OS 150 ANOS DA CRIAÇÃO DO BATALHÃO DE ENGENHEIROS

EM 23 JAN 1855

 

Cel Cláudio Moreira Bento (x)

Em 23 de janeiro de 1855, foi criado o Batalhão de Engenheiros ligado a Arma de Artilharia, situação que perduraria por cerca de 53 anos, até a criação da Arma de Engenharia, em 4 de junho de 1908, no contexto da Grande Reforma do Exército, levada a efeito pelo Ministro da Guerra Marechal Hermes de Fonseca que então criou as Brigadas Estratégicas, tendo cada uma como orgânico um dos 5 batalhões de Engenharia então criados.

A criação do Batalhão de Engenheiros decorreu da necessidade de apoiar o Movimento do Exército em campanha e não restrito a obras de construções e reparações no Rio de Janeiro, como atuara desde 1808 o Batalhão de Artífices .

E esta necessidade sentiu a Artilharia Brasileira, representada pelo Regimento Mallet na Guerra contra Oribe e Rosas 1851-52, aos deslocar-se por caminhos dificílimos sujeitos, a chuva e através de lodaçais , onde o seu Regimento foi apelidado de Boi de Botas, em razão, segundo a tradição, dos bois que tracionavam as peças e outras carretas do Regimento se apresentarem com as pernas cobertas de barro, como se estivessem calçando botas.

Em 1881 surgiu a primeira idéia da criação da Arma de Engenharia com Ministro da Guerra João José de Oliveira Junqueira, ao fazer esta proposta ao Governo.

"Temos um Batalhão de Engenheiros com 8 companhias, considerado como fazendo parte da Arma de Artilharia. Propomos que estas tropas de Engenharia sejam completamente separadas das de Artilharia, constituindo uma Arma Especial e na dependência do Comando do Corpo de Engenheiros e sendo destinados por ele, de preferência, oficiais que tiverem o Curso completo de Engenharia Militar".

O Batalhão de Engenheiros foi criado com 4 companhias. 1 de Artífices , 1 de Mineiros, 1 de Pontoneiros e 1 de Sapadores .E decorridos 10 anos, em 1º de julho de 1867, por ordem do atual Patrono do Exército Brasileiro Duque de Caxias, em Operações no Paraguai, ele criou mais duas companhias no Batalhão de Engenheiros. Mais uma de Artífices, e outra de Pontoneiros, ficando organizado o Batalhão com 6 companhias.

Batalhão de Engenheiros cuja história foi resgatada pelo então Major de Engenharia Aurélio de Lyra Tavares em sua obra História da Arma de Engenharia. Rio de Janeiro:BIBLIEx,1942.Ilustre oficial autor da Canção da Arma de Engenharia, hoje denominação histórica do 1º Grupamento de Engenharia de Construção, patrono da cadeira 31 da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e o único oficial general da Forças Armadas do Brasil eleito membro acadêmico da Academia Brasileira de Letras.

Vale aqui lembrar que na Guerra do Paraguai, ao lado do Batalhão de Engenheiros atuou o Batalhão de Pontoneiros que foi criado, em 7 de outubro de 1865, em Uruguaiana, pelo Conde de Porto Alegre, logo depois da retomada de Uruguaiana aos paraguaios.

Batalhão de Pontoneiros cuja heróica saga histórica resgatamos em artigo, "Os brummer, os primeiros pontoneiros do Exército Brasileiro", publicado nos Anais do 1º Simpósio e História de Imigração e Colonização do RGS. São Leopoldo: Rotermund, 1974 p.333/354.Batalhão que foi extinto ao final da Dezembrada e cuja última ação registrada foi em Lomas Valentinas, onde segundo o Capitão Emílio Jordan, hoje denominação histórica da Companhia de Engenharia de Combate sediada em D.Pedrito:

" Uma companhia de Pontoneiros, ao comando do Capitão Martins abriu em Lomas Valentinas uma brecha e com os cadáveres de seu bravos que ali tombaram foi entulhado o fosso."

 

E foi este Batalhão de Pontoneiros junto com o de Engenheiros que realizaram as estratégicas ações de apoio ao Movimento, na épica transposição do Chaco, por estrada que ali construíram com 8 pontes para apoiar a notável e original manobra de Caxias através do Chaco, onde ele aceitou o Risco Calculado, ao por em risco o princípio de Guerra da Segurança, em benefício do principio da Surpresa, a qual conseguiu em nível estratégico, ao desembarcar na retaguarda profunda do exército adversário, o isolando do objetivo político desta guerra, a conquista da capital Assunção por tropas aliadas da Tríplice Aliança.

Durante esta guerra o Batalhão de Engenheiros participou das seguintes ações:

- Combate da Ilha de Redenção – 09/10 de abril de 1866, que destacaremos adiante. 

- Travessia do rio Paraná, no Passo da Pátria – 16 de abril de 1866 

- Batalha de Tuiuti – 24 de maio de 1866. Nesta participou com destaque na construção do fosso atrás do qual a Artilharia de Mallet que o Batalhão de Engenheiros integrava, se colocou para defender o centro aliado e foi quando Mallet pronunciou as seguintes palavras com convicção " Por aqui eles não passam!. Nesta ocasião foi que o Batalhão de Engenheiros cobriu e defendeu como Infantaria o flanco esquerdo da Artilharia, desamparado por tropa uruguaia sobre pressão paraguaia. 

- Humaitá – 16 de julho de 1868

- Reconhecimento em Força de Piquiciri – 01 de outubro de 1868

- Construção da Estrada do Chaco – 10 de outubro de 1868 

- Campanha de Itororó – 06 de dezembro de 1868

- Batalha de Avaí – 11 de dezembro de 1868 

- Batalha de Peribebuí – 12 de agosto de 1869 

- Batalha de Campo Grande – 16 de agosto de 1869-

Ao final da Guerra do Paraguai o Batalhão de Engenheiros foi dividido em duas alas. A Ala Direita que retornou ao Rio de Janeiro e a Ala Esquerda que ficou no Rio Grande do Sul, em Cachoeira do Sul, onde ajudou a construir no Rio Grande do Sul, entre outras obras, e agora não mais como Ala Esquerda do Batalhão de Engenheiros, mas como 2ºBatalhão de Engenheiros, a construção da FEPAU - Ferrovia Estratégica Porto Alegre- Uruguaiana que de certa forma foi sonhada pioneiramente pelo Barão de Caxias em 1844, como Presidente do Rio Grande do Sul e comandante de suas Armas, a atual 3º Região Militar, e antes do final da Revolução Farroupilha em 1º de março de 1845 que ele pacificou..

"Qualquer estrada estratégica que se tenha de construir na Província do Rio Grande do Sul, não satisfará as necessidades bélicas sem que tenha sua base na Província de Santa Catarina, porque sendo a barra do Rio Grande de difícil passagem em certas épocas do ano, minguados serão os recursos de tropa, armamento, municio etc que por ela poderão entrar, vindos de outras províncias."

Em 18 de agosto de 1888, Decreto nº 10015 assinado pela Princesa Imperial Regente D. Isabel determinou a seguinte reorganização do Batalhão de Engenheiros.

"As forças arregimentadas do Exército Permanente ficam organizadas em corpos das Armas de Engenharia ,Artilharia, Cavalaria, Infantaria e Transporte.

A Arma de Engenharia constará de dois Batalhões, contendo cada um, um Estado- Maior e Menor que farão parte da 1º Companhia .

Parágrafo 1º "O comandante, Major Fiscal, Capitão Ajudante e Comandantes de Companhia serão oficiais do Corpo de Engenheiros e servirão em comissão. Na falta, ou impedimento destes, poderão ser empregados Oficiais dos Corpos Científicos . Os outros oficiais pertencerão Arma de Artilharia e serão classificados nos Batalhões de Engenheiros, sendo preferidos os que tiverem o curso completo de Engenharia Militar".

Este decreto destinava os postos de oficias no Batalhão de Engenheiros, ao Engenheiros Militares, comparáveis hoje ao engenheiros militares formados pelo IME .Pois não existiam oficiais da Arma de Engenharia que só passaram a serem formados, a partir de 1908 e até 1911 pela Escola de Guerra de Porto Alegre no Casarão da Várzea e depois na Escola Militar do Realengo até 1944 e a seguir pela AMAN em Resende

Em decorrência do Decreto da Princesa Isabel:

Em 23 de fevereiro de 1889, no limiar do Republica, e em decorrência também da Ordem do Dia do Exército, de 3 de setembro de 1888, foram criados os 1º Batalhão de Engenheiros e o 2º Batalhão de Engenheiros. O 1º Batalhão formado com as 1ª,2ª,5ª, 7ª e 8ª companhias do histórico Batalhão de Engenheiros, e o 2º Batalhão de Engenheiros, no Rio Grande do Sul, com as 3ª, 4ª e 6ª companhias do Batalhão de Engenheiros e com a parada inicial em Cachoeira do Sul. Frações do 2º Batalhão de Engenheiros atuaram através de destacamentos no combate à Revolta Federalista, no sítio de Bagé e contra a Revolta na Armada, na cidade de Rio Grande em 1893/1895 , conforme registramos na História da 3ª RM 1889/1953.Porto Alegre:3ªRM ,1995..v.2 , onde também registramos que participou do combate a Guerra de Canudos.

Este 2º Batalhão de Engenheiros, originado da Ala Esquerda do Batalhão de Engenheiros deu origem ao Batalhão Ferro Viário pôr Portaria de 8 de julho de 1919 e logo a seguir passou a denominar-se o 1º Batalhão Ferroviário, pôr Decreto n.º 13.916,de 11 de dezembro de 1919 e com parada em Cruz Alta até 2 de maio de 1922, depois em Santo Ângelo, até 15 de fevereiro de 1933 e a seguir em Jaguari e Santiago, até ser transferido para Bento Gonçalves onde permaneceu largo período na construção do Tronco Principal Sul e no qual servimos de 1957/1959 e de 1961 até o inicio de 1977, quando ingressamos na ECEME.

Tendo feito uma palestra para oficiais de Batalhão sobre a Revolução Farroupilha, por solicitação do Colégio Bento Gonçalves, da cidade de Bento Gonçalves a fui fazer como Tenente Bento, e sobre o General Bento Gonçalves, patrono daquela cidade. E gostando do tema caprichei na exposição. No outro dia o meu comandante me chamou para que eu conhecesse o teor do ofício de agradecimento onde lá constava " agradecimento a bela e esclarecedora palestras do Tenente Bento Gonçalves da Silva as nossas alunas." Era tanto Bento que a secretária se confundiu.

Este batalhão depois de haver construído mais de 1000 km de ferrovias no RGS foi transferido para a cidade de Lages, em Santa Catarina, onde foi renumerado como 10 º Batalhão de Construção e com denominação de Batalhão Benjamin Constant que não possuía nenhuma ligação histórica com a unidade, segundo os opositores desta idéia. A renumeração do Ferrinho e sua denominação histórica desgostaram os militares que nele haviam servido. Mas o que fazer se não só lamentar! Ordens são para serem cumpridas.!

O 1º Batalhão de Engenheiros, originário da Ala Direita do Batalhão de Engenheiros daria origem, em 18 de fevereiro de 1935, ao 1º Batalhão de Transmissões. Batalhão de onde saiu uma de suas companhias para integrar a 1ª DIE/FEB.

Sua Companhia de Pontoneiros deu origem a Companhia do 1º Batalhão de Pontoneiros em Itajubá , o atual 4º Batalhão de Engenharia de Combate que tivemos a honra de comandá-lo em 1981/82 e para cuja formação em Rio Pardo concorreu uma Bateria do Regimento Mallet. Unidade da qual resgatamos sua história em nosso artigo ´4º Batalhão de Engenharia de Combate- síntese histórica". Revista do Exército Brasileiro .v. 119, out/dez 1982.p.45/60 ilustrado, tendo na capa uma vista aérea de seu aquartelamento.

A sua Companhia de Sapadores deu origem a Companhia Escola de Sapadores, em 4 maio 1935.E por evolução, transformações e denominações sucessivas, o Batalhão de Engenheiros deu origem ao 10º Batalhão de Engenharia de Construção - Batalhão Benjamin Constant, em Lages –SC ; ao 7 º BE Cmb –Batalhão Visconde de Taunay, em Natal- RJ; ao Batalhão Escola de Engenharia ,Batalhão Vilagran Cabrita em Santa Cruz, no Rio de Janeiro, aquartelado no antigo Palácio Imperial de Santa Cruz e, a 1ª Cia de Engenharia de Pontes Flutuantes, .em 1971, também no Rio de Janeiro

O Batalhão de Engenheiros teve o seu grande momento na conquista da ilha defronte ao forte Itapirú, ao comando de seu heróico comandante, o Ten Cel Art José Carlos Vilagran Cabrita que assim o evocamos e o seu Batalhão de Engenheiros, em nossa oração alusiva à inauguração do Memorial ao Ten Cel João Carlos Villagran Cabrita, no Batalhão Escola de Engenharia, Batalhão Vilagran Cabrita ,em Santa Cruz - RJ, em 13 abril de 1998 e a convite deste Batalhão Escola de Engenharia:

"VILLAGRAN CABRITA - O herói da ilha Redenção

Em 10 abril transcorreu o 132 º ( centésimo trigésimo segundo) aniversário da vitória brasileira no combate de consolidação da conquista da ilha da Redenção, no rio Paraná. Foi uma estratégica ação secundária, diversionária, para permitir a invasão aliada do Paraguai. Operação militar que se constituiu no 1º confronto militar do Exército de Osório com o inimigo e foi preparatória à invasão pelo Passo da Pátria, em monumental operação anfíbia.

A figura central deste episódio épico de nossa História Militar foi o Ten Cel João Carlos de Villagran Cabrita, então comandante do Batalhão de Engenheiros e, hoje, o Patrono da Arma de Engenharia do nosso Exército. Segundo Dionísio Cerqueira, Villagran ali foi apoiado, e por iniciativa própria, pelo intrépido comandante Jerônimo Gonçalves, da canhoneira Henrique do Martins. E, acreditamos Villagran apreciará, lá do alto, ver aqui citado este bravo marinheiro, como gratidão de seus comandados cujas vidas ele poupou. Herói que prestaria relevantes e decisivos serviços à consolidação da República na organização, adestramento e comando da Esquadra Legal, guarnecida, inclusive, por oficiais e alunos das escolas militares do Ceará, Praia Vermelha e Porto Alegre. Esquadra que selaria o fim da Revolta na Armada e a pretendida ofensiva federalista, a partir do Paraná, para depor o Marechal Floriano Peixoto, em combinação com remanescentes revoltosos navais no Sul.

Villagran fora escolhido, dentre muitos, por seu valor e competência profissional, pelo General Osório, para, na liderança de uma espécie de Força Tarefa, de 900 bravos, constituída de tropas de Infantaria, Artilharia e Engenheiros conquistar, de surpresa, fortificar e manter a todo custo a ilha paraguaia que passou à história como Redenção ," por marcar o início da ação para libertar o povo irmão de uma cruel ditadura."

Villagran cumpriu exemplarmente a missão recebida com sacrifício da própria vida, pois morreria ao final, quando redigia a parte de combate da vitória, atingido por mortais estilhaços de um certeiro obus inimigo disparado do Forte Itapirú, comandado por um seu antigo aluno, quando instrutor de Artilharia da Missão Militar do Brasil naqueles país.

O seu belo exemplo de coragem e valor militar comoveu, na ocasião, todo o Exército Brasileiro. Segundo ainda Dionisio Cerqueira, testemunha ocular,

"Todos queriam, veneraram todos o Ten Cel Villagran Cabrita, sempre bom, austero e nobre".

Desde de então seu nome e exemplo heróico viraram uma legenda no Exército Brasileiro.

Desde 1962, como patrono, inspira toda a Arma de Engenharia do Exército, na luta diária, nos campos da segurança e da cooperação ao desenvolvimento, a integração e a paz Social, para a construção de nosso amado Brasil, sob a inspiração e proteção de Deus.

Hoje aqui foram consagradas, potencializadas e perenizadas pelo Exército Brasileiro a sua vida e obra heróica, neste Memorial, em cerimônia por certo inesquecível neste Batalhão- Escola de Engenharia, com origem no seu outrora amado Batalhão de Engenheiros, cujos primeiros e gloriosos passos ele acompanhou e até liderou por 20 anos de 1855/1866, depois de passar 2 anos, no Realengo, como instrutor de Artilharia da Escola de Aplicação desta Arma.

A inauguração deste belo memorial Villagran Cabrita se constitui em importante marco para a conquista e preservação deste objetivo atual n.º 1 do Exército.

"Preservar, pesquisar, cultura e divulgar, as tradições, a memória histórica e os valores morais, culturais e históricos do Exército Brasileiro."

Inauguração no mês do 350 anos da 1ª Batalha dos Guararapes, onde antes, no curso da guerra, já despontara o espírito da nossa Arma da Engenharia na construção e operação de uma portada de circunstância pelo Capitão patriota João Barbosa de Souza, com a qual, em 9 de julho de 1645, transportou todo o Exército Patriota de uma margem para a outra do rio Tapacurá, em cheia, deixando-o a salvo do inimigo que ali ficou detido. Ou, nas construções das fortificações genuínas, de terra batida, dos arraiais Velho e Novo do Bom Jesus que abrigaram alma da resistência contra o invasor ou, no retardamento do deslocamento do Exército inimigo, em 18 de abril de 1648, no rio Jaboatão, pela destruição de sua ponte por um ajudante e 20 soldados patriotas despachados do Exército Patriota para aquele fim.

Villagram Cabrita teve uma vida normal como a grande maioria dos oficiais do Exército. Era zeloso de sua preparação profissional e moral, como integrante de uma grande equipe - o Exército Brasileiro. Estava, pois, bem preparado, profissional e moralmente, para seu grande encontro na ilha da Redenção, com a História do Brasil e com a glória militar eterna. E nisto ele não difere da imensa maioria dos oficiais do Exército Brasileiro, que embora condenando a guerra, não perdem um só minuto para se prepararem o melhor possível para esta eventualidade indesejável, tão presente e viva na história da Humanidade.

E Villagran Cabrita não decepcionou a escolha de seu comandante o general Osório.

Mas, Villagran morreu pela sua pátria, o que segundo Péricles, chefe de Estado grego por 14 anos, grande artificie da Democracia e eleito estratego 15 vezes:

Aqueles que morreram por sua pátria, fazem mais por ela, naquele instante do que os demais em todas as sua vidas.".

Esta foi a grande lição e exemplo que Villagran Cabrita nos legou. Herói singular brasileiro nascido acidentalmente no atual Uruguai , filho de um oficial brasileiro e mãe uruguaia, que teve sua formação profissional no Brasil. Foi instrutor de Artilharia de Missão Militar Brasileira no Paraguai, em cujo solo tombou como um herói, vítima da boa pontaria dos artilheiros paraguaios que instruíra. Seus restos mortais foram sepultados na Argentina em local desconhecido. Um símbolo, ao que parece, a consolidar ainda mais ao laços de amizade e cooperação militar entre os integrantes do MERCOSUL, na segurança deste bloco econômico, um sinal dos tempos do 3º Milênio e de uma Nova Ordem Mundial. E valeriam talvez no 3º Milênio, para as Forças Armadas do MERCOSUL, este alerta em Martin Fierro, obra de um irmão argentino escrita no Brasil:

"Que os irmãos sejam unidos! Esta é a lei primeira.

Tenham união verdadeira, em todo tempo que seja.

Porque se lutam entre eles, os de fora os devoram."

Bravo Tenente Coronel João Carlos Villagran Carita! Que fizestes grande falta ao Exército Aliado quando teve de enfrentar a Fortaleza de Humaitá - A Sebastopol sul-americana que delineastes para o Paraguai como instrumento de sua defesa e não de agressão à soberania brasileira, em seu direito de livre navegação no rio Paraguai.

Bravo Tenente Coronel Villagran Cabrita. Estamos hoje aqui reunidos em torno de Memorial a ti dedicado, no teu outrora Batalhão de Engenheiros. O Exército na pessoa de seu Ministro o Exmo Sr. Gen. Ex. Zenildo de Lucena aqui representado pelo Exmo Sr Gen Ex José Luiz Lopes da Silva, Comandante Militar do Leste, representantes de toda a Arma de Engenharia e amigos convidados, para evocarem e reverenciarem a tua memória e imortal exemplo, em mais um aniversário de tua morte heróica.

A perene e imorredoura gratidão de todos os presentes por teu sacrifício supremo defendendo o auri verde pendão ! E que o teu generoso sangue, a tua preciosa vida em holocausto ao Brasil e, sobretudo, o teu histórico exemplo, continuem a alicerçar e a inspirar o Presente e o Futuro da Arma Engenharia, para a sua maior glória, a do Exército que ela integra e a do nosso amado Brasil! Que assim seja! "

Desde heróico Batalhão de Engenheiros se originou o Corpo e o Espírito da Arma de Engenharia do Exército Brasileiro representada pôr todos as suas atuais unidades espalhadas pelo Brasil, as quais no dizer do General Tibério Macedo em seu notável ensaio a nos doado sob o título" A Engenharia no Desenvolvimento do Brasil:" e autor da precccisa e ampla História do 5º BEC- Batalhão Cel Carlos Aluysio Weber em seu modelar e notável livro Eles não viveram em vão - a saga dos pioneiros do Batalhão dos ermos e dos sem fim 1965/1971.Porto Alegre: Metropole, 1998

"Estas unidades, sucessoras do Batalhão de Engenheiros, foram as ferramentas pioneiras, pontas- de- lanças vanguardeiras, protagonistas silenciosas do ingente esforço " levar a linha de ferro zincado, a sonda do progresso," no dizer de Rondo, aos confins das fronteiras Sul, Oeste e Noroeste do Brasil e as mesmas que, praticamente, só com a força dos seus sobranceiros e valorosos Soldados, impulsionaram o Brasil a arremessar-se no fabuloso salto desde as "veredas do pé- posto e do carro dos bois ao " trem de ferro e da "Estrada das Carretas" e varadouros às rodagens".

Engenharia Militar do Brasil que evocamos em muitas passagens de nosso artigo premiado em 1º lugar pela Militar Review com o titulo: " O papel do Exército no Desenvolvimento Nacional. O exemplo brasileiro," publicado na citada revista n.º 4, 4º trim, 1986Atividades esta ligadas ao desenvolvimento e não concorrentes com a iniciativa privada e com vistas, sobretudo, a uma atividade de adestramento militar, com desenvolvimento, para participar com competência e tirocínio na hipótese indesejável numa guerra, em apoiar o movimento amigo e dificultar o movimento inimigo na frente e na retaguarda. Ou seja

 

ADESTRAMENTO MILITAR com DESENVOLVIMENTO NACIONAL e não

DESENVOLVIMENTO NACIONAL sem visar o ADESTRAMENTO MILITAR.

 

(x) Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil. Aspirante da Arma de Engenharia da Turma Aspirante Mega 15 fev 1955. Serviu nas 3a e 6ª cias de Comunicações em São Leopoldo e Cachoeira do Sul , no 1º Batalhão Ferroviário em Bento Gonçalves e no 3º Batalhão de Engenharia de Combate em Cachoeira do Sul. no período de 1955 a 1966.Foi assessor da Chefia do Departamento de Engenharia e Comunicações em Brasília, em 1974/75 e comandou o 4º Batalhão de Engenharia de Combate em Itajubá- MG, em 1981/82.