CENTENÁRIO DO GEN EX EMÍLIO GARRASTAZÚ MÉDICI

 

Cel Cláudio Moreira Bento (x)

Dia 4 de dezembro transcorre o centenário do ilustre , honrado e que foi muito apreciado e admirado pelos seus subordinados, pares e superiores como chefe militar, o General Emílio Garrastazu Médici. Ele foi sub comandante da AMAN de 12 de abril de 1960 a 8 de agosto de 1961 e depois seu comandante, de 4 de março de 1963 a 8 de março de 1964, a frente da qual teve papel importante para o desfecho incruento da Contra Revolução de 1964, evitando um choque na altura de Resende, de governistas do Comando Militar do Leste (ex-I Ex) com contra revolucionários do Comando Militar do Sudeste (ex-II Ex) . Em1º Abr 1964, o Gen Médici bloqueou a Via Dutra com fortes contingentes de cadetes nos quais as tropas do então I Exército se recusaram a atirar, aderindo à Revolução e colocando-se sob as ordens do Gen Médici. É um episódio importante da História da AMAN, com reflexos expressivos na História do Brasil, em razão de no Gabinete de Comando AMAN haver sido então definido o destino vitorioso do Movimento Democrático de 31 de março de 1964.

A AMAN evoca a memória de seu ilustre comandante no nome do seu Teatro Acadêmico, em cuja entrada figura enorme quadro seu a óleo .

A seguir recordaremos traços marcantes de sua carreira militar e, em especial seu notável comando da quase bicentenária 3ª Região Militar –Região D. Diogo de Souza, onde ele adotou e implementou este lema SERVIR , E SERVIR CADA VEZ MELHOR.

 

Síntese de sua vida militar

 

. O General Médici nasceu em Bagé-RS, em 4 Dez 1905, filho de Emílio Médici e D. Júlia Garrastazú Médici. Cursou o Colégio Militar de Porto Alegre no Casarão da Várzea de 1918-1924. Praça de 1° Abr 1924 na Escola Militar do Realengo, onde foi declarado Aspirante a Oficial de Cavalaria, em 7 Jan 1927. Serviu no 12° Regimento de Cavalaria em Bagé, de Fev 1927 a Out 1937, ou por mais de 10 anos . Era o oficial de Dia do 12° RC em 3 Out 1930, tendo aderido à Revolução de 30 e feito ligação entre militares e civis revolucionários em, Bagé, Foi comissionado Capitão pela Revolução, retornando ao seu posto de 1º Ten um mês depois.

Comandou efetivos do 12° RC em operações contra a Revolução de 32. Capitão em 2 Out de 1934. Em 1937 foi ser Ajudante- Secretário da Escola de Comando e Estado –Maior do Exército (ECEME) . Cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (ESAO) de Fev a Set 1939. Serviu no 8° Regimento de Cavalaria Independente, Conde de Porto Alegre , em Uruguaiana, Set 1939 a Fev 1940. Foi instrutor da citada EsAO, Fev 1940 a Jul 1943, onde foi promovido a Major em 24 Jun 1934. Cursou a ECEME 1943-44. Serviu no Estado –Maior da /3ª Divisão de Cavalaria em Bagé, de Mar 1944 a Jan 1950, por quase 6 anos, inclusive como chefe de seu Estado –Maior , tendo ali sido promovido a Ten Cel em Jan 1950. Serviu no Estado- Maior /3ª Região Militar de Jan 1950 a Set 1953, como chefe da 2ª Secão . (Informações) e Chefe de seu Estado –Maior .Foi promovido a Coronel em Jul 1953, e comandou o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre (CPOR/PA), de 16 Out 1953 a 27 Abr 1957. Chefiou mais uma vez o Estado –Maior /3ª RM do Gen Div Arthur da Costa e Silva, de 29 Abr 1957 a 15 Mar 1960, quando nasceu forte amizade entre ambos.

Exerceu a chefia do Estado- Maior da 3ª Região Militar em três ocasiões.

Foi subcomandante da Academia Militar das Agulhas Negras em Resende- RJ de 12 Abr1960 a 8 Ago 1961. Promovido a Gen Bda em 25 Jul 1961, comandou a 4ª Divisão de Cavalaria (atual 4ª Brigada da Cavalaria Mecanizada ) em Campo Grande- MS, de 29 Ago 1961 a Fev 1963. . Comandou a Academia Militar das Agulhas Negras(AMAN), de 4 Mar 1963 a 8 Mar 1964. Nela teve papel importante para o desfecho incruento da Revolução de 1964, evitando um choque na altura de Resende, de governistas do CML (ex-I Ex) e contra revolucionários do CMSE (ex-II Ex).

Em 1º de Abril de 1964, o Gen Médici bloqueou a Via Dutra com fortes contingentes de cadetes nos quais as tropas do I Exército se recusaram a atirar, aderindo à Revolução e colocando-se sob as suas ordens . É um episódio importante da História da AMAN, em cujo Gabinete de Comando foi definido o destino vitorioso do Movimento Democrático de 31 de março 1964. Foi Adido Militar da Embaixada do Brasil em Washington e. Delegado do Brasil junto à Junta Interamericana de Defesa e lá integrou à Comissão Mista – EUA de 30 Jun 1964 a 21 Out 1965, onde foi promovido a Gen Div em 23 Jul 1965. A seguir foi Comandante da 3ª RM - Porto Alegre, 10 Dez 1965 a 9 Jan 1967. A seguir 1º Subchefe do Estado- Maior do Exército no Rio de 30 Jan a 17 Mar 1967 e chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI) no Rio (no antigo Ministério da Fazenda), de17 Mar 1967 a 16 Abr 1969. Foi promovido a General de Exército em 25 Mar 1969 e nomeado comandante do Comado Militar do Sul (ex III Ex) de 16 Abr a 20 Out de 1969 por cerca de 6 meses.

Presidente da República e seu apoio ao culto da História do Brasil

Escolhido para Presidente da República em função da doença do Presidente Arthur da Costa e Silva, foi eleito pelo Congresso em 25 Out 1969, com 239 votos a favor, e 76 abstenções .

O Presidente Médici, como Presidente da República, deu ênfase ao culto da História do Brasil. Apoiou e estimulou , como comandante do III Ex, o Parque Histórico Marechal Manoel Luiz Osório em Tramandaí- RS, e estimulou a seguir, como presidente, o Parque Histórico Nacional dos Guararapes, cujo planejamento, implantação e inauguração em 1970/71 tivemos o privilégio de coordenar de fato, por delegação do comandante do então VI Exército, o Gen Ex Arthur Duarte Candal da Fonseca.

A atual sede do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Edifício Pedro Calmon, à Av. Augusto Severo, 8, no Rio, deve-se a sua sensibilidade. Pedro Calmon, em gratidão, reservou uma sala como Gabinete do Gen Médici que foi desmontada ao desaparecer Pedro Calmon, pela Diretoria que o sucedeu.

Documentamos a projeção de sua obra no culto e divulgação da História do Brasil em nossa obra. Como estudar e pesquisar a História do Exército Brasileiro. Brasília: EME/EGGCF, 1978, ora em reeditada pelo EME e nas p. 14/15.

A tomar posse como Presidente de Honra do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1971 proferiu discurso onde destaco esta sentença:

" Não se governa ou bem se comanda sem História e historiadores ."

A seguir estimulou com pompa e circunstância as, comemorações do sesquicentenário da Independência do Brasil , promovendo o traslado para o Brasil dos restos mortais de nosso 1º imperador D.Pedro I e marcando-se a memória deste evento com a publicação de vasta bibliografia então produzida

O Gen Médici casou com D. Sylla Nogueira Médici, com quem teve os filhos Roberto e Sérgio.

Sua atuação como Presidente é amplamente focalizada pela imprensa da época. Sônia Dias e Leda Soares fizeram ampla abordagem de sua obra no Dicionário Histórico Biográfico Brasileiro FGV-CPDoc (v. 3, pp. 2159-2172), onde remetem o leitor a numerosas fontes. O biografou em 1973 o Gen Iberê Matos, em A imagem de um Presidente. Todas, obras para um julgamento sereno, no futuro, num projeto Verdade Histórica que se impões longe das paixões do momento e com possibilidade de contraditório ausente na conjuntura atual . Como Presidente conseguiu uma excelente identificação popular. Possuía um carisma todo especial. Faleceu no Rio, em 10 de Out de 1985, sendo velado no Clube Militar, onde comparecemos e testemunhamos fatos ali ocorridos.

Sobre a atuação do Gen Médici como comandante da AMAN e dos demais setores da Academia, o Aditamento ao Boletim Interno /24 de Abr de 1964 com 6 anexos, a detalha. Fizemos considerações estratégicas sobre a posição de Resende nas revoluções de 1842, 1932 e 1964 em 1994 -AMAN – Jubileu de Ouro em Resende. V. Redonda: Gazetilha, 1994 p. 14-15).

Focalizamos sua ação no CMS na obra de nossa lavra Comando Militar do Sul - 4 décadas de História. Porto Alegre: CML, 1995.

 

Servir, e servir cada vez melhor, o lema que adotou na 3ª RM.

 

Ao deixar a 3ª Região Militar o Gen Médici despediu-se no BI Regional de 9 Jan 1967 e nos seguintes termos, exemplares às atuais gerações, como lição de bem comandar.

"Foi, para mim, motivo legítimo de profunda alegria e justificado orgulho, o ter sido comandante efetivo da 3ª Região Militar. No decurso de minha já longa vida militar, em várias oportunidades anteriores prestara serviços nesta Região. Neste Quartel General desempenhei funções de Chefe de Secção e Chefe do EMR/3. Cumpri pois, aqui, todas as funções atribuídas a um oficial de Estado- Maior. Anteriormente, ainda subordinado diretamente à 3ª RM, exerci as funções de comandante do CPOR-PA, um dos órgãos regionais que instrui e forma os oficiais da Reserva de 2ª Classe do Exército, necessários à 3ª RM para atender seus encargos de Mobilização.

O Rio Grande do Sul tem sido, através do tempo histórico, aquele espaço brasileiro onde, por excelência, se afirma a nacionalidade. No passado foram as lutas de fixação das lindes internacionais; no presente tem ele sido o cenário onde se ferem outras lutas de afirmação, de características diferentes porque travadas contra brasileiros que se voltaram contra as mais legítimas tradições nacionais e que, protegidos por aquelas mesmas fronteiras marcadas com o sangue de nossos antepassados, trazem essa nova forma de luta para o solo gaúcho. Tudo isso diferencia a 3ª das demais Regiões Militares. Suas peculiaridades, a amplitude e a natureza do apoio que se lhe exige e, em decorrência, os problemas que a ela cabe solucionar, a tornam ímpar, exigindo dela um ambiente característico que a destaca e que se constitui na verdadeira base onde se assenta o trabalho do seu comandante.

Encontrei, também, velhos problemas que se vêm arrastando ao longo do tempo à procura de soluções adequadas às realidades regional e nacional. Para eles, desde o início, esteve voltada a minha atenção, e entendendo que somente um planejamento conjunto, objetivando uma solução global, poderia conduzir a resultados satisfatórios, foi que decidi nomear comissões para estudá-los, equacioná-los e integrá-los em busca do melhor caminho a seguir.

Porém, tal é a magnitude do empreendimento, que um ano foi tempo insuficiente para apresentar a obra definitivamente concluída, restando-me a satisfação de poder apresentar a meu sucessor, um planejamento em estudo e uma execução iniciada.

É diverso e complexo o apoio administrativo que a preparação e a conduta da guerra moderna exigem. No entanto, a natureza da guerra que hoje enfrentamos, predominantemente ideológica, com destaque especial quanto ao seu aspecto interno e o exterior, o desenvolvimento dos órgãos destinados a prover esse apoio baseado apenas em necessidades do momento justifica-se, plenamente, pelas condicionantes desse mesmo momento - estava pois, o apoio logístico, a exigir uma solução diferente, radical mesmo, em sua concepção que oferecesse, como solução final, não apenas o "Bem servir" mas o "Servir Melhor", lema que tão bem define a atuação da 3ª RM.

Visando sanar a inadequabilidade da atual localização de diversos órgãos de apoio, enquistados em pleno centro da cidade de Porto Alegre e, portanto, sujeitos aos inconvenientes de tal situação, a 3ª RM adquiriu uma gleba de 185.783,00 metros quadrados, na Vila Anchieta, para nela construir, num sistema administrativo integrado, as instalações que permitirão a centralização dos Estabelecimentos, Parques e Depósitos Regionais situados nesta capital.

Faz parte, também, desse planejamento, a administração centralizada e a segurança da área de um Batalhão de Comando e Serviços integrado pelos elementos orgânicos dessa Organização Militar (OM), solução que, diferente do que até então se vem praticando no Exército Brasileiro, se mostra mais adequada, não só à realidade do momento histórico que vivemos, mas também representa um primeiro passo, nesta Região, em busca de um futuro novo, promissor, renovado e que, do passado, trará somente aquilo que de legítimo e de autêntico possuem as tradições brasileiras.

Considerando atualmente as difíceis condições decorrentes do déficit habitacional pelo qual atravessa o país e da obrigatoriedade de freqüentes mudanças de domicílio ocasionadas pelas necessárias movimentações dos quadros do Exército, a moradia para militares em serviço ativo foi considerado, durante meu comando, assunto de primordial importância no que respeitada a valorização do Homem. Visando minorar essas dificuldades, várias providências foram tomadas em 1966. Delas cumpre salientar, não apenas por sua repercussão no campo assistêncial, mas também pela rapidez de seu andamento, a construção de um edifício com 32 apartamentos para oficiais em Porto Alegre, cuja conclusão é esperada para o próximo mês de Fevereiro de 1967. Relativamente a essa obra, cabe-me ainda aludir que, embora a Capital Gaúcha abrigue três Quartéis Generais de Grandes Unidades e inúmeras outras Organizações Militares, constituindo-se em uma das mais antigas e desenvolvidas Guarnições Militares do país, possuía, até 1966, apenas 5 residências para militares, todas destinadas a Oficiais Generais; por isso, esse empreendimento assume papel de pioneiro no setor de moradia nesta cidade.

No interior do Estado foram concluídas e entregues à militares lá em serviço, 73 moradias, avultando a Vila Militar de Santo Ângelo, na qual foram ultimadas 20 casas, sendo que 10 destinadas a oficiais e 10 para sargentos, a aquisição de uma residência destinada à moradia do Comandante da Infantaria Divisionária 3(ID/3 ) e a conclusão de 20 casas, em Pelotas.

Em síntese, durante este ano em que tive o privilégio de comandar a 3ª RM, foram aplicados Cr$ 1.775.941.700 na construção de moradias para militares, cifra que por si só traduz o interesse posto para a solução de tão relevante problema, e foram entregues para utilização 73 moradias, estando outras 77 unidades residenciais em construção.

O ano de 1966 marcou, no Exército, o início de um nova fase no que se refere à Assistência Social. Restrita, anteriormente, a pequenos benefícios promovidos através dos CENTROS SOCIAIS, dos Armazéns Reembolsáveis e das Instalações de Saúde, nem sempre capacitados à prestação de assistência efetiva, lançou-se o Exército em nova direção, destinando recursos para atendimento de necessidades financeiras inadiáveis da comunidade, do grupo, e mesmo do indivíduo.

Sendo iniciativa pioneira, desde logo surgiram duas modalidades diferentes de execução: a centralização dos recursos com o Cmt da 3ª RM ou a sua descentralização, para emprego por decisão dos Comandantes das Guarnições Militares apoiadas.

Ainda neste setor assistencial tive a satisfação de ver concluídos os estudos e assinei convênio com a firma ARMADOR MAJEWSKI para prestação de "Assistência a Funeral" para dependentes de militares.

Os órgãos industriais subordinados a esta RM prosseguiram, no decurso de meu comando, integralmente seus programas de produção. Cabe-me, entretanto, destacar as tarefas realizadas pelo 3º Parque Regional de Moto Mecanização , de Santa Maria, em virtude da solução definitiva que obteve para três velhos e cruciais problemas, recuperação de motores, baterias e pneus.

Os demais órgãos provedores diretamente subordinados também – bem aprenderam e aplicaram o lema que adotei durante o meu comando nesta RM: "Servir, e servir cada vez melhor"

Quero agora referir-me, embora de forma ligeira, ao trabalho que se desenvolveu e se está desenvolvendo no Campo de Instrução Barão de São Borja (CIBSB.).

Tudo o que foi feito no CIBSB em 1966, o foi com recursos provenientes do próprio Campo.

De suas atividades nesse período, desejo destacar:

- o aumento do rebanho bovino com a aquisição de mais 2.000 cabeças de gado;

- a melhoria do rebanho ovino pela compra de melhores reprodutores;

- o início da criação eqüina da Raça Crioula;

- o início, em caráter experimental, da inseminação artificial em bovinos;

- a realização, pela primeira vez, do teste de brucelose;

- a melhoria das instalações do Engenho de Arroz, tendo em vista o aumento de sua capacidade produtiva;

- a construção e recuperação de 36 quilômetros de cercas de arame;

- a construção e recuperação de 36 açudes;

- o início do reflorestamento de algumas áreas com o plantio de cerca 20.000 mudas, trabalho executado sob a orientação da Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul.

