A REVOLTA DO CONTESTADO 1912-15 NO CENTENÁRIO DE SUA ECLOSÃO
Cel Claudio Moreira Bento (Presidente da FAHIMTB e da AHIMTB/Resende Marechal Mário Travassos, Historiador militar e jornalista)
Cel Cláudio Moreira Bento(X)
No Centenário da Guerra do Contestado algumas reflexões
Neste ano comemora-se o centenário da Guerra do Contestado, que durou cerca de 46 meses, de outubro de 1912 a agosto de 1916, com a prisão do último líder da Revolta Adeotato Ramos. Ela foi considerada por Nilson Cesar Fraga, grande estudioso desta tragédia social, “como a maior guerra camponesa ocorrida na América do Sul”. Ela superou a Guerra dos Muckers em 1874, no Rio Grande do Sul e a de Canudos em 1897, no sertão baiano, como resultado de omissões ou de impossibilidades de atender obrigações sociais de parte dos governos federal, estaduais e municipais que resultaram no abandono de populações pobres e injustiçadas e órfãs do Poder Publico, levando-os à revolta, e obrigando os governos estaduais a recorrem ao governo federal para empregar o Exército para evitarem mal maior, o caos e danos irreparáveis à Unidade Nacional e a Paz Social.
A nossa abordagem no centenário, desta guerra é do ponto de vista militar, com vistas a dela retirar lições preciosas no tocante à História Operacional e Institucional do Exército no período e das polícias militares de Santa Catarina e do Paraná.
Os aspectos políticos, sociais e econômicos, acreditamos encerrem preciosas lições para os historiadores estudiosos sobre política, sociologia, antropologia e economia na Guerra do Contestado, para deste mergulho crítico melhor entenderem o presente e fornecerem as ferramentas para as atuais e futuras lideranças políticas construírem um Brasil mais seguro, mais justo, com menos miséria e militarmente mais forte, à altura de sua grande e crescente projeção econômica e social mundial e com imensas riquezas do povo brasileiro a proteger.
Esta tragédia, creio, hoje será colocada injustamente por muitos, como responsabilidade do Exército e das Policias Militares do Paraná e Santa Catarina, como o foi para muitos setores a tragédia social de Canudos, sobre a qual em Seminário sobre Centenário de Canudos, na Câmara Federal, que fomos convidados a participar, e em que em nome da Academia de História Militar Terrestre do Brasil, (AHIMTB), hoje transformada em FAHIMTB, que desenvolve desde 1996 a História das Forças Terrestres do Brasil, (Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Polícias e Bombeiros Militares e outras forças que as antecederam, Guarda Nacional e Voluntários da Pátria etc. Tivemos lá a oportunidade de defender a atuação do Exército e de 13 Polícias Militares de interpretações dominantes, as incriminando, quando a responsabilidade histórica por aquela tragédia social foi da Sociedade Brasileira como um todo, que não tomou, em tempo, ou não teve condições de tomar as medidas preventivas para que aquela tragédia social não ocorresse com pesadíssimos tributos em vidas imoladas de soldados brasileiros,e de civis injustiçados e abandonados pelo Poder Público, naquele conflito cruel.
Em 1905, a Escola Militar da Praia Vermelha foi fechada em decorrência da sua participação Revolta da Vacina Obrigatória em 1904. Ainda em 1905, em função dessa Revolta, foi baixado o Regulamento do Ensino de 1905, que revogou o Regulamento de Ensino de 1874, de natureza bacharelesca, que resultou na criação de oficiais doutores, formados em Engenharia e Ciências Físicas e Matemáticas e os colocando numa 2ª classe, discriminada pelos primeiros, os oficiais profissionais, voltados para Então procuramos recordar aos presentes, bem com em entrevista na Globo News, de que o Exército é o Braço Armado do Povo Brasileiro e que a sua presença em Canudos foi determinada pelo Povo Brasileiro através de seus representantes no poder Executivo e no Legislativo. E esta é a conclusão que se retira da Carta Magna. E lá registramos que o Exército Brasileiro só atuou em Canudos por determinação da Presidência da República e de igual forma na Pacificação do Contestado. E mais, que historicamente ele só foi e somente irá onde os poderes Executivo e Legislativo, que representam o Povo Brasileiro, determine.
O Exército à época da Guerra do Contestado
atividades relacionadas com a Segurança Nacional e que passaram, por preconceito, a serem tratados por tarimbeiros. E os oficiais bacharéis dominariam o Exército por 31 anos, não priorizando as atividades ligadas à Defesa Nacional. E esta situação pendurou até a edição do Regulamento de 1905, por influência de oficiais veteranos ou filhos de veteranos da Guerra do Paraguai.
De 1874 a 1905, por cerca de trinta e um anos, o Exército foi dominado pelos bacharéis
e teve de enfrentar, em condições precárias e, por vezes, com operacionalidade inferior aos revolucionários, na Guerra Civil de 1893-95, na Região Sul, combinada com a Revolta na Armada irradiada do Rio de Janeiro e, a seguir, A Guerra de Canudos em 1897, no sertão baiano. A primeira reação dos até então denominados tarimbeiros, veteranos e filhos de veteranos da Guerra do Paraguai foram as seguintes, iniciativas lideradas pelo Ministro da Guerra Marechal João Nepomuceno Medeiros Mallet, filho do heróico patrono da Artilharia do Exército e que marcaram o início da Grande Reforma Militar do Exército 1898-1945.
- A criação do Estado-Maior do Exército em 1898;
- A criação em 1903, da Fábrica de Pólvora sem fumaça em Piquete -SP, que foi a primeira da América do Sul, liberando o Exército e a Marinha de Importar este ítem estratégico.
Em 1905, o Marechal Hermes da Fonseca, então comandante da atual 1ª Região Militar que leva seu nome como denominação histórica, por nossa sugestão e orientação, como oficial do EM/1ª RM em 1983/84, realizou com sua tropa as Manobras de Santa Cruz, dando prosseguimento as manobras de 1885, realizadas pelo Conde D’Eu, em Santa Cruz-RJ, Saicã e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e de quem ele foi o Ajudante de Ordens. Era mais uma iniciativa da Reforma Militar.
Em 1908, como Ministro da Guerra, o Marechal Hermes realizou profunda reorganização do Exército, criando as Brigadas Estratégicas, a Arma de Engenharia, a aquisição no exterior de grande estoque de fuzis Mauser, metralhadoras Madsen e canhões Krupp, com respectivas fábricas de munições e construiu novos e modernos quartéis.
Em 1910-1912 ele enviou para cursos no Exército Alemão oficiais das diversas armas. Em 1912, ano da eclosão da Guerra do Contestado, oficiais do Estado-Maior da 3ª RM, em Porto Alegre, fundaram a Revista dos Militares. E em 1913, no Clube Militar, um grupo de oficiais idealistas fundaram a Revista A Defesa Nacional, os quais, por suas ideias renovadoras, foram apelidados de Jovens Turcos.
Enquanto isto, em Porto Alegre, em 1906, foi recriada a Escola Militar, com a denominação de Escola de Guerra de Porto Alegre, e que lá funcionou de 1906 a 1911, tendo sido um celeiro de grandes líderes militares que dinamizaram e consolidaram a Reforma Militar.
Por ocasião da Guerra do Contestado o Exército era formado por profissionais e sem dispor de Reservas, o que foi tentado compensar com a formação de reservistas nos Tiros de Guerra, idealizados em Rio Grande/RS pelo Cel Honorário do Exército Antônio Carlos Lopes, um farmacêutico que estagiou na Suíça, de onde trouxe esta ideia para o Brasil, que logo recebeu o apoio do Ministro Hermes da Fonseca.
Enquanto isto se passava, ao final da Guerra do Contestado, no 2º ano da 1ª Guerra Mundial 1914/18, o poeta Olavo Bilac empenhou-se em Campanha Nacional em favor do Serviço Militar Obrigatório e com o concurso da Liga da Defesa Nacional, fundada por ele próprio e patriotas civis, visando fortalecer espiritual, moral e materialmente o Brasil.
Serviço Militar Obrigatório, inaugurado em 10 de Dezembro de 1916, no atual Palácio Duque de Caxias pelo Presidente Wenceslau Braz. Serviço que fora instituído no Brasil em 1876, pelo Duque de Caxias, mas não implementado, com a sua saída do Ministério e chefia do Gabinete de Ministros.
O Presidente Wenceslau Braz, que assinou a Declaração de Guerra à Alemanha, acabou com a Guarda Nacional, que tanto prejudicava o desenvolvimento do Exército, em razão de sua força política e econômica, mas então incapaz de prestar qualquer serviço militar ao Brasil, num mundo em Guerra. E também transformou as Policias Militares Estaduais em Reserva do Exército, aumentando assim a Reserva do Exército. E foi ele quem conseguiu um acordo entre os Governos Paraná e Santa Catarina, para colocar um fim à cruenta revolta social da Guerra do Contestado, motivada por injustiças e desamparos sociais que provocaram a sua eclosão.
Terminada a 1ª Guerra Mundial, de onde o Exército tirou grandes lições doutrinárias, através de oficiais brasileiros que nela combateram ao seu final, inclusive o mais tarde Marechal Jose Pessoa, o idealizador da Academia Militar das Agulhas Negras e o Capitão Tertuliano Potiguara de Albuquerque, herói do Exército na Guerra do Contestado, que foi promovido a tenente-coronel por ato de bravura na batalha de San Quentin.
Em 1919/21, funcionou na Escola Militar do Realengo, a Missão Indígena, integrada por oficiais selecionados em concurso pelo Estado-Maior do Exército, a qual formou uma geração de Elaboraram-se vários projetos, tanto no âmbito provincial, como no parlamentar, para decidir a questão. O próprio governo federal fora forçado a marchas e contramarchas na solução do problema, ao ponto de sustar a execução de um decreto que definia os limites em litígio. Ao aspecto meramente político-administrativo veio somar-se outro fator de ordem econômica. A erva-mate produzida em grande quantidade pelos municípios situados na faixa norte do Contestado em disputa passou a obter boa aceitação no mercado internacional. O beneficiamento, feito no Paraná, carreava bons rendimentos para o Estado.
No início da primeira década do século XX, fundou-se uma usina para o mesmo fim, de beneficiamento do mate, em Joinville, Santa Catarina. Imediatamente o Paraná criou barreiras que taxavam a erva exportada da região contestada para a cidade catarinense. E resultaram vários choques, envolvendo as forças policiais dos dois Estados e produtores de mate. Decorreu desta luta econômica em torno de beneficiamento do ouro verde da época, o derramamento de sangue irmão e forneceu terreno fértil às futuras violências.
Em 1901, Santa Catarina propusera uma questão ordinária de reivindicações sobre limites territoriais. Três anos depois o Supremo Tribunal Federal deu-lhe ganho de causa. Dois embargos, oferecidos pelo Paraná, foram rejeitados, por aquela Corte, que, em 1910, confirmou, pela terceira vez, a sentença original.
O Monge João Maria e sua influência no Contestado
Antes mesmo do derradeiro pronunciamento daquele Tribunal, instalou-se, em União da Vitória, uma junta governativa composta de destacados cidadãos paranaenses, a fim de criar o Estado de Missões, abrangendo toda a área do Contestado. O governo do Paraná interveio de forma conciliatória, conseguindo o adiamento da drástica resolução. A sentença da justiça, entretanto, não foi posta em execução. Interesses políticos e econômicos protelaram e impediram a implantação.
Expressivo número de colonos estrangeiros, notadamente alemães, acorrera para a região, desde o final do século passado. Os emigrantes aculturaram-se, lentamente, com os nossos caboclos daquelas plagas. Com as dificuldades de comunicação da época, esta população vivia afastada dos centros de cultura do país, possuindo educação precária e mentalidade estreita, onde a religião marchava de mãos dadas com o misticismo e o fanatismo. Neste terreno crédulo e facilmente impressionável, surgiu, por volta de 1882, um anacoreta conhecido por João Maria, o Monge. Este homem passou a percorrer os sertões, oficiais de alto gabarito com expressiva atuação e projeção nas conquistas da Revolução de 30. Missão Indígena que considero uma manifestação pioneira da célebre Semana de Arte Moderna.
Causas remotas e imediatas da Guerra do Contestado
Na área em que foi criada a província do Paraná, em 1853, por desmembramento da de São Paulo, havia uma antiga questão de limites que remontava ao período colonial.
Vários atos sucessivos alteraram a divisão territorial do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo, criando, ampliando, ou extinguindo ouvidorias, comarcas e distritos, conforme as conveniências do governo central e também dos próprios regionais.
Quando da sua instituição, a novel província do Paraná herdou as questões pendentes entre as províncias de Santa Catarina e de São Paulo.
Chegou-se ao fim do século XIX sem que as dúvidas tivessem sido dirimidas. Santa Catarina pretendia que os seus limites se estendessem para o norte, atingindo os rios Negro e Iguaçu, e para o sul, até a linha dos rios Canoas, Pelotas e Uruguai, enquanto o Paraná afirmava serem esses três últimos rios os definidores dos limites com o Rio Grande do Sul.
A área contestada pelos dois Estados: uma região tipicamente serrana, cortada de campos próprios para a pecuária, com vastas zonas intensamente arborizadas, formando densas florestas e possuidora de solo extremamente fértil e clima ameno, registrando-se no inverno temperaturas bastante baixas.
A área do Contestado poderia ser caracterizada numa visão geral, pelos rios Peperiguaçu e Santo Antônio, a oeste, Iguaçu e Negro ao norte, Pelotas e Canoas ao sul, e a leste por uma linha geral que, partindo das cabeceiras do rio Marombas, afluente do Canoas, procurava as do rio Preto, seguindo por ele até o Negro.
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No esboço à esquerda, em escuro tracejado, a região do Contestado. À direita, esboço da área do Contestado com as suas localidades assinaladas que melhor poderiam ser visualizadas com o uso de uma mapa da região (Fonte: História do Exército, 1ª Ed. 1972).
realizando curas e pregando uma religião, misto de catolicismo e crendices sertanejas. Ancião sombrio, barbas brancas, longas e sem trato, em pouco tempo adquiriu foros de apóstolo. A gente tímida e ignorante ouvia-lhe a palavra serena como a de um emissário divino. Quando faleceu, a notícia correu a região, enriquecida com um detalhe messiânico: o Monge, dentro em breve, voltaria à terra, redivivo, para continuar a sua pregação e realizar novas curas. A ressurreição passou a ser aguardada no sertão.
Problema Social - O abandono de trabalhadores na área da ferrovia construída
A existência de dualidade de jurisdição, no Contestado, favoreceu o fortalecimento das grandes fazendas, onde, sob o manto autoritário dos “coronéis”, reuniam-se os foragidos da justiça. Era conhecida no Contestado a prepotência desses senhores de terras, que se tratavam como de nação a nação, ameaçando-se, por vezes de armas nas mãos quando surgia, entre eles, alguma dúvida, mínima que fosse.
A construção da ferrovia estratégica São Paulo – Rio Grande, integrando o Rio Grande do Sul ao Centro do Poder por ferrovia, que atravessava o Contestado, trouxe para a região novo tipo de gente. Não havendo qualquer processo relativo na contratação de operários, o sertão acolheu variada gama de malfeitores, oriundos de todas as partes do país. Concluída a linha férrea, foram deixados nos mesmos sítios onde se encontravam as turmas de trabalho a que pertenciam. Estes indivíduos cultivavam, pelos próprios reflexos da sociedade em que viviam, todos os atributos de valentia e violência, manejando com igual destreza a picareta e o facão.
O assassinato tornou-se, entre eles, meio rápido e fácil de resolver as menores pendências. Tais violências, nem sempre se limitavam à solução de uma dívida entre dois homens: algumas vezes, tendo como pretexto a falta de pagamento ou o desmando dos feitores, ocorreram revoltas que exigiram a presença da Força Pública. Foi uma escola dos futuros líderes de acontecimentos mais graves.
O problema social agravou-se quando a concessionária da ferrovia resolveu explorar a faixa de 15 km ao lado de cada margem da estrada, que lhe fora outorgada por contrato. Antigos posseiros tiveram que se mudar, em busca de novo refúgio para a sua sobrevivência.
O isolamento da população explicava a rudeza de seus costumes e hábitos. A população em geral era desconfiada e rústica. Esta última característica traduzia-se por uma vida semi-selvagem e embrutecida.
O sertanejo nem sempre procurava a luta, Mas se uma força superior mexia com os seus interesses evidenciava toda a violência, tornando-se inimigo temível.
O falso monge que surgiu no Contestado
Surgiu em 1911, no sertão, um novo Monge, José Maria. Insinuava ser irmão do falecido João Maria, um mito entre aquela gente crédula.
Na verdade, um anticristo, ex-soldado do Exército e desertor da Força Pública do Paraná, dispusera-se a recolher os frutos da semente que o verdadeiro Monge João Maria plantara na alma dos sertanejos. Como consequencia de umas poucas curas bem sucedidas, ganhou a reputação de santo e foi conquistando a confiança da população, tornando muitos indivíduos como seus seguidores. Lembrava os trágicos episódios de Jacobina Maurer em 1874, na Guerra dos Muckers no Rio Grande do Sul, assunto que tratamos na História da 3ª Região Militar (v.1) e de Antonio Conselheiro na Guerra de Canudos em 1897 que tratamos no v.2. da citada história.
O novo Monge passou a percorrer o sertão, sem rumo e sem destino, precedido de áurea de santidade, prometendo bens materiais e a salvação eterna àqueles que o seguissem. Em suas andanças, organizava acampamentos, denominados os Quadros Santos. Criou sua escolta pessoal com 24 sertanejos, robustos e valentes denominados os Doze Pares de França.
Cresceu de tal forma a fama de santidade do novo Monge, que logo ele se viu cercado de seguidores, fanáticos e doentes esperançosos de cura. Sua palavra era a lei. De chefe espiritual arvorou-se em chefe temporal. Influenciado pela leitura da obra Os Doze Pares de França, muito conhecida no sertão, extrapolou da ação religiosa para a política e passou a pregar o restabelecimento da Monarquia. Para o homem inculto e não politizado daquela região isolada, a fidelidade ao novel regime republicano nada representava. Muito mais valia o conselho do Monge, cheio de promessas de melhor vida, posse de terra e de liberdade do jugo dos coronéis sertanejos republicanos.
Seus acampamentos adquiriram aspecto marcial. Ao arrastar de esporas, tilintar de armas, relinchar de cavalos e toques de buzinas e tambores, juntavam-se os gemidos e as preces. Quartel-Hospital-Igreja era a síntese das características heterogêneas desses locais: e chefiando tudo, lá estava o antigo cabo de polícia do Paraná, abusando do misticismo e valendo-se das divergências internas para atingir os seus desígnios.
O Monge instalou-se em Taquaraçu, no município de Curitibanos, em outubro de 1912. O intendente da cidade, temendo a sua presença e de seus seguidores, solicitou ao governo de Santa Catarina que enviasse tropas para dissolver o acampamento dos sertanejos, onde, dizia ele, proclamara-se a Monarquia.
À aproximação de um contingente da força policial catarinense, José Maria retirou-se, com sua gente, através de Campos Novos, para Campos do Irani, município de Palmas, Estado do Paraná. Os adeptos do Monge não tinham organização, nem instrução militar formal. Havia, no entanto, uma revista matinal – A forma – por meio da qual o chefe inspecionava os combatentes, averiguando se houve deserções. A disciplina era rigorosa, e as punições variavam, desde surras aviltantes aos fuzilamentos. O armamento era variado, espadas, punhais, facões, revólveres, garruchas, carabinas e espingardas. Exímios eram na esgrima com facão. Afeiçoados ao seu manejo, desde a infância, o manejavam com tanta destreza que a arma parecia fazer-lhes parte do próprio corpo. Dada a preocupante situação, gerada por choques intermitentes entre elementos da força policial do Paraná e de Santa Catarina, por questões de jurisdição, no território contestado, o governo paranaense, supondo ser a invasão de seu Estado pelo Monge e seus liderados pretexto de Santa Catarina para inflamar ainda mais a questão de limites, resolveu reagir, expulsando-os de seu território. Iniciaram-se as ações de guerra no Contestado, para mostrar ao Brasil uma de suas mais cruentas lutas.
A morte do Capitão do Exercito João Gualberto no combate de Irani, comandante da Força Pública do Paraná pelo Monge, um cabo desertor desta Corporação.
As Forças Públicas do Paraná e de Santa Catarina organizaram as suas unidades em regimentos de segurança, sediados em Curitiba e Florianópolis, respectivamente.
O do Paraná, ao comando do coronel em Comissão João Gualberto de Sá Filho, mas Capitão de Engenheiros do Exército. Ao tomar conhecimento da invasão do Monge, em Palmas, o governo paranaense determinou a partida imediata do seu Regimento, ao mesmo tempo em que solicitava o auxílio do governo federal.
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Parte do Regimento de Segurança do Paraná, ao partir de Curitiba, tendo bem a direita com as pernas cruzadas o Capitão de Engenheiros do Exército
João Gualberto, no posto de Coronel em Comissão pelo Governo Paraná (Fonte: História do Exército, 2 ed).
O Capitão João Gualberto chegou à União da Vitória em 12 de outubro e, no dia seguinte, partiu para Palmas. Inexplicavelmente, muito antes desta cidade, João Gualberto dividiu a sua tropa. Uma parte, ao seu comando, com um efetivo inferior a 100 homens, infletiu para o sul, rumo aos Campos de Irani. O restante, cerca de 400 homens, prosseguiu para Palmas com o chefe de Polícia.
Realizando marchas forçadas, o coronel atingiu Campos do Irani, em 22 de outubro. Neste mesmo dia, a coluna chocou-se com os fanáticos que a aguardavam, emboscados, prontos para a luta. O efetivo das forças policiais, nitidamente inferior, ser-lhe-ia fatal. Os sertanejos, heterogeneamente armados, atacaram no corpo a corpo.
O coronel João Gualberto, no instante em que buscava pôr em funcionamento a metralhadora Maxim, única existente, e que emperrara, foi atacado pelo Monge a facão, e morreu, depois de prostrar sem vida o seu agressor, com dois tiros de pistola.
Morto o comandante, o remanescente da expedição retirou-se, desordenadamente, para Palmas, deixando, no campo a metralhadora, cerca de quarenta fuzis e mais de três mil cartuchos. Foi o primeiro espólio a enriquecer o arsenal dos revoltosos.
O governo do Paraná, no instante em que ordenava a concentração de forças em Palmas, reiterava ao Presidente da República o pedido de auxílio do Exército. A solicitação foi prontamente atendida e, mais uma vez, o Exército interveio para restaurar a paz, garantindo a tranqüilidade da família brasileira.
Nota: João Gualberto Sá Filho nasceu em Recife em 11 outubro de 1974. Cursou a Escola Militar da Praia Vermelha 1890/94, tendo casado em Curitiba com D. Leonor de Moura Brito. Voltou ao Rio e formou-se Engenheiro Militar e Bacharel em Ciências Físicas e Matemáticas. E passou a servir no 13º Regimento de Cavalaria em Curitiba, tendo sido engenheiro na construção da Linha Telegráfica Curitiba -Foz do Iguaçu e também o fundador e comandante do Tiro de Guerra Barão do Rio Branco cujo centenário de morte ocorreu este ano, sendo homenageado pela FAHIMTB pelo Informativo O Tuiuti nº 16 da AHIMTB/RS. Em 1912 foi escolhido prefeito de Curitiba mas preferiu o comando do Regimento de Segurança do Paraná, como capitão, aos 37 anos incompletos. Morreu 11 meses depois de completar seu 38° adversário no combate de Irani em feroz combate corpo a corpo com o Monge, que foi por ele morto com dois tiros de pistola depois de atingido mortalmente por este com mortíferos golpes de facão (segundo o Capitão Rosa Filho, vide fontes a consultar).
A Guarnição do Exército da 11ª Região Militar dispersa resistências revolucionárias
As tropas federais, sediadas no Paraná e em Santa Catarina, eram subordinadas à 11ª Região Militar, com sede em Curitiba. Elas aquartelavam nesta cidade e em Florianópolis, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu, Paranaguá e Castro.
Ao receber a ordem do Ministro da Guerra para auxiliar a Milícia Estadual, o general Inspetor da 11ª RM determinou, em 11 de outubro de 1912, o deslocamento de um contingente, ao comando do tenente-coronel Álvaro Pereira Franco.
Viajou o contingente por ferrovia, para Caçador, Santa Catarina, a fim de proteger esta região dos convictos que se retirariam de Palmas. Chegou ao seu destino em 28 de outubro, acampando em Erval, sem tomar contato com os comandados do Monge. E, perante a gravidade dos acontecimentos, em Palmas, o comandante da 11ª Região Militar ordenou, em 24 de outubro, que um destacamento, com base no 5º regimento de infantaria em Curitiba, reforçado com algumas peças de Artilharia e alguns elementos de Cavalaria, marchasse para Palmas para cooperar com a Polícia na redução e dispersão do foco de revolta, na área do Contestado.
O 54º Batalhão de Caçadores, aquartelado em Florianópolis, se necessário, auxiliaria, ao comando do coronel Antônio Sebastião Pyrrho que, três dias após o recebimento da ordem, organizou a coluna e embarcou, por ferrovia, em União da Vitória. Nesta localidade incorporou-se à sua tropa, o contingente do tenente-coronel Pereira Franco que estivera em Caçador e Erval.
Nos primeiros dias de novembro, a expedição, com mais de 1.000 homens, deslocou-se pela rodovia União da Vitória – Palmas. Adotando a Tática vigente na época, explorou cuidadosamente a região Palmas – Irani. Gastou dois meses nesta missão, sem encontrar os revoltosos. Recebendo informações de que partiram para o interior catarinense, e se dispersaram, a coluna recolheu-se aos quartéis. Um contingente policial permaneceu em Palmas e elementos do 5º Regimento de Infantaria permaneceram em União da Vitória.
Perigosa e ameaçadora concentração de revoltosos em Taquaraçu
O território do Contestado dominado pela Revolta ficava balizado, ao norte, pelo rio Negro; a leste, por uma linha balizada por Curitibanos - Papanduva; ao sul, por uma linha balizada por Campos Novos - Curitibanos; e a oeste, por uma paralela, à direita da ferrovia. Ou, a grosso modo, entre os rios Negros e Pelotas e a ferrovia e a BR-116 atuais.
Um ano passou. Ninguém se lembrava dos sertanejos revoltados. No sertão, a morte do Monge, pelo Capitão João Gualberto, ao invés de estancar, incentivara o misticismo. A ressurreição dele era esperada. E dizia-se que ele voltaria ao mundo, dirigindo uma Legião de Anjos para conduzir os fiéis à terra prometida.
Surge outro chefe espiritual, Euzébio Ferreira dos Santos, antigo negociante, bom chefe de família, mas possuído de intenso fanatismo pela figura do Monge. Uma de suas netas, menina ainda, tinha visões do santo José Maria, em cujos braços dormira, tempos atrás. Através dessas visões, José Maria transmitia instruções, e por intermédio da menina as suas ordens eram divulgadas. Uma delas conferiu o poder temporal a um filho de Euzébio, logo destituído pois abusara, ofendendo as práticas morais dos caboclos. Outro pronunciamento do Santo e a chefia foi entregue, desta vez, a um neto de Euzébio, menino de doze anos, a cujas ordens, emanadas do avô, os seguidores obedeciam cegamente.
As hostes sertanejas cresciam. Estabeleceu-se um acampamento, em Taquaraçu, na região serrana de Santa Catarina. Começou a acorrer para este acampamento todo o tipo de gente: fugitivos da justiça, desempregados abandonados pelos construtores da ferrovia, homens perseguidos pelos coronéis das fazendas, e outros, de cujas terras foram expulsos pela desapropriação do leito da estrada de ferro. Famílias inteiras se agrupavam no Quadro Santo de Taquaruçú. Gente válida, alguns em busca de uma melhor vida, outros atrás de aventuras e lucro fácil. Gente enferma procurando cura. Moravam em ranchos de palha e casinholas de madeira, improvisadas, ostentando o distintivo do movimento: uma bandeira branca com uma cruz ao centro e a imagem de S. Sebastião. Eram peões e lavradores, aventureiros e facínoras. A concentração de pessoas exigia grande quantidade de alimentos e de outros artigos. A necessidade aumentou, Euzébio começou a pedir auxílio às fazendas próximas, e a saqueá-las, quando não atendido.
O general Alberto de Abreu, Inspetor da 11ª RM, recebeu do coronel Vidal Ramos, em 7 de dezembro de 1913, governador de Santa Catarina, um telegrama, expondo a situação nas matas do Taquaruçu, e informando que fizera seguir um contingente de sua Polícia. Na mesma ocasião, o Ministro da Guerra Gen Div Vespasiano Gonçalves de Albuquerque e Silva ordenara intervir, cooperando, agora, com a Polícia catarinense.
Combate de Taquaraçu
Afastando uma touceira de espinhos, no alto de um outeiro, o cabo que comandava uma patrulha, e guiado por um vaqueano observou, atentamente, o emaranhado de cabanas, semi-ocultas pela mata, que se estendia, ao longe, lá embaixo. Taquaraçu à vista. Esta patrulha pertencia a uma companhia do 5º RI que, desde meados de dezembro de 1913, encontrava-se em Erval, com a missão: observar o movimento dos revoltosos sem hostilizá-los. Uma outra companhia, esta do 6º RI, em Caçador, com a mesma finalidade. As duas companhias: 160 homens. A de Erval, 60 e a de Caçador, 100.
