6 - A GUERRA de 1801 NO SUL E NO OESTE

A guerra de 1801 - Causas: O Rio Grande, de 1777 a 1801, atravessou um período de paz e grande desenvolvimento ao lado de um inconformismo generalizado de seu povo com o Tratado de Santo Ildefonso (1777), que reduziu expressivamente o território do Rio Grande delineado pelo Tratado de Madri (1750).

Nessa época, o Rio Grande do Sul já estava dividido pelo rio Camaquã, nas fronteiras do Rio Grande, sob jurisdição da vila do Rio Grande (quartel General da Comandância Militar) e na do Rio Pardo, sob jurisdição de Rio Pardo (sede do Regimento dos Dragões do Rio Grande) que a tradição consagrou como Dragões do Rio Pardo.

Neste ano, na Europa, Portugal e Espanha entraram novamente em guerra, que se estendeu ao Brasil, envolvendo o território do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso.

Essa guerra durou de 14 de julho a 17 de dezembro de 1801. Foi planejada e comandada pelo governador do Rio Grande de então, o Tenente-General Sebastião Veiga Cabral da Câmara, recolhido ao leito, onde morreu após comandar a fase mais crítica da guerra.

Destaques operacionais :As hostilidades tiveram início na Fronteira do Rio Grande; as guardas espanholas, ao sul do rio Piratini, fronteira de fato (municípios de Canguçu e Piratini atuais), e no rio Jaguarão, foram atacadas.

Na fronteira do Rio Pardo, os Dragões, ao comando do Coronel Patrício Correia Câmara, expulsaram os espanhóis da guarda de São Gabriel de Batovi e de Santa Tecla, que se recolheram ao forte de Cerro Largo (atual Mello). A Guarda São Sebastião, no passo do Rosário, retirou-se para São Borja, e Santa Tecla foi completamente arrasada.

A partir de Santa Maria (atual), Dragões e aventureiros, sob orientação da Fronteira do Rio Pardo, lançaram-se sobre a guarda espanhola de São Martinho e, dali, sobre os povos de São Miguel, Santo Ângelo, São Luiz Gonzaga e São Nicolau, terminando por incorporar os Sete Povos por força das armas.

Seguiu-se a conquista do atual município de Santa Vitória do Palmar, a partir dos arroios Taim e Albardão, fronteira de fato. Conquista feita pelo Capitão de Milícias Simão Soares da Silva e pelo Tenente de Dragões José Antunes de Porciúncula, à frente de 100 milicianos e 36 Dragões do Rio Pardo. Eles atacaram, de surpresa, as guardas do Chuí e de São Miguel, que retraíram para o forte de Cerro Largo.

Em face desses ataques, os espanhóis reagiram a partir do forte Cerro Largo, ao comando do Marquês de Sobremonte, governador de Buenos Aires.

Um contingente da fronteira do Rio Grande chocou-se com outro espanhol lançado de Cerro Largo na direção do passo Nossa Senhora da Conceição do rio Jaguarão (atual Centurión), travando-se o combate do Passo das Perdizes, em 17 de outubro. Essa manobra espanhola foi diversionária, pois cobriu o lançamento de Cerro Largo, em socorro das Missões, do Tenente Coronel José Ignácio de La Quintana, com cerca de 600 homens. A Fronteira do Rio Pardo reagiu, enviando 300 Dragões do Rio Pardo, que conquistaram São Borja, após violento combate. Em seguida, esses mesmos Dragões acompanharam a coluna Quintana e ofereceram-lhe tenaz resistência em São Gabriel e Rosário do Sul (atuais), obrigando sua retirada para Cerro Largo.

 

Estimulados pelas vitórias das guardas do Chuí, São Miguel e Passo das Perdizes, na Fronteira do Rio Grande, e pelas de São Borja, Rosário do Sul e São Gabriel (atuais), o Comando Militar do Rio Grande decidiu conquistar a base de operações espanhola, o forte de Cerro Largo, aproveitando a ausência da Coluna Quintana.

 

Neste ínterim, o governador de Buenos Aires mobilizou recursos para socorrer o ameaçado forte de Cerro Largo.

 

Com a morte do governador Veiga Cabral, assumiu o Comando Militar e o Governo do Rio Grande o Brigadeiro Francisco Roscio.

 

Imediatamente, Roscio ordenou uma concentração de todas as forças do Rio Grande no passo Nossa Senhora da Conceição do Jaguarão, face à concentração espanhola no forte Cerro Largo. Sobremonte cerrou as forças em 30 de novembro. A concentração portuguesa ali foi reforçada, em 5 de dezembro, com 500 homens transferidos do Taim e Albardão, aprofundamentos das defesas do Chuí e São Miguel.

 

Neste mesmo dia, o comandante espanhol mandou um ultimatum ao heróico Coronel Manuel Marquês de Souza (comandante da Fronteira do Rio Grande), dando-lhe 24 horas para evacuar a região. Marquês de Souza respondeu-lhe negativamente.

A Fronteira do Rio Grande foi reforçada pela Fronteira do Rio Pardo, no dia 10, com a chegada do Coronel Patrício Correia Câmara, à frente de 400 Dragões, milicianos e voluntários.

Em 13 de dezembro, o Marquês de Sobremonte ordenou a retirada de suas tropas para o forte do Cerro Largo, consciente da superioridade portuguesa e do perigo que corria de ser batido em campo raso.

No dia 17, foi publicada no Rio Grande a paz entre a Espanha e Portugal. O Coronel Patrício retornou ao Rio Pardo em razão da suspeita, não confirmada, de que outra coluna Quintana fora lançada na direção dos Setes Povos para reconquistá-los. Em Porto Alegre, em condições de reforçar as tropas do Rio Grande, encontrava-se o Regimento Extemoz.

 

Esta guerra foi financiada por estancieiros e fazendeiros gaúchos que participaram da luta como voluntários e milicianos.

A guerra na fronteira de Mato Grosso: Em Mato Grosso, ao chegar notícia da guerra na Europa, o governador do Paraguai, comandando uma esquadra fluvial, atacou, em 16 de setembro de 1801, o Forte de Coimbra, que era comandado pelo Coronel Ricardo Franco de Almeida Serra.

O inimigo foi rechaçado. Em 1º de janeiro de 1801, o Tenente Francisco Rodrigues Prado, filho de São João del Rei e governador do forte de Miranda, tomou e arrasou o forte São Jorge na margem sul do rio Apa.

Os territórios conquistados no Rio Grande (Sete Povos), entre os rios Piratini e Jaguarão, o atual município de Santa Vitória e mais o sul do Mato Grosso, não foram devolvidos em razão de a Espanha não haver devolvido a cidade de Olivença que conquistara aos portugueses na guerra.

Exercício

Citar a principal contribuição da guerra de 1801 para o Brasil.