MINISTÉRIO DA DEFESA / EXÉRCITO ANO 2.002 CP/CAEM/ECEME-ACADEMIA DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

COMPÊNDIO DE HISTÓRIA MILITAR TERRESTRE DO BRASIL

 

BRASIL LUTAS INTERNAS 1500-2001

AS FORÇAS TERRESTRES BRASILEIRAS EM LUTAS INTERNAS

 

1a PARTE

PERíODO COLONIAL -LUTAS NATIVISTAS (1500-1808).

E

LUTAS PERÍODO MONÁRQUICO 1808-89( E A AÇÃO DE CAXIAS)

Colaboração da Academia de História Militar Terrestre Do Brasil(AHIMTB)

Pesquisa texto e interpretação

Cel Cláudio Moreira Bento - Presidente

 


Sumário

LUTAS INTERNAS PERÍODO COLONIAL

1-Rebelião de Beckman – Maranhão

2- A quase secular Guerra dos Palmares

3-A Rebelião Baiana de 1711

4-Guerra dos Emboabas - Minas Gerais

5-Guerra dos Mascates -Pernambuco

6-Revolta de Vila Rica -Minas Gerais (1721)

7-Guerra Guaranítica -Rio Grande do Sul (1752-54)

8-Inconfidências Mineira e Carioca em Minas Gerais e Rio de Janeiro

LUTAS INTERNAS PERÍODO MONÁRQUICO

( e a ação do Duque de Caxias)

 

No Governo de D. João

9- Revolução pernambucana 1817

No Governo de D. Pedro I

10-Confederação do Equador - Nordeste (1824)

11-A Revolta dos Mercenários 1828 no Rio de Janeiro

Na Regência 1831-1840

12 - A Cabanagem no Pará

13- A guerra dos Cabanos em Pernambuco e Alagoas

14- A Revolta dos Malês na Bahia

15- A Sabinada na Bahia

No Governo de D. Pedro II

(A ação pacificadora de Caxias)

16- A Balaiada no Maranhão

17- Revoluções liberais de 1842 em São PAULO E MINAS GERAIS

18- A Revolução Liberal em São Paulo ,1842

19- A Revolução Liberal em Minas Gerais ,1842

20-A Farroupilha no Rio Grande do Sul e Santa Catarina 1835-45

(Final ação pacificadora de Caxias)

21-A Revolução Praieira em Pernambuco (1848-49)

22-A Revolta dos Muckers no Rio Grande do Sul (1875)

 

O DUQUE DE CAXIAS :

- Significação

- Reconhecimento Histórico

 


Esta publicação deverá capacitá-lo a:

Avaliar o papel das elites políticas e militares e, em especial, a ação pacificadora de Caxias no quadro das lutas internas do Brasil ,no Império

Para melhor entendimento use mapas constantes do Atlas Geográfico do MEC.


 

LUTAS INTERNAS NO PERÍODO COLONIAL

 

1-A REVOLTA DE BECKMAN EM 1684

 

Antecedentes

Em 1570, o rei D. Sebastião,de Portugal, proibiu a escravização dos índios( menos em casos de "guerra justa" ,em que os colonos lutavam em sua legítima defesa).

No Maranhão, a ordem real foi defendida , inicialmente, pelos franciscanos, chefiados por frei Cristóvão de Lisboa, e, mais tarde, pelos jesuítas, que, por esta razão, enfrentaram a oposição dos senhores de engenho. Liderou então os jesuítas o padre Antônio Vieira.

Em 1680,durante a regência do príncipe D. Pedro, foi promulgada outra lei proibindo a escravização do gentio, agravando, dessa forma, ainda mais, a escassez de braços para a lavoura. Tentando resolver o problema, a coroa criou, no ano de 1682, a Companhia Geral do Estado do Maranhão, semelhante à que havia, desde 1649, no Estado do Brasil. (O Maranhão era um Estado à parte, e subordinado diretamente a Lisboa.)

A idéia da coroa era facilitar a importação de escravos africanos, a princípio por intermédio de um contratante, depois pela Çompanhia Geral do Maranhão. De acordo com o seu regimento, a Companhia teria o monopólio (ou estanco) de todo o comércio do Maranhão durante vinte anos. Nesse período deveria introduzir no Estado 10 000 negros, à razão de quinhentos por ano, vendendo-os a prazo, por preço tabelados. Além de escravos, forneceria tecidos e outros gêneros necessários à população local. Em contrapartida, deveria enviar anualmente a Lisboa pelo menos um navio do Maranhão e outro do Grão-Pará, com produtos locais. O cacau, a baunilha, o pau-cravo e o fumo, produzidos na região, seriam vendidos exclusivamente à Companhia, por preços tabelados. Para obtenção da farinha de mandioca necessária à alimentação dos negros que trouxesse da África, poderia ela servir-se do trabalho indígena, pagando de acordo com a legislação em vigor. Graças à intercessão do governador do Estado, Francisco de Sá de Meneses, apenas os jesuítas e franciscanos ficaram livres do monopólio exercido pela empresa.

A atuação da Companhia Geral do Maranhão logo se mostrou funesta aos interesses dos colonos. Além de não fornecer o número de escravos estipulado pelo contrato, usava pesos e medidas falsificados, vendia gêneros alimentícios estragados e estabelecia preços exorbitantes. Esse fato, somado à isenções concedida aos religiosos provocaria uma revolta .

A revolta

Preparada durante vários meses, a revolta de Beckman do Maranhão contra a Companhia Geral do Maranhão ,estourou (24 fev 1684). Foi aproveitada a ausência do governador Francisco de Sá de Meneses. Este havia ido a Belém.

Seus líderes eram Manuel Beckman, rico senhor de engenho, o advogado Tomás Beckman, seu irmão, e Jorge Sampaio. Ao iniciar a revolta, os habitantes de São Luís mobilizaram-se para prender o Capitão - Mor Baltazar Fernandes. Depois , assaltaram os armazéns da Companhia, ocuparam o Colégio dos padres jesuítas e dali expulsaram do Maranhão 27 padres que encontraram.

Os rebelados organizaram uma Junta Geral de Governo. integrada por 6 membros,2 representando a Aristocracia ,2 ,o Povo e 2 ,o Clero. Ela extinguiu a Companhia Geral do Maranhão.

Para manter o poder, a revolta devia estender-se a todo o Maranhão. Este na época abrangia vasta região, desde o Ceará até o vale amazônico. Belém era a cidade mais importante do Maranhão depois de São Luís . A junta do governo para lá enviou emissários, mas eles não conseguiram a adesão à revolta da Câmara Municipal. Assim, a Capitania do Grão-Pará conservou-se fora da revolta, limitando-se esta, na prática, a São Luís.

Tomás Beckman foi enviado a Portugal com a missão de expor a situação e pedir que a metrópole confirmasse os atos do governo revolucionário.

O objetivo da revolta não era a independência. Mas a coroa resolveu agir com energia: Prendeu Tomás Beckman e confiou a Gomes Freire de Andrade o governo do Maranhão .Forneceu-lhe tropas para sufocar a revolta . Quando Gomes Freire desembarcou em São Luís, o entusiasmo popular pelo levante havia cessado. Gomes Freire ocupou São Luiz sem dificuldade.

Manuel Beckman, que fugira, denunciado por seu afilhado, foi preso e condenado à morte, com Jorge Sampaio. Ambos foram enforcados no dia 2 nov 1684.

Gomes Freire restaurou a Companhia e restituiu o colégio aos jesuítas. Voltou tudo como era antes .

Restabelecida a ordem, o governador Gomes Freire mudou de estratégia, propondo moderação. Sem tomar partido na luta entre jesuítas e senhores de engenho, escreveu a Portugal afirmando que o estanco das mercadorias era danoso para a colônia .Sugeriu concessões aos colonos. Com isso, o monopólio da Companhia foi extinto.

Sufocada a revolta, os vencedores trataram de aplicar as medidas preconizadas pelos vencidos, como forma de se consolidar no poder.

O Maranhão conhecera agitações semelhantes às que sacudiram o resto do Brasil no final do século XVII. Assim como no Rio de Janeiro e em São Paulo, o germe da revolta teve como causa a proibição do trabalho escravo dos índios liderada pelos franciscanos e depois pelos jesuitas .A isso se somou a forte oposição dos maranhenses aos monopólios da Companhia Geral do Estado do Maranhão.


 

2-A QUASE SECULAR GUERRA DOS PALMARES - PE/AL

Durante cerca de 94 anos , a região dos Palmares, em Alagoas e Pernambuco, foi alvo de investidas holandesas e portuguesas para ali destruir o grande Quilombo dos Palmares, uma confederação de mocambos .Estes eram os povoados dos escravos fugidos dos engenhos e fazendas, e ali se foram reunindo, prosperando e desfrutando a liberdade que a Escravidão lhes tolhia.

O Quilombo dos Palmares ocupou uma faixa de terra de cerca de 200 km, em grande parte montanhosa e coberta de espessa mata, paralela ao litoral e que se estendia do Cabo Santo Agostinho, em Pernambuco, até o rio São Francisco, em Alagoas.

Os Palmares eram atravessados por 9 rios que alimentavam uma mata fechada e por via de conseqüência a fertilidade do solo.

A mata e a montanha na Serra da Borborema tornavam o Quilombo dos Palmares de difícil acesso, proporcionando seguro abrigo a seu povo e, além, terreno ideal para a defesa à base de guerra de guerrilhas ,com tática indígena e africana, integradas, e que ali foi denominada Guerra do Mato.

O Quilombo dos Palmares cresceu em número que estatísticas imprecisas avaliam em 6.000 a 20.000 quilombolas, incluindo neste número mulatos, índios, ex-escravos e talvez até brancos com dívidas com a Justiça.

A concentração foi facilitada pela desintegração da economia nordestina e, em especial, por estarem as autoridades luso-brasileiras da área voltadas para o combate às invasões holandesas em Pernambuco e Alagoas (1630-54.)

Depois da expulsão dos holandeses, as administrações coloniais, de Pernambuco e Olinda não puderam controlar o Quilombo dos Palmares, nem com o auxílio dos senhores de engenho, também em sérias dificuldades, pois estes foram obrigados a contrair empréstimos com comerciantes do Recife – os Mascates – circunstância que daria origem em 1710 à Guerra dos Mascates, entre a Aristocracia canavieira falida, e os portugueses no Recife ,em, decorridos 16 anos da destruição do Quilombo dos Palmares.

Sem meios para reduzir o Quilombo dos Palmares ,ele se foi expandindo em aldeias diversas ou mocambos. Entre estes, destacaram-se: O Macaco, a capital dos Palmares e o maior (ficava na localidade de União dos Palmares - AL), o combativo e agressivo Subupira, e os Tabocas, Oranga, Zumbi, Amaro, Odenga, Aqualtume, Andalquituxe ,além de outros.

 

A ameaça representada por Palmares

 

Para o Conselho Ultramarino em Portugal e a economia do Nordeste com apoio no cultivo do açúcar, o Quilombo dos Palmares constituía-se em uma ameaça assim vista a nível estratégico.

 

Objetivos conflitantes

 

Mas, em realidade, o objetivo dos quilombolas era a defesa do Quilombo para continuarem a desfrutar um bem precioso e vital – a liberdade, no contexto de uma colônia onde vigorava a Escravidão, com apoio legal.

A estratégia de Portugal no combate aos Quilombos objetivava manter a Unidade do Brasil e a preservar o Estatuto da Escravidão.

E foi contra este Estatuto que surgiria e se imporia a liderança de Zumbi, conhecido, hoje, como o Mártir da Abolição da Escravatura do Brasil e Patrono Cívico da Negritude Brasileira, a semelhança de Tiradentes, Mártir da Independência e Patrono Cívico do Brasil.

 

O perímetro fortificado dos Palmares

 

Para defender Palmares e assegurar a liberdade de seus habitantes, o Quilombo foi progressivamente fortificado.

O perímetro fortificado do mocambo capitalo Macaco ,era constituído por uma dupla muralha de pau a pique, com vários baluartes e somente três portas de acesso fortificadas. Era protegido a distância por postos de observação ,sobre vias de acesso ao recinto .

O Quilombo era atravessado por 5 rios ricos em peixes. Em seu interior plantavam milho, feijão e mandioca e criavam galinhas e porcos.

Na retaguarda do mocambo – capital Macaco, erguia-se o palácio do chefe do Quilombo protegido por alta escarpa inacessível da Serra da Barriga e que servia de torre de vigilância longínqua do terreno ao redor. Este local é hoje a cidade de União dos Palmares.

O quilombo vivia da agricultura, caça e pesca e obtinha armas e munições com portugueses com quem mantinham negócios.

Estes interesses comerciais dos portugueses com eles contribuíam para as suas proteções e dos negócios dos traficantes que os alertavam de expedições punitivas contra eles, com bastante antecedência.

Em épocas de tensões ,por previsíveis ataques ao Quilombo, eram feitas chamadas à tarde.

Militarmente havia entre eles uma bem ordenada hierarquia militar.

A hierarquia decorria do seguinte sistema: os mocambos eram chefiados inicialmente por chefes com sangue nobre da África. Depois passou a ser exercido pelos mais capazes.

Um deles coube a chefia à princesa Aqualtume, a cujos descendentes estaria ligada a liderança o Quilombo ,depois da expulsão dos holandeses, para a qual , o Quilombo contribuíra indiretamente por fixar para o seu controle, expressivo contingente batavo.

Dois filhos de Aqualtume Ganga Zumba e Gana Zona, assumiram a liderança de dois dos mais expressivos mocambos.

O líder que sucederia Ganga Zumba, na liderança do Quilombo dos Palmares, seria o seu sobrinho Zumbi, neto da princesa Aqualtume como se verá . Isso em razão de uma disputa de liderança entre Ganga Zumba, que aceitou uma proposta da Administração Colonial que implicava prender e devolver a Pernambuco todos os quilombolas não nascidos em Palmares

Zumbi ,que se intitulou um rei, se opôs. Ganga Zumba seria envenenado e a luta continuaria até a destruição total de Palmares ,seguida mais tarde da prisão e execução sumária de Zumbi, como se verá.

 

As expedições contra o Quilombo dos Palmares

 

Em 1644, quando os luso-brasileiros preparavam a Insurreição Pernambucana contra o domínio holandês, estes atacaram duas vezes os Palmares.

A primeira expedição foi de Rodolfo Baro. Ao se aproximar dos Palmares as sentinelas do Quilombo deram o alarma geral. Os defensores rapidamente dificultaram a progressão da expedição holandesa derrubando árvores (abatizes) que detiveram a expedição nas portas de um mocambo. Ato contínuo, a expedição foi atacada em todas as direções. Vendo perigar toda a sua expedição, vítima das lanças e flechas, Baro ordenou a retirada.

A segunda expedição holandesa, preparada cuidadosamente., foi ao comando de João Blaer.

Esta expedição seria vítima de uma doutrina militar guerreira, desenvolvida pelos palmarinos. Era a Guerra do Mato, em realidade uma guerrilha, cuja estratégia era a seguinte.

Quando os holandeses atacavam, os defensores de Palmares recuavam. Quando os holandeses paravam, eram atacados em incursões relâmpagos. E esta estratégia perdurou por cerca de 3 meses, sem que os palmarinos oferecessem combate. O próprio tempo e o terreno hostil se encarregaram de desgastar Blaer e seus homens que retornaram a Recife, tendo só destruído um pequeno mocambo.

As duas expedições ocorridas às vésperas da Insurreição Pernambucana, convenceram os holandeses de que seria necessária uma grande expedição para destruir Palmares. E abandonaram a idéia mesmo em razão do início da Insurreição Pernambucana em 1645.

Nessa época, por ali havia passado por terra, de Salvador às matas do Pau Brasil, em Pernambuco, para preparar secretamente o Exército Patriota, o Sargento Maior (Major) Antônio Dias Cardoso o Mestre das Emboscadas e da Guerra Brasílica, que possuía semelhanças com a Guerra do Mato, usada por Palmares. Chefe que estudamos em As Batalhas dos Guararapes – Análise e descrição militar (Recife: UFPE, 1971. 2 v.) e hoje patrono do Batalhão de Forças Especiais do Exército .

Durante o período da Insurreição Pernambucana 1645-54, o Quilombo dos Palmares foi deixado de lado pelos holandeses e pelos luso-brasileiros.

Com o fim da guerra em 1654 , a concorrência do açúcar da Jamaica provocou uma decadência econômica do Nordeste canavieiro.

Assim ,o Quilombo comerciou internamente com as vilas de Serinhaem, Porto Calvo,

Penedo e Alagoas. O Quilombo fornecia produtos agropecuários, caça e pesca em troca de ferramentas, armas de fogo, pólvora e sal.

Até 1668, por cerca de 23 anos, continuou o Quilombo dos Palmares rechaçando fracas expedições sem o auxílio estatal de Pernambuco que estava impotente para uma ação de envergadura.

Em 1668, fazendeiros de Alagoas e Porto Calvo celebraram um Tratado de União Perpétua que objetivava ,com apoio em poderosa tropa a ser mobilizada:

- Usar os alimentos encontrados nos mocambos para alimentar a expedição.

- Que os palmarinos capturados que pertencessem aos moradores de Alagoas (Maceió) e Porto Calvo seriam devolvidos mediante indenização de 12.000 réis, a qual ficaria reduzida a metade se o palmarino se entregasse voluntariamente.

Em 1669 o governo de Pernambuco determinou que os escravos recapturados seriam vendidos para outros locais do Brasil.

Mas a procissão para os Palmares de escravos fugidos se acelerou e o Quilombo, em 1670, decorridos mais de 70 anos, atingiu o seu apogeu.

 

A luta oficial contra Palmares

 

Em 1671, teve início a luta oficial do Governo de Pernambuco contra Palmares. O Capitão André da Rocha e depois o Tenente Antônio Jácome Bezerra capturaram 200

quilombolas. O tenente Bezerra foi promovido a coronel.

Essa expedição oficial foi o início do fim do Quilombo!

Em 1676, forte de 600 homens, o agora Coronel Bezerra atacou Palmares. Destruiu vários mocambos e roças de subsistência.

Mas um vigoroso contra-ataque de Palmares cercou parte de sua tropa que foi toda massacrada. Essas perdas e deserções o obrigaram a retornar ao Recife.

Como vingança, uma expedição de Palmares atacou Porto Calvo e incendiou canaviais. O Capitão Mor de Porto Calvo atacou Palmares e destruiu um mocambo com 700 choupanas. E a guerra chegou a Palmares!

Em 1674 o Governo de Pernambuco enviou outra forte expedição composta de soldados, índios, mestiços e negros do Batalhão de Henrique Dias, que se destacara com seus soldados negros nas Batalhas dos Guararapes (vide op. cit.). Mas o Quilombo resistiu à investida com pesadas perdas.

 

O Governo estabelece uma base no Quilombo

 

Em 1675 o Governo de Pernambuco enviou outra expedição ao comando do Sargento Mor (major) Manuel Lopes que atacou um mocambo com mais de 2.000 moradias e deparou com uma capela onde era praticado o sincretismo religioso cristão e divindades africanas.

A estratégia da expedição foi conquistar e se instalar no mocambo, protegido por muralhas de pau a pique, depois de obrigar seus habitantes à retirada, seguida do incêndio do mocambo.

Decorridos 5 meses, os guerreiros do Quilombo se reorganizaram à distância de 25 léguas da base de Manuel Lopes. Este foi à procura do combate que se desenrolou violento. Manuel Lopes se manteve senhor de sua base de partida agora um arraial. Mas inquietado pela guerrilha palmarina e carente de munição de boca pediu reforços. Foi auxiliado por Fernão Carrilho experimentado em lutas contra quilombos fora de Palmares.

Fernão Carrilho reuniu líderes das vilas de Pernambuco e Alagoas interessados em destruir o Quilombo. Pretendeu organizar uma dispendiosa expedição com 200 arcos e 100 mosquetes e não conseguiu. Atacou sem sucesso o Quilombo dos Palmares e retornou ao Recife.

 

Atacados os mocambos dos líderes do Quilombo

 

Em 1677 Carrilho, voltou a atacar. O objetivo dessa vez foi o mocambo da velha princesa Aqualtume, avó de Zumbi. O segundo ataque foi contra o mocambo Subupira de Gana Zona, filho de Aqualtume e tio de Zumbi, cuja liderança já se impusera como grande guerreiro e esclarecido político.

Mas Carrilo encontrou Subupira destruído pelo fogo, pelos seus defensores, e ali ele estabeleceu a sua base militar e de partida para raids relâmpagos sobre outros mocambos.

No mocambo Amaro, eliminou em sangrento confronto grande quantidade de seus habitantes, entre eles Toculo, um filho de Ganga Zumba, de uma sua ligação poligâmica, prática ali comum. Foi preso o irmão de Canga Zumba – Gama Zona e mais 2 filhos deste, Zambi e Acaiene.

 

Um Arraial no coração dos Palmares

 

Carrilho fundou no coração de Palmares o arraial de Bom Jesus e a Cruz, convicto de que havia destruído o Quilombo dos Palmares.

O Governo de Pernambuco procurou integrar à Colônia Palmares os habitantes Palmares através de uma povoação portuguesa.

Canga Zumba, o rei do Quilombo, vendo nisto possibilidade de paz e progresso para seu povo, enviou, em 1678, seus emissários ao Recife. E lá aceitou a seguinte proposta de paz. Os governadores de Pernambuco propuseram estes termos para a Paz com o Quilombo dos Palmares:

 

1 – Que escolhessem o local para suas habitações e plantações.

2 – Que em 3 meses se recolhessem ao local que escolheram.

3 – Liberdade para os negros nascidos nos Palmares, conforme proposta do rei Ganga Zuma.

4 – Que fossem restituídos pelo Quilombo os escravos que haviam fugido dos engenhos e fazendas.

5 – Que poderiam comercializar e relacionar-se com os brancos.

6 – Que teriam o status de vassalos do Rei e obedeceriam às ordens do governador de Pernambuco.

7 – Que o rei negro Ganga Zuma seria nomeado mestre de campo( coronel) de toda a sua gente e seria o responsável pela ordem entre os negros.

E teve início um confronto de lideranças. Zumbi, o sobrinho do rei Ganga Zumba, não se conformou com a cláusula 4 do Tratado, embora nascido em Palmares. Queria liberdade geral e irrestrita para todos os palmarinos, .e não restrita !

 

Zumbi agora o rei dos Palmares

 

O confronto entre o agora Mestre de Campo Ganga Zuma e os ideais de Liberdade de Zumbi prosseguiu. O rei Ganga Zuma foi envenenado pela corrente de Zumbi , o qual , em conseqüência, assumiu a liderança como rei dos Palmares

E a guerra dos Palmares recomeçou cruel e sangrenta , com liderados de Zumbi privados de pólvora e armas de fogo.

Em 1680 o Capitão Mor André Dias atacou Palmares e só conseguiu destruir uma fortificação no outeiro da serra da Barriga.

Zumbi foi convidado a reintegrar-se e foi chamado até de Capitão Zumbi. Mas resistiu nas matas, usando a guerrilha – ou a Guerra do Mato.

 

O paulista Domingos Jorge Velho entra em cena.

 

O Governo de Pernambuco recorreu então ao bandeirante Domingos Jorge Velho, experimentado no combate à Guerra do Mato, no Piauí.

Em 1691, Domingos Jorge Velho, forte de mais de 1000 homens, atacou o mocambo capital dos Palmares – o Macaco e atual cidade de União dos Palmares-AL.

Mocambo que só capitularia depois de 3 anos de sitiado e 22 dias de sangrentos

combates. Conquista que provocou a queda pela manobra de todo o Quilombo de Palmares depois de quase um século em que tivera início .

O fim do Quilombo de Palmares

 

Zumbi liderou a resistência derradeira, em Macaco, contra Jorge Velho e Bernardo Vieira de Mello .Estes mandaram erigir uma paliçada protetora da trincheira de 600 metros de comprimento, frente à paliçada dupla do mocambo Macaco.

Zumbi liderou pessoalmente o ataque contra duas investidas de Jorge Velho e Vieira de Mello.

Os defensores usaram todos os recursos para a defesa, inclusive água fervente, obrigando os atacantes a um retraimento.

Zumbi convocou todos a morrerem pela liberdade. As cenas foram inusitadas. Atacantes foram pescados com ganchos de madeira e estrangulados pelos defensores mais fortes.

A paliçada atacante foi reforçada. E foram infrutíferos os ataques à fortaleza de Macaco ,nos dias 23 a 29 de janeiro de 1694, sem o auxílio de Artilharia.

 

Artilharia contra o Quilombo

 

Os atacantes receberam reforços do Recife e sitiaram os 3 lados da fortificação do quilombo Macaco, cujo 4º lado era um precipício inacessível.

E o Macaco foi sitiado por completo, mas dispunha de água e alimentação para resistir ao cerco – agora total.

Na madrugada de 6 de fevereiro de 1694, o mocambo Macaco foi despertado por tiros de canhão que abriram brechas na sua tripla paliçada. Por elas os atacantes penetraram, obrigando os líderes de Zumbi a tentarem escapar por saída junto ao precipício, no qual encontram a morte os que ali se jogaram ou foram jogados em número estimado de 200. Zumbi conseguiu romper o cerco ferido por 2 tiros.

