HOMENAGEM DA FEDERAÇÃO DE ACADEMIAS DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL (FAHIMTB)
                      AO BARÃO DO RIO BRANCO NO CENTENÁRIO DE SEU FALECIMENTO EM 2012

 

Cel Claudio Moreira Bento

Presidente da FAHIMTB e da AHIMTB/RESENDE Marechal Mário Travassos

 

 

O Barão do Rio Branco, José Maria da Silva Paranhos Junior  (1845-1912), nascido no Rio de Janeiro em 20 de abril de 1845, decorrido 50 dias da pacificação da Família Brasileira, em D. Pedrito - RS, pelo Barão de Caxias. depois de 13 anos de lutas fratricidas que ameaçaram a Unidade Nacional.  Formado em Direito em 1866 em Recife, foi consagrado como notável historiador militar brasileiro, patrono de cadeira da Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB) fundada em Resende, em 1º de março de 1996 e transformada em 23 de abril de 1911 em Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil (FAHIMTB), data do  Bicentenário da instalação na Casa do Trem da Academia Real Militar, fundada pelo Príncipe Regente D. João, hoje denominação como D. João VI,  da Delegacia da FAHIMB em Portugal.

A FAHIMB em homenagem ao seu patrono de cadeira o Barão do Rio Branco  inaugurou em sua seção de obras de referência em 2012, em sua sede na ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS (AMAN), no  ano do centenário do falecimento do Barão do Rio-Branco  todo acervo sobre ele que recebemos de nosso confrade no Instituto Histórico  Geográfico Brasileiro (IHGB) e seu biógrafo,   o falecido Embaixador Roberto Luiz Assumpção de Araújo que havia apreciado  nosso artigo Barão do Rio Branco – um diplomata com alma de soldado no qual citava trechos de seu discurso de posse no IHGB, intitulado Barão do Rio Branco – historiador. E então lhe mencionei que a Academia de História Militar Terrestre do Brasil (AHIMTB), que havia fundado em Resende, em 1º de março de 1996, junto à ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS (AMAN), possuía uma cadeira em homenagem ao grande historiador militar brasileiro – o Barão do Rio Branco. Cadeira que fora inaugurada pelo acadêmico Cel. J.V. Portella Ferreira Alves, veterano da FEB e nosso confrade no IHGB e no IHGMB. E que na citada AMAN, desde a sua inauguração em 1944 fora entronizada em destaque em sua entrada o seu busto, depois do busto de D. João VI, o criador da Academia Real Militar em 1810, Busto do Barão do Rio Branco ali colocado em função do altíssimo  conceito que ele desfrutava e desfruta no Exército.

 

 

  

Busto do Barão do Rio Branco, no saguão de entrada da Academia Militar das Agulhas Negras, onde se vê ao fundo placa comemorativa do centenário de falecimento em 1978,  do Duque de Caxias, patrono do Exército e da FAHIMTB e Academias federadas. Local nobre onde estão colocadas ao lado direito da entrada dos elevadores, as placas comemorativas do sesquicentenário e bicentenário da instalação da Academia Real Militar, criada em 1810 pelo Príncipe Regente D.João, personalidade cujo busto fica na entrada da AMAN e hoje consagrado em  nome de Delegacia da FAHIMTB em Portugal.

 

 

O altíssimo conceito que desfruta no Exército o Barão do Rio Branco explica-se pelas seguintes circunstâncias em especial. 

 De cerca de 1898 a 1945 teve lugar no Exército a Reforma Militar com vistas à evolução doutrinária do Exército, dos padrões doutrinários do Exército 1874 a 1898 inferiores aos da Guerra do Paraguai evidenciados nos combates a Guerra Civil no Sul 1893/95 e em combinação com a Revolta na Armada 1893/1894, e a seguir na Guerra de Canudos em 1897, nas quais forças revolucionárias por vezes apresentaram operacionalidade superior às forças do Exército, conforme demonstramos em nosso livro; História da 3ª Região Militar 1889-1953. Porto Alegre. 3ªRM, 1996.

     Conjuntura adversa,  em princípio decorrente do desvirtuamento da Lei de Ensino de 1874 que dividiu o Exército entre bacharéis e tarimbeiros e mais a influência da Filosofia do Positivismo, mal interpretada por muitos adeptos integrantes do Exército, ao contrario do Marechal Candido Rondon.

      E para reverter este quadro negativo de involução da operacionalidade do Exército, dos baixos padrões do período assinalado, aos elevados da FEB na Itália, onde ela fez bela figura ao lutar  contra ou lado a lado com frações dos melhores  exércitos do mundo, presentes na Europa na 2ª Guerra Mundial.

      Deste modo o Barão do Rio Branco, o Chanceler da Paz, ao lutar pelo fortalecimento de nossas Forças Armadas, ele objetivava a Paz dentro do princípio.

                     “Se queres a Paz prepara-te para a Guerra”.

       E assim, lutou pela Unidade das Forças Armadas com a hoje denominada Sociedade Civil, para construir a Defesa Nacional.

       E para este objetivo concorreu expressivamente com seus profundos conhecimentos de História Militar do Brasil, traduzidos em especial em sua obra Efemérides Brasileiras.

       E atuou acima de partidos e ideologias para a grandeza do Brasil e como modelo notável para os diplomatas e militares da Forças Armadas, integrantes de duas carreiras de Estado. Pois, titulado pelo Império Barão do Rio Branco, na República serviu por cerca de 10 anos como Chanceler do Brasil de 4 presidentes da República, sem deixar de usar seu titulo imperial que fora  proibido usar na República, por abolido por ela.

Transcorridos alguns anos o Embaixador Roberto Luiz já nonagenário em outro encontro  no IHGB me perguntou  se eu aceitava ficar com sua coleção de obras relativas ao Barão do Rio Branco. E então concordei com a idéia, visando  um dia a colocar à disposição da Academia Militar das Agulhas Negras para que os futuros oficiais do Exército, interessados, melhor conhecessem a vida e a obra do grande brasileiro e em especial os instrutores e cadetes ligados as matérias de História Militar e Relações Internacionais

      E logo em seguida chegaram à minha casa, no Bairro Jardim das Rosas, em Itatiaia, dois volumes contendo o acervo pessoal do Embaixador Roberto Luiz sobre Rio Branco. Desde então aguardei o momento ideal para colocar o precioso acervo, colecionado com tanto carinho por um dedicado estudioso do Chanceler da Paz, à disposição de consulentes interessados  da AMAN.

      E no ano de 2011, dos 200 anos da criação da Academia Real Militar, chegou o momento para a concretização deste objetivo o que foi efetivado em 2012 como homenagem a este grande diplomata com alma de soldado no centenário de seu falecimento.

    

 

 

Armário com o acervo do Barão do Rio Branco na sala da FAHIMTB e AHIMTB/Resende Marechal Mário Travassos entre o Clube de História e a Biblioteca.

 

Estante superior: Obras com exemplos de História Militar Terrestre Crítica do Brasil, de História do Exército na Região Sul, de comandantes brasileiros de grandes batalhas ou combates, do grande reformador e modernizador do Exército em 1908, o Marechal Hermes Ernesto da Fonseca e exemplares do manual Como estudar e pesquisar a História do Exército, de nossa autoria, editado pelo Estado-Maior do Exercito em 1978 e reeditado em 1999.

 

      Na 2ª estante abaixo:  - Obras do acervo do Embaixador Roberto Luiz sobre o Barão do Rio Branco e assim disposto da esquerda para a direita:

 1. RIO-BRANCO, Raul do. Reminiscências do Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro: José Olympio Ed; 1942;

 2. BARRETO, Carlos Xavier Paes. Rio Branco – o geógrafo. Rio de Janeiro: Ed. Minerva, 1947;

 3. CARVALHO, Afonso de. Rio Branco. Rio de Janeiro: Biblioteca Militar, 1945;

4 e 5. ABRANCHES, Dunschee de. Rio Branco e a Política Exterior do Brasil. Rio de Janeiro: 1945. 2 v.;

6. CENTRO CÍVICO SETE DE SETEMBRO. À Memória do Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1942;

 7. HERMES Jr. João Severiano da Fonseca. O Barão do Rio-Branco –  Conferência. Rio de Janeiro: 1945;

8. RICÚPERO, Rubens. Rio Branco – o Brasil e o mundo. Rio de Janeiro: Petrobrás, s/d;

9. ARAGÃO, Muniz de. Como morreu o Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro: Liv. Freitas Bastos. 1967; Os números 8 e 9 estão encadernados juntos.

10. MARANHÃO, Jarbas. Barão do Rio – Branco: Recife, 1945.

11. GAI, Nair. Rio Branco, O Chanceler da Paz. Rio de Janeiro: 1982;

12. MRE. Brasil durante o Governo de Rodrigues Alves. 1902 – 1906. Rio de Janeiro: 1906;

13. (___). O Itamaraty e o Barão, 1906;

14. HERMES. Jr João Severiano da Fonseca. A política geográfica do Brasil. Rio de Janeiro: 1940;        Os números 10, 11, 12, 13 e 14 foram encadernados juntos.

15. VILLAÇA, Antonio Carlos. Perfil de um estadista da República. Rio de Janeiro: 1945.         Aqui acabam os livros mandados encadernar pelo Embaixador Roberto Luiz.

                               Livros não encadernados:

16. SENADO FEDERAL. Efemérides Brasileiras do Barão do Rio Branco. Brasília: 1999;

17. CIDADE, Francisco de Paula. Lutas ao Sul do Brasil com os espanhóis e seus descendentes. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1948;

18. LINS, Álvaro. Barão do Rio Branco – biografia. Rio de janeiro: Ed. Alfa-Ômega, 1995.

19. MARANHÃO, Jarbas. Barão do Rio Branco. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2002, 2ª Ed;

20. EDITORA TRÊS. Barão do Rio Branco, Rio de Janeiro: 1974;

21. CARVALHO, Afonso de. Rio Branco – sua vida e obra. Rio de Janeiro: BIBLIEx, 1995, 2ª Ed;

22 e 23. MELLO, Rubens Ferreira. Tratado de Direito Diplomático. Rio de Janeiro: MRE, s/d 2º v.;

24. BESOUCHET, Lídia. José Maria Paranhos - Visconde do Rio Branco.  Rio de Janeiro: Nova Fronteira, Ano 1985 (Biografia do pai do Barão do Rio Branco).

25 e 26. CADERNOS DO CHADD. N° 1 e 2 de 2002 e 2003;

27. REVISTA DA SOCIEDADE DE GEOGRAFIA DO RIO DE JANEIRO. t.1, LII, 1945 (Homenagem à memória do Barão do Rio Branco);

28. ROCHA, Pinto da. O Tratado do Condomínio. Porto Alegre: s/d;

29. A FARSA DE CUNHA. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1995;

30. PROBLEMAS MILITARES CONTEMPORÂNEOS (Em Francês – plaqueta);

31. COMBLIN, PE. José PH. Ideologia de Segurança Nacional – O poder militar na América Latina. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, 3ª Ed;

32. MRE. O Acre o direito da Bolívia. Rio de Janeiro: Jornal do Comércio. 1900 (plaquete);

33. THAKER, Charles W. Guerrilha. New York/London, s/d;

34. BARÃO DO RIO BRANCO. História do Brasil. Rio de Janeiro: 1930.

 

       Na Estante abaixo dela: Obras de História Oral do Exército: Revolução de 1964, Força Expedicionária Brasileira, Projeto Rondon e mais Histórias da Aeronáutica e da Marinha do Brasil. Estas, em grande parte escritas pelo patrono em vida de cadeira especial da AHIMTB/Rio de Janeiro o Alte Hélio Leôncio Martins, e pelo acadêmico que  ocupou esta cadeira, até falecer,  o Alte. Max Justo Guedes, da Aeronáutica pelo patrono da Delegacia da Federação em Santos Dumont-MG, o Brigadeiro Nelson Freire Lavanere Wanderley, atual patrono do CAN, a História da AERONÁUTICA pelo INCAER e mais nosso artigo na Defesa Nacional Operações da Aviação do Exército em Resende na Revolução de 1932..

Nas histórias da Marinha e da Aeronáutica figuram as histórias dos Fuzileiros Navais e da Infantaria da Aeronáutica, forças terrestres que a FAHIMTB desenvolve.

 

     Na última estante, outras obras de Referência de História Militar Terrestre do Brasil, complementando obras em armário ao lado

     E por oportuno no centenário de sua morte recordamos a seguir a sua projeção histórica como historiador militar e como o consideramos um diplomata com alma de soldado.

Embora a paz mundial seja ideal perseguido, as nações procuram dispor, dentro das suas possibilidades, de forças armadas o melhor organizadas, equipadas e motivadas para um emprego eventual indesejado.

 

 

 
Barão do Rio Branco na História do Exército Brasileiro / História do Exército Brasileiro – perfil militar de um povo. Homenagem a sua contribuição como Chanceler à Reforma Militar. V.2 ( Desenho de Miranda Junior)

 

 

No Brasil, poucos estadistas civis, como o Barão de Rio Branco, que passou à História do Brasil como o Chanceler da Paz, compreenderam e responderam em seu tempo, à altura, a esta pergunta de difícil resposta para quem não possua perspectiva histórica brasileira: Forças Armadas Brasileiras para quê? Rio Branco respondeu adequadamente dizendo ser fundamental o Brasil dispor de forças armadas à altura de suas potencialidades e com os objetivos de servirem:

-  De dissuasão a aventuras militares internas e externas;

- De respaldo à política internacional do Brasil, como elementos de emprego em emergências imprevisíveis, internas e externas;

- Como núcleos de expansão na eventualidade de uma guerra;

- E, finalmente, como elementos de preservação e divulgação do patrimônio por elas acumulado, em Arte e Ciência Militar, ao longo do processo histórico, no caso do Brasil em quase cinco séculos de lutas vitoriosas, que contribuíram para delinear, consolidar e manter um Brasil de dimensões continentais.

               E desta última circunstância, Rio Branco adquiriu profunda consciência, através dos estudos de História Militar do Brasil que realizou. Constatar é obra de simples verificação de suas Efemérides Brasileiras, lidas sempre no início das sessões do sesquicentenário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), que ele presidiu de 1907 a 1912 ao falecer e onde ingressou aos 22 anos, em 1867, na presença do Imperador D. Pedro II, quando ia acesa e viva a Guerra do Paraguai, em cujos estudos se assinalou, e à qual a Europa conheceu, em parte, por seus escritos enviados a jornais de lá.

         Em sua posse no IHGB, biografou o Marechal José de Abreu “O Anjo da Vitória”, herói de nossas guerras cisplatinas, e que morreu em ação em 1827 na Batalha do Passo do Rosário. A vocação de Rio Branco para a História Militar foi compulsiva. Aos 16 anos biografou o Capitão- de - Fragata Barroso Pereira; aos 19, escreveu Episódios da Guerra do Prata. A seguir, escreveu sobre o Marechal José de Abreu. Prosseguiu firme nesta linha de estudos que, segundo o historiador Roberto de Assunção: desabrocharam nos magistrais estudos sobre a Guerra do Paraguai e nas memórias escritas em defesa dos direitos do Brasil nas questões de limites com a Argentina, França e Inglaterra.”

         Foi  notável o seu interesse pelo nosso fortalecimento militar, que ele ajudou a impulsionar conforme mencionamos, através da Reforma Militar nos governos de Rodrigues Alves, Afonso Pena e Hermes da Fonseca, como ministro das Relações Exteriores por cerca de uma década de 1902-1912 e sob o argumento:”

 Para que o Brasil pudesse desempenhar, com prestígio e segurança, o papel que lhe cabia no convívio das nações”.

        O  Barão tinha aversão a guerra mas entedia o expresso nesta sentença; “ Se queres a paz prepara-te para a guerra!”

        Bem como que a “credibilidade da ação Diplomática requeria o respaldo de Forças Armadas capacitadas,”

       Ele ajudou a recolocar o Exército no rumo do profissionalismo militar depois de um triste período de esforço equivocado no bacharelismo militar de 1873-1905, em decorrência dos regulamentos de ensino de 1873 e 1890, que minaram as possibilidades de operacionalidade do Exército, que havia atingido níveis inferiores aos dos tempos da Guerra do Paraguai, para o cumprimento de missões de defesa interna e externa do Brasil.

A ação de Rio Branco permitiu a incorporação pacífica ao território brasileiro, de milhares de quilômetros quadrados, fruto de sua superior ação diplomática inteligente e sem vaidade, franca sem indiscrição e enérgica sem arrogância”, calcada no profundo conhecimento do processo histórico brasileiro e da sua história militar terrestre e naval, que dominou  e valorizou, como instrumentos de desenvolvimento do Brasil, como ninguém até hoje conseguiu fazer, salvo melhor juízo. Obra diplomática reunida em 9 volumes de suas Obras Completas, publicadas pelo Ministério de Relações Exteriores

Rio Branco conquistou a paz preparando a Nação para melhor enfrentar a alternativa indesejável de uma guerra. Em seus estudos sobre a Guerra do Paraguai manteve contatos estreitos com o Duque de Caxias, consagrado como o Pacificador e o maior de nossos generais, o patrono do Exército Brasileiro e da Federação de Academias de História Militar Terrestre do Brasil e de suas Academias federadas.

