O 60 ° ANIVERSÁRIO DO DIA DA VITÓRIA

EVOCAÇÕES DA
ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

(A Academia de História Militar Terrestre no transcurso do 60º aniversário do Dia da Vitória, oferece ao pesquisadores e leitores interessados esta coletânea de Artigos de autoria de seus membros)


SUMÁRIO


 

-MAGAREFES DA HONRA NACIONAL
Cel Jarbas Passarinho

EVOCAÇÂO DO COMANDANTE DA FEB
Cel Claudio Moreira Bento

O IMORTAL MASCARENHAS DE MORAIS
Cel Germano Seidl Vidal

60 ANOS DA CONQUISTA DE MONTE CASTELO
Vet FEB Conrado José de Souza

A ATUAÇÃO OPERACIONAL DA 1ª DIE ATE O DIA DA VITÓRIA
Cel Claudio Moreira Bento

EVOCANDO O ASPIRANTE FRANCISCO MEGA
Cel Claudio Moreira Bento

 


 

MAGAREFES DA HONRA ALHEIA

Cel Jarbas Passarinho (x)

 

Da leitura de Anatole France ficaram-me o deleite de sua fina ironia e a beleza estilística que encantou minha juventude. Católico praticante, então, rendi-me à leitura do romance Thaís, da cortesã e o eremita e de Les Opinions de L’Abbé Jérome Coignard. Militar, ignorei aversão à farda, em L'íle dos Pingouins. Não li toda a sua obra, por isso me surpreendeu ler, alhures, esta citação : "Os homens nascem, crescem, julgam os pais e raramente os absolvem". Achei injusta, mas vim a parodiá-lo ao ler o julgamento pejorativo de moços sobre antepassados que admiramos. "Crescem, julgam-nos e raramente os absolvem". Referenciais históricos, sobretudo se militares, são injuriados. Em pretensa revisão histórica, influenciados pela ótica esquerdista têm não apenas criticado mas caluniado Caxias, o maior dos generais destas Iatitudes sul-americanas como autor da drástica redução da população paraguaia ao fim da guerra de 1864/1870. Não responsabilizam por isso Solano Lopez que recompletava suas tropas, derrota após derrota, com crianças e adolescentes, até que o cabo Chico Diabo o lancetou em Cerro Corá. Inventa-se até que ele mandou despejar no leito do rio Paraguai, a montante de Assunção, cadáveres de vítimas do cólera-morbo, visando a contaminar sua população. Calúnia que Rui Barbosa atribuía a "magarefes da honra alheia".

Depois de quinze anos de pesquisas, três deles no Paraguai, o historiador Francisco Doratíoto escreveu Maldita Guerra, desfazendo definitivamente os mitos criados pela esquerda revisionista, sobre a guerra do Paraguai. Compulsou milhares de documentos. Recusou versões, ora deficientes, ora deturpadas com o fim de caluniar Mitre e Caxias. Daí - conclui - o "espírito acrítico com que o mundo acadêmico aceitou e reproduziu publicações revisionistas sobre a Guerra do Paraguai, que mistificavan Solano Lopez e responsabilizavam o imperialismo britânico pelo conflito".

Tem-se usado até do deboche. Recentemente, li que Portinari, encarregado de fazer os ladinos que revestem a parede do prédio então do Ministério da Educação, pediu-lhe o ministro Gustavo Capanema que a Caxias dedicasse um deles. Concluída a encomenda, Capanema lobrigou, com dificuldade, no painel, um minúsculo Caxias, escondido entre animais. À sua estranheza retrucou Portinari que pintara Caxias como o via, e tudo que poderia fazer era apagar o ladrilho. Escusado lembrar que para Portinari, do PCB, Caxias era o anti- herói.

O objetivo agora é o marechal Mascarenhas de Moraes, que comandou a FEB, retratada como uma tropa "obsoleta e mal treinada", que estagnara no que aprendera no começo do século 20 com a Missão Francesa. Não pertenci à FEB. Fico à vontade para refutar um jovem mestre em História, que tenta deslustrar o comandante da FEB, de quem diz que "suas ações, durante a campanha, deixaram muito a desejar para qualquer uma pessoa com o mínimo de conhecimento de história militar". Julgamento lastimável, por historicamente inverídico.

Dizer a FEB obsoleta é desconhecer que estava adestrada para a guerra no teatro sul-americano. Seria mais perto da verdade afirmar que teria de modernizar-se para combater o exército alemão, que derrotara arrasadoramente a França. Ainda assim, a FEB adaptou-se rápido à guerra européia. Da Artilharia, fale por ela o documento alemão, apresado após a rendição alemã: "Uma.nova Artilharia revelou-se na frente de combate". Referia-se à maior precisão derivada da técnica de tiro francesa que aprendêramos atirando com canhões Krupp, os mesmos com que os alemães estavam combatendo. Aliados dos Estados Unidos e integrando o XV Exército americano, nossos artilheiros tiveram que adestrar-se no obuseiro americano. Incompreensível seria irmos à guerra com canhões Krupp. A Infantaria teve, igualmente, de usar armamento norte-americano, para substituir os fuzis Mauser, também de fabricação alemã. Mas foi a mesma Infantaria que conquistou notáveis vitórias, duríssimas como pela posse de Montese, e que motorizadas com os caminhões da Artilharia (iniciativa do general Mascarenhas) e apoiada na Cavalaria Mecanizada, veloz cercou o inimigo e impediu seu retraimento para o Norte. Quanto à Engenharia, o próprio historiador cita o "respeito dos engenheiros americanos" por ela.

O desempenho da FEB foi elogiado como "esplêndido" pelo Major- General Crittenberg, Comandante do IV Corpo de Exércitos, por "sua rápida adaptação às variadas condições, ao entusiasmo com que cumpre com eficiência cada nova missão, culminando com o pesado combate nas vizinhanças de Fornovo e a rendição dos generais- comandantes da 148ª DI alemã e da Divisão Itália e 14 mil prisioneiros de guerra". O elogio conclui: "Estou orgulhoso de ter tido a FEB como parte do IV Corpo". Esses êxitos, não os teríamos colhido se o Comandante fosse incompetente. Não é à toa que no Exército se diz que "a tropa é o reflexo do Chefe". O general Mascarenhas foi um chefe vitorioso.

Modesto, diz em suas memórias que a campanha não foi uma sucessão contínua de vitórias. Mas a ele como chefe, cabem os louros que a FEB conquistou na Itália.

(x) Patrono da cadeira 50 da Academia de História Militar Terrestre do Brasil(AHIMTB) e Comendador da Ordem do Mérito Histórico Militar Terrestre da AHIMTB.


 

EVOCAÇÂO DO COMANDANTE DA FEB NO 60 ANOS DO DIA DA VITÓRIA

 

Cel Cláudio Moreira Bento(X)

 

 

O Marechal Mascarenhas de Morais, - é o símbolo e o padrão do soldado brasileiro moderno. Comandou à vitória forças brasileiras, na Itália, no esforço de guerra na 2ª Guerra Mundial, que culminou com a derrocada da ameaça nazi- fascista, no maior conflito da Humanidade.

Por esta razão, principalmente, ali ele conquistou lugar de grande relevo, entre os maiores guerreiros do Brasil, cultuados, evocados e apontados como exemplos à Nacionalidade, inclusive pela Academia de História Militar Terrestre do Brasil na qual é patrono de sua cadeira 19.

Nosso marechal conheceu em vida a glória e a consagração, como herói nacional militar, em demonstrações espontâneas oportunas e justas, de parte do Povo e do Exército do Brasil. Iniciando a vida militar, em 1899, como aluno da Escola Preparatória do Rio Pardo, atingiu a culminância da hierarquia militar no posto de marechal, por vontade soberana do povo brasileiro. Esta, manifestada através do Congresso Nacional. E por vontade soberana desse mesmo povo reconhecido, teve o privilégio da vitaliciedade no Serviço Ativo e o de ser soldado na Ativa por 65 anos, até falecer.

Sua espada honrada só foi desembainhada em defesa da Lei, da Ordem e das Instituições, no campo interno, e da Democracia e da Liberdade Mundial, no campo internacional. Prestou assim brilhantes serviços, de grande projeção no Brasil, em sua marcha rumo à conquista de seu destino de grandeza no concerto das nações.

Concentrando no comando da FEB, na Itália, e no retorno vitorioso da mesma, grandes poderes legais e, potenciais de fato, em suas mui dignas mãos, jamais abusou dos mesmos .Visceralmente soldado, não cedeu às tentações políticas, em que caíram alguns generais, ao retornarem cobertos de glórias do campo de batalha, conforme o registra a História da Humanidade.

Suas glórias imortais e consagradoras, como a maior espada até o presente, da República, ele as conquistou com soldados tropicais no montanhoso e por vezes gelados campos de batalhas na Itália, já sexagenário, e na condição de o mais velho general aliado em campanha, naquele Teatro de Guerra.

Lá, seguindo seu oficial de operações, o então tenente-coronel Humberto Castello Branco, nosso herói afrontou a morte, com serenidade, expondo-se aos lances e perigos da guerra, com características de ato de bravura. Esta, reconhecida, em citação do Presidente Harry Truman dos EUA. Bravura capaz de justificar a concessão de medalha especifica a "única que não recebeu e que mereceu mais do que ninguém" e que completariam as suas 27 condecorações, das quais 11 nacionais e 16 internacionais.

Escolhido por sua Ciência, Arte Militar e Virtudes para comandar a FEB, segundo o acadêmico Menotti del Pichia, "o marechal que aliava tanta dignidade à bravura, transformou aquela força, de um punhado de bravos, num corpo de combate, homogêneo, eficiente, não raro audaz e impetuoso que nos trouxe as vitórias de Castel Nuevo, Montese, Fornovo e o instante épico de Monte Castelo que iluminou de glórias as virtudes do soldado brasileiro".

Nosso Marechal à frente da FEB, e a História o comprova, revelou ao Brasil, um espírito superior ao chamar a si a responsabilidade do revés e dividir os louros da vitória. Mostrou-se modelar como chefe e líder militar brasileiro, consciente em alto grau de seus deveres e responsabilidades, em sua histórica missão de "comandar a maior aventura militar do Brasil". Em combate, revelou calma, equilíbrio intelectual e emocional no insucesso e humildade e modéstia na vitória. Foi organizador silencioso, discreto, meticuloso e previdente. Estrategista e tático inspirado. Planejador sóbrio e objetivo. Condutor sereno, tenaz, enérgico, perseverante, estóico e capaz dos maiores sacrifícios.

Segundo o saudoso mestre Pedro Calmon " o marechal foi herói providencial por ter sido sem injustiça, sem ilegalidade, sem egoísmo e impelido por sua única paixão compatível com os deveres cívicos - a paixão do Bem Comum. Providencial ainda por haver feito do destino nacional, como soldado modelo, a sua diretiva da glória sem mácula e do sacrifício o seu timbre heráldico, das vitórias ganhas pelo país, os títulos impessoais de sua carreira militar honrada".

Todos os seus feitos que o consagraram na galeria dos maiores soldados guerreiros do Brasil, foram praticados sem alardes, arruídos, violência desnecessária e abusiva. Não se embriagou com a glória. Não tripudiou sobre os vencidos. Ao contrário, exigiu, para os prisioneiros de guerra, trato humano coerente com as melhores tradições brasileiras e recusou assinar proclamações que expusessem seus homens à manipulações psicológicas.

Foi além, a expressão viva da dignidade e do respeito à ética e a encarnação da lealdade autêntica à Ordem, à Lei e às Instituições, pelo que sua dignidade pagou alto preço em 1930.

Não foi um líder carismático arrebatador. Mas sim líder que firmou sua liderança, em função de suas elevadas capacidades profissional militar e administrativa. Esta decorrente das aptidões de muito bem planejar, organizar, comandar, controlar e coordenar. Tudo embasado em: inteligência e saúde mental invejáveis; caráter superior; espírito público e integridade em grau superlativo; coragem física e moral, provada em diversas ocasiões; capacidade de decisão e de diagnosticar situações humanas, como no caso de seu Estado- Maior antes da vitória de Monte Castelo; grande capacidade de auto-análise e auto- domínio e fortaleza de espírito que resistiu na guerra às enormes pressões, que não lhe deixaram seqüelas na paz, caso comum entre veteranos de campanhas.

Comparando-o com um "iceberg", a ponta era representada por sua figura humana que ele classificou certa feita de minúscula.

Sob ela, a parte restante e a maior do "iceberg" era representada por seu espírito superior e providencial, para comandar os brasileiros na segunda participação militar extracontinental da Nacionalidade.

Chefe e amigo de seus subordinados, foi o arquiteto de seus entusiasmos, levou-os todos os dias, em todos os recantos de sua zona de ação a sua presença, a sua assistência moral, a palavra certa e sobretudo a confiança. Na paz continuou atento aos seus destinos e na luta pela defesa de seus legítimos interesses.

Além das qualidades excelentes e modelares de cabo-de-guerra e cidadão brasileiro, foi esposo modelar. Alimentou um amor- veneração correspondido por sua esposa Adda Brandão, exemplo de filha, esposa, mãe e avó de soldados do Exército Brasileiro. Heroína brasileira moderna que repousa ao lado do Marechal, no Mausoléu dos Veteranos da FEB, no cemitério São João Batista, que inauguraram com seus veneráveis despojos.

Bravo histórico e providencial cabo-de-guerra brasileiro!

Marechal Mascarenhas de Morais, hoje denominação histórica da gloriosa 1ª Divisão de Exército, da Vila Militar que carrega as mais caras tradições da 1ª DIE da FEB, à frente da qual colhestes com teus bravos soldados, louros imarcescíveis para armas brasileiras, na Itália na II Guerra Mundial.

Hoje em nome dos integrantes da Academia de História Militar Terrestre do Brasil(AHIMTB) através da palavra deste modesto soldado e pesquisador e divulgador da História do teu Exército, lhe prestamos por justiça e dever, uma das poucas homenagens que te eram devidas e mais do que isto, para consagrar-te!

Como historiador e geógrafo brasileiro e, fundamentalmente como padrão, símbolo e patrono espiritual do soldado brasileiro moderno, com projeção histórica que mais se aproxima do ínclito Duque de Caxias - o Patrono do Exército e também da Academia de História Militar Terrestre do Brasil..

E mais como general brasileiro que conquistou nos campos de batalha, na Itália: lugar na galeria dos capitães da História Militar Mundial; o de maior soldado latino- americano deste século e um dos maiores da História do Brasil e por haver estado à altura e honrado as tradições militares brasileiras dos Guararapes, Catalan, Taquarembó, Passo do Rosário, Monte Caseros, Paissandu, Passo da Pátria, Tuiuti, Curuzu, Humaitá, Itororó, Avaí, Lomas Valentinas e Campo Grande.

Bravo Marechal Mascarenhas de Morais!

Que o teu imortal exemplo de soldado brasileiro moderno continue a inspirar e alicerçar o presente e o futuro do Brasil e em especial o do Exército Brasileiro - o teu Exército - o Exército do Duque de Caxias - O Pacificador.

O major de Engenheiros Alfredo de Taunay, ao falar em nome do Exército, no sepultamento do Duque de Caxias, assinalou como a maior característica do Patrono do Exército – "a grandeza de sua simplicidade".

Do Marechal Mascarenhas, falando em nome de nossa Academia de História Militar Terrestre do Brasil e interpretando os sentimentos gerais, podemos afirmar que suas maiores características foram a grandeza de sua dignidade e a de sua consciência profissional militar.

Com esta evocação da tua modelar vida e obra a Academia de História Militar Terrestre do Brasil que o tem como seu patrono da cadeira nº 19 lavra o seu solene protesto ao desrespeito a memória nacional e ao povo brasileiro a tentativa de um " magarefe da Honra Alheia", segundo Rui Barbosa, ora lembrada por Jarbas Passarinho de, na revista Nossa História nº 18 ,deslustrar a memória do Marechal Mascarenhas de Morais que acabamos de interpretar. História é verdade e justiça que são feitas com apoio em fontes primárias confiáveis e não em fantasias subjetivas.

 

(x) Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil(AHIMTB) e em nome dos seus patronos de cadeiras ,acadêmicos eméritos e acadêmicos veteranos da FEB.

 

(Este trabalho é uma síntese atualizada de nossa oração proferida em homenagem ao Marechal Mascarenhas de Morais que proferimos em nome do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, por Delegação de seu presidente Pedro Calmon e no centenário de nascimento do Marechal e publicada na integra na IGHB,v.344,jul/set,1984,p.119/136, sob o título Significação histórica do Marechal Mascarenhas de Morais)


O Imortal Mascarenhas de Moraes

 

Cel Germano Seidl Vidal*

 

Não é mais possível, nem como método de raciocínio, separar a figura de Mascarenhas para examiná-la com os atributos demonstrados em tempos de paz e os de guerra. Ele é o Marechal que se projetou em ambos.

O Gen. Meira Mattos escreveu preciosa síntese sobre a "Personalidade do Comandante da FEB". (1)

Diz ele:

"Três características essenciais ornavam o seu caráter: SERIEDADE - homem sério de pensamento e de ação [...]; MODÉSTIA - modesto por natureza, sem humildade e sem afetação; HONRADEZ - [...] criava em torno de sua pessoa e de suas atividades um ambiente de dignidade tão elevado, que os impuros, os sem caráter, ou dele se afastavam ou se sentiam incomodados [...]."

Com estes predicados, granjeava sólida confiança daqueles a quem comandava. Orlando Geisel, em discurso admirável, num momento de reverência cívica, que mais adiante descreveremos, fez uma síntese brilhante da trajetória luminosa de Mascarenhas de Moraes como cidadão, homem público e chefe militar. Dizia então:

"Se grande foi o general na guerra, maior foi o cidadão. O triunfo, a popularidade e a glória poderiam tê-lo levado, facilmente, a rendosas atividades econômicas ou à vida política.[...]."

 

No tópico destemor, avulta de importância os fatos históricos a seguir relatados, que se referem a atitudes pessoais do Gen Mascarenhas durante os combates. Fico com a simplicidade do biografado ao relatar um desses episódios, que ele descreve no seu livro de memórias.

Mas o fato passa a História em testemunho superqualificado, como o do Gen. Vernon A. Walters, do Exército norte-americano, em seu livro já traduzido pela BIBLIEX em 2000. (2)

O autor citado foi mais eloqüente, como se segue:

"O Comandante da FEB estabeleceu o seu quartel-general avançado na pequena estação balneária de Porreta Terme, cercada toda de montanhas repletas de tropas inimigas. Rapidamente, os alemães localizaram o QG da Divisão e começaram a bombardeá-lo com regularidade perturbadora. Estes bombardeios iniciavam-se normalmente às seis horas da tarde em ponto e provocaram muitas baixas. As granadas eram de grande calibre (170mm) e atiradas à distância de mais de vinte quilômetros."

"Em relação a estes bombardeios, contarei uma passagem que assisti pessoalmente. Um dia, o General Crittenberger disse ao General Mascarenhas:

"Sei que este fogo do inimigo está dificultando o funcionamento de seu Posto de Comando. Se o senhor achar conveniente, tem minha permissão para recuá-lo, fora desta zona batida pelo inimigo." O General Mascarenhas respondeu calmamente: ´General Crittenberger, o senhor é norte-americano, e seus compatriotas têm muitos PC’s na Itália; podem deslocá-los para frente e para trás sem ninguém notar. Este, sendo o único brasileiro, quando eu deslocá-lo será para frente e não para a retaguarda´. "O General Crittenberger abraçou-o sem uma palavra. E assim foi."(2)

Isto é o que chamo de destemor, pois classifica seu detentor como intrépido, valente, que não tem temor...

Mas, o Gen. Vernon Walters foi além e cita, no mesmo livro, outro acontecimento inusitado. Ele conta que estavam regressando do "Front" de Gaggio Montano o Gen Mascarenhas, o Gen Zenóbio, o Cel Lima Brayner e ele, num mesmo veículo, quando foram obstados de prosseguir, ao chegar no desvio de Croaciale, por um soldado da PE que avisou estar a área sob bombardeio de artilharia alemã. Avançar seria perigoso... O Gen Mascarenhas ficou impaciente e disse ao policial: "Rapaz, estou com pressa e tenho que passar." E, dirigindo-se ao motorista, falou: "Ayrton, toca p’ra frente!"

Aproveito essa posição privilegiada do Gen. Vernon Walters, que acompanhou a FEB desde os primórdios, no Brasil, até a vitória final na Itália, para tornar mais conhecido o seu conceito final sobre o chefe que acompanhou, quase diariamente, naquele período. O Gen. Vernon, que exerceu os mais altos cargos militares e os da área de informações dos EUA, conclui:

"O Brasil honrou o seu maior soldado deste século. Impressionante na paz e glorioso na guerra."(2)

No Teatro de Operações da Itália, é o mesmo chefe sereno e confiante em si mesmo e nos seus comandados.

Diante de algumas adversidades no Vale do Reno, assume a coordenação pessoal de seu Estado- Maior, dando primazia à atuação do seu Chefe da 3a Seção. Não substituiu ninguém. Usou seu estilo conciliador e enérgico e passa a conduzir diretamente as operações, com presença marcante nas frentes de combate.

Rompida a linha de defesa alemã nos Apeninos, após a conquista de Zocca, tomou a iniciativa estratégica de motorizar a sua Infantaria, utilizando as viaturas da Artilharia Divisionária (AD) e dos outros órgãos divisionários.

Em rápida manobra, cerca e prende duas Divisões, uma alemã (148a DI) e outra italiana (a Bersaglieri Itália), além de remanescentes de uma Divisão Panzer alemã. É a vitória de Collecchio e Fornovo.

Tais êxitos estão referendados pelas manifestações dos chefes aliados, como se seguem:

- Do General Mark Clark, Comandante do XV Grupo de Exércitos:

"A captura da 148a Divisão alemã trouxe novo brilho para a glória das armas brasileiras."

- Do General Lucien Truscott, Comandante do V Exército:

"Acabo de ter conhecimento da sua grande vitória com a rendição total da 148a Divisão alemã. Peço aceitar minhas calorosas felicitações, não só em meu nome, como de todo o V Exército e de minha Pátria. Seus valorosos soldados cobriram-se hoje de glórias que sei que o seu povo, no Brasil, está justamente orgulhoso deles."

- Do General Willis Crittenberger, Comandante do IV Corpo de Exército:

"Desde a derrota do inimigo no Serchio e agora a rendição final de 148a DI alemã, com pesadas perdas, deve ser motivo de grande satisfação para V. Excia e para todos os brasileiros. Estou orgulhoso de ter tido a 1a DIE-FEB como parte do IV Corpo nessa Campanha."

Esse repertório de referências elogiosas à atuação da FEB, ainda durante a Campanha, dá bem conta da excelência do estilo de comando de Mascarenhas, como muito bem retratou seu ilustre biógrafo, o Ministro Tristão de Alencar Araripe, que afirmou: (3)

"[...] Por isso, ao comandar tropa em operações de guerra, ele se apresenta com o feitio pessoal de comando, em que as linhas mestras são o senso pessoal da responsabilidade, a serenidade, a prudência nos seus pronunciamentos, a tendência personalista de não se deixar influenciar pelas opiniões de outrem, a firmeza de sustentar as decisões próprias, o rigor nas exigências da disciplina e no cumprimento das ordens recebidas, aliado a certa tolerância nos casos justificados de fraqueza ou insuficiência dos subordinados. Acima de tudo, por ser um chefe disciplinador ponderado, era um subordinado extremamente disciplinado e consciente. Sem arrogância e sem exterioridades, era o senhor de sua tropa e de seus subordinados imediatos." (3)

Voltou vencedor, mais do que nunca, patriota.

Ao pisar o solo brasileiro, foi depositar, no Monte Guararapes, os louros das vitórias conquistadas por seus soldados, declarando, em memorável discurso, que "a memória dos expedicionários mortos unir-se-á à daqueles que, no passado, tombaram pela soberania do Brasil."

Pediu transferência para a reserva em maio de 1946, o que se efetivou no posto de General do Exército em agosto de 1946.

Distinguido com as honras de Marechal pela Assembléia Constituinte de 1946, veio a merecer do Congresso Nacional, em 1951, a investidura no posto de Marechal em serviço ativo do Exército enquanto vivesse.

Nesse período, pôde dedicar-se aos seus pracinhas, deixando marcas perenes dos que se imolaram na guerra.

Aí estão o Monumento Nacional dos Mortos na Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro, e o Monumento Votivo Militar, em Pistóia.

Afirmou, solenemente, o Marechal:

"Eu os levei para o sacrifício, cabia-me trazê-los de volta para receberem as honras e as glórias de todos os brasileiros."

ê-se, no recente livro "Chefes, Líderes e Pensadores Militares", de Michael Lee Lanning, a inclusão do Mar. Mascarenhas de Moraes entre cem figuras mundiais selecionadas, com o seguinte trecho:(4)

"Nunca um chefe militar brasileiro assumira tão complexas responsabilidades em tempo de guerra, fora do território brasileiro, como o fez o General Mascarenhas de Moraes. [...]."

Ao falecer, em 18 de setembro de 1968, Mascarenhas teve exéquias dignas.

Ao ato compareceu, representando o Presidente da República, o Gen. Ex. Orlando Geisel, Chefe do EMFA, que, à beira do túmulo, escolhido pelo Marechal para permanecer junto à esposa já falecida, disse, com voz grave e embargada:

"Deixou, hoje, o serviço ativo do Exército e a própria vida, um homem que somente viveu para o Exército e o Brasil. [...]." "Sexagenário já, no ápice de uma carreira militar feita de dedicação e serviço à gente e à terra de todos os brasis, a nação lhe confiou a imensa tarefa de levar à guerra externa os seus soldados e de voltar vencedor. [...]"

Prossegue dizendo uma frase emblemática:

"Soube fazê-lo com a firmeza e a serenidade de um pai, de um juiz, de um chefe, de um verdadeiro condutor de homens." (5)

Os presentes, emocionados, silenciaram, ouvindo pungente toque de um clarim da FEB.

Cena de profundo sentimento.

Desaparecia, naquele momento, do cenário político e militar do País, após quase 70 anos de relevantes serviços prestados à Pátria, um venerado Marechal e surgia um Ídolo, o do General vencedor na Campanha da Itália!

 

(x)Coronel de Artilharia Reformado. Veterano da FEB, Escritor e Historiador

Membro Titular do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil (IGHMB) e Acadêmico Emérito da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB). Autor do "site" www.guerraproscrita.com.

 

Notas do Autor – Bibliografia e Referências

 

(1) A PERSONALIDADE DO COMANDANTE DA FEB – Gen Div Carlos de Meira Mattos – artigo publicado na Revista do Exército Brasileiro – Vol 120 – no 4 – Out/Dez 1983.

(2) PODEROSOS E HUMILDES – Gen. Vernon A. Walters – BIBLIEX (Tradução e edição) 2000 – 379 p.

(3) A COERÊNCIA DE UMA VOCAÇÃO - Tristão de Alencar Araripe – Ministro do STM - Secretaria-Geral do Exército - Imprensa do Exército - 1969 - Rio de Janeiro - 227 p.

(4) CHEFES, LÍDERES E PENSADORES MILITARES - Michael Lee Lanning - Biblioteca do Exército Editora - Publicação 680 - Coleção Gen Benício - Rio de Janeiro - 1999.

(5) 40 ANOS DEPOIS DA VOLTA - Gen. Octávio Pereira da Costa - artigo publicado no 'O EXPEDICIONÁRIO' - Ano XV - Nov/Dez 1988.


 

60 ANOS - CONQUISTA DE MONTE CASTELLO

Vet José Conrado de Souza(X)

 

Depois de quatro ataques mal sucedidos, as 17hs20min. o vitorioso Pavilhão Nacional era hasteado em Monte Castello, anunciando a conquista do fatídico baluarte nazista nos Apeninos na Itália, na II Guerra Mundial.

A FEB, que embarcara no Rio de Janeiro em 2 de julho de 1944 desacreditada, com muitas deficiências, agora era uma tropa experiente, aguerrida, cônscia da missão que a Pátria lhe confiara.

Um dia depois do traumático ataque de 12/12/44 a FEB, retida pelo rigoroso inverno, limitou as suas operações praticando patrulhas com missões diversas e resistindo tentativas de rompimento da linha de frente. Suportou tiros de inquietação, saraivadas de morteiros e outros petardos.

Nesse espaço de tempo, dezembro de 1944 a 21 de fevereiro de 1945, foi que a FEB consolidou o seu desempenho aprendendo a se defender e a lutar.

Foram três meses sob chuvas torrenciais, lama, frio de 18 graus negativos; inverno, o mais severo dos últimos 70 anos e, neve - elemento até então desconhecido pelo homem dos trópicos.

Planejado e executado pelo comando da FEB, o ataque iniciou as 5hs20min. ocupando uma frente de aproximadamente dois quilômetros.

Terreno montanhoso, tempo adverso, inimigo experiente, aguerrido - considerado o melhor soldado do mundo postado a cavaleiro nos morros da frente de combate submetendo o febiano ao sacrifício de se defender e lutar morro acima em condições desfavoráveis.

Com a conquista do fatídico morro, abriram-se as portas do acesso à Bolonha, permitindo a arrancada final até Fornovo Di Taro no Vale do Rio Pó, onde findou a guerra na Itália.

Nessa jornada, Monte Castello dominando amplamente a frente de batalha, a FEB contabilizava:23 prisioneiros;66 mortos em ação;196 acidentados em ação, face à difícil condição local e,

1 extraviado em ação, recuperado no final da guerra, totalizando 551 baixas.

Em conseqüência o Gen. Mascarenhas de Moraes recebia ofício do Comandante do IV Corpo do V Exército Americano, ao qual estávamos incorporados desde 5 de agosto de 1944, abaixo transcrito, exaltava oficialmente a façanha dos brasileiros:

"Quartel General do IV Corpo de Exército - 26 de fevereiro de 1945.

Ao Comandante da 1ª D.I.E. - F.E.B.

Por intermédio desta elogio-vos e a todos os oficiais e praças sob o vosso comando que participaram da recente operação do IV Corpo, que deu como resultado a captura e consolidação do maciço Belvedere - Castello e o avanço da parte correspondente à vossa linha de frente de cerca de uma milha na execução da missão que vos foi confiada, desempenhada de modo digno de tropas experientes em que já se transformaram os vossos comandados.

Na captura de Monte Castello e o avanço subseqüente contra tenaz resistência inimiga, foi revelado, por parte da Força Expedicionária Brasileira, um espírito ofensivo altamente satisfatório. A coordenação do vosso ataque, tanto entre as próprias Unidades como a Divisão vizinha, evidenciou, da mesma forma, um meticuloso plano de Estado-Maior e uma excelente supervisão do campo de batalha.

A disciplina de fogo, de que o esquema de manobra necessita como um todo, foi bem realizada e demonstrou a louvável ação de comando por parte dos comandantes das Unidades subordinadas.

O honroso desempenho das tropas brasileiras, sob o vosso comando, estabelece um padrão elevado que servirá para estimular todos os outros elementos de vossa Divisão, quando chegar a oportunidade de lançá-los em novas ações de ofensivas.

Meus cumprimentos, oficiais e pessoais, são extensivos a vós pela excelente ação de comando. - -

(a) -Willis D. Gritemberger, Major- General comandante do IV Corpo de Exército."

As batalhas subseqüentes comprovaram a maturidade dos "pracinhas" (apelido dado aos febianos depois da guerra).

(x)Presidente da ANVFEB-SR-PA, Acadêmico Emérito e oficial do Mérito Histórico Militar Terrestre da AHIMTB


 

A ATUAÇÃO OPERACIONAL DA 1ª DIE ATE O DIA DA VITÓRIA

Cel Cláudio Moreira Bento(x)

( Homenagem aos patronos de cadeiras e acadêmicos e acadêmicos eméritos ex combatente da FEB e integrantes da Academia de História Militar Terrestre do Brasil )

 

Em 21 de fevereiro de 1945, a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária FEB enfrentou e venceu o seu maior desafio operacional que foi a conquista do monte de Monte Castelo . A conquista brasileira de Monte Castelo foi o episódio mais emocionante e afirmativo da capacidade de combate do brasileiro e de sua maturidade operacional.

Neste episódio se destacou entre outros bravos o tenente Inf Cecil Wall Barbosa de Carvalho que passaria a maior parte de sua vida em Resende, onde foi professor por muitos anos de Direito, na Academia Militar das Agulhas Negras. Ele se destacou no episódio que passou a História , com Tiro Feliz, que consistiu em peça de morteiro que comandava haver atingido em cheio um ninho de metralhadora alemã

Monte Castelo, que era defendido com unhas e dentes pelo inimigo, foi alvo de cinco ataques. Os primeiro e o segundo ataques foram executados em 24 e 25 de novembro pela Força Tarefa 45 (Task Force 45) integrada por brasileiros e americanos.

Os ataques não foram bem sucedidos mas resultaram na conquista temporária de monte Belvedere. O terceiro ataque foi feito pela 1ª DIE/FEB um dia após contra ataque alemão que reconquistou Belvedere dos americanos, fato negativo no ataque brasileiro que foi flanqueado por Belvedere, ponto onde o inimigo concentrou o esforço de defesa por ser ele a chave de acesso à rica planície do rio Pó e realizado com chuva, lama e céu encoberto, do que resultou mais um justificado insucesso brasileiro.

À noite, em conferência no Passo de Futa – QG do IV Corpo, seu comandante precipitou-se e colocou em dúvida a capacidade de combate dos brasileiros e quis saber a razão do insucesso. A resposta do comandante brasileiro o General Masacarenhas de Morais foi dada por escrito.

Ele argumentou: "Que tropas veteranas americanas também foram obrigadas a recuar de Monte Belvedere naquela frente, face a forte resistência inimiga; que a missão atribuída à 1ª DIE/FEB de defender numa frente de 20km e de atacar numa frente de 2km era exorbitante para uma Divisão de Infantaria e que ela não havia, por culpa do governo no Brasil e do V Exército na Itália, tido o período de treinamento padrão mínimo previsto para as divisões americanas e que ela estava recebendo missão de tropa de montanha sem sê-lo".

Passo de Futa foi o ponto de inflexão de alguns insucessos iniciais de uma tropa bisonha para as vitórias de uma tropa veterana e bem comandada e assessorada pelo seu Estado- Maior.

O inverno, iniciado logo após, obrigou a uma estabilização da frente por 70 longos dias. Então, os brasileiros vindos de um país tropical, padeceram rude e rigoroso inverno, com temperaturas variando de - 15º a – 4º e, sobretudo, tenso, face às possibilidades de veteranos alemães acostumados àquelas condições de tempo e terreno.

A 1ª DIE/FEB ressurgiu do inverno, o mais rigoroso dos últimos 50 anos, aguerrida, disposta e veterana. Suas ações estrategicamente até o fim se incluem na Batalha dos Apeninos que foi muito cruenta e penosa. Os Apeninos foram acidente capital estratégico para o inimigo, por impedir o acesso dos aliados à rica planície do rio Pó. E, após conquistados os Apeninos, seria a vez dos Alpes, o que significaria a decisão da guerra na Itália.