E a luta a campo aberto, não era o forte dos Palmarinos. E ela se transformou num massacre cruel. Ao nascer do sol só se viam feridos e mortos. O corpo de Zumbi foi procurado, mas não encontrado, contrariamente ao que diz a lenda e afirmaram respeitados autores.

Em 20 de novembro de 1695, decorridos cerca de 22 meses, aos 40 anos, Zumbi ,com apoio na traição de um velhos palmarino, foi localizado, surpreendido, cercado e atacado pelo bandeirante André Furtado de Mendonça, e, com resistência à prisão,lutou até a morte, junto com 20 de seus guerreiros .

André Furtado mandou cortar a cabeça de Zumbi e a enviou ao Recife para ser espetada em praça pública, como exemplo,e mostrar que Zumbi, o herói que se tornara para os escravos, havia de fato morrido.

Hoje, projetado no tempo, a luta de Zumbi contra a escravidão , causa pela qual deu a vida, 20 de novembro, com justiça na voz da História do Brasil, consagrou-se como o Dia da Consciência Negra.

Este fato histórico gerou milhares e milhares de páginas de documentos, livros, artigos e debates.

A presente interpretação, síntese, objetiva evidenciar uma luta interna de grande intensidade e duração, aqui estudada do ponto de vista da História Militar Terrestre do Brasil.

Justo na área em grande parte coincidente com a do Quilombo dos Palmares seria palco quase século e meio mais tarde da Revolta dos Cabanos de Alagoas e Pernambuco, cuja motivação ,que talvez permanecesse no inconsciente coletivo da população da área, era a de restaurar o Reinado de D. Pedro I.

Revolta esta, cuja pacificação foi bem administrada pelas autoridades de Pernambuco e Alagoas , as quais, no campo militar ,usaram um cerco que foram apertando aos poucos e do qual resultou a pacificação da revolta com bem menos vítimas do que um confronto destruidor e mortífero para ambos os contendores .

Lição preciosa não aproveitada para ser usada na Guerra de Canudos ocorrida próximo cerca de 60 anos mais tarde e aproveitada pelo General Setembrino de Carvalho para pôr fim à Revolta do Contestado no Paraná e Santa Catarina em 1912-16 ,utilizando a estratégia do cerco a distância .

 

Francisco – O Zumbi dos Palmares 1655-1695

Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares (1678-1695), por um período de 17 anos, dos 23 aos 40 anos de idade até a sua morte, nasceu em 1655, no Quilombo dos Palmares.

Na primeira expedição que o Governo de Pernambuco enviou a Palmares, entre os prisioneiros feitos estava o menino Zumbi.

Ele foi entregue ao padre Antônio Melo, português, que o batizou, criou , alfabetizou e lhe deu o nome de Francisco.

Em 1670 ,aos 15 anos, Zumbi fugiu para o Quilombo dos Palmares, quando este atingiu o apogeu .E, em pouco, tornou-se um líder político e militar e assumiu a liderança militar do Quilombo, em razão de sua cultura e valor guerreiro.

No ano seguinte o Governo de Pernambuco iniciou o combate oficial a Palmares.

E Zumbi afirmou a sua liderança como guerreiro e político destacado no combate às expedições do Capitão André da Rocha e Tenente Antônio Jacome Bezerra.

Em 1676, aos 21 anos, participou do sangrenta e feroz contra - ataque à tropa do agora Coronel Bezerra, do que resultou um grande massacre da expedição, além das mortes e muitas deserções.

Zumbi participou do ataque vingativo a Porto Calvo e do incêndio de canaviais.

Em 1674 enfrentou a expedição chefiada pelo negro Mestre de Campo ad honorem Henrique Dias, herói das batalhas dos Guararapes.

Participou das lutas contra a expedição do Sargento Mor Manuel Lopes, que transformou um mocambo conquistado em base do governo no interior do Quilombo.

Em 1677, combateu as tropas de Fernão Carrilho que atacaram o mocambo de sua avó Aqualtume e o de seu tio Gana Zona ,a partir da base de Fernão Carrilho. Nessa ocasião, foi preso o seu tio Ganga Zona e seus primos -irmãos Zambi e Acaune e morto outro primo Toculo, filho de seu tio Ganga Zumba – o Rei do Quilombo.

Em 1778, aos 23 anos Zumbi liderou a revolta contra seu tio e rei do Quilombo, o Ganga Zamba, que terminou envenenado por haver aceito um fim da guerra com a liberdade restrita só aos nascidos no Quilombo.

Em conseqüência, Zumbi, aos 23 anos, assumiu a liderança de Palmares e continuou a lutar contra a Escravidão, ou a favor da liberdade dos palmarinos não nascidos no Quilombo.

Em 1691, aos 36 anos, liderou a reação a Domingos Jorge Velho que conseguira atingir o mocambo capital – o Macaco. Sua reação foi tão efetiva que obrigou a expedição retirar-se para Porto Calvo.

Zumbi –rei era o maior herói para o povo dos Palmares. Sua lenda atingiu as senzalas

de Pernambuco e Alagoas.

A presente interpretação buscou apoio nas seguintes fontes consultadas:

Fontes consultadas

ABRIL CULTURAL. Zumbi in: Grandes Personagens da nossa História. São

Paulo, 1972, p. 141-156.

