado da Itália que ali na FEB colocaria em prática os ensinamentos de Artilharia que haviam discutido e desenvolvido juntos no Regimento Floriano e no EME, onde conviveram intensamente.

De retorno do seu exílio na Europa, por haver sido o Comandante Militar Supremo da Revolução de 32 em São Paulo, dedicou-se intensamente ao desenvolvimento da História Militar Terrestre do Brasil, razão de sua escolha para patrono da Delegacia da AHIMTB /SP.

Sua última participação pública foi em 1964 da Marcha da Família por Deus e pela Liberdade no Rio de Janeiro. Ao falecer com cerca de 85 anos, seu velho amigo General Pantaleão Pessoa iniciou o seu necrológio com estas palavras de justiça na voz da História:

" Não se o Brasil e o seu Exército perceberam a grande perda que acabaram de sofrer!"

Pergunta que talvez devemos estender aos veteranos paulistas de 1932 e a São Paulo!

Escrevemos sobre a sua vida e obra já cobertas pela patina do tempo e no seu centenário na revista A Defesa Nacional , nº 711 jan/fev 1984, onde o leitor interessado poderá resgatar mais dados que não comportam neste breve resgate deste as esquecido soldado do Brasil.

(x) Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil