CAXIAS VÍTIMA DE CALÚNIA POTENCIALIZADA

Cláudio Moreira Bento (x) ahimtb@resenet.com.br

(A pedido do GBOEX)

Em 29 de março, na RBS, no programa A Ferro e fogo, o antropólogo, Iosvaldir Carvalho Bittencourt, da PUC, ressuscitou caluniosa controvérsia que havia transitado e julgado na História, de que a surpresa do Exército Farrapo, em Porongos, em 14 nov 1844, foi resultado de uma traição de Canabarro à causa farroupilha, em combinação com Caxias e Chico Pedro. Ressurreição apoiada em falso oficio (ou forjicado) que teria sido dirigido por Caxias a Chico Pedro ou Moringue. Tese absurda que ninguém mais acredita e a minisérie A Casa das Sete Mulheres deixou claro. Iosvaldir amparou sua tese em Mário Maestri, em O Escravo Gaúcho Resistência e Trabalho.1993, que aborda e interpreta o ofício forjicado, assim também considerado pelos historiadores, Alfredo Varela; Othelo Rosa; João Baptista Pereira ; Alfredo Ferreira Rodrigues; Assis Brasil; Walter Spalding; Henrique 0. Wiedersphan; Ivo Caggiani ; Eugênio Vilhena de Moraes ; Tasso Fragoso, Calvet Fagundes e nós, em O Exército farrapo e os seus chefes; Estrangeiros e descendentes na História Militar do RGS e O Negro e seus descendentes na Sociedade do RGS. Este prefaciado por Carlos Santos, ilustre descendente da raça negra, como o foi José Mariano de Matos e o é o Dr Alceu Colares que governaram interina ou efetivamente, caso do último, os destinos do povo gaúcho. José Mariano de Matos, que em 1844,na Constituinte, em Alegrete, apresentou projeto de Abolição da Escravatura. E a farsa foi assim desfeita por Felix de Azambuja Rangel: "Após a surpresa de Porongos, Chico Pedro acampado no Pequeri, disse ao seu major João Machado de Moraes - És capaz de imitar a firma de Caxias! Respondeu-lhe: A letra é boa e talvez eu possa imitar ! Pois vamos fazer uma intriga contra Canabarro. Pois este homem é o único que pode ainda sustentar a Revolução, portanto vamos fingir um ofício de Caxias para mim, dizendo que no dia tal ataque de Porongos, mais ou menos, vá atacar Canabarro e derrotá-lo, visto haver entre ele, Caxias e oficiais deste, um convênio .Intriga devido a dizerem os farrapos que Canabarro era um traidor. E assim este distinto general republicano passou a traidor, o que é uma grande ofensa ao seu ilibado caráter e imorredoura memória". O citado Felix mencionou que Chico Pedro encontrando-se com Caxias, em Piratini, mostrou o oficio que ditou em Pequeri, no que Caxias aprovou e mandou tirar pelo seu Secretário a cópia que assinou, entregando-a Chico Pedro, que , ao passar pela casa de Manoel Rodrigues Barbosa, lhe mostrou. Este republicano exaltou-se, chamou Canabarro de traidor e pediu a Chico Pedro para deixar-lhe copiar o ofício. Logo que se retirou Chico Pedro, Manoel fez algumas cópias e remeteu uma delas a Bento Gonçalves.. E Manuel Patrício de Azambuja, cunhado de Felix, informou que "ouviu Chico Pedro, seu comandante, dizer: Produziu bom efeito a bomba que lancei no meio dos farrapos...E na Quinta do Bibiano eu soube da trama, por Chico Pedro, do falso oficio e imitação da assinatura de Caxias... Em caminho, Felix expôs-me reservadamente parte do que fica dito, o que mais tarde isto me disse o próprio, o Chico Pedro" E prossegue " É que Canabarro era único chefe farrapo que realmente tinha prestígio para manter por mais algum tempo a luta, por isso bem compreenderam Caxias e Chico Pedro inutiliza-lo, indispondo-o com os outros generais e seu Exército, o que conseguiram com o artificioso plano." Chico Pedro, chefe militar notável e que admiro como soldado, omitiu este fato em suas Memórias publicadas na RIHGRGS,1921. Qual seria o motivo? Sobre a assinatura por Caxias do forjicado oficio em Piratini, o historiador local, David de Almeida negou que Caxias tenha lá estado, quando a isto fiz uma referência. Estas considerações sintetizam artigo que divulgamos nos sites como presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) e do Instituto de História e Tradições do RGS(IHTRGS) www.resenet.com.br/users/ahimtb e no www.militar.com.br/história e no Informativo Guararapes 37, da AHIMTB etc. Lamentamos que ao invés de um Projeto Verdade, A ferro e fogo patrocine monólogos, sem o direito ao contraditório, por historiadores especializados em História Militar para que seus assistentes não sejam manipulados, como no caso em tela.


(x) Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB)