Caxias o Comandante - em - Chefe na Guerra do Paraguai - e os problemas políticos

Caxias presidiu as províncias do Maranhão e do Rio Grande do Sul, cumulativamente como o Comando das Armas .No total foram 5 anos e meses nesta condição,

E a razão ele expõe em seu célebre discurso no Senado ,em 15 julho 1870, de grande interesse até hoje aos militares que exercem funções de comandos operacionais. Era por estar suborbinada à Presidência da Província a Guarda Nacional , e no caso do Rio Grande do Sul, essencial a execução de qualquer plano de guerra. Sendo assim ,não poderia estar sujeito o seu emprego ao critério de um presidente de Província não afinado com o plano de guerra.

Ao encarregar Osório de mobilizar o 3 o Corpo de Exército e conseguir que ele fosse o Comandante das Armas, as maiores dificuldades impostas a ação do mesmo ,foram a atuação do Presidente, fraudando a Mobilização, no que foi secundado pelo mal Ref Manoel Luiz Lima e Silva ,que uns afirmam o tio mais moço de Caxias e outros não o reconhecem como tal .Este era o comandante Superior da Guarda Nacional. Situação que melhorou com a nomeação,como Presidente da Província do Barão Homem de Mello.

Ao ter Caxias de pacificar Minas encontrou na Presidência da Província outro tipo de problema que lhe retardou a sua ação pacificadora e que ele assim expôs, com franqueza, ao Ministro da Guerra que lhe havia encarregado da missão:

"Consinta V.Exa. que como amigo lhe diga que espero seja esta a última vez que me encarregue de pacificar alguma Província que tenha por presidente pessoa que nela tenha estado por ocasião (do início) da revolta ,muito principalmente sendo paisano(civil) que quase sempre tanto tem de poltrões durante o perigo ,como de vingativos depois dele passado(salvo honrosas exeções)."

E antes de assim concluir ele explicou ao Ministro da Guerra, segundo Carlos Maul:50

"No ofício que hoje remeto a V.Excia dou as causas que me parecem influírem na condução da conclusão da guerra desta Província .Porém agora ,com mais liberdade direi a V.Excia que a causa principal de os revolucionários não possuírem 1/5 ou 1/6 da força que tinham reunido em torno da capital(Ouro Preto) tem sido o espírito de vingança das autoridades civis de Minas, prendendo e perseguindo os revolucionários que tem se apresentado. Prisões e perseguições extemporâneas que poderiam ser feitas depois que os revolucionários estivessem dissolvidos ,a exemplo do que se praticou em São Paulo ,com cuja política tão bons resultados se colheram .Pois os comprometidos na revolta vendo que são presos ao se apresentarem, preferem conservarem-se de armas na mão ,na esperança de alguma dessas eventualidades que são tão freqüentes na guerra."

Muitas perseguições e injustiças contra os vencidos correm a conta de interesses políticos locais e são praticados por autoridades locais. Afastados os chefes militares as falsas culpas são imputados a eles, eleitos bodes expiatórios .

É o que parece ter acontecido, segundo indícios surgidos no Paraná e Santa Catarina depois da Guerra Civil 1893-95, em que ao gen Ewerton Quadros e ao cel Moreira César foram imputadas responsabilidades que muitas vezes correram por conta da política e políticos locais e das quais os mortos acusados não se podem defender! São fatos que estão para aprofundar!

Caxias em Minas ,segundo ainda Carlos Maul ,não pretendia a absolvição dos responsáveis pura e simplesmete .Esperava das autoridades civis de Minas que as punições se revestissem de formas legais e honestas e não do caracter mesquinho e covarde das vinditas políticas.

Caxias no início da Guerra do Paraguai teve lembrado o seu nome para Comandante - em -Chefe do Exército a guerrear contra o Paraguai .O Governo era exercido pelo Partido Liberal. Convidado pelo Ministro da Guerra Beaupeaire Roham, renomado engenheiro militar,,mas pouco versado em assuntos de Arte Militar, recorreu a Caxias que inclusive ao pedido de Rohan ,elaborou um Plano de Campanha e exigiu como condição que lhe fosse dada a presidência do Rio Grande do Sul ,como na Revolução Farroupilha e Guerra contra Oribe e Rosas 1851-52.Isto implicava em ficar-lhe subordinada a Guarda Nacional ,de poder militar notável ,dispensando-lhe de pedir o apoio ao Presidente da Província.

Rohan foi apresentar o Plano ao Gabinete Liberal e a proposta de Caxias foi unanimemente recusada para não criar-se um problema político - o afastamento do presidente do Rio Grande,mais relevante que uma guerra bem conduzida.

Logo a seguir Roham foi obrigado a pedir demissão.Foi nomeado Ministro da Guerra o único desafeto de Caxias no quadro de oficiais generais- o 2 o Visconde de Camamú,que como primeiro ato foi o nomear seu assistente um major que fora reformado por Caxias e que recorreu a Imprensa para assacar uma série de inverdades contra este.

O Presidente do Gabinete Liberal ,um maranhense ,com quem Caxias não mantinha relações ,insistiu que Caxias como militar tinha de aceitar a missão sem a presidência do Rio Grande do Sul. Caxias alegou suas imunidades parlamentares na condição de senador. E que era necessário que fosse pedida permissão ao Senado. E de tudo isto Caxias deu conta no Senado no seu célebre e histórico discurso de 15 jul 1870 ,ao qual com freqüência nos reportaremos.

Neste contexto de desconfianças Caxias não teria condições de sucesso.

Exemplo de um desencontro lesivo aos interesses nacionais estava tendo lugar no Rio Grande onde foram encarregados do comandos das fronteiras face ao Uruguai e a Argentina ,dois fidagais inimigos .Na do Uruguai o Barão do Jacuí - brig Francisco Pedro de Abreu ,notável guerrilheiro Imperial na Revolução Farroupilha e líder das Califórnias de Chico Pedro e, na da Argentina- o brig hon. do Exército Davi Canabarro que o primeiro havia surpreendido em Porongos.

E o boicote de Chico Pedro a Canabarro ficou evidente, quando da invasão paraguaia do Rio Grande por São Borja. Personagens focalizados pelo cel Cláudio Moreira Bento em Memória dos sítios farrapos de Porto Alegre e a administração de Caxias.(Brasília,EGGCF,1986) o 1 o e o 2o e em O Exército farrapo e os seus chefes.Rio,BIBLIEx,1996,v.1).

E quem era o 2 o Visconde de Camamú que Caxias referiu ser o único oficial general seu desafeto ,tendo sobre ele falado no Senado em 15 jul 1870:

"Sr. presidente (do Senado),o finado visconde de Camamú era um oficial que eu nunca desejei ter sob o meu comando .Dirigi por diferentes vezes o Exército, no Sul e no Norte do Império ,e nunca o quis como meu subordinado. Como pois nesta ocasião , e já no último quartel da vida ,havia de ir servir sob suas ordens ,quando sabia da má disposição dele para comigo ,o que se confirmava pela nomeaçào de seu oficial de gabinete ?Poderia eu escrever-lhe cartas reservadas para depois serem publicadas? E a força moral de que eu tanto precisava para o bom desempenho de tão importante comissão poderia subsistir, quando meus subordinados sabiam que eu não podia contar com a necessária confiança do Ministro da Guerra ,pois era notório no Exército nossas desavenças de muitos anos ? "

O 2 o Visconde de Camamú e ten gen José Egydio Gordilho de Barbuda(1808-67).Nasceu na ilha da Madeira ,em 25 fev 1808,filho do gaúcho de mesmo nome e 1 o Visconde de Camamú. Retornaram ao Brasil em 1809. E com o filho ligaram-se muito a Guarnição do Exército na Bahia ,tendo o pai se destacado na Guerra da Independência na Bahia. Na noite de 28 fev 1830,em Salvador, o 1o Visconde de Camamú ,sendo o Comandante das Armas ,foi atingido por diversos tiros de arcabuz por um grupo de homens a cavalo.Possuí,a grande prestígio na Côrte de D.Pedro I ,o que beneficiaria muito o filho que aos 22 anos,no ano do assassinato do pai, foi agraciado com o título de 2 o Visconde de Camamú,quando servia no récem construído quartel do 8 o BC na Praça do Portão, em Porto Alegre.Suspeito de contrário a Abdicaçãode D. Pedro I , foi preso e absolvido 3 anos mais tarde.Era homem radical em suas posições e durante a Revolução Farroupilha até a chegada de Caxias ,foi um dos entraves à pacificação.Fora o comandante legal derrotado pelo cabo Rocha na Ponte da Azenha, na noite de 19 set 1835,o que criou condições para a conquista farrapa de Porto Alegre no dia seguinte.

Em 1839,por desrespeito ao Presidente e comandante das Armas do Rio Grande do Sul ,mal Elziário Brito ,respondeu a Conselho de Guerra e foi condenado a cumprir um ano de prisão na fortaleza onde hoje se ergue a Escola Naval.

Polêmico e radical, durante a atuação de Caxias como presidente e comandante das Armas 1842-46 na Província sulina na Revolução Farroupilha ,ficou em disponibilidade. E de igual forma por ocasião da Guerra contra Oribe e Rosas 1851-52.

Marechal de Campo e deputado, logo depois da invasão paraguaia de Mato Grosso foi nomeado Comandante das Armas daquela província e logo a seguir guindado ao Ministério da Guerra do Gabinete Liberal que declarou guerra ao Paraguai. Fato que tornou inviável a Caxias aceitar o Comando-em-Chefe ,então!

Mas Caxias no entanto concorreu para que seu amigo general Osório fosse encarregado do Comando -em -Chefe.A reação de sua justificada recusa não se fez esperar.Quando da invasão de São Borja o Imperador viajou ao Rio Grande tendo tirado Caxias da cama doente para acompanhá-lo como seu Ajudante de Campo .Em lá chegando, Caxias foi alvo das maiores desfeitas de seu colega senador Angelo Muniz da Silva Ferraz,futuro Barão de Uruguaina ,então Ministro da Guerra ,e sobre o que desabafou no histórico discurso de 15 jul 1870 no Senado:

"Para o reconhecimento de Uruguaiana foram convidados generais extrangeiros que jamais haviam pisado aquele solo e alguns generais brasileiros.Mas eu fui excluído do reconhecimento.Logo eu senhores senadores, que havia presidido duas vezes a Província do Rio Grande e que outras tantas havia feito a guerra naquelas regiões e portanto acampado neste mesmo lugar e, como Presidente da Província, mandado traçar o plano da povoação ! Doeu-me sobremaneira tal procedimento. Mas resignei-me!"