Visando o equipamento do CIBSB, estão planejadas e em estudo seguintes medidas:

- construção de mais açudes, o prosseguimento do reflorestamento, visando, basicamente, a formação de cortinas florestais para quebra-vento e a implantação de abrigos, a subdivisão dos proteiros e a criação de mais três fazendas, sendo uma Experimental.

O CIBSB é uma fonte potencial de variados recursos da 3ª RM. Por sua extensão, comportando atividades agrícolas e pastoris simultâneas, sem prejuízo das possibilidades da implantação de um excelente Campo de Instrução especializado de que a recente "Operação Caverá" é prova inconteste, fez com que minha atenção estivesse sempre voltada para ele como uma área de inestimável valor, já que lá será possível integrar o binômio PRODUÇÃO-INSTRUÇÃO, sem prejuízo de nenhum dos componentes, numa experiência nova para este Exército Brasileiro que se renova, e que, na renovação, há de encontrar o melhor caminho para atingir a eficiência necessária a cada vez melhor cumprir sua destinação constitucional.

Embora Grande Unidade, com missão de apoio administrativo, a 3ª RM, no ano1966 não descurou dos problemas pertinentes à Instrução, particularmente naqueles ligados à Segurança Interna. Foi intensificada a instrução de Oficiais e de Sargentos. Para Oficiais do Quartel Regional /3 e das Organizações Militares Regionais de Porto Alegre foi dado destaque aos assuntos diretamente referentes ao conhecimento e equipamento do território regional e à instrução de tiro, inclusive realizando-se sessões para conhecimento e emprego do moderno armamento (FAP e FAL) com que se está dotando o Exército.

"... Outro motivo de satisfação para esta RM, no que se refere à Instrução, é o modo amplamente satisfatório da formação de oficiais da reserva no CPOR-PA e nos Nucleos de Preparação de Oficiais da Reserva (NPOR) anexos ao 7° RI, 9° RI. I/19° RI e 3° RO 105..."

"... Ao assumir o Comando da 3ª RM senti necessidade de um contato direto mais freqüente com os comandantes chefes e diretores das OM Regionais. Assim, foi que estabeleci uma programação de reuniões periódicas, quinzenalmente para as OM de Porto Alegre, e na forma de simpósios, por natureza do serviço, para as localizadas no interior. Tal prática apresentou resultados altamente positivos, pelos objetivos que foram atingidos, permitindo uma mais fiel compreensão e execução das diretrizes e normas estabelecidas pelo Comando. É pois, com especial prazer que registro o esforço, a dedicação e o zelo desses oficiais, sem o que não teria sido possível construir da 3ª RM a magnífica "equipe de trabalho" em que ela se constitui. Em tópico à parte, individualmente, apreciarei a atuação de cada um."

Resta-me ainda, ao apreciar a 3ª RM como um todo, ressaltar o espírito de disciplina, de trabalho e de camaradagem que gera este extraordinário ambiente de confiança e de lealdade do qual me vi cercado e que se constitui no fundamento onde se assenta a transformação em realidade, do ideal contido no lema "SERVIR, E SERVIR CADA VEZ MELHOR".

Finalmente, aos despedir-me de meus camaradas da 3ª RM, desejo dirigir-lhes somente mais uma palavra.

A atualidade mundial e a realidade brasileira estão a exigir não apenas muito de discernimento, de meditação e de sacrifício de nossa parte mas, especialmente, estão a exigir de cada um, e de todos nós, continuada ação em defesa dos interesses da Pátria e de sua Segurança. E penso que neste momento apenas uma idéia deve nortear essa ação: a de que em nossa Pátria não houve revolução, mas sim que uma REVOLUÇÃO está em marcha para construir um novo BRASIL.

 

Último discurso

 

Como homenagem ao grande comandante da 3ª RM, asua grande escola de comando e de administraçãp é que transcrevo trechos de seu discurso derradeiro como Presidente da República, cargo culminante em cujo exercício muito se valeu da experiência adquirida como oficial do EMR/3, Chefe do EMR/3 por três vezes nos comandos dos generais Coriolano de Andrade e Arthur da Costa e Silva e, finalmente seu comandante operoso que lançou o lema: Servir, e servir cada vez melhor!

"Como ninguém governa só, volto o pensamento, nesta hora, para o alto colégio de estadistas e administradores, ilustres entre os mais ilustres, que em torno de min se congregaram, como ministros de Estado, durante o período em que tive a honra, que não procurei mas que sumamente me desvanece, de ser, como Chefe do Governo, o primeiro servidor da Nação.

Pelo talento e pelo valor moral, pela inexcedível capacidade revelada no desempenho do seu ofício, pela incomparável energia e operosidade com que se devotaram ao exercício dos seus cargos, pela intransigente fidelidade aos deveres da relevante função que lhes foi cometida, pela exata inteligência do interesse coletivo, pela abnegação e espírito público de que, em todos os momentos, deram o mais eloqüente dos exemplos, esses admiráveis homens públicos não somente conferiram lustre ao meu Governo como, sobretudo, engrandeceram o Brasil.

Ao manifestar-lhes, em meu nome e em nome do País a que tão fielmente serviram, o mais profundo reconhecimento, não esquece a minha gratidão àqueles que, junto a min, no Palácio do Planalto, viveram com dedicação, austeridade, finura e lucidez, o dia- a- dia do Governo com o qual, em clima de inalterável cordialidade, se mantiveram sempre, quer nos propósitos, quer no comportamento, completamente identificados.

Às Forças Armadas desejo render, também, imperativa e justa homenagem pela maneira eficaz, patriótica e desprendida como se houveram no desempenho da sua missão constitucional. Seja pela garantia prestada aos poderes constituídos, à lei e à ordem, seja pela participação direta e vigorosa em programas administrativos da maior transcendência, as corporações militares, fiéis à sua vocação, contribuíram, de forma decisiva, para a segurança, desenvolvimento e tranqüilidade que imperam no País.

Nesta comovida expressão de agradecimento, envolvo, ainda, todos os agentes da Administração, dos primeiros aos mais altos degraus de hierarquia, porquanto, a todo o tempo e em todo o lugar, os servidores públicos acudiram, modelarmente, com presteza e proficiência, ao chamado para o cumprimento das missões, planos e programas governamentais.

À grande e generosa família nacional, nobre e compreensiva, ativa e entusiasta e empreendedora, quero, mais uma vez, creditar parte do merecimento pela obra realizada em comum, por governantes e durante o período presidencial que hoje termina. Não fossem, na realidade, os recursos humanos com que contamos, recursos em que reside o que de mais precioso possui o Brasil, recursos cuja qualidade está em pleno desenvolvimento, não se teriam alcançado, nas condições que história administrativa assinala, os objetivos que comandaram nestes últimos anos, a ação do poder público.

Cada país, pela singularidade dos traços que lhe desenham a fisionomia, é um ser político distinto e inconfundível. Cumpre, pois, à sociedade política buscar para os seus problemas, no exercício do direito de autodeterminação, as soluções indicadas pelo seu peculiar interesse, assim no plano econômico como na órbita social, assim no terreno cultural como na esfera política.

A cada povo se reconhece, por isso mesmo, dentro da tradição e da cultura ocidentais, o arbítrio de trilhar, sob o império da vontade social preponderante, os próprios caminhos para prover, à sua maneira e em obediência aos valores que lhe plasmam a individualidade, ao bem-estar e à felicidade coletiva.

Dessa prerrogativa se utiliza, superiormente, com imaginação e espírito criador, o regime vigente para fazer com que predomine a sua concepção do bem comum, alicerçada na prosperidade, na justiça social, na modernização da sociedade, na quebra do círculo vicioso do subdesenvolvimento humano, na ordem, na segurança, na unidade e na coesão nacional.

Do homem se diz, com profundidade não estreme de paradoxo, que somente nasce de modo completo quando morre. Isto porque é morrendo que o ser humano acaba de se realizar, fixando, de forma definitiva, a sua feição existencial. Dos governos, semelhantemente, se pode dizer que nascem por completo quando terminam, porque é terminado que assumem, por igual, a sua feição definitiva.