BENTO, Cláudio Moreira Bento .As batalhas dos Guararapes ,análise descrição

militar.Recife:UFPE,1971.2v.

(____) O Exercito e a Abolição ,A Defesa Nacional .n 738,jul/ago,1988.p.7/37.

BLOCH EDITORES. História do Brasil. Rio de Janeiro, 1976.

ENNES, Ernesto. As guerras dos Palmares. São Paulo: Cia Ed. Nacional. 1938

(Português, funcionário do Arq. Hist. Colonial de Lisboa .

FREITAS, Mario Martins de. Reino negro de Palmares. Rio de Janeiro: BIBLIEX,

1954 (Trata-se de oficial Veterano da FEB, já falecido).

PEDROSA, José Fernando Maia. Quilombos e negritude a serviço da ideologia. A

Defesa Nacional, 1988.


 

 

3 - A REBELIÃO BAIANA DE 1711

Antecedentes

Com o ataque francês de 1710 ao Rio de Janeiro ,Lisboa decidiu fortalecer o sistema defensivo da Colônia, aumentando o patrulhamento naval de nossa águas territoriais. Para cobrir a despesa , decretou taxa de 10% sobre as mercadorias importadas. Antes já havia um taxa de três a seis cruzados sobre cada escravo adquirido na África, e havia aumentado o sal de 480 para 720 réis o alqueire .(cerca de 14 litros).

O novo Governador - Geral do Brasil, Pedro de Vasconcelos de Sousa, ao anunciar na Bahia, em outubro de 1711, as novas taxas , o povo reunido na praça pública rebelou-se. Os líderes : João de Figueiredo da Costa - Vulgo Maneta -, negociante em Salvador, e o juiz do povo D. Lourenço de Almada.

Oficiais e praças da guarnição de Salvador aderiram à revolta. Cartazes afixados pela cidade afirmavam que à população baiana prestaria homenagem a um outro rei, se os tributos fossem cobrados.

O Povo invadiu as casas de Manuel Dias Figueiras e seus sócios, monopolistas da importação de sal. Fizeram um quebra- quebra atirando tudo na rua e distribuindo móveis e mercadorias a quem quer que os desejasse.

Os tumultos cessaram quando o arcebispo D. Sebastião Monteiro de Vide se apresentou paramentado à frente de um séquito de religiosos irmãos do Sacramento da Fé, em procissão, levando o Santíssimo pelas ruas da cidade.

A revolta alcançou seu objetivo. O governador prometeu que não seriam cobrados as taxas , nem o sal majorado.

Em setembro de 1711, quando o Rio de Janeiro sofreu novo ataque corsário dos franceses, a população baiana passou a temer uma investida dos corsários contra Salvador. Medo procedente e fundamentado, pois Duguay -Trouin declarou que assaltaria a Bahia numa oportunidade favorável.

A revolta

Encorajados com vitória no motim de 1710, do Maneta, os baianos voltaram às ruas, .exigiram do governador enviar expedição ao Rio de Janeiro para ajudar a expulsar os corsários . O Governador, alegando falta de recursos, não tomou uma providência. Foi então que uma nova revolta popular eclodiu em dezembro, o chamado Motim dos Patriotas, liderado por Domingos da Costa Guimarães, Domingos Gomes e Luís Chafet.

Diante da fúria popular, o governador mais uma vez recuou: mandou aparelhar as naus que se encontravam no porto para ir em socorro das cariocas e prometeu fazer uma coleta entre os homens ricos do Recôncavo para custear a expedição. A essa altura, porém, os franceses já haviam deixado o Rio de Janeiro, e a paz voltou a Salvador.

Pedro de Vasconcelos aproveitou a oportunidade para punir exemplarmente os cabeças do levante.

Eles foram açoitados em praça pública, Domingos da Costa Guimarães, Domingos Gomes e Luís Chafet de pagaram pesadas multas , entre 3 000 cruzados a oitocentos mil réis .E foram condenados ao degredo na África .Domingos da Costa e Domingos Gomes em caráter perpétuo, o Luiz Chafet por 10 anos.


 

 

4- GUERRA DOS EMBOABAS 1708-1709

A Guerra entre Paulistas e Emboabas (1708-1709). O fator econômico que norteou a ambição dos descobridores do Brasil foi o ouro. Em sua busca , lançaram-se portugueses e espanhóis.

Encontrado em 1559 e 1598, não longe do mar, fixou os portugueses, inicialmente, no litoral.

No século seguinte, à procura do metal, expedições lançaram-se sertão a dentro, desbravando e conhecendo o interior, apresando índios que, transformados em escravos, eram vendidos para os engenhos de açúcar.

Após anos de dedicação a este tipo de comércio, construindo povoações interioranas, encontraram os sertanistas de S. Paulo, entre 1681 e 1695, o ambicionado ouro. A área da descoberta conheceu-se como região das Minas. Nela se fixaram, erigindo povoações e colonizando-a.

Alguns se dedicaram à criação de gado, outros à agricultura. A maioria tornou-se mineradora. A região prosperava, da mesma forma os seus descobridores, e também a terra de origem -- S. Paulo de Piratininga.