Alguns viram como raiz destas desfeitas o seguinte incidente entre Ferraz e Caxias no Senado ,em 30 jul 1862. Ferraz havia ajudado Caxias a formar o Gabinete de Caxias de 2 mar 1861.E ao Caxias deixar o Gabinete ,Ferraz criticou a sua atuação e entrou em particularidades e minudências do oficio militar. descabidas .Caxias não se conteve e aparteou-lhe com ironia- "-Outro oficio !"Era como se disse-se ,o orador, um generalista ,se apresenta profissional agora também em Arte Militar E Ferraz não se deu por achado e disse que poderia apontar outras irregularidades de Caxias .E este contra-atacou, dando a entender que se houve falhas, Ferraz era conivente, declarando que reiteradamente Ferraz o apoiara como Ministro. Enfim Caxias ganhou a parada! .

Havia no fundo uma interferência de Caxias, junto ao Imperador, em favor de Osório, vítima de calúnia sórdida que provocou sua transferência para o Rio sem função com apoio de Ferraz, e, para anulá-la, o Imperador ,por influência de Caxias, apelou ao Poder Moderador e Osório foi restituído ao Rio Grande para o seu comando da Fronteira do Jaguarão.

Segundo novamente ,Wanderley Pinho em "Caxias senador"51:

" Quando necessário Caxias ocupava a tribuna do Senado com desembaraço ,não raro exprimindo-se com asseio de linguagem .Era ouvido com atenção , e não deixava de manifestar-se sobre assuntos militares em que falava de cadeira. Sobre problemas políticos muito raro , e só obrigado como Ministro da Guerra ou Presidente do Conselho de Ministros."

Mais tarde em função do desastre de Curupaiti ,o Gabinete Liberal chefiado por Zacharias de Goes e Vasconcelos apelou para Caxias assumir o Comando -em -Chefe no Paraguai , por não ter outra alternativa política. Caxias disse aceitar desde que recebesse confiança total. E a primeira cabeça a rolar foi a do Ministro da Guerra que lhe fizera graves desfeitas em Uruguaiana, agora Visconde de Uruguaiana que já havia antes de Caxias chefiado o Governo.

E sobre a aceitação para o Comando - em - Chefe depois de Curupaiti Caxias discursou em 15 jul 1870 no Senado:

"De Uruguaiana, voltei para o Rio de Janeiro. Meses depois fui procurado pelo sr Presidente do Conselho de Ministros sr (Zacharias) Góes e Vasconcellos. S.Excia ,bem como o seu antecessor ,não mantinham relações comigo. Eu contudo fazia e ainda faço, bom conceito do seu caracter."

(Zacharias está presente ouvindo).

"S.Excia depois que soube do desastre de Curupaiti ,julgou conveniente entender-se comigo a respeito dos negócios da Guerra ,tendo sido antes prevenido de suas intenções pelo Ministro da Justiça.

Disse-me que o Governo necessitava dos meus serviços no Paraguai.E eu sr Presidente, apesar de ter sofrido o que acabei de relatar(desfeitas em Uruguaiana),não hesitei um momento em por-me a sua disposição imediatamente, sem oferecer nenhuma condição."

-Menos uma! (aparteou o senador Zacharias presente à seção).

Caxias -"Sim ,uma única ,mas esta era indispensável. Observei a V.Exa. que aceitava o comando de nossas forças em operações ,mas com uma única condição.E qual era? A de ter plena confiança do governo.....E devo dizer Sr Presidente que fui tratado pelo Ministério de 3 agosto(Gabinete Liberal) com a maior deferência possível."

Caxias falou que recebeu respostas de que como colocar-se perante o Comandante - em - Chefe Aliado (Presidente Mitre da Argentina).E relatou como encontrou o Exército: 9 hospitais-2 no Uruguai,2 em Buenos Aires ,1 em Corrientes ,1 no Cerrito,1 em Itapirú, 1 no Passo da Pátria e 1 em Tuiuti ,nos quais estavam baixados 1/3 do Exército.

"O 1 o Corpo de Exército ocupava Tuiuti e o 2 o Corpo Curuzú. Cavalos só cerca de 3.000 e em mau estado. A Cavalaria do 2 o Corpo estava a pé. Não havia carros e bois de carretas para qualquer movimento. Os dois Corpos de Exército pareciam de países diferentes ,tal as disparidades que apresentavam. Era preciso centralizar tudo. E isto demandava tempo...Cumpro o dever de lealdade declarando que em todo este trabalho sempre fui perfeita e completamente auxiliado pelo governo(Gabinete Liberal) de quem recebi as maiores provas de confiança que era possível receber. Assim correram as coisas nos primeiros 14 meses."

Enquanto Caxias reorganizava o Exército e "comprimia a mola do apoio Logístico" começaram na Corte as críticas injustas dos estrategistas de mesa de bar, da Imprensa e até da tribuna do Senado.

Isto levou Caxias a desconfiar que o Governo já não mais confiava nele .Já muito doente escreveu ao Ministro da Guerra pedindo exoneração para não constranger o governo, usando a carta como ardil dentro da seguinte linha de raciocínio:

"Se o Gabinete não esta contente com a minha ação aceitará meu pedido de exoneração. Mas se ele esta satisfeito recusará meu pedido e eu continuarei a cumprir o meu dever, enquanto minhas forças(saúde) o permitirem.......

Se eu não fosse sr presidente ,como tenho sido sempre um homem do dever e da lealdade ,teria procedido desta maneira? Não decerto! O Ministério (Gabinete) recusou a demissão pedida. Recebi explicações que me satisfizeram completamente e continuei a cumprir o meu dever com a mesma dedicação e lealdade .Seguiu-se a marcha do Exército de Para Cuê para Tebiquari.

O Gabinete de 3 agosto deixou o poder em 16 jul. Até então sabe o Senado a alta consideração com que fui tratado nesta tribuna pelo nobre senador(Zacharias Góes e Vasconcellos ) pela Província da Bahia. Nunca Ministro algum me fez os elogios que recebi do nobre ex presidente do Gabinete 3 agosto(Zacharias).Mas depois desta época S.Excia, não sei porque declarou-se meu inimigo. Procurou por todos os meios mortificar-me, desacreditar-me, assim nesta tribuna como pela Imprensa."

Caxias referia-se a acusações infundadas que foram respondidas por amigos, mas que haviam alguns pontos que ele precisava responder naquele dia e o fez magistralmente .

Zacharias de Góes deu a seguinte versão para a escolha de Caxias, Comandante - em - Chefe das forças de terra e mar do Brasil no Paraguai:

Inicialmente ao propor Caxias para o Comando -em - Chefe ao Gabinte 3 de agosto:

"Sr presidente - também não digo que tenhamos Condés nem Turennes. Mas o que eu sustento é que o sr Marquês de Caxias é dos nossos oficiais ,o de maior desenvolvimento(em Arte Militar).....Acresce uma cisrcunstância que tenho dito muitas vezes e peço licença ao Senado para repetir.O nobre Marquês de Caxias ,por sua longa vida militar ,por sua elevada posição social e, sobretudo, por suas maneiras(virtudes,modo de ser),possui o dom de cativar(conquistar) a vontade dos militares .Onde ele domina(comanda) desaparece a intriga entre os chefes. A sua nomeação(para Comandante - em - Chefe no Paraguai)torna-se imprescindível."

Caxias escolhido Comandante - em - Chefe, Zacharias em discurso no Senado ,em 8 jun 1868, esclareceu como se deu a escolha de Caxias pelo Gabinete Liberal que chefiava:

"Tendo o sr Marquês de Caxias aderido(aceito) ao convite do Governo(Gabinete Liberal )sem impor a menor condição e dizendo- sou sobretudo militar,só ponho ao Governo uma cláusula(condição) ,a da mais inteira confiança. Respondi-lhe que teria toda a confiança. E acrescentou mais S.Excia :-Espero todos os meios com que deve contar um general que tem plena confiança do Governo. E respondi-lhe: V.Excia por sua elevada posição no Senado e no Exército ,sabe perfeitamente quais são os recursos de que o Governo pode dispor .Pois de tudo isso V.Excia disporá. Eis o que se passou em relação a aceitação do convite feito pelo Governo ao nobre general.

Só em conversas posteriores ,disse-lhe que julgava importantíssima a sua ida para o Sul ,tão importante que o Ministério(Gabinete de Ministros Liberal ,de 3 agosto)estava decidido a retirar-se(renunciar) se S.Excia(o marquês de Caxias) mostrando repugnância em servir com ele ,se tivesse recusado a partir. E este é ainda seu pensamento. Julga-se neste ponto identificado (solidário) com a sorte do marquês na condução da guerra. A ida do Marquês de Caxias era indispensável. O Exército ressentía-se de falta de Disciplina e os generais estavam em discordância manifesta .O nobre Marquês de Caxias teve o grande mérito de sopitar todas as intrigas .Foi um grande serviço que prestou ao pais !"

Sobre isto observaria o Ministro da Guerra, gen Div Pedro Aurélio Góes Monteiro em exelente artigo "Caxias Comandante -em -Chefe."52

"O excepcional valor de Caxias foi contestado e relegado para a penumbra das mediocridades.Quanto mais ele fazia e produzia ao serviço da Pátria ,mais se lhe exigiam e mais era esquecida e diminuida a sua capacidade de trabalho benéfico.Nos momentos de crise aguda ,porém,até os própios inimigos,que se consumiam no afà mesquinho de denegrí-lo ,para ele apelavam ,como para um santelmo "(chama azulada que surge na ponta de mastros de navios em tempestades)."

E Zacharias Góes e Vasconcellos se enquadrou no caso.Mais tarde quando Caxias Ministro da Guerra e Presidente do Conselho ,Zacharias de Góes foi cruel ao explorar politicamente em reunião do Senado de 9 mai 1877 ,um incidente entre velhos e fiéis amigos ,Caxias e Osório, passado na esfera militar e que Wanderley Pinho reproduziu na integra em artigo "Caxias senador" citado e que será explorado em local própio.

Zacharias pareceu lamentar o Brasil não dispor de Condés e Turennes para enviar para o Comando - em - Chefe do Paraguai, tendo que recorrer a alguém talvez para ele inferior. Vejamos quem foram Condé e Turenne sinteticamente.:

Visconde Henri de La Tour D ‘Auvergne Turenne, Marechal de França 1611-1675.Comandou o Exército que combateu a Alemanha na Guerra de 30 anos, coincidente com nossas guerras holandesas. Depois comandou o Exército da França durante as guerras de Devolução em 1667 e da Holanda 1667.Conquistou a Alsácia 1675, tendo morrido em ação. Protestante foi convertido ao catolicismo por Bossuet.

Luiz II ,O Grande Condé 1621-1686 .Foi um dos mais notáveis generais de Luiz XIV. Destacou-se nas guerra de Devolução e na da Holanda 1667.Começou sua vida militar por ocasião, no Brasil, das Batalhas do Guararapes ,onde despertou o espírito do Exército de Caxias. Foram contemporâneos.

Creio não foi feliz Zacharias na comparação, colocando-os em plana superior a Caxias o maior dos generais sul-americanos, segundo o mal José Pessoa ,na 1a entrega dos espadins aos cadetes do Exército em 1932,no Largo do Machado no Rio.

A este respeito comentou o cel Claudio Moreira Bento na Revista do Clube Militar jul /ago 1984 ,a pedido de seu diretor cel Aldílio Sarmento Xavier, artigo em 1946, do então aluno do Colégio Militar ,Virgílio da Veiga , em que fazia considerações sobre a enorme projeção de Caxias na historiografia militar mundial, caso tivesse tido por berço a França,a Inglaterra ou a Alemanha. Este artigo responderia melhor a má comparação do brilhante senador Zacharias de Goes ,de opinar sobre capacidades, num ofício em que não possuía experiência.

Zacharias de Góes e Vasconcellos (1815-1877) foi um dos mais brilhantes políticos filiados ao partido Conservador(ala moderada) mas aliado aos liberais.Era baiano de Valença. Senador pela Bahia. Presidiu o Piauí,Sergipe e Paraná. Foi Ministro da Marinha 1852 e do Império 1862 .Foi Ministro da Justiça e Presidente do Conselho de Ministros e assim chefe de Governo no Ministério de 3 ago 1866. Faleceu em 1877 no ano em que submeteu Caxias Presidente do Conselho de Ministros a constrangendor e indelicado questionário no Senado, a respeito de incidente OsórioxCaxias ,ligado a Hieraquia e a Disciplina do que ao Regimento do Senado. Osório faleceria em 1879 e Caxias em 1880.

Angelo Moniz da Silva Ferraz e barão de Uruguaiana(1812-1867),foi um dos mais brilhantes políticos do Império em assuntos de sua especialidade. Senador pela Bahia, militando no Partido Liberal. Chefiou o governo do Brasil como Presidente do Conselho de Ministros 1859-1861, quando foi substituído por Gabinete chefiado por Caxias e para cuja organização concorreu.Foi Ministro da Guerra 1865-66 durante a rendição de Uruguaiana, tendo caído com a escolha de Caxias depois do desastre de Curupaiti para comandante - em - Chefe das forças de terra e mar em operações no Paraguai. Morreu em Petrópolis em 1867. Era inimigo político do gen Osório e de suas garras o livrou Caxias, ao convencer o Imperador a usar o Poder Moderador para fazer voltar Osório ao seu comando em Jaguarão ,ao invés de ficar sem função no Rio, única forma encontrada por seus adversários políticos para neutralizar o seu grande prestígio no Rio Grande.

Zacharias e Angelo Ferraz nasceram em Valença - BA e Caxias faleceu em Valença - RJ. É uma coincidência interessante !

Ao chegar ao Paraguai Caxias teve de se subordinar por força do Tratado da Tríplice Aliança,( classificado pelo general Góes Monteiro cit )"de monstruoso tratado" ,ao presidente da Argentina, general Bartolomeu Mitre, comandante - em - Chefe dos Aliados.

O signatário do mesmo ,o diplomata brasileiro Otaviano, insistiu em dividir o Comando,-,em,-,Chefe com Caxias,.E este ,de Tuiuti ,dirigiu ao senador José Inácio Silveira da Motta, carta existente no IHGB ,segundo o gen Góes Monteiro em seu citado "Caxias comandante-em-Chefe:

"Voltou o seu amigo Otaviano ,zangado comigo ,porque não quiz repartir com ele o Comando - em - Chefe.Não teve razão.Mas enfim ,estou disposto a tudo sofrer,desde que caí na asneira de sair da minha casa ,depois de velho ,com a missão de desmanchar as asneiras que se fizeram por cá."

Caxias depois de 3 meses de atuação no Paraguai contornou os problemas que feriam de morte o princípio de Guerra da Unidade de Comando.Todas as forças brasileiras lhe são subordinadas .

Em pouco extendeu seu comando sobre as forças uruguaias e argentinas, com retorno a seus países dos presidentes Venâncio Flores e Bartomeu Mitre para a solução de problemas políticos internos.

Caxias ao executar o início de seu plano contra Humaitá ,em 22 jul 1867,nove dias depois chegou o presidente Mitre para assumir o Comando - em - Chefe, situação que perdurou por meio ano até Mitre retirar-se em definitivo do Teatro de Guerra e Caxias assumir o Comando - em -Chefe das Forças Aliadas.

E deu prosseguimento ao seu plano de contornar Humaitá, interrompido com a presença do presidente Mitre ,e agora sem interferência aliada ,liderando ,em 1868 ,os mais belos momentos de operações militares jamais vividos pelo Exército Brasileiro de que muito justamente ele é o Patrono.Resumo:

1868:Fev a Esquadra Brasileira forçou Humaitá. Andrade Neves conquistou Estabelecimento e o gen Vitorino, Laureles. E aos poucos Humaitá vai sendo desbordada por terra e água. Caxias simulou um ataque geral a Tuyu-Cuê, Espinilho, Bocaina e Linha Negra. Abriu uma picada que atingiu a represa do Sauce, provocando, pela manobra ,a retirada inimiga do mortífera para os Aliados Linha Curupaiti - Passo Pocú -Espinillo - e Angulo.

O cerco de Humaitá vai arrochando. Caxias mandou ocupar posições no Chaco defronte a Humaitá. Osório comandou reconhecimento a viva força e encontrou forte resistência e teve muitas baixas. Caxias permitiu que ele se retirasse ou, que ficasse ao seu arbítrio tal decisão. Mas serviu para ter-se a idéia de que na próxima investida Humaitá cederia.