Em 20 de dezembro de 1913, o Inspetor da 11ª RM, determinou o ataque ao Quadro Santo de Taquaraçu. Poucos dias antes, um apelo aos sertanejos: para que se dispersassem em paz, pondo fim à revolta naquela área. Não houve acolhimento.
Planejou-se o ataque para ser executado segundo três direções convergentes, ao comando do capitão Esperidião de Almeida, participando também uma tropa de 50 praças da Polícia catarinense. A chegada simultânea das forças ao reduto foi prevista para 28 de dezembro. No dia 22 iniciou-se a marcha das três colunas. O deslocamento foi por ínvios sertões, entre brenhas incultas, pontilhadas por grotões enormes. Terreno muito difícil. Alguns vaqueanos acompanhavam a tropa para guiá-la no interior da mata. Entretanto, ao aproximarem-se do reduto, prevendo o insucesso, a maioria abandonou a expedição. A coluna sul, sem os guias, e já com escassez de víveres e sem condições de continuar, retraiu para Campos Novos. No dia 25, dia de Natal, a coluna do norte reuniu-se com o contingente da Força Pública catarinense. Seu comandante, o capitão Adalberto de Menezes, ignorando o que se passava com a outra coluna, prosseguiu no plano, precárias que eram as ligações realizadas, apenas por mensageiros, na medida que o permitiam o terreno difícil e as emboscadas dos adversários, acompanhantes da progressão dos governistas. Ao acercar-se de Taquaraçu, a tropa federal seguiu por uma direção, enquanto a polícia assaltaria o Quadro Santo por outro flanco. O capitão Adalberto, em 29 de dezembro de 1913, atacou a trincheira dos revoltosos com sua coluna. Antes de penetrá-la recebeu violento fogo, vindo de todas as direções, estabelecendo-se a confusão. Dispersaram-se os cargueiros de munição por entre a fuzilaria. No outro flanco, a Polícia não logrou aproximar-se do aldeamento. Violenta emboscada rechaçou-a, sendo obrigada a retirar-se para Curitibanos.
Sem o auxílio das outras colunas, e com grande parte da munição perdida, o capitão não teve outra alternativa senão a retirada. Após longa marcha de regresso, atingiu a localidade de Rio Caçador. Mais um mau resultado de outra expedição no Contestado e com o fortalecimento moral e material dos rebeldes pela segunda vitória contra as forças legais, e ainda pela segunda conquista de armas e munições a reforçar seus arsenais.
Caragoatá - novo centro de resistência. Após o revés, concluiu-se como sendo o principal fator da derrota, o pequeno efetivo. Deliberou-se preparar uma nova expedição, desta vez, ao comando do tenente-coronel Aleluia Pires.
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Um aspecto da população da área do Contestado vendo-se nas duas fotos muitos trajes típicos do gaúcho rio grandense (Fonte: História do Exército. 2 ed, 1998).
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Grupo de vaqueanos, guias civis das tropas contratados para guiar as tropas governistas na ausência de cartas topográficas da área.
A Expedição Aleluia Pires foi organizada com elementos esparsos, devido ao pequeno número de unidades prontas na área, o 54º Batalhão de Caçadores, forças policiais catarinenses, e mais um Esquadrão de Cavalaria do Exército, duas secções de Metralhadoras e uma de Artilharia, esta vinda do Rio de Janeiro, e ainda duas companhias – uma do 4º RI e outra do 6º RI. O efetivo, de 750 homens, concentrar-se-ia em Espinilho, dentro da área conflagrada. Houve certa demora na concentração dos meios, que se completou a 6 de fevereiro de 1914. Nesta data, partiu a Força Expedicionária rumo a Taquaraçú, depois de cerca de um 1 ano e 3 meses do início do combate desta revolta no Contestado.
Antes disso, a exemplo da anterior, fizeram-se duas tentativas de pacificação, recusadas novamente pelos revoltosos. A progressão da coluna foi morosa e cansativa. O seu dispositivo estendia-se por cinco quilômetros de profundidade, em função da estreiteza das picadas, da vegetação espessa e da irregularidade do terreno.
Estabeleceu-se, no dia 8 de fevereiro de 1913, o primeiro contato com os revoltosos que mostraram saber tirar todo o partido possível, proporcionado pelo profundo conhecimento do terreno. Houve sucessivos choques entre a vanguarda da tropa do governo com os revoltosos, sendo, estes, recalcados de tal forma, que foi possível instalar as metralhadoras e a secção de Artilharia, a 600 metros do reduto. Enquanto essas armas atiravam incessantemente, a Infantaria desenvolvia-se no terreno, procurando impedir ataques do inimigo e aproximando-se do Quadro Santo.
No final do dia, verificando os revoltosos ser a bravura inútil contra os melhores recursos das forças legais, eles iniciaram a retirada de Taquaruçu, acompanhados das famílias que ainda lá se encontravam.
Na manhã seguinte, os expedicionários penetraram em Taquaruçu, encontrando dezenas de mortos e a quase a totalidade dos casebres incendiados. Em vista das dificuldades de suprimento e de deslocamento no sertão, a coluna retirou-se para Espinilho.
Os revoltosos em retirada, concentraram-se em Caragoatá, mais no interior do sertão. No local, o pequeno agrupamento de revoltosos, entre rezas e incursões às fazendas da redondeza, aguardava a ressurreição do Santo.
Caragoatá - o novo polo de resistência da Revolta
Após o revés, concluiu-se: como o principal fator da derrota, o pequeno efetivo. Deliberou-se preparar uma nova expedição. O núcleo de Caragoatá cresceu muito sendo necessárias 30 reses diárias para a alimentação dos seus habitantes. Subsistia a organização temporal criada pelo Monge: o Comandante da Forma e da Reza e dos Doze Pares de França.No campo espiritual, uma pequena virgem constituía o oráculo, transmitindo as mensagens do Santo. Bandoleiros, aventureiros e cabecilhas ali encontravam-se, impondo-se pela coragem e pela audácia. Movia-os o fanatismo e depois do desastre de Taquaruçu, também o ódio.
O Ataque a Caragoatá
O governo federal tentou por diversos meios promover a dissolução pacífica do reduto de Caragoatá. Todas as medidas tentadas foram inúteis. Tendo aumentado o número de arruaças na região, o general inspetor da 11ª RM determinou ao tenente-coronel Aleluia Pires nova investida. O oficial deslocou as forças para Rio Caçador onde, adoecendo, passou o comando ao tenente-coronel Freire Gameiro.
A coluna atingiu o lugarejo de Perdizes em 8 de maio de 1914, encontrando-o abandonado. No dia seguinte, em formação de combate, rumou para Caragoatá. Cerca de 30 minutos do início do movimento, os revoltosos tentaram penetrar em Perdizes para se apossarem dos suprimentos armazenados. A guarda do local os repeliu.
Um quilômetro além, a tropa começou a ser hostilizada pelos revoltosos, emboscados. Ela progredia lentamente, em terreno áspero e com constantes investidas dos rebeldes. Grande foi a dificuldade para instalar as metralhadoras e as peças de Artilharia, em virtude do emaranhado da vegetação e da movimentação do terreno. Depois de 6 horas de luta, combatendo em terreno adverso, contra inimigo tocaiado na mata, e sem poder desenvolver convenientemente a tática da época, e ainda a difícil a instalação de suas armas de apoio, a tropa viu-se obrigada a retirar-se para Perdizes, com regular número de baixas. E rumou para Calmon, onde chegou em 11 de março de 1914.
Embora vitoriosos, os revoltosos deixaram-se possuir pelo desânimo. A retirada da expedição para Calmon devolveu-lhes o estímulo. Como não fossem boas as condições de higiene no Quadro Santo de Caragoatá, resolveram mudar-se para a região de Pedra Branca, à margem esquerda do rio Timbozinho, onde se instalaram.
A população do acampamento tornou-se numerosa e, nas suas proximidades, acabou surgindo o reduto de Tamanduá. Para o proteger, guarneceram pontes nas Serras Santa Maria e Caçador. E foi criado forte reduto em Santo Antonio.
Reforços da 3ª Região Militar, do Rio Grande do Sul, contra os revoltosos
O comandante da 11ª Região Militar mostrou ao governo, a sua preocupação, referente àquele caso. Impunha-se uma solução enérgica. Desta forma, chegaram à região novas tropas, oriundas da 3ª Região Militar (no Rio Grande do Sul) e de Curitiba: o 7º RI de Santa Maria-RS e uma companhia de Engenharia de Combate e metralhadoras. Somavam-se, na área, cerca de 1.500 homens, que passaram ao comando do general Frederico de Mesquita, veterano da Guerra do Paraguai, da Guerra Civil de 1893/95 no Rio Grande do Sul e da Campanha de Canudos em 1897. Um dos principais atos do General Mesquita foi dispensar a força policial, em vista de os revoltosos ocuparem áreas em litígio, entre os dois Estados.
A expedição Mesquita retomou o movimento, em 16 de maio de 1914, reanimada com o novo comando e confiante na vitória. À frente, marchavam 60 civis experimentados e valentes, contratados como vaqueanos (guias).
Organizaram-se três colunas: a 3ª reconheceria Caragoatá e investiria contra Tamanduá. As duas colunas seriam empregadas sobre Santo Antônio. Durante quase todo o trajeto, os soldados foram fustigados por atiradores escondidos no meio da mata. De nada adiantava varrer os arredores com tiros de canhão ou tirotear a esmo, descargas de fuzis ou rajadas de metralhadoras contra a folhagem. Apesar de a morte e o medo rondarem a tropa, o reduto foi conquistado a carga de baioneta.
No dia seguinte ainda predominavam os comentários sobre os incidentes do combate, não se sabendo de onde uma chuva de balas os surpreendeu. Emboscados nos topos dos pinheirais, ocultos nas macegas ou troncos das imbuias, os revoltosos atacaram.
Sem recursos para a perseguição contra um adversário matreiro, em terreno hostil e desconhecido, o comandante decidiu retirar-se e dissolver a expedição.
A 3ª coluna, comandada pelo capitão Matos Costa, cumprira a tarefa, reduzindo o que restava do arraial de Caragoatá.
Gen Bda Carlos Frederico Mesquita
(Fonte: Galeria de comandantes da 3ª Região Militar, cuja História resgatamos em três volumes e fornecida pelo Cel Luiz Ernani Caminha Giorgis, presidente da AHIMTB/RS –
Academia Gen Rinaldo Pereira Câmara e vice-presidente do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul, instalados no Colégio Militar de Porto Alegre)
O general Mesquita retornou com sua tropa para o Rio Grande do Sul e comandaria a 3ª Região Militar até 1918 (por cerca de mais de um ano) em três períodos descontínuos. Retirou-se do Contestado por decisão própria, sob argumento de não sacrificar sua tropa e os revoltosos num massacre continuado de irmãos brasileiros. E mais, que assim continuando, a revolta não seria solucionada e que deveria ser adotada uma solução mais eficaz, que não implicasse no massacre recíproco de tropas do governo e revoltosos. E o Governo adotaria outra solução mais eficaz como se verá. E ele não foi punido.
A fermentação rebelde, ao contrário de diminuir, progredia no Contestado, que ampliava as condições de abrigo aos revoltosos e celerados e palco de jogo político dos chefes locais. Por outro lado, aumentavam as questões entre os sertanejos e os donos de terras. As fazendas e outras propriedades eram rurais, alvos de investidas de grupos para o saque. Contrabandeavam-se armas, munições e provisões.
Matos Costa, que ficara em União da Vitória, com 200 soldados, usara, até então, meios dissuasórios para desarmar os revoltosos. Em setembro de 1914, à frente de um contingente uma emboscada o surpreendeu: lutou bravamente, mas acabou sendo trucidado.
Gen Setembrino de Carvalho no comando das operações no Contestado
Ciente dos acontecimentos, o governo da República resolveu nomear o general Setembrino de Carvalho para inspetor da 11ª Região Militar e, simultaneamente, comandante das forças operacionais no Contestado.
Toda a autoridade lhe fora outorgada, de acordo com as disposições constitucionais, em vista da requisição de ambos os Estados, pedindo a intervenção da União “para restabelecer a ordem e a tranquilidade em seus territórios”. A decisão do general Carlos Frederico Mesquita de abandonar com sua tropa o Contestado forçou a União a tomar uma decisão mais realista. Habilmente, o general Setembrino procurou ausentar-se das querelas políticas e de interferência nos assuntos administrativos locais. Assumiu o comando em 12 de setembro de 1914, decorridos quase dois anos do inicio da revolta. Verificando que a ação dos revoltosos se estendia por larga área, concebeu o seguinte:
- Cercá-los a partir dos centros mais populosos e apertá-los pouco a pouco, privando-os dos recursos indispensáveis;
- Ter o cuidado de não expor a tropa às emboscadas.
General Fernando Setembrino de Carvalho, o Pacificador do Contestado, ilustre filho de Uruguaiana no Rio Grande do Sul, onde foi consagrado pela FAHIMTB como patrono de sua Delegacia naquela cidade. À direita sua foto quando a cavalo em operações no Contestado à frente de tropa do Exército a seu comando (Fonte: História do Exército. 2 ed, 1998).
Para a execução do plano, os meios existentes eram precários, tanto em efetivo como em organização. Resultado: o governo central deslocou, para aquela área, várias unidades, constituindo a Grande Expedição cerca de 7.000 homens, 4 vezes mais do que a Expedição do General Frederico Mesquita. Recursos de toda espécie, ao contrário do que ocorreu antes. Em setembro e dezembro de 1914, os revoltosos desenvolveram grande atividade, em que bandoleiros comandavam grupos volantes que saqueavam, matavam indiscriminadamente e incendiavam.
O território ocupado pelos revoltosos compreendia cerca de 28.000 km2. Calculava-se em 20.000 os bandoleiros, espalhados pelos redutos de Tamanduá, Santa Maria, Colônia Vieira e Salseiro. Ou mais de 2/3 do efetivo da Expedição General Setembrino. Obtinham suprimento, com saques de fazendas e localidades, ou por contrabando nos Estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Foi restabelecida a circulação na estratégica Estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande, cuja linha ficou guarnecida para impedir nova interrupção pelos revoltosos.
Em seguida, o comandante da expedição lançou, em setembro de 1914, um manifesto
aos habitantes da zona ocupada, que tinham o anseio pela posse das terras:
“Fazendo um apelo aos habitantes da zona conflagrada, que se acham em companhia dos fanáticos, eu os convido a que se retirem, mesmo armados, para os pontos onde houver forças, a cujos comandantes devem apresentar-se. Aí, lhes são garantidos meios de subsistência, até que o governo do Estado do Paraná lhes dê terras das quais se passarão títulos de propriedades”.
Para os oficiais em comando ordenou que deviam ter toda a clemência para com os prisioneiros, desde os capturados vagueando, até aqueles feitos em combate, assim como os que permanecessem lutando. No mesmo dia em que o general Setembrino assinou o apelo, um grande piquete rebelde tomou a vila de Curitibanos, ficando prevista, nova investida, desta vez para arrasar a localidade e vários povoados foram saqueados ou invadidos por criminosos. O comandante da expedição escalou a tropa que atuaria no cerco da zona controlada pelos revoltosos em 4 linhas:
Linha norte: União da Vitória – Rio Negro.
Linha leste: Rio Negro – Papanduva.
Linha sul: Freguesia do Sul – Lajes – Campos Novos.
Linha oeste: Ferrovia São Paulo – Rio Grande.
Organizou além de pequenos destacamentos, uma coluna móvel. A tropa, assim distribuída, permanecia em seus acampamentos, fazendo emprego judicioso de fortificação passageira, onde, muitas praças, exercitar-se-iam pela primeira vez.
Os revoltosos rondavam os acampamentos, mantendo, contudo, atitude de expectativa. A ordem: era a de não atacá-los. Esperava o comandante, novos efetivos e iniciaria pequenas ofensivas, nos quais obtivesse triunfos certos, e fortalecesse o Moral da Expedição. Deve-se acrescentar que, auxiliando a ação militar do governo, fazendeiros abastados mantinham, para a defesa das terras, numerosos homens em armas que, frequentemente, travavam duros combates com os rebeldes.
As tropas, espalhadas em suas posições, nas linhas de cerco, repetidas vezes, realizavam ações de patrulhamento, eliminavam pequenos redutos e dispersavam grupos que fugiam precipitadamente para a mata. Estas pequenas ações, em que os rebeldes iam perdendo a ousadia dos primeiros tempos, era o prenúncio de movimentos mais sérios. A solução de cerco da revolta já havia sido adotada antes pelo Governo de Pernambuco no combate à Confederação do Equador, mas não foi utilizada em Canudos. Solução que evitou o massacre e foi conseguido melhores resultados e acolhimento e proteção dos que decidiram se entregar.
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Sede de uma fazenda fortificada com uma trincheira de tábuas de pinho e guarnecida por diversos defensores para a defender ataques dos Revoltosos (Fonte: História do Exército 1 ed, 1972).
. As chuvas incessantes, a interrupção das comunicações, e outros fatores a influenciarem na ordem de retirada. A tropa se recolheu para Canoinhas.
Uma noite, quase ao raiar do dia, numa dessas tentativas, o tenente Armínio Moura, no comando de 20 soldados, lançou-se contra os atacantes, e os fez recuar. Os revoltosos disparavam contra aquele ataque que os
O cerco aos revoltosos do Contestado vai se fechando
Ao norte, com a missão de atacar os redutos de Salseiro e Colônia Vieira, em 26 de outubro de 1914, a coluna móvel transpôs o rio Canoinhas e surpreendeu o seu primeiro objetivo. A força de reconhecimento lançada sobre Colônia Vieira voltou a Salseiro e sofreu ali dois ataques seguidos, que demonstraram a impossibilidade de continuar a marchaperseguia em mato denso, até há pouco impenetrável para a tropa. Salvou-os um rio, que, forçou os soldados a um longo desbordamento, o que permitiu-lhes escapar. Os ataques à vila de Canoinhas, finalmente cessariam.
No leste do dispositivo da Expedição, os revoltosos hostilizaram várias vezes e, inclusive à noite, a localidade de Papanduva. Mandou-se um batalhão de Infantaria para lá.
Assumindo a iniciativa, as forças da linha leste, nos últimos dias de novembro, repeliram os insurgentes para o interior dos redutos, e vários povoados ficaram sob ocupação das tropas. Após inúteis negociações, entre o comandante da linha leste e o chefe rebelde Tavares, para evitar derramamento de sangue, o coronel Júlio César decidiu atacar.
Quando o assalto já estava montado, um rebelde, inimigo do chefe Tavares, convenceu muitos de seus companheiros a desistirem da luta. Consequência, o ataque desfechado não encontrou o inimigo, destruindo-se o reduto. Antônio Tavares, quando se sentiu abandonado, escapou, alta noite, em companhia dos revoltosos mais comprometidos com a justiça.
Na linha sul, as localidades de Lajes e Curitibanos, organizadas, defensivamente, serviram como base de partida para forças volantes que perseguiam bandos de revoltos, espalhados por Cerrito, Corisco, Espinilho, Taquaraçu.
Em Lajes, apesar da permanência de um Batalhão de Infantaria dentro da cidade, a população vivia em constante sobressalto: conheciam-se as atrocidades do bandido Castelhano, temido, e cuja ousadia espalhava-se em todas aquelas paragens. Ele chegou a anunciar o dia do ataque à Lages. A sua população começou, a cuidar, seriamente, da sua defesa. Sem distinção de classes sociais e sujeitos praticamente à mesma disciplina dos soldados, num belo gesto de civismo, cooperaram no trabalho de entrincheiramento. Dividiu-se a praça em numerosos setores, confiando-se a defesa e a vigilância de alguns ao patriotismo dos lageanos.