Neste instante pois, em que se exaure o meu mandato, nasce por completo, na sua perspectiva temporal, o Governo que presidi; portanto, aqui e agora, se encerra o ato derradeiro da missão que me foi incumbida. Nasce por inteiro exatamente no momento, para mim culminante, da transmissão do cargo de Presidente da República ao meu ilustre sucessor, Gen Ernesto Geisel.

Rico de significado, o fato histórico que ora se desdobra que se constitui reafirmação solene e incontestável do caráter impessoal do regime e de sua fidelidade aos princípios que lhe regem o funcionamento. Reflete este ato, de um lado, a plena estabilidade reinante no País, - estabilidade em que se funda o seu excepcional progresso sócio- econômico, - bem como traduz, de outra parte, o apoio maciço do povo brasileiro à filosofia social e política da ordem revolucionária. Escolhido, em pleito livre e democrático, sob clima de absoluta tranqüilidade, pelo sufrágio da imensa maioria dos representantes do povo brasileiro, para guardião supremo dos ideais da Revolução de Março, o novo Chefe do Governo possui todas as condições para desencumbir- se, cabalmente, da missão que, em boa hora, debaixo do consenso geral da Nação, lhe foi atribuída.

Na fidelidade do Presidente Ernesto Geisel aos valores que informaram a decisão política de 31 de Março, no seu porte de estadista, no seu profundo conhecimento dos problemas nacionais, na sua envergadura ética e intelectual, na pureza dos seus princípios e na intransigência com que os observa, nas suas qualidades de administrador e nas suas virtudes de homem de ação, em tudo isso se funda a justificada simpatia e confiança com que o Brasil recebe a sua investidura na chefia do Governo.

Animado dessa mesma confiança e simpatia, é que lhe transmito, de coração aberto e pleno de otimismo, o cargo de Presidente da República, em cujo exercício saberá manter o Brasil no rumo da grandeza a que está destinado. Saberá, sobretudo, o Gen Ernesto Geisel, na Magistratura Suprema da Nação, com a sua peculiar acuidade, patriotismo e prudência, não só prosseguir e consolidar os objetivos estabelecidos, como também criar objetivos novos, já que no governo dos povos, como é curial, não há objetivos definitivos e invariáveis. Saberá, dessa maneira, enfrentar os problemas suscitados por fatos sociais essencialmente novos, resultantes da velocidade com que, em nossa época, - já denominada, com propriedade, de segundo Século XX - evolui a comunidade humana. Saberá, em suma, realizar, em benefício do País, tudo o que for requerido pela felicidade do seu povo.

Senhor Presidente Ernesto Geisel: que Deus proteja Vossa Excelência e o seu Governo."

Durante seu governo falou certa feita o Presidente Médici:

"Sinto-me feliz todas as noites quando ligo a TV para assistir ao jornal. Enquanto as notícias dão conta de greves, de agitações, atentados e conflitos em várias partes do mundo, o Brasil marcha em paz, rumo ao desenvolvimento. É como se eu tomasse um tranqüilizante após um dia de trabalho."

Em 16 abril 1999, decorridos 28 anos da inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes em 19 Abr 1971 pelo Presidente Médici. Parque que coordenamos seu planejamento, construção e inauguração e lançamos o livro As batalhas dos Guararapes - análise e descrição militar, e A Grande festa dos lanceiros , sobre a inauguaração do Parque Histórico General Osório, tivemos a sensação do dever cumprido ao ver o Parque consagrado e nosso livro servir ali de base para ilustrar com seus mapas e maquete do Mirante ali construído em 1999, nos 350 anos da 1ª Batalha e, mais, de ver nosso livro basear giro do horizonte realizado pelo comandante da 10 ª Bda Inf Mtz, uma demonstração de um combate simulado pelo 14 Batalhão de Infantaria Motorizado Batalhão Guararapes, seguido de deslocamento de 4 equipes de oficiais, tendo seu líder, em diversos pontos do campo de batalha, mostrado o desenvolvimento da 1ª Batalha. E tudo iniciado com a surpresa de ser designado pelo Gen Div Paulo Roberto Yog de M. Uchôa, comandante da 7ª RM/7ª DE, para hastear o Pavilhão Nacional nos Guararapes em reconhecimento ao nosso pioneirismo na concretização do Parque Histórico Nacional dos Guararapes e pelo nosso livro sobre as Batalhas. E pensei, ali, que tudo isto não teria lugar, não fora a determinação pessoal do Presidente Médici em concretiza-lo, em reconhecimento por ali haver despertado o espírito de força armada e de nacionalidade brasileiras.

Lembro que, em 19 Abr 1971 no interior da Igreja dos Guararapes, três meninos de Pernambuco, um branco, um índio e um negro prestaram comovente homenagem ao Presidente e a D. Sylla que muito os comoveram. Homenagem também que nos foi prestada, de surpresa, pelos mesmos meninos dentro da igreja em reconhecimento a nosso empenho na missão de tornar realidade o Parque Histórico Nacional dos Guararapes, ao sermos transferidos para Brasília.

Ao falarmos no dia anterior na SUDENE, no 1° Simpósio Guararapes dedicamos nossa palestra a memória dos generais :Mascarenhas de Morais que em 1942 transladou para a igreja dos Guararapes, em cerimônia cívico militar, os restos mortais de João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros. Chefe ilustre que ao final da Guerra, em 1945, depositou nos Guararapes os louros da vitória da FEB; do Gen Humberto de Alencar Castelo Branco que desapropriou em 1965 o local das batalhas e finalmente do Gen Médici que idealizou, concretizou e inaugurou como presidente o Parque Histórico Nacional dos Guararapes e todos, hoje, em última análise, responsáveis pelo culto acendrado e conhecimento da epopéia Guararapes pelo Exército no Nordeste, onde os militares se saúdam com as palavras PÁTRIA tendo como resposta BRASIL! Trabalho consagrado pelo Gen Ex Zenildo de Lucena ao propor ao Presidente da Republica Itamar Franco e este endossar o Decreto de 24 de março de 1994 que criou o Dia do Exército , na data de 19 de abril comemorativa , da vitória luso brasileira na 1ª Batalha dos Guararapes .

 

 

Isto com o significado de que o sentimento de Pátria Brasil nasceu ali no Nordeste, em Maio de 1645, quando 18 líderes patriotas firmaram um compromisso de libertar a Pátria Brasil, do domínio do invasor, independente de Portugal que não possuía condições diplomáticas de fazê-lo.

Recordando Pedro Calmon, amigo do Gen Médici, ao qual devia as modernas instalações do atual Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, ele assim definiu o sentido dos Guararapes onde o Presidente criou o Parque Histórico.

"Foi nos Montes Guararapes há 350 anos. A maior das batalhas. O supremo desafio. O duelo mortal do invasor com o filho da terra, do estrangeiro com o nativo, da poderosa opressão e da liberdade heróica... Ali nos Guararapes, em verdade, o luso brasileiro fixou e definiu o seu direito à terra. Tornou-se pela força das armas o seu dono."

Para Gilberto Freyre "Nos Guararapes escreveu-se a sangue o endereço do Brasil, o de ser um só e não dois ou três, hostis entre si."

É fácil, pois, concluir-se o empenho do antigo comandante do III Exército em concretizar o Parque Histórico Marechal Manoel Luiz Osório que foi objeto de nosso citado livro A Grande Festa dos Lanceiros. Recife: UFPE, 1971, (também lançado na inauguração do Parque Guararapes) e depois como Presidente, empenhar-se na construção do Parque onde, em tempo recorde, foi implantada a belíssima e cara rodovia de contorno, por desejo expresso do grande ministro Cel Mário Davi Andreazza. E ela lá está como instrumento de proteção e turismo no Parque de que é guardião o Regimento Guararapes.

O Gen Ex Gleuber Vieira, Ministro do Exército, por Portaria de 8 de Junho deu a denominação histórica de Batalhão Presidente Médici ao 8° Batalhão Logístico de Bagé, originário do 12° Regimento de Cavalaria, a primeira Unidade do então Aspirante de Cavalaria Emílio Garrastazú Médici onde ele serviu por 10 anos, de 1927-37, e com a qual realizou operações na Revolução de 30. Unidade de apoio logístico, atividade em se consagrou o Gen Médici como comandante da 3ª Região Militar, a qual imprimiu o lema Servir, e servir cada vez melhor!

E aqui como historiador e memorialista militar ,aos 74 anos, registro estes dados e,justo no dia 27 de novembro de 2005, em que a AMAN ,em formatura geral evocou seu grande comandante , em alocução já ivulgada pela AHIMTB em seus sites e proferida pelo seu acadêmico Ten Cel Cláudio Weirich , chefe da Cadeira de História

(x) Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e do Instituto de Hist[ória e Tradições do Exército