A chave para a conquista dos Apeninos era a cidade de Bologna. O acesso a esta era a Estrada Nacional 64 que era dominada pelas elevações de Monte Belvedere, Monte Castelo e Castelnuovo etc... Foi nestas elevações que os alemães de 232ª Divisão de Infantaria, ao comando do experimentado general e . barão von Eccart von Gablenz, que comandara o XXVI Corpo de Exército Alemão na Batalha de Stalingrado, concentraram seu esforço defensivo, particularmente em Monte Belvedere, pivô de defesa inimiga nos Apeninos e que possuía dominância de fogos e vistas sobre Monte Castelo.

É importante este entendimento de que as dificuldades de conquista de Monte Castelo encontravam-se bem mais no seu flanqueamento por Belvedere, onde o inimigo concentrou seu esforço defensivo, do que nele próprio e que para conquistar Monte Belvedere os americanos usariam uma unidade especializada, a muita famosa 10ª Divisão de Montanha.

Em 21 de fevereiro, há 60 anos, finalmente a 10ª de Montanha e a 1ª DIE/FEB atacaram simultaneamente Della Torracia e Monte Castelo, objetivos que conquistaram sucessivamente. O primeiro foi Monte Castelo, pelos brasileiros. A conquista brasileira de Monte Castelo foi o episódio mais emocionante e afirmativo da capacidade de combate do brasileiro e de sua maturidade operacional.

Para melhor se avaliar o significado da conquista de Monte Castelo pelos brasileiros, há 60 anos, em 21 de fevereiro de 1945 recordemos para a atuais gerações uma síntese da atuação operacional da FEB na Itália, através de sua 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária ( 1ª DIE/FEB).

A 1ª DIE/FEB do Brasil foi uma das 20 divisões e 16 brigadas aliadas compostas de canadenses, sul- africanos, indianos, neozelandeses, marroquinos, argelinos, além de franceses, italianos e poloneses livres e, particularmente, ingleses e americanos que integraram, no final da Batalha dos Apeninos, o XV Grupo de Exércitos Aliados destinado a libertar a Itália do jugo nazi- fascista, bem como a fixar importantes efetivos alemães dos XIV Exército e Exército da Ligúria para impedir que atuassem nas frentes da Operação Overlod (invasão aliada da Normandia, em 16 de junho de 1944) e da Operação Anvil e depois Dragoon (invasão aliada pelo sul da França, em 15 de agosto 1944).

Para a última foram rocadas algumas divisões francesas, cuja falta na Batalha dos Apeninos a 1ª DIE/FEB veio de certa forma minorar.

Os brasileiros entraram em combate em 18 de setembro de 1944 na proporção de um terço de seus efetivos e com o nome de Destacamento FEB, antes que houvesse completado o ciclo de instrução normal previsto pela doutrina americana. Eles atuaram na região da boca do cano da bota que a Itália representa.

O destacamento foi lançado ao norte do rio Sérchio para combater os alemães estabelecidos na Linha Gótica (280km), entre os mares Tirreno e Adriático.

A 1ª DIE/FEB teve seu batismo de fogo através de seu Destacamento em 18 de setembro na conquista de Camaiore, seguida de Monte Agudo e Monte Prano em 26 de setembro. O destacamento foi rocado mais para a direita no vale do Sérchio onde conquistou Fornaci e Barga.

Em 11 de outubro lançou-se sobre Galicano que conquistou e consolidou. Daí lançou-se, em 30 de outubro, sobre Castelnuovo de Garfagnana onde foi repelido e retraiu sobre Galicano, tendo conhecido o seu primeiro insucesso, fato comum em tropas estreantes. Mas progrediu em 15 dias 40 km, capturou uma fábrica de peças de aviões, em Fornaci, fez 208 prisioneiros do rio Reno, onde recebeu uma frente de 15km, muito ampla, sobre a estrada 62, ao norte de Porreta Terme e que era dominada pelo Monte Castelo que impedia o prosseguimento do V Exército sobre Bologna.

A seguir foi a operação contra Monte Castelo descrita no inicio que se constituiu na maior glória conquistada pelas armas brasileiras na Itália, em defesa da Democracia e da Liberdade Mundial .

Terminado o inverno, então a 1ª DIE/FEB foi cooperar com o IV Corpo na conquista de saliente dos Apeninos em sua zona de ação, cortado pelo rio Marano, que integrava a Linha Defensiva Gengis-Kan e dominava a estrada 64 (Porreta Terme-Bologna), essencial ao abastecimento de 10 divisões do V Exército. Para a conquista do saliente no maciço onde se situavam as posições alemãs de Belvedere, Monte Castelo, Soprassaso, Castelnuovo, Gorgolesco, Mazzancana, Della Torracia, La Serra, Stª Maria Viliana, Torre de Nerone, Montese e Montelo foi elaborado o Plano Encore a ser executado pela 10ª Divisão de Montanha americana e 1ª DIE/FEB.

O plano visava expulsar o inimigo do vale do Reno e após perseguí-lo no vale do rio Panaro. Os brasileiros deviam sucessivamente: capturar Monte Castelo com auxílio da 10ª de Montanha que devia capturar Belvedere e Della Torracia; limpar o inimigo do vale do Marano; apossar-se de Stª Maria Viliana e capturar Torre de Nerone e Castelnuovo, o último, chave para liberar as comunicações do V Exército nos vales dos rios Silla e Reno.

Em 20 de fevereiro, a 10ª de Montanha conquistou Gorgolesco e Mazzancana, o último, com auxílio de pilotos brasileiros do 1º Grupo de Caça (O Senta a pua!).

Em 21 de fevereiro, como foi abordado, a 10ª de Montanha e a 1ª DIE/FEB atacaram simultaneamente Della Torracia e Monte Castelo, objetivos que conquistaram sucessivamente. O primeiro como abordado ,foi Monte Castelo, pelos brasileiros que foi o episódio mais emocionante e afirmativo da capacidade de combate do brasileiro e de sua maturidade operacional.

Em 23 e 24 de fevereiro os brasileiros travaram o encarniçado combate de La Serra. Em 5 de março caiu pela manobra contra Castelnuovo, o falado, traiçoeiro e famigerado saliente na rocha- Soprassaso, responsável pelas maiores perdas da FEB no inverno. Ele era o objetivo dos nossos pracinhas que o conquistaram com grande gana.

Depois dele, veio a conquista pela 1ª DIE/FEB de Castelnuovo, base para a montagem de um ataque do V Exército sobre Bologna.

A seguir, teve curso a Ofensiva da Primavera, de 14 de abril - 2 de maio, para libertar o norte da Itália e desfechada pelo XV Grupo de Exército Aliado.

À 1ª DIE/FEB coube inicialmente conquistar, em 14 de abril, as alturas de Montese, Cota 888 e Montelo, com forte apoio de Artilharia e de Blindados e geradores de fumaça americanos. A reação da Artilharia alemã ali concentrada antes de ser destruída, para não cair em poder dos aliados, foi de grande e inusitada intensidade.

Foi um duríssimo e disputado combate, o que é atestado pelas 426 baixas brasileiras (34 mortos, 382 feridos e 10 extraviados). Ai foi ferido o hoje Coronel Celso Rosa residente em Resende e acadêmico emérito da AHIMTB .Ai tombou morto o Aspirante Francisco Mega patrono hoje da Turma egressa da AMAN há 50 anos em 15 fevereiro de 1955, a qual pertencemos e cuja biografia abordamos na plaqueta Os 60 anos da AMAN em Resende: Resende:AHIMTB,1984 e no O Guararapes 44, 1 trim,2005 e reproduzimos mais adiante..

Em Montese, a 1ª DIE/FEB ajudou a romper a defensiva alemã nos Apeninos e conquistou a chave de acesso ao vale do rio Panaro o que facilitou ao V Exército derramar-se sobre a planície do rio Pó, em aproveitamento do êxito e logo a seguir em perseguição. Sobre a conquista de Montese referiu o comando do IV Corpo aliado:

"Ontem só os brasileiros mereceram as minhas irrestritas congratulações. Com o brilho de seu feito e seu espírito ofensivo, a 1ª DIE/FEB está em condições de ensinar às outras divisões como se conquista uma cidade".

A conquista de Montese ajudou a desmantelar a Linha Gensis- Kan. A 1ª DIE/FEB, em Aproveitamento do Êxito, conquistou o vale do médio Panaro em 19 de abril e, Zocca, nó rodoviário que ofereceu forte resistência em 20, Marano e Vignola em 23, onde foram recebidos os brasileiros aos brados de "Vivam nossos libertadores (Liberatori)"; à partir daí, teve início a Perseguição.

Em solução singular, mas de grandes dividendos táticos, a 1ª DIE/FEB iniciou a perseguição com a Infantaria embarcada em veículos de sua Artilharia Divisionária e protegendo o flanco direito do V Exército.

Em 24 de abril ela alcançou S. Paulo d’Énza. De 27-30, no vale do rio Taro, combateu com o inimigo em Colechio e em Fornovo di Taro, após o que executou manobra envolvente contra os alemães reunidos em Respício, onde eles receberam ultimato para rendição incondicional aos brasileiros.

O inimigo rendeu-se em Gaiano na região de Fornovo di Taro. Rendição que se caracterizou como ação de nível e repercussão estratégica, e foi recebida do experimentado general Otto Fritter Pico, veterano de diversos teatros de operações e comandante da 148º Divisão de Infantaria Alemã e do general Mário Carloni, comandante da Divisão Bersaglieiri, Itália, e, ainda, de sobras da 90ª Divisão Panzer.

Foram capturados 20.573 homens, dos quais 894 oficiais, e entre eles muitos veteranos do África Korps, ao par de copioso material bélico.

Sobre este feito dos brasileiros comentou o general. Mark Clark agora no comando do XV Grupo de Exércitos: "Foi um magnífico final de uma atuação magnífica". O Estádio da AMAN foi batizado com o seu nome.

De 28-30 de abril, enquanto tinha curso a rendição alemã, Benito Mussolini foi morto em 28, em 29 os russos entraram em Berlim e em 30 Adolf Hitler se suicidou. A 1ª DIE/FEB ocupou Alexandria a 30, em 1º maio ocupou Casale, Solero, Salvatore e Costeleto, dia em que o Alte. Doenitz assumiu o poder na Alemanha. Em 2 ocupou Turim, terra natal do ten.-gen. Carlos Napion, patrono do Serviço de Material Bélico do Exército Brasileiro, e estabeleceu ligação com a 27ª Divisão Francesa em Susa. Neste dia houve rendição incondicional das tropas alemãs na Itália. Dia 8 de maio – Dia da Vitória Aliada na Segunda Guerra Mundial.

A 1ª DIE/FEB foi a primeira tropa aliada a estabelecer contato com a Operação Dragoon, em Susa.

De 8 de maio – 3 de junho a 1ª DIE/FEB atuou como tropa de ocupação das regiões de Piacenza e Alexandria. Após, concentrou-se em Francolise para retornar ao Brasil, o que teve lugar em 14 de junho na cidade do Rio de Janeiro, onde foi recebida vitoriosa e triunfalmente pelo Brasil e passou sob um arco do triunfo encimado pela legenda – "A cidade as Forças Armadas Brasileiras".

A atuação da 1ª DIE/FEB na Itália foi dividida em quatro fases pelo seu oficial de operações ten.–cel. Humberto de Alencar Castelo Branco:

I – Campanha do Destacamento FEB no vale do rio Arno; 2 – Campanha da margem oriental do rio Reno; 3 – Ofensiva sobre as defesas dos Apeninos; e 4 – Rompimento da frente e perseguição.

A 1ª DIE/FEB integrou o IV Corpo com mais três divisões americanas: a 10ª de Montanha; a 1ª Blindada (os tigres) e 34ª de Infantaria (os cabeças- de- boi). Atesta também o valor do soldado brasileiro cruz encontrada após o combate de Castelnuovo e com esta inscrição expressiva em alemão – "Aqui jaz um herói brasileiro".

Em 1962 o terceiro ano da Escola de Comando e Estado- Maior do Exército produziu a valiosa pesquisa. O comportamento do combatente brasileiro na Itália, com vistas dela tirar valiosos ensinamentos de Engenharia Humana. Combatente que se fez representar na FEB por cerca de 74%, de cariocas e fluminenses (32%), paulistas (15,5%), mineiros (11,7%), gaúchos (7,5%) e paranaenses (6,1%).

A pesquisa histórica crítica, baseada em ampla bibliografia então disponível e depoimentos de veteranos chegou a interessantes e relevantes considerações ou conclusões, que não podem ser desconhecidas do planejador, pensador e chefe militar do Exército Brasileiro.

Por exemplo: a pesquisa concluiu que na FEB o combatente brasileiro não se adaptou e mesmo reagiu a normas disciplinares rígidas, confirmação de pesquisas anteriores sobre o mesmo tema na História Militar do Brasil.

E, mais, que ele se submete a liderança afetiva dos chefes que o comandam pelo exemplo e não aos ausentes espiritualmente, e insensíveis às esperanças, aspirações, imaginação e sentimentos de seus homens.

Como fatores concorrentes para o bom desempenho do combatente brasileiro na Itália e que contribuíram para ele sentir-se valorizado socialmente alinhe-se:

1 – Lutar no V Exército dos EUA que dispensava grande atenção e valor à vida e ao bem-estar dos seus soldados e onde o prêmio e o castigo eram distribuídos com isenção e sem favores, além de que com presteza e oportunidade; 2 – Lutar em território com uma população histórica e tradicional, mas então vencida, dominada, submissa, torturada pela fome, desemprego e corrupção e com emotividade semelhante à brasileira; 3 – Sentir-se alvo de orgulho no Brasil, de estímulos de sua imprensa, de atenções das madrinhas de guerra, de desvelo familiar e dos brasileiros e atenções dos superiores; 4 – Ser alvo agora de interesse geral, boa assistência médica, alimentação jamais sonhada, dinheiro farto, roupa variada e farta e assistência religiosa; 5 – Lutar e ser bem sucedido contra considerado melhor soldado do mundo; e 6 – Desenvolvimento de fortes laços de camaradagem, na adversidade da guerra, com reflexos no moral elevado, disciplina consciente e sentimento de honra e de dever. Influíram no combatente na Itália:

A AMAN reverencia de longa data o Ataque de Monte Castelo no seu maior bairro acadêmico. E espalhados ao ar livre por diversos locais da AMAN depara-se com troféus capturados ao alemães pela FEB, cujo levantamento e localização a AHIMTB possui em seu acerco. E não pode ser esquecido que o Marechal Mascarenhas de Moraes o comandante da FEB comandou a Escola Militar então no Realengo na década de 30 ,depois do Marechal José Pessoa e hoje ambos patronos de cadeiras na Academia de História Militar Terrestre do Brasil por suas valiosas contribuições literárias a História do nosso Exército.

Este assunto o autor o desenvolveu com maior amplitude no livro
 As Forças Armadas e a A Marinha Mercante do Brasil na 2ª Guerra Mundial

 


 

EVOCANDO O ASPIRANTE FRANCISCO MEGA

Cel Claudio Moreira Bento

" Os que morrem por seu país, o servem mais num só dia, do que os demais em todas as suas vidas",

Afirmação esta de Péricles, o estadista e general grego do século V antes de Cristo, que recebeu o seu nome, como o grande artífice do apogeu da Grécia Antiga, berço da Arte Militar Ocidental.

E o Aspirante Francisco Mega, carioca do Regimento Sampaio, bem se enquadrou no abalizado pensamento de Péricles ao tombar em ação a frente de seu pelotão no disputadíssimo e sangrento combate de Montese em 15 abr 1945, na conquista da conta 778, tendo antes incentivado seus homens com estas palavras:

" A minha vida nada vale, a minha morte nada significa diante do que vocês ainda tem para fazer. Prossigam na luta!

E expirou, sendo o único aspirante a oficial tombado em combate, egresso da Escola Militar do Realengo, de onde saíra fazia três meses.

Por seu heroísmo foi agraciado com a Cruz de Combate de 1ªClasse, destinada a premiar atos de bravura ou espírito de sacrifício no cumprimento de missões de combate".

O decreto que lhe concedeu esta condecoração mencionou:

" Concluiu o curso da Escola Militar do Realengo em sua última turma e incorporou-se ao Regimento Sampaio na véspera do ataque a Monte Castelo em que tomou parte. Comandava o Pelotão do 1º Escalão no ataque a Montese. Apesar da forte resistência do inimigo que procurava deter nosso avanço com tiros ajustados, de metralhadoras e forte bombardeio, impulsionou infatigavelmente seu Pelotão, cujos homens eram empolgados pelo seu exemplo de bravura e sangue frio.

Ferido mortalmente, a frente dos seus homens, em pleno ataque, em um só momento deu provas de franqueza. Assistido por seus soldados, com admirável serenidade, sentindo que ia morrer, rezou!

E isto depois de ter confiado ao Pelotão uma lembrança para sua mãe Dona Angelina Garofalo Mega. E continuou falando a seus homens, incitando-os a prosseguir no cumprimento do dever. Calmo e conformado, compenetrado das suas responsabilidades de chefe, a quem cabia estimular os seus subordinados naquele momento crítico, pronunciando palavras de entusiasmo e confiança na vitória. E exalou o último suspiro. "

Conquistado Montese em 14 abr 1945, a leste de Montese os alemães resistiam e em especial na cota 778. Coube ao 2º BI do Regimento Sampaio ao comando do Major Sizeno Sarmento atacar na manhã de 15 de abril a cota 778. Missão atribuída ao pelotão ao comando do Aspirante Francisco Mega.

E ele partiu para ataque sob intenso fogo inimigo, quando foi ferido mortalmente por sua rajada de metralhadora, quando ia iniciar o assalto. Pressentindo a morte determinou ao sargento Agenor, auxiliar que assumiu o comando do Pelotão muito desolado e paralisado. Mas o Aspirante Mega encontrou forças para incentivá-los, com bom humor, disfarçando aos olhos dos comandados a sua tragédia pessoal.

"Porque estão parados em torno de min? A guerra é lá na frente. Quem está no fogo é para se queimar! Estou aqui porque quis! Se vocês estão sentidos com o que me aconteceu, vinguem-se acertando o comandante deles! De nada valerá o meu sacrifício se não conquistarem o objetivo. A minha vida nada vale, a minha morte nada significa diante do que vocês ainda tem para fazer. prossigam na luta..."

E a cota 778 foi conquistada ao final da tarde.

Em 1953, por seu heroísmo e comovente exemplo, foi escolhido para nome da turma formada em 15 fev 1955 sob este argumento:

" Os cadetes de 1953 da AMAN (1 º Ano), ao homenagearem o herói expedicionário da última campanha da Itália, não tomaram a si, somente um exemplo de abnegado patriotismo, nas se integraram no dever da nação de eternizar a memória histórica dos nomes que tombaram em defesa do Brasil. " (Revista Agulhas Negras, 1953)

Os 50 anos de formatura da Turma Asp Mega em 15 fev 1955 na AMAN transcorre no ano dos 60 anos de sua morte heróica.

As turmas egressas da AMAN, em Resende, levam o nome de marechais, generais, batalhas, efemérides marcantes e Almirante Tamandaré. As três únicas turmas a homenagearem heróis de patentes inferiores foi a de 15 Fev 1955, Turma Asp Mega, a de 15 dez 1977, Turma Alferes Tiradentes, e a 29 de novembro de 2003, Sargento –Maior Antônio Dias Cardoso que revelamos em nosso livro As batalhas dos Guararapes, análise de descrição militar. (Recife:UFPE,1971.2v)que consta em Livros no citado site. Assim excelente companhia do heróico Aspirante Meiga com Tiradentes o Patrono Cívico do Brasil e com Dias Cardoso, o mestre da Guerra Brasílica e Patrono das Forças Especiais do Exército do Brasil. Aspirante que respondeu a altura, no seu encontro com a História, a preparação moral e profissional esmerada que recebeu na velha e benemérita Escolar Militar do Realengo 1913/45. O heróico aspirante era filho do casal José Meiga e da já referida Dr . Angelina Grafonola Meiga.

 

FONTES CONSULTADAS

 

  1. ARAGÃO, José de Campos, gen. Asp. Meiga um bravo no Regimento Sampaio, In: História para soldados. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1964.
  2. BARROS, Aluizio, dr. Asp Mega, in: Expedicionários sacrificados na Itália. Rio de Janeiro: Bruno Buccine, 1957. p. 59 (com retrato).
  3. BENTO, Claudio Moreira, cel. Jubileu de Ouro da AMAN em Resende. Volta Redonda: Gazetilha, 1994.
  4. (_____) História Militar de Resende 1744-2001.(Resende: AHIMTB,2001)Comemorativa do Bicentenário de Resende município e vila
  5. REVISTA AGULHAS NEGRAS. Asp Mega, patrono dos cadetes da AMAN de 1953 (1º ano), nº1, 1953 (Cerimônia aniversário AMAN, 23 abr 1953)
  6. (____). Asp Mega imolado na FEB (Foto cadete), nº 54, 1945.
  7. REVISTA DA ESCOLA MILITAR. Cadete de Infantaria Mega. 1944, p.94
  8. SOUZA, Thorio B. de, ten. cel. Com na FEB na Itália. Revista Agulhas Negras. Resende, AMAN, 1958.