Uma companhia marchou ao encontro dos rebeldes, conduzindo-se com brilho e dispersando-os à bala, limpando as cercanias de Lajes dos jagunços, que foram em busca de outras posições, mais ao norte. Um Regimento de Infantaria de Niterói (RJ), em fins de setembro de 1914, comandado pelo tenente Estillac Leal, desembarcou em Itajaí e atingiu Curitibanos. Em Campos Novos, a tropa desenvolveu intenso trabalho de patrulhamento, dispersou os revoltosos próximos, e refez a linha telegráfica interrompida por eles, inspirando confiança nos moradores, que começavam a voltar aos seus lares abandonados.
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O Exército construiu em Caçador um campo de Aviação com três hangares, para abrigar sua nascente aviação, 11 anos depois do 1º vôo em Paris do 14 BIS, construído e pilotado por Santos Dumont, consagrado o Pai da Aviação. Eram três aeronaves destinadas a reconhecimentos. Numa delas morreu vitima de acidente aéreo, quando procedia um reconhecimento de um acampamento dos revoltosos, o Capitão Ricardo Kirk, hoje patrono da Brigada de Aviação do Exército, em Taubaté, SP, onde existe pintura deste herói do acadêmico emérito da FAHIMTB o Cel Pedro Paulo Cantalice Estigarríbia (Fonte: História do Exército, 1 ed, 1972).
Na linha oeste foi cumprida a missão de garantir a ferrovia e suas imediações. Repeliram-se, algumas vezes, as investidas de pouco valor. Em janeiro de 1915, a marca que delimitava a área dominada pelos revoltosos estava mais para o interior do que a encontrada pela Expedição. Cessaram as incursões predatórias. Cerca de 3.000 pessoas, a maior parte, mulheres, crianças e inválidos fugitivos dos redutos, apresentavam-se às tropas legais. Líderes rebeldes também se entregavam. Dos chefes políticos só Aleixo Gonçalves, bandoleiro célebre, valia-se da religiosidade para sobrepor-se aos fanáticos e bandidos, intitulando-se o Chefe Geral. Antônio Tavares, antigo promotor público, depois de derrotado no reduto, sem nome, homiziara-se no sul do Estado. Sua motivação para a luta, a questão de limites, resolvida em sentença judicial, não foi cumprida pelo Paraná. A doença, a falta de recursos e as derrotas sucessivas destruíam o moral dos revoltosos, abalando a de seus líderes. Apesar de tudo, os chefes remanescentes recusaram as propostas conciliatórias.
Em fins de dezembro, o general Setembrino fizera circular o seguinte apelo:
“Desde o dia 11 de dezembro que lutamos e os nossos soldados cada vez mais se sentem encorajados para a luta e a vitória final que não tarda. Mas é preciso parar; é forçoso que se termine esta luta; que o sangue brasileiro não continue a manchar nossas terras, onde a natureza acumulou recursos inesgotáveis, para a grandeza de nossa pátria. Não venho trazer-vos a morte ou o presídio pela vitória de nossas tropas, mas a concitar-vos a depor as armas e a que aceiteis as garantias que vos ofereço em nome do governo e da lei. Impõe-se, portanto, que volteis ao trabalho, meio único capaz de garantir a felicidade da nossa grande pátria, que na quadra atual tanto precisa do patriotismo dedicado de seus filhos”.
Vitórias e rendições anunciam luta próximo do fim
As notícias constantes de vitórias, de rendição dos rebeldes, vinham continuamente elevando o moral de toda a força de pacificação.
Vejamos as operações na coluna norte. É necessário destacar a excepcional figura do capitão Tertuliano de Albuquerque Potiguara que, em fins de dezembro de 1914, depois de marchar 10 km por mata espessa, atacou, subitamente, o reduto Piedade, concluindo a ação com velhos guerreiros. Nesse ato, o bravo oficial reiniciava a ofensiva, naquela área de operações.
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Cel Inf Tertuliano Albuquerque Potiguara, agora herói brasileiro na Batalha de San Quentin, combatendo numa unidade do Exército da França onde foi
provido por bravura nesta batalha, depois de consagrado herói do Exército na Guerra do Contestado (Fonte: Mac Cann, Soldados da Pátria).
Nota: Nosso herói nasceu no interior de Sobral-CE. Foi declarado Alferes pela Escola Militar do Ceará, no local do hoje Colégio Militar de Fortaleza. Foi herói no combate a Revolta da Vacina na Escola Militar da Praia Vermelha em 1904. Comandou a Brigada Potiguara em São Paulo no combate à Revolução de 1924. Foi deputado federal pelo Ceará, sendo vitima de um atentado a bomba, ao abrir encomenda a ele destinada, perdendo em consequência um dos braços. Foi consagrado como denominação histórica da 5ª Brigada de Cavalaria Blindada em Ponta Grossa-PR. Atingiu em 06 Nov 1926 o posto de General de Divisão. Faleceu no Rio, aos 87 anos. No Clube Militar existe pintura a óleo homenageando este herói.
A partir de fevereiro de 1915, a coluna foi atacando e destruindo, sucessivamente, fortins de Santo Antônio, Gramado, Timbozinho, Pinheiros, Tomazinho, e enfrentou tenaz resistência em Pinheiros. Acampou em Reichard a 4 de fevereiro.
A coluna leste, que mudara a sua base para Colônia Vieira, depois de realizar alguns reconhecimentos, dividiu-se em dois destacamentos para assaltar os pontos fortificados de Marcelo, Josefino e do Aleixo. No destacamento ao qual coube destruir o de Marcelo ia o coronel Julio César. O chefe Marcelo Alves, no dia seguinte, foi encontrado morto.
O segundo destacamento, depois de um dia de marcha, defrontou-se com a guarda de Josefino, que, em posição favorável, impedia o prosseguimento da força. Depois de frustradas tentativas, o comandante decidiu contornar aquela posição, rompendo a mata. Esta manobra obteve sucesso, o local foi ocupado, e a guarda fugiu. Grande número de prisioneiros foi feito, inclusive o próprio chefe Josefino. O do Aleixo foi dominado, em 16 de fevereiro de 1915 sem resistência. Estava abandonado. Ali estivera antes o capitão Potiguara.
Estes ataques simultâneos, das colunas norte e leste, destruíram os arraiais políticos do norte, mas não chegaram às principais posições da Revolta. A maioria dos fugitivos do norte, dos redutos submetidos pelas colunas norte e leste se reuniram em Santa Maria do Sul.
De 31 de janeiro a 4 de fevereiro de 1915, o comandante da coluna sul realizou reconhecimentos sobre aquela cidade, que revelaram a existência de inimigo, além da mata que orlava o Arroio Santa Maria. Duas tentativas para a sua destruição não obtiveram êxito, devido às condições do terreno, e à mata, quase impenetrável, dificultando o assalto da Infantaria e o fogo da Artilharia. Convencido da impossibilidade de vencer, atacando apenas pelo sul, o comandante da expedição decidiu-se aproximar por ataques convergentes, através da coluna norte e leste, que atacariam Caçador, inicialmente. Ao mesmo tempo a do sul atacaria Santa Maria e a oeste reforçaria a vigilância para impedir a fuga dos rebeldes para os Campos do Irani. A coluna sul, no dia 12,de fevereiro de 1915, com companhias que se revezavam, começou grande derrubada, a foice e a machado, na mata, para abrir extensa Picada que facilitasse o ataque. Os revoltosos, que não compreendiam a necessidade de derrubar toda a selva para poder atacá-los, espreitavam, curiosos e intrigados, a gigantesca e trabalhosa empreitada. Durante todo o mês de março de 1915, a coluna bombardeou seguidamente o reduto, realizou reconhecimentos e reajustou o dispositivo. Nos últimos dias de março de 1915 não pôde continuar o trabalho. Os revoltosos, vendo-se atacados pelo norte, começaram a hostilizar a coluna sul na mata, com cerrado tiroteio sobre os trabalhadores e soldados encarregados da derrubada.
A conquista do forte reduto de Santa Maria pela Coluna Norte de Potiguara
O comandante Estillac Leal resolveu iniciar o assalto em 30 de março de 1915 executando uma preparação de fogos de Artilharia e metralhadoras durante o dia inteiro.
Apesar disso, os batalhões de Infantaria não conseguiam transpor o desfiladeiro que conduzia ao ponto fortificado. A grande e bem armada coluna sul não atacou a mata de Santa Maria no dia 2 de abril, talvez por ser Sexta-feira Santa. Mas um tiroteio longínquo, ouvido pela manhã na direção nordeste, motivou o comandante a determinar nova investida, que fracassou. No Acampamento de Tapera, no sábado, 3 de abril de 1915 ouviram-se, ao meio-dia, tiros esparsos na direção nordeste, e que logo cessaram, não se lhes dando grande importância. À noitinha, foi visto um clarão e uma fumaça a elevar-se no horizonte, na direção de Santa Maria. Não havia dúvida, era um grande incêndio que lavrava, e uma vaga esperança começou a ser esboçar. Realmente, o capitão Potiguara, comandando o destacamento da coluna norte, já estava dentro de Santa Maria. Estillac reajustou o seu dispositivo em 4 colunas, que penetrariam, sucessivamente, no vale, com ordem de avançar sempre até operar junção com as forças do norte.