Em diversas oportunidades demonstrou consideração pelos militares: “minha simpatia e meu verdadeiro afeto pelos militares de terra e mar são muito antigos, pois vem dos tempos remotos da primeira mocidade. Desde os bancos do antigo Colégio Pedro II que comecei a interessar-me por nossas glórias militares conquistadas na defesa dos direitos e da honra da antiga mãe pátria e de suas possessões nesta parte do mundo e, depois, na defesa da dignidade e dos direitos do Brasil em sua vida independente... Tive a honra de conviver de perto com muitos de nossos generais mais ilustres: Caxias, Porto Alegre, Osório, Barroso, Inhaúma e outros e, de todos tenho a fortuna de guardar apontamentos preciosos e provas escritas de seus afetos e estimas... Os sentimentos de minha mocidade para com o Exército e Marinha não se arrefeceram nunca, antes foram crescendo sempre, à medida que pude apreciar melhor a necessidade e conveniência dessas instituições, sem as quais, na posição que ocupa o Brasil neste continente, não se pode ter a prévia segurança da conservação da paz que ele tanto precisa e que precisam todos os povos”. Era um apostolo do desenvolvimento de poder militar dissuasório compatível.

Diplomata de escol com alma de soldado, assim definia a relação soldado-diplomata:

“Eles são sócios que se prestam mútuo auxílio. Um expõe o direito e argumenta com ele em prol da comunidade. O outro bate-se para vingar o direito agredido, respondendo à violência com violência”.

O General Tasso Fragoso, ao retornar de Adido Militar na Argentina, a época da Questão de Palmas, foi encarregado de saudar Rio Branco no Clube Militar. Ressaltou sua ação na estabilização de nossas fronteiras, sem o recurso da força armada, por sustentar seus pontos de vista com o recurso de profundos e sólidos conhecimentos da História Militar do Brasil”. E no Clube Militar o Barão é sempre lembrado em óleo entronizado no Gabinete do Presidente do Clube Militar,

Tasso Fragoso, ao editar, em 1922, A Batalha do Passo do Rosário, a dedicou:

“À memória do Rio Branco, cuja ação e escritos são exemplos de extremado amor ao Brasil e de intensa fé nos seus gloriosos destinos. Como testemunho de admiração e de saudade”.

Na História atual temos exemplos de nações que preferiram acumular riquezas a gastá-las com forças armadas à altura de suas potencialidades. A primeira foi o Líbano, a outrora Suíça do Oriente, que curtiu  dolorosas feridas de uma prolongada luta fratricida por inspiração inclusive religiosa, que imolou milhares de inocentes e deixou marcas profundas em sua paisagem e nos corações de seus filhos. A segunda foi o Kuwait, riquíssimo, mas indefeso por opção, que acabou sendo invadido, e humilhado pelo Iraque e somente resgatado quase em ruínas após servir de palco a mais moderna e sofisticada guerra.

Eis as lições que o historiador militar brasileiro Barão do Rio Branco cedo aprendeu e que assim traduziu o General Aurélio de Góes Monteiro Chefe do Estado – Maior do Exército ( EME) durante a 2a Guerra Mundial:

 

“Na ordem internacional a melhor prova de sensatez e inteligência é amparar as boas intenções com as melhores armas possíveis”.

 

         Pensamento que na atualidade creio impõe-se, salvo melhor juízo, aos eleitos pelo povo para dirigirem os seus destinos, construírem o mais urgente possível para o Brasil- Poder Militar dissuasório defensivo compatível!

       E creio que inspirados em Rio Branco, O Chanceler da Paz e no Duque de Caxias, O Pacificador que o Brasil tem se destacado na preservação da Paz Mundial, se fazendo presente com destaque a serviço da ONU em diversas Missões de Paz. O Exército inspirado em sua canção:

“ A paz queremos com fervor! A guerra só nos causa dor! Porem se a pátria amada for um dia ultrajada. Lutaremos com fervor!”

Dedico este estudo homenagem ao Chanceler da Paz no centenário de seu falecimento, como subsídio à reflexão dos brasileiros que sinceramente procuram resposta para a pergunta: Forças Armadas Brasileiras para quê? Se dúvidas persistirem, recorra à História como o fez um dia o hoje esquecido pela mídia – Barão do Rio Branco, o Chanceler da Paz.

A morte desde grande brasileiro  Barão de Rio Branco, que serviu ao Brasil no Império e 10  anos como Chanceler do Brasil na República  causou consternação popular jamais vista no Brasil. Ela ocorreu num sábado de Carnaval que foi adiado por esta razão, A cidade do Rio de Janeiro inteira parou. O governo determinou que lhe fossem prestadas honras fúnebres de Chefe de Estado. Foi instalada no salão nobre do Palácio do uma câmara ardente, com permanente Guarda de Honra por Oficiais da Marinha e do Exército. No dia 13, o cortejo fúnebre saiu do Itamaraty para o cemitério de São Francisco Xavier, no bairro do Caju, onde foi  sepultado no mausoléu em que estavam os restos mortais do seu pai, o Visconde do Rio Branco. Uma multidão  acompanhou o féretro, fazendo-lhe a escolta o 1º Regimento de Cavalaria (mais tarde designado “Dragões da Independência”). Ao longo de todo o trajeto foram postados efetivos da Marinha (uma Cia. de Marinheiros), do Exército, duas Divisões, sob o comando geral do Gen. Div José Caetano de Faria, Chefe do Estado Maior e da Polícia Militar do Distrito Federal, num total de 3 a 4 mil homens. No Caju, uma bateria do 1º Regimento de Artilharia de Campanha disparou as 21 salvas cerimoniais enquanto, na baía de Guanabara, todos os navios da Esquadra do Brasil que ele ajudara a criar em 1910, também dispararam seus canhões e fizeram soar seus apitos incessantemente. Toda a Guarnição  do Exercito no Rio compareceu com os seus comandantes Do Exército participaram, com seus respectivos Comandantes, as seguintes unidades: (Infantaria) 1º RI, 2º RI, 52 BC e 56 BC; (Artilharia) 1º RACmp e 20º GO; (Cavalaria) 1º RC e 13º RC. Da PMDF participaram 1º RI(PM), 1º RC(PM) e 5º BtlPM.

Publicações da época mostram fotos das multidões que acompanharam o féretro deste herói brasileiro em gratidão por sua superior atuação diplomática, razão de até o presente se constituir um ícone da Diplomacia Brasileira e nome e inspiração do Instituto Rio Branco que tem formado gerações de diplomatas brasileiros.

 


 

 

OSORIO SANTANA E RIO BRANCO

Comentários

Caro Cel. Bento. Boa noite! Tenho uma grande admiração pelo Barão do Rio Branco. Ele não deixou nenhum problema de fronteira para o Brasil. Até 1909 a fronteira com o Uruguai era pelas barrancas dos rios jagurão e Quaraí, do lado de lá. Os pobres castelhanos para dar água para os cavalos e as lavadeiras para lavarem as roupas tinha de virem as intendências dessas duas cidades para pagar a taxa da água. E toda a lagoa Mirim era do Brasil.

               O que fez o Barão do Rio Branco, com poderes plenipotenciários, numa Conferência de Chanceleres? Declarou: Metade metade. A fronteira do Brasil com o Uruguai corre pelo meio de ambos os rios e parte da Lagoa Mirim. Houve no Uruguai uma comoção nacional vivando o Barão.

               Em outubro de l996 estando eu em Montevidéu, encontrei uma estátua do Barão da altura de um prédio; mais adiante uma longa Av. Barão de Rio Branco; mais um pouco um grande edifício, Barão do Rio Branco. Logo adiante encontrei três mocinhas que julguei serem estudantes e perguntei-lhes:

- Por quê vocês cultuam tanto a memória do Barão do Rio Branco?

- Si, si,  José Maria da Silva Paranhos Hijo, lo maior de los brasilenhos, el hombre que humanizou nuestras fronteras. responderam.

Esta resposta estava na ponta da língua  daquelas moças. E nós o  que sabemos dessa figura histórica, extraordinária, excepcional? Quando digo que o brasileiro de hoje não gosta do Brasil, querem me criticar. ...

Abraço. Osorio