Solano Lopes não esperou e retirou-se ,em tempo ,com os defensores de Humaitá por a única saída disponível através do Chaco.Caxias mandou ao seu encalço um forte destacamento que em 9 dias de ações conseguiu que os perseguidos depusessem as armas.

Mas o mal Solano Lopes conseguiu atingir São Fernando, para onde Caxias se dirigiu com o 2 o e 3 o Corpos de Exército, deixando o 2 o Corpo ocupando Humaitá.

Caxias atingiu Palmas onde estacionou, ao defrontar-se com a inexpugnável linha fortificada do Piquiciri, conclusão a que chegou Osório depois de outro reconhecimento a viva força.

E para transpô-la foi concebida por Caxias a célebre Manobra pelo Chaco, para envolver a posição de Piquiciri pela retaguarda, após fixá-la pela frente ,isolando seus defensores de Assunção - a capital.

O suporte para a audaciosa manobra em que Caxias correu o Risco Calculado ao sacrificar o princípio de Guerra da Segurança(travessia do Chaco inundável) em beneficio do da Surpresa que conseguiria a nível estratégico (ao desembarcar de surpresa na retaguarda profunda do inimigo ),foi a estrada do Chaco, construída em menos de 2 meses out/nov 1868 com 8 pontes .Estas construídas pelo Batalhão de Pontoneiros do 2 o Corpo de Exército que foi extinto mais tarde ,cuajs gloriosas tradições poderiam ser retomadas por alguma unidade de Engenharai do Sul ,por ele ter sido criado em Uruguaiana.

Ela no todo foi construída pela Engenharia de Combate da época ,o Batalhão de Pontoneiros do 2 o Corpo e o Batalhão de Engenheiros do 1 o Corpo ,com apoio de todas as tropas.

Em 5 dez teve início a Dezembrada, cuja sorte esteve ameaçada na ponte de Itororó em que Caxias pondo sua vida em perigo lançou-se sobre ela, conclamando seus subordinados-Sigam-me os que forem brasileiros! E todo o Exército o seguiu e foi conquistada a ponte por sua corajosa e oportuna ação de líder de combate.

O que se seguiu foi uma série de vitórias sobre as tropas que defendiam a linha do Piquiciri. Restou ao mal Solano Lopes retirar-se para a Cordilheira .

Estrategicamente estava terminada a guerra! Fora conquistada por Caxias Humaitá - objetivo militar da Tríplice Aliança o que pôs fim a capacidade defensiva estratégica de Lopes. Com as vitórias da Dezembrada foi anulada a capacidade defensiva tática do mesmo.

Com a conquista Aliada de Assunção por Caxias - foi conquistado o objetivo político da Tríplice Aliança, com a extinção do governo exercido pelo mal Solano Lopes. Este procurou proteção na Cordilheira sem nenhuma possibilidade de reverter sua derrota que aconteceria em 1 o mar 187 0 em Aquidabã ,onde tombou heroicamente de espada em punho, coerente com o seu ideal, contrário ao da Tríplice Aliança.

Em 14 na 1869, em Assunção ,em Ordem do Dia ,Caxias proclamou aos seus comandados:

"Em minha Ordem do Dia de 20 dez 1868 disse aos meus camaradas que o inimigo vencido na ponte de Itororó e no arroio Avaí, nos esperava em Lomas Valentinas com os restos do seu Exército. Que marchássemos sobre ele e que com uma batalha a mais teríamos concluído nossas fadigas e privações ......que marchássemos para o combate que era vitória certa ,porque o general e amigo que vos guiava ainda não tinha sido vencido. O inimigo se achava em Lomas Valentinas ..ali o atacamos ,ali o derrotamos completamente.

O Deus dos exércitos não nos desamparou, nem a bravura e a intrepidez dos meus camaradas consentiram que fosse vencido o general e amigo ,que a sua frente se achava..."

Era a derradeira operação em que Caxias tomou parte desde seu batismo de fogo na Guerra da Independência da Bahia ,como tenente ajudante do Batalhão do Imperador.

Ao assumir o Comando - em - Chefe das forças brasileiras em operações , em Tuiuti, lançara a seguinte proclamação em sua Ordem do Dia n o 1:

"Assumindo o comando, acho-me mais uma vez no meio de vós, para coadjuvar e dirigir. Se a vós não conhecesse ,eu vos recomendaria valor !Mas nos inúmeros combates até hoje havidos ,tendes dado sobejas provas desta virtude militar. Também não vos venho preceituar subordinação, pois sempre testemunhei a conduta do militar brasileiro nas mais árduas campanhas .Conto porém com vossa constância e dedicação ao pais ,para levar ao cabo a gloriosa empresa em que estamos empenhados. Mais um esforço e os nossos trabalhos serão coroados pela vitória! "

Quinze anos antes ,como Comandante - em - Chefe do Exército do Sul na guerra contra Oribe e Rosas 1851-52 , antes de iniciar a entrada no Uruguai ,concitou seus soldados a respeitarem os soldados aliados uruguaios e argentinos:

"Que nenhum outro, sentimento em vós se manifeste, além do desejo de exedê-los em virtudes do verdadeiro soldado. Não tendes no Estado Oriental(Uruguai) outros inimigos senão os soldados do general D, Manoel Oribe.Esses mesmos ,enquanto iludidos empunharem armas contra os interesses de sua pátria, , quando desarmados ou vencidos são Americanos, são nossos irmãos e como tais os deveis tratar.......