Como se deram os acontecimentos na coluna norte? Comandada pelo bravo capitão Potiguara, em 31 de março de 1915 atingira a região de Timbó Grande. Iniciou seu deslocamento em 1º de abril de 1915, combatendo e, às nove horas, deparou com as primeiras casas de Caçador, e se instalou em terreno próprio à defesa e apoiado no rio Santa Maria. Depois de recalcar os revoltosos para a margem esquerda e de reajustar o seu dispositivo, o destacamento, enfrentando resistência rigorosa, transpôs o rio Santa Maria e penetrou no reduto Santa Maria, deparando numeroso armamento e munição, e centenas de cadáveres insepultos. Depois de arrasar quase 2.000 casebres, prosseguiu repelindo revoltosos emboscados. Continuou afastando-os em 2 de abril, até o assalto aos Doze Pares de França, conquistados à base de arma branca. Após breve descanso, reiniciou a marcha sobre Aleixo, assaltado e conquistado em luta corpo-a-corpo. No fim da missão, o destacamento bivacou no local, depois de provocar um grande incêndio nas moradias.
Sábado de Aleluia, 3 de abril de 1915, pela manhã cedo, o destacamento levantou o bivaque para a última arrancada. No cemitério do reduto lutou com uma guarda, dispersou-a e avançou. Mais adiante, em um desfiladeiro, a tropa, foi atacada por todos os lados, enquanto a vanguarda procurou abrir caminho, à retaguarda, acometida por revoltosos que perderam quase uma centena de homens, retirando-se, apressadamente, para a mata, em torno.
Às três horas da tarde, a vanguarda, seguida de toda a tropa, depois de 10 dias de marcha e 8 combates sucessivos, entrava no célebre reduto de Santa Maria. O casario fora abandonado! Nos matos e serras, em volta do aldeamento, os antigos ocupantes. Em todos os redutos montões de cinzas!
Durante a noite de 3-4 de abril e na manhã de 4, o destacamento repeliu vários ataques dos rebeldes. Enviou-se um grupo de 10 homens para a ligação com a coluna sul. À tarde, as colunas norte e sul operaram junção. No dia seguinte, após o arrasamento da aldeia, o destacamento marchou de Tapera.
A coluna leste, enquanto isto, concentrada até fins de março em Colônia Vieira, em 21 de março de 1915, dirigiu-se para Vaca Branca e Reichard, informando-se da passagem do capitão Potiguara. A seguir, rumou para Caçador, também destruído. Na realização de um reconhecimento sobre o reduto de Santa Maria, encontrou um outro, onde prisioneiros disseram que ele se destinava a abrigar os fugitivos de Santa Maria, então atacados pelas forças legais. Diante disso, o destacamento da coluna permaneceu em bivaque, aguardando ordens.
A campanha chegou ao fim – finalmente a Pacificação
Com a posse dos redutos de Caçador e Santa Maria, cessou a resistência organizada no Contestado. Mesmo informado de que muitos fanáticos se reuniram num acampamento, às margens do Arroio de S. Miguel, o comandante da expedição não determinou qualquer ação.
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Grupos de revoltosos se apresentaram em Catanduva, em atendimento ao apelo do General Setembrino. Dentre eles, o 4º da esquerda para a direita, o Henrique Wolland -
o Alemãozinho, um dos líderes da revolta e desertor da célebre canhoneira Panther, e que atuava no Contestado como fotógrafo (Fonte: História do Exército, 2 ed, 1998).
Desprovidos de recursos, vitimados pela fome e pela doença, isolados das fontes de suprimentos, os revoltosos não poderiam reiniciar a luta. E foi dissolvida a Expedição que honrosa e vitoriosamente o General Setembrino comandara.
O General Setembrino de Carvalho se consagrou como o Pacificador do século 20, pois pacificara o Ceará em 1911, o Contestado em 1915 e a Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul. E foi ele como Ministro da Guerra em 1923 que restabeleceu o culto ao Pacificador do século 19, o Duque de Caxias que fora esquecido pela República, por 25 anos, ao estabelecer o dia 25 de agosto, data do seu nascimento, como o Dia do Soldado, conforme abordamos em nosso livro ‘Caxias e a Unidade Nacional’, publicado em 2003 no centenário de sua morte, sob a égide da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) que o consagrou como seu patrono e inspirador. Estudamos o General Setembrino em Escolas Militares de Rio Pardo (vide na bibliografia, a consultar).
Demonstração de agradecimento ao General Setembrino de moradores de Iracema, depois de vencido o reduto liderado por Antônio Tavares (Fonte: História do Exército, 2 ed. 1998).
Como medida de segurança e determinação do Ministro da Guerra Gen Div José Caetano de Farias, forças de ocupação, inclusive dos dois Estados, permaneceram por algum tempo em pontos chaves, e nas principais estações da estrada de ferro S. Paulo – Rio Grande.
O domínio espiritual dos sertanejos ainda era tentado por espertalhões, embora agora a totalidade das famílias aspirasse à paz e ao trabalho. Surgiram ainda alguns redutos, principalmente Tamanduá, sem preocupação maior, reduzidos por forças que permaneceram na região, combinadas com as polícias estaduais.
A longa convulsão armada, sucederia a luta política pela posse das áreas contestadas. Forças policiais dos dois Estados estiveram prestes a entrar em choque, e não eram cordiais as relações entre os governos respectivos.
Depois de enviar à região um observador militar, o Presidente da República Dr. Wenceslau Braz, determinou a ocupação militar das terras, onde mais tensa se apresentava a situação, obtendo compromisso dos governos dos estados de não insistirem nas reivindicações à viva força.
Com a interferência direta do Presidente da República, em 20 de outubro de 1916 a velha questão de limites encontrou solução.
A Revolta do Contestado como Guerra Revolucionária
Se difere de Canudos em seus aspectos bélicos, Contestado se lhe equipara como fenômeno social. Ambas são rebeliões dos sertões, esquecidos pelos governos central e estaduais. Ambas foram trágicas advertências para a busca de melhores fórmulas de integração nacional.
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Reunião histórica no Palácio do Cadete, em 20 de outubro de 1916, quando na Europa ocorria a 1ª Guerra Mundial, quando foi assinado tratado que solucionou a questão de limites no Contestado, que se arrastava por mais de 63 anos, desde a criação do Paraná por desmembramento de São Paulo. Na foto, sentados, o Presidente Wenceslau Braz, no centro, ladeado pelos governadores do Paraná e Santa Catarina (Fonte: História do Exército, 2 ed, 1998).
A Guerra do Contestado durou 46 meses, de outubro de 1912, a agosto de 1916, até a prisão do seu último líder Adeotado Ramos. Revolta liderada pelos seguintes outros líderes aqui citados em ordem alfabética: Aleixo Gonçalves, Antônio Tavares, Bonifácio Papudo, Henrique Wolland (o Alemãozinho), Josefino, José Maria (O Beato), Marcel Alves e Venuto Baiano, cujas atuações militares precisam serem mais aprofundadas no tocante às suas justas reivindicações de Justiça ou se procuraram tirar proveito da revolta. Foi isto que começou a ser feito no final do século XIX, em relação aos farrapos, por Assis Brasil. E hoje suas lideranças tem sido consagradas, com muito a nos ensinar sobre Arte Militar brasileira que empregaram durante cerca de 10 anos como Guerra de Resistência. E acreditamos que a guerra de resistência dos revoltosos do Contestado encerra muitas lições a enriquecer a Arte e Ciência Militar das nossas Forças Terrestres (Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica e Policias e Bombeiros militares). Estimam que as Forças empregadas para pacificar O Contestado atingiram a cifra de 8.000 homens, sendo cerca de 7.000 do Exército e o restante das forças de Segurança do Paraná e Santa Catarina, e mais civis contratados. O efetivo da revolta é estimado em 10.000 revoltosos. As baixas nas forças do governo estimam entre 800 a 1000, entre mortos, feridos e desaparecidos e as baixas entre a população civil estima-se entre 5.000 e 8.000. A Revolta do Contestado é considerada a maior revolta rural ocorrida na América do Sul. E ela ocorreu decorridos 17 anos depois dos estados do Paraná e Santa Catarina serem envolvidos pela violenta Guerra Civil de 1893/95, combinada com a Revolta na Armada.
Mas esta é outra história sobre a qual muito escrevi, e aproveito a oportunidade para registrar um dos seus heróis do Exército do cerco da Lapa, o General Augusto Julião Serra Martins, colocado em posição inexpressiva no Monumento aos heróis da Lapa, e que o resgatamos na obra Comando Militar do Sul - 4 décadas de História. 1953/1995 e Antecedentes. Porto Alegre: CMS,1995, p.251/258.
A 3ª Região Militar na Pacificação do Contestado
A OM mais atuante da 3ª RM foi o 7° RI, resultante da fusão do 17º BI, que a comando do esquecido e heróico Cel Julião Serra Martins se destacara na resistência da Lapa em 1893-94, e do 29º BI de Pelotas, do Cel João César Sampaio, que nucleara a Divisão do Sul que libertou Bagé em 8 de janeiro de 1894 de cerco federalista.
Esta unidade, ao comando do Cap Primo Pereira de Paula, desempenhou brilhante papel, destacando-se no combate de Santo Antonio. Era integrada por contingentes do 8º (Cruz Alta), 9º (Rio Pardo), 10º (São Gabriel) e 12º (D. Pedrito) regimentos de Infantaria, conforme plaqueta do historiador da 3ª DE, o falecido acadêmico Cel Mário José Menezes.
O ensino militar nas visões do Generais Setembrino e Eurico Dutra
No precioso relatório do General Setembrino citado, de grande valor profissional, ele assinala uma distorção cultural entre muitos oficiais. Ou seja de, ao invés da cultura bacharelesca e matemática, terem enveredado para a cultura literária, e não para a cultura em
Arte e Ciência Militar, o que começou a ser corrigido pelos Jovens Turcos em sua pregação na Revista A Defesa Nacional no sentido do equilíbrio da Cultura Geral x Cultura Profissional, segundo diretriz do então Ministro do Exército.
