CLARIM, TOQUE "AO COMBATE"!

 

Por Paulo Cesar de Castro (X)

 

Os toques de corneta e clarim tocam fundo nossa alma de soldado. Entre tantos que atendemos com vibração, um é obedecido apenas uma vez na vida, quando somos incorporados e nos comprometemos com os valores militares. Nos quartéis, é dia de festa, compartilhada com convidados do Comando e nossos familiares, cujos olhares se voltam para nós.

 

O momento é inesquecível: admiramos a Bandeira que se desloca e posiciona-se bem à nossa frente. O clarim toca “Em Continência à Bandeira, Apresentar Armas!”. O porta-bandeira desfralda o pavilhão nacional e nós, braço direito estendido horizontalmente à frente do corpo, prometemos:

 “Cumprir rigorosamente as ordens das autoridades a que estivermos subordinados; respeitar os superiores hierárquicos; tratar com afeição os irmãos de armas e com bondade os subordinados”.

 Prometemos, também:

                            “Dedicar-nos inteiramente ao serviço da Pátria, cuja honra, integridade e instituições  defenderemos com o sacrifício da própria vida.”

 A emoção e o entusiasmo nos dominam, somos soldados do Exército Brasileiro! Convidados e familiares participam de nossa alegria e nos aplaudem.

 

Aquele compromisso nos motiva para sempre, na ativa e na reserva, em atividades militares e civis, militares de carreira ou temporários, todos cidadãos brasileiros.

Identificamo-nos com os irmãos de armas da Marinha e da Aeronáutica que prestaram igual juramento.

 Orgulhamo-nos de integrar instituições nacionais, permanentes, regulares e organizadas com base na Hierarquia e na Disciplina.

 

O povo brasileiro nos recompensa destacando-nos como as instituições nacionais de maior índice de credibilidade, fenômeno comprovado por sucessivas pesquisas de opinião, desde o século passado.

Rejubilamo-nos por: proteger nossas riquezas e cuidar de nossa gente; ser braço forte e mão amiga; ser asas que protegem o Brasil; e ser fator de Integração Nacional.    Invictos, conservamos a fé na missão, motivados por inabalável amor à Nação e a nossas Forças Armadas.

 

Versos da canção da Academia Militar das Agulhas Negras nos inspiram a multiplicar o patriotismo e o civismo além dos muros da caserna:

 “Irmãos brasileiros, formai entre nós. Brasileiros sois todos vós. Amor ao Brasil, amor à Bandeira, seja o lema da mocidade brasileira”

. Lá no íntimo, a voz da consciência nos alerta que é preciso praticar o juramento dia a dia, ou seja, servir à Pátria por meio de integral cumprimento do dever militar e, pelo exemplo de cidadão, estimular outros compatriotas a nos imitar. A causa é nobre e estamos à altura do desafio. Mãos à obra!

 

Temos consciência de nossa responsabilidade perante a História. Preservamos o legado glorioso de nossos heróis, militares e civis, oficiais e praças, homens e mulheres, vencedores em conflitos internos e externos, remotos e recentes.

A coragem e o sangue dos bravos – vários anônimos – nos motivam e fortalecem o amor à profissão das armas.

A paz queremos com fervor, a guerra só nos causa dor, porém se a Pátria amada for um dia ultrajada lutaremos com fervor.”

Assim  não hesitaremos em empregar a espada e a baioneta, o fuzil e a metralhadora, o canhão e o obuseiro, a lança e o golpe- de- mão. Ai daqueles que ousarem ameaçar a Integridade, a Honra e as instituições nacionais.

 Amamos a profissão das armas e, a exemplo de Caxias, estaremos na vanguarda a bradar:

                          “Sigam-nos os que forem brasileiros!”.

 

Adestramo-nos continuamente e operamos no amplo espectro. Exibimos garbosamente em nossos uniformes de combate a Bandeira perante a qual nos comprometemos.

Conservamos imaculados nossos corações e mentes a despeito da intensa propaganda de anti valores que assola a civilização cristã- ocidental.

 Inspirados no passado de glória, firmes no presente, preparamos as forças do futuro mediante ousado processo de transformação.

 Para operar com eficácia hoje e amanhã dedicamo-nos ao aprimoramento técnico-profissional nos domínios cognitivo, psicomotor e afetivo.

 Pensamos como guerreiros da Era do Conhecimento e nos preparamos para agir com iniciativa, criatividade e flexibilidade, a fim de vencer os desafios militares do futuro.

Admiramos nossos camaradas que, após deixarem o convívio diário dos quartéis, mantêm unida e vibrante a Reserva atenta e forte.

 São os multiplicadores dos valores das Forças Armadas que, assiduamente, desfilam conosco em solenidades cívicas e militares, entoam as canções de suas armas e unidades, umedecem os olhos com as lágrimas da saudade e conservam a têmpera dos eternos combatentes que transmitem suas experiências às atuais gerações.

Como é bom abraçá-los e tê-los na família dos marinheiros, dos soldados e dos aviadores.

Aquele inesquecível toque de “Em continência à Bandeira, Apresentar Armas!” deve nos recordar que a Hierarquia e a Disciplina estão presentes no respeito aos superiores hierárquicos, assim como a Lealdade e a Camaradagem, na afeição aos irmãos de armas e na bondade de trato com os subordinados.

 As palavras do Juramento a Bandeira, foram aplaudidas, o que é pouco, muito pouco.

A vida militar exige internalizar, praticar e difundir, diária e eternamente, os valores com os quais nos comprometemos. Assim, urge comandar ao clarim que toque:

                                                    “Ao Combate!”.

 

(x)Nota da Presidência da FAHIMTB: Paulo Cesar de Castro é General de Exército, na Reserva e acadêmico emérito da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil, vinculado a cadeira Marechal Estevão Leitão de Carvalho, o líder dos Jovens Turcos, ex-Comandante da ECEME, Chefe da Missão Militar Brasil-EUA no EUA, durante a 2ª Guerra Mundial, historiador membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e ex-presidente assinalado da Fundação Osório,