A propiedade de quem quer que seja ,nacional ou estrangeira ,amiga ou inimiga, é sagrada ,é inviolável. Ela deve ser tão religiosamente respeitada pelo soldado do Exército Imperial como a sua própia honra. Aquele que por desgraça a violar, será considerado indigno de pertencer às fileiras do Exército Imperial e assassino da honra e da reputação nacional e como tal severamente punido."

Seria esta visão de Caxias um pioneirismo panamericanista e hoje do Mercosul ao falar em "soldados Americanos ,nossos irmãos?"

Caxias bastante doente teve uma síncope numa cerimônia na catedral de Assunção. Por ordens médicas foi obrigado a deixar o Teatro de Guerra com licença superior.Chegou ao Rio depois de tanto sacrifícios .No cais só encontra para recebê-lo a sua querida Anica e vai para o seu retiro na Tijuca .Terminara invencível o seu longo período de guerreiro.

Foi procurar junto a esposa e filhos o descanso do guerreiro consciente de haver em vários recantos do Brasil contribuído à preservação da Unidade Nacional posta em sérios riscos pelas paixões políticas e ,em duas guerras no Prata ,haver acautelado interesses que punham em risco a Integridade e a Soberania do Brasil.

Segundo o gen Góes Monteiro cit ,ao apreciar Caxias como Comandante - em - Chefe:

"Mais admirável que a capacidade de julgamento e discernimento de Caxias como comandante em Chefe ,do que o seu raciocínio rápido ,as suas concepções realistas e objetivas,a sua vontade enérgica na execução dos atos que preparava e decidia - e a sua formidável faculdade de previsão no acerto da escolha da rota por onde deveria ter sido encaminhado o destino dos brasileiros ."

Para o mesmo autor o grande amor inalterado de Caxias pela profissão soldado só encontraria explicação :

"No fato de em mais de meio século de constante atividade guerreira, jamais haver sofrido um revés ,em que pese a defeituosa e débil organização dos Exércitos a que foi chamado a comandar em momentos críticos da vida do Brasil."

Terminada a guerra, sendo político prestigioso do Partido Conservador , sofreu ataques a sua atuação como Comandante - em -Chefe. Foi defendido por amigos. Defendeu-se pessoalmente no Senado ,em histórico discurso de 15 jul 1870 publicado na integra por Wanderley Pinho no artigo cit.junto com o seu Plano de Campanha contra o Paraguai de 1865, na condição de Conselheiro de Guerra e a pedido do Ministro da Guerra Rohan.

Seus amigos publicaram a seguinte obra em sua defesa:

-BRASILICUS(LIMA, Patrício Augusto Câmara).Manuscrito de 1869,ou Resumo Histórico das Operações Militares dirigidas pelo Marquês de Caxias na Campanha do Paraguai.Rio de Janeiro’:Liv.e Litog. Popular de Azeredo Leite,1872.174 páginas.

Obra editada em 1872 quando Caxias era Provedor da Irmandade da Santa Cruz dos Militares .Ela defendia a ação de comando de Caxias face às críticas que fora do poder lhe foram feitas no Parlamento e,pela Imprensa brasileira e argentina.Seu autor usando pseudônimo de BRASILICUS assim expôz a finalidade de sua obra:

"O fim em vista, apresentando um Resumo dessas Operações,foi o de estabelecer a verdade dos fatos ,tão adulterada por alguns escritores ,os quais, por espírito de Partido ,ou por qualquer outro motivo não menos censurável, tanto têm criticado os brilhantes feitos de nosso brioso Exército e o de seu ilustre e digno general.(Caxias)."

É obra de grande interesse didático para os militares do Exército ,por abordar e discutir aspectos de Tática ,Estratégia e de Chefia Militar, ao justificar as ações e comando de Caxias, nas mais brilhantes Operações Militares até hoje empreendidas pelo Exército Brasileiro e sob a liderança de seu atual patrono.

O livro foi mandado editar as expensas de 242 oficiais e alguns civis ,entre eles o mal Soares Andréa e Barão de Caçapava,o brig.João de S. Fonseca Costa (chefe de Estado-Maior de Caxias no Paraguai),cel Severiano M.da Fonseca,majores Pêgo Jr,Bernardo Vasques, Conrado Jacob Niemayer,Thomaz Cantuária (artilheiro da Retirada da Laguna), Roham, Camisão, Antônio Gomes Pimentel, capitães Taunay,Bibiano Costallat,Francisco de Paula Argolo,Diniz Santiago,Bernardino Borman (Aj. O de Caxias e seu biógrafo),tenentes Emílio Jourdan(historiador Guerra do Paraguai),alferes Gabino Bezouro,Thomaz Tompson Flores(morto em Canudos como coronel)e cadetes como Thaumaturgo de Azevedo.Enfim citados aqui nomes tornados mais conhecidos no Exército .

Estudo crítico sobre o autor da obra ,foi identificado tratar-se de Patrício Augusto Cãmara Lima, da estirpe militar dos Correia da Cãmara, iniciada por seu heroico avô, o Marechal Patrício Correia da Cãmara e 1 o Visconde de Pelotas.Patricio Augusto,nasceu em Porto Alegre em 1800 e foi funcionário da Fazenda.É possivel que ele traduzisse opiniões de assessores militares como o cel Fonseca Costa Chefe de EM de Caxias e dos historiadores e escritores Taunay,Emílio Jourdan(a quem Floriano encarregaria de escrever sobre as campanhas do Paraguai,"para subsidiar estudos dos alunos da escolas militares do Ceará, Porto Alegre e Praia Vermelha dentro das realidades operacionais sul-americanas.")e mesmo de Bernadino Bormann, historiador militar ,genro de Patricio Augusto e biográfo e ajudante- de- Ordens Caxias.São possibilidades e não certezas !

Sobre a obra em análise assim se referiu Caxias em duas oportunidades em cartas ao Marechal Cãmara e Visconde de Pelotas,seu amigo e cuja capacidade militar admirava:

Em carta de 21 ago 1872: "Não há dúvida que este trabalho é do Patrício Cãmara.Não pode ser julgado um trabalho completo.Mas nem por isso deixa em alguma coisa dizer verdades,ainda que em outras improvisa um pouco."

Em carta anterior de 13 jul 1872 ao mesmo destinatário Caxias menciona :

"Lhe envio um folheto que um Patrício e ,até parente seu me ofereceu.Nele recorda nossas Operações Militares praticadas no Paraguai.,durante o tempo em que comandei o Exército.E como V.Excia foi uma das testemunhas presenciais dessas Operações é bem competente para delas fazer o juízo(julgamento) que merecem."

Enfim trata-se de livro raro e precioso que talvez merecesse uma edição fac similar ou mesmo adaptada à linguagem militar corrente atual, por abordar as mais brilhantes operações até hoje realizadas pelo Exército e sob a liderança de seu patrono- O Duque de Caxias.Publicação dentro da linha preconizada pelo mal Ferdinand Foch professor de História Militar da Escola Superior de Guerra da França aonde foi buscado para comandar a vitória Aliada na 1a Guerra Mundial:

"Para alimentar o cérebro(comando) de um Exército na paz ,para melhor adestrá-lo para a eventualidade indesejável de uma guerra,não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."

(Comentário transcrito de O GUARARAPES ,008,jan/fev 1997)

E a vida e obra de Caxias o héroi militar maior do Brasil se presta a isto e, seguamente ,ao contrario de Zacharias ,que o colocou em plano inferior, especialistas no tema irão colocá-lo no pedestal que conquistou ao lado dos grandes capitães da História Univesal, como o fez com autoridade o grande historiador militar brasileiro Barão de Rio Branco ,que o adjetivou de o mal Wellington brasileiro ,menção ao vencedor de Napoleão em Waterloo.

Agora mesmo Caxias foi alvo de expressiva homenagem ,como herói nacional e sinônimo de probidade ,honestidade ,honrades e espírito público ,na novela o Rei do Gado, da Globo ,no personagem do incorruptível e patriota senador Roberto "Caxias",mártir brasileiro da causa do povo.Seguramente o grande público telespectador indagou quem era Caxias em quem se inspirou o personagem? E seguramente o farão telespectadores estrangeiros que importarão esta novela de sucesso de Benedito Rui Barbosa ,na qual uma medalha de um herói da FEB,morto em combate ,consegue,milagrosamente reconcialiar , os ódios entre as familias Mesenga e Berdinatti ,que até o achado da medalha pareciam irreconciliáveis!

Lá no alto onde se encontra e ainda como Nume tutelar do Brasil ,cabe-lhe hoje e sempre, por sua grande vida e obra estes versos(tradução de de J.Laender) do inacabado poema do grande poeta romano Vírgílio - Eneida ,em que abordou a epopéia romana.

 

"Em que afortunados tempos aparecestes ?

Que dignos pais te gerararm ?

Enquanto os rios correm para o mar,

enquanto as sombra da floresta circundar as montanhas,

enquanto o céu sustentar os astros ,

durarão tua glória.o teu nome ,os teus louvores ,

Onde quer que eu esteja ,serei atraido poi ti."

 

Caxias figura entre os maiores heróis do Brasil.E cultuar heróis não consiste em só exaltar e agradecer-lhe os seus feitos, normalmente nos seus aniversários de morte, mas sobretudo, em tentar imitá-los em suas grandes virtudes cívicas,e a absorver as lições que eles sugerem. Pois ,no culto dos heróis ,imitando-lhes as virtudes e absorvendo suas preciosas lições é que se renovam os homens de virtudes cívicas e com eles a Pátria.

Aqui ,em especial ,evidenciamos as virtudes reveladas por Caxias no exercicio das funções de Chefe Militar ,bem conduzindo seus compatriotas à vitória em 6 campanhas em que estiveram em risco os objetivos nacionais de Unidade ,Integridade e Soberania Nacionl e para que não dizer-se de Paz Social, com a pacificação que fez da Questão Religiosa em 1875,como seu derradeiro grande serviço, para não mencionar-se um fato até bem pouco desapercebido -o seu pioneirismo abolicionista, ao assegurar por sua conta e risco ,liberdade para os escravos que por ela empunharam a lança, como lanceiros da República Rio-Grandense,conforme explicamos na bibliografia ao final e em nosso O Exército farrapo e os seus chefes.

Se porventura um dia surgirem dúvidas ,sobre sua ação de Comandante-em Chefe no Paraguai , a sua defesa no Senado em 15 de julho 1870 e a de seus amigos no Manuscrito de 1869 ,de BRASILICUS ,ajudarão a rspondê-las,além de servirem de subsídios didáticos preciosos ,por realistas ,em nossas escolas de Formação e Aperfeiçoamento.

 

Observação :O leitor recorreu a intervenções entre parentêses para maior elucidação dos textos em seus significados atuais e, ao a negrito, para realçar certas expressões em trechos trancritos.