"O ensino militar entre nós tem variado em dois extremos: ou excesso de matérias teóricas ou de cultura científica, ou a reação brusca no sentido de preparação meramente profissional, com caráter prático. É oportuno alertar sobre a inconveniência ou perigo de socorrer-se a qualquer dessas soluções extremas. A sabedoria aconselha e mostra que a virtude está no meio. Não se esqueçam os que têm a missão de formar os futuros oficiais que é sob o imperativo do ensino profissional e da cultura geral que se deve orientar aquela formação. Estamos num século eminentemente técnico. Só se tornam poderosas, as instituições e nações que têm solicitado à inteligência e às ciências os conselhos e os recursos a serem seguidos, no sentido de melhor se armarem e se tomarem fortes. Mas tudo isto será incompleto e de resultado duvidoso, se o comando, professores e instrutores não cogitarem também de formar espíritos e personalidades".
O Marechal Dutra foi aluno da Escola Militar da Praia Vermelha na ocasião de seu fechamento, seguido de extinção, em consequencia da Revolta da Vacina Obrigatória de 1904. Após passar um ano fora do Exército concluiu o seu curso na Escola de Guerra de Porto Alegre, sob a égide do Regulamento de 1905. Tendo aprendido duramente a lição da História, foi que emitiu a Diretriz acima. Antes, em 1937, fundou a Biblioteca do Exército Editora, nos moldes da Biblioteca do Oficial do Exército Argentino que substituiu a antiga Biblioteca do Exército, comprometida com a Literatura em geral, mas não voltada para a Cultura Militar em Arte e Ciência Militar e que por esta razão foi extinta pelo General Setembrino como Ministro da Guerra.
Eis pois uma preciosa lição a ser meditada a cada momento pelos responsáveis pelo adestramento militar dos futuros oficiais do Exército Brasileiro, dentro de um contexto de primorosa Educação Militar que os tornem capazes especialmente depois de cursarem a ECEME, de atualizar e formular doutrinas militares e não só capazes de executar a doutrina militar em vigor. Pois pensadores militares definem uma Doutrina Militar como possuindo só duas constantes invariáveis - o Homem e a sua constante mudança. Enfim, capazes de contribuírem ao desenvolvimento de uma Doutrina Militar genuína brasileira como a sonhou o Duque de Caxias em 1861 , como Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros, ao adaptar às realidades operacionais sul-americanas, que ele vivenciara em cinco campanhas vitoriosas que comandara, a Doutrina Militar de Portugal própria para as realidades.
E que a Universidade Brasileira participe desta cruzada, da qual tem estado ausente introduzindo em seus cursos de História estudos de História Militar do Brasil, como a UNIRIO e mais a Universidade do sul de Santa Catarina (UNISUL). Pois o Brasil, hoje com sua grande e crescente projeção econômica e social mundial necessita, como procederam as grandes potencias econômicas mundiais, contar com o concurso de suas universidades, em apoio ao Poder Executivo e Legislativo dotando o Brasil de poder militar defensivo dissuasório compatível para defender suas riquezas e seu povo de ambições internacionais e também para
pleitear, com os pés no chão, um assento no Conselho de Segurança na ONU.
Fontes consultadas nesta pesquisa
ASSIS, Dilermando de Cel. Cel Leovigildo Paiva. Rio de Janeiro: BIBLIEx, 1960. ( O Cel
Leogivildo combateu com seu RC no Contestado).
BENTO, Claudio Moreira Bento, Cel. História da 3ª Região Militar 1889-1953. Porto Alegre: 3ª
RM/AHIMTB,1995.
(____).Compêndio de Lutas Internas na República. Resende: AHIMTB, 2000 (Elaborado para a ECEME, para preparação à distancia para o concurso à esta Escola).
(____).et MENEZES, Mario José, cel et GIORGIS, Luiz Ernani Caminha Cel: História da 6ª Brigada de Infantaria Blindada - Brigada Niederauer. Porto Alegre: AHIMTB/IHTRGS.
(____).et GIORGIS, Luiz Ernani Caminha, Cel. Memórias do Major Setembrino de Carvalho in: Escolas Militares de Rio Pardo 1659-1911. Porto Alegre: AHIMTB/IHTRGS,2015.p.115/123.
CARVALHO, Fernando Setembrino Mal. Relatório sobre a Campanha do Contestado. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1916 (é a mais importante fonte sobre a guerra do Contestado do ponto de vista militar feita por seu pacificador, que foi homenageado pela FAHIMTB como patrono de sua Delegacia em Uruguaiana, seu berço natal a qual tem por seu Delegado o acadêmico historiador e artista plástico Sargento Carlos Fonttes).
(____). A Pacificação do Contestado. Rio de Janeiro, s/ed. 1916. (Conferência no Clube Militar, em 3 Jun 1916).
DOCCA, Emilio Fernandes de Souza, Gen. História do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Org. Simões, 1954 (Ele participou do combate à Guerra do Contestado como sub-tenente. Foi um notável historiador militar com notável obra, sendo consagrado pela FAHIMTB como patrono de uma de suas cadeiras que hoje tem por acadêmico titular o Dr. Miguel Frederico do Espírito Santo, presidente do IHGRGS, entidade fundada pelo General Souza Docca, que é também consagrado pelo Exército como denominação histórica da Companhia de Engenharia de Combate de São Borja, seu berço natal.
EXERCITO. História do Exército Brasileiro. Rio de Janeiro: Comissão de História do EME, 1972 (1ed.) v.e, p.767/789).
(____). O Exército na História do Brasil. Rio de Janeiro: BIBLIEx, 1998/Ed. Salvador, BA, 1998.v.3, p.54/67.
FRAGA, Nilson Cesar. 100 anos da Guerra do Contestado-a maior guerra camponesa na América do Sul. Bogotá: Universidade Nacional da Colômbia, maio 1912. (No Colóquio Internacional de Geocrítica).
GUILMANN, Everaldo, Sgt da PMPA. Uniformes da PM do Paraná. Curitiba: Secretária de Estado da Cultura, 2010. P. 18/19.
MARTINS, Vicente. Homens e Vultos de Sobral. Fortaleza: Edições UFC, 1989. (Estuda o General Tertuliano Potiguara).
Mc CANN, Frank D. Soldados da Pátria - História do Exército Brasileiro 1889-1937. Rio de Janeiro: BIBLIEx, 2009. (Contestado p.170/223).
MENEZES, Mario José, Cel. Síntese Histórica da 3ª DE. Santa Maria: 3ª DE, 1992.
MIRANDA, Alcebíades Noronha, Cel. Contestado. Curitiba: Estante Paranaista do IGHE do Paraná, 1988. (Seu autor combateu no Contestado como capitão do 54º BC; são-borjense ilustre, o Cel. Alcebíades era o pai do notável pintor do Exército, Marinha e Aeronáutica Miranda Júnior patrono de cadeira da FAHIMTB).
ROSA FILHO. Episódios da História da Policia Militar do Paraná. Curitiba: Associação da Vila Militar, 2000. (Aborda o currículo do Cap Ex. João Gualberto Sá Filho, mártir do combate de Irani).
Informativo da FAHIMTB e AHIMTB/Resende - Marechal Mário Travassos, redigido pelo historiador militar e jornalista Cel Claudio Moreira Bento para o Seminário Nacional 100 anos da Guerra do Contestado, de 1 a 3 agosto 2012, promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional do Ministério Público de Santa Catarina.
(e-mail: bento1931@gmail.com site www.ahimtb.org.br
BREVE HISTÓRICO DA FEDERAÇÃO DE ACADEMIAS DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL (FAHIMTB)
ELA FOI CRIADA EM 23 DE ABRIL DE 2011 NO BICENTENÁRIO DE INSTALAÇÂO NA CASA DO TREM DA ACADEMIA REAL MILITAR HOJE REPRESENTADA PELA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS E POSSUI 4 ACADEMIAS DE HISTÒRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL (AHIMTB) FEDERADAS: .A AHIMTB/DF Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque presidida pelo acadêmico emérito Gen Div Arnaldo Serafim, a AHIMTB/RS Gen Rinaldo Pereira Câmara presidida pelo acadêmico emérito Cel Luiz Ernani Caminh comando do tenente-coronel Aleluia Pires a Giorgis, a AHIMTB/RJ Marechal João Batista de Mattos, presidida pelo acadêmico emérito Tem R/2 Art Eng Israel Blajberg e a AHIMTB/Resende Marechal Mário Travassos por nós presidida e que juridicamente substituiu a ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL(AHIMTB) e com poderes de FEDERAÇÃO. A AHIMTB fora fundada em 1º de março de 1996 no aniversário do inicio do ensino militar acadêmico na ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS e do término da Guerra da Tríplice Aliança.A FAHIMTB tem como finalidade desenvolver a HISTÓRIA das Forças Terrestres Brasileiras(Exército, Fuzileiros Navais, Infantaria da Aeronáutica, Policias e Bombeiros Militares.Possui Delegacias espalhadas pelo Brasil e. inclusive em Portugal a Delegacia D. João VI com a finalidade de divulgar em Portugal a História Militar comum do Brasil e de Portugal. O patrono da FAHIMTB e academias federadas é o Duque de Caxias por seu pioneirismo na análise crítica à luz de Fundamentos da Arte Militar da Batalha do Passo do Rosário em 20 de fevereiro de 1827 e no sonho do Exército possuir uma Doutrina Militar genuína. Ao adaptar às realidades operacionais sul-americanas que ele vivenciara em 5 campanhas vitoriosas que comandara a Doutrina de Portugal de influência inglesa feita para às realidades do Velho Mundo.até que frisou, o nosso Exército possua uma Doutrina Militar genuína. Sonho a realizar e que mais do que nunca parece se impõr ao Brasil com a sua grande e crescente projeção econômica e social mundial e que precisa desenvolver poder militar defensivo dissuasório compatível para proteger seu povo, seu interesses e suas riquezas, em que pese ser pacifista e não alimentar sonhos de conquistas mas ficar atento a esta lição da História Militar. “Se queres a Paz prepara-te para a guerra!” E foi o que fizeram em seu tempo o notável historiador militar o Barão do Rio Branco, consagrado como O Chanceler da Paz, e o Duque de Caxias consagrado como o Pacificado e o campeão da manutenção da Unidade , da Integridade e da Soberania Nacional . (Cel Bento Pres. FAHIMTB)