Os descendentes consideravam-se donos daquela região, descoberta pelos ancestrais. Orgulhavam-se disto. A notícia de prosperidade dos paulistas espalhou-se dentro e fora do Brasil.

O governo iniciou a taxação sobre o ouro retirado --a cobrança do quinto. Forasteiros ambiciosos, lusitanos, pernambucanos e baianos, passaram a fixar-se no local.

Descobriram novas minas, ocupavam lavras abandonadas por paulistas, que haviam retornado a S. Paulo, ou se dedicavam ao comércio ou ao monopólio da criação de gado, explorando, preços exorbitantes, os mineradores. A vinda desses elementos trouxe aumento demográfico e surto de prosperidade. Tornou-se, no entanto, ambiente de luxúria e vício, onde campeavam o roubo, furto e homicídio. Era uma terra sem lei.

Os mais poderosos, possuidores de índios escravos, julgavam-se no direito de impor a justiça, exercendo-a sobre os menos favorecidos. Por vezes, até a pena de morte aplicava-se àqueles que infringissem as regras estabelecidas pelo consenso geral.

A tudo isso assistiam os paulistas que, julgando-se proprietários da terra, não toleravam a competição dos intrusos, a quem chamavam emboabas ( do indígena M’Buab = avas com penas nos pés ), por usarem eles, particularmente, portugueses, calças compridas com polainas.

Os invasores cada vez mais prosperavam, seja por chegarem ao local com maiores recursos do que os paulistas, pois possuíam crédito dos conterrâneos radicados na orla marítima, seja por receberem favores do governo: como doação de terras.

Tudo isso fazia aumentar o ódio dos paulistas contra os que consideravam usurpadores.

 

Rompimento das hostilidades

 

Ao governador-geral, D. Fernando Mascarenhas, pediram-se diversas providências em vista da anarquia reinante e, principalmente, contra os forasteiros portugueses, que monopolizavam a carne, vendendo-a a preços astronômicos.

Limitou-se o governador a nomear capitães-mores para os distritos, ameaçados pela desordem.

Pequenos incidentes complicavam a situação. Diante do rumo dos acontecimentos, os paulistas fortificaram-se em Sabará. Preparava-se a explosão. Faltava apenas o estopim para atear fogo àquele barril de pólvora.

Eis que, em fins de 1707, correra, entre os forasteiros de Caeté, o aterrador boato de que os bandeirantes, reunidos no rio das Velhas, combinaram exterminar de uma vez todos os seus antagonistas.

Pretendiam realizar a façanha, nas vilas e arraiais da região das Minas, quando todos estivessem na igreja, ouvindo a missa, em certa manhã de janeiro de 1708 .

Cientes da ameaça , os emboabas, em grande número, reuniram-se em torno da casa de Manuel Nunes Viana, rico comerciante, monopolizador de carne, aclamando-o "Governador de Minas", para pôr termo às violências dos paulistas, e obrigá-los a viver obedientes às leis. Proclamado ditador, Viana estabeleceu a sede de seu governo em Caeté.

 

A luta pela posse de Sabará

Devido à situação reinante ali, os paulistas deixaram a localidade. Concentraram-se em Sabará. E Viana dirigiu-se para lá, liderando um destacamento de emboabas .

Os bandeirantes entrincheiraram-se no interior do arraial. Viana ocupou as elevações dominantes e procurou incendiar as casas, levando os sitiados a grande confusão. A seguir, os índios e mamelucos, munidos de arco e flecha, investiram contra a povoação, derrotando os paulistas ..

Com esta vitória, caiu pela manobra toda a resistência paulista no vale do rio da Velhas.

 

O combate de Cachoeira do Campo

Os fugitivos de Sabará, reunidos a outros paulistas, organizaram a sua defesa no excelente ponto estratégico- o arraial de Cachoeira do Campo. Ali, na desigual proporção de 1 paulista para 10 emboabas , sustentaram, valentemente, o ataque emboaba .

O combate estava indeciso, mas Viana, ferido na ação , determinou a retirada. Dias depois, recebendo reforços, vindos de Ouro Preto, atacou novamente Cachoeira do Campo ..Aproveitando-se de uma brecha na defesa paulista as tropas emboabas nela penetraram.

Na praça central, travou-se violento combate corpo – a - corpo. Nele , os paulistas levaram vantagem, no combate com arma branca. Viana, novamente ferido, retirou-se . Passou o comando a frei Francisco de Menezes. Esse frade, com muita astúcia , mandou cessar fogo e tocar repouso. Anoitecia. Os paulistas, cansados , aproveitaram da trégua para descansar e matar a fome. Valendo-se desse descuido, na calada da noite, o Frei Francisco , à frente de emboabas e a cavalo, avançou contra o reduto paulista, que, tomado de surpresa, não resistiu e rendeu-se .

 

O massacre dos paulistas no Capão da Traição

Foi o mais cruel ato de traição e covardia ocorrido na época. A meia distância de S. Paulo e em sua direção, caminhavam os fugitivos do rio das Mortes, engrossados pelos ex - prisioneiros de Sabará e Cachoeira do Campo.

Animados por Valentim Pedroso, Pedro Pais de Barros e outros bravos, resolveram investir contra os emboabas , no arraial da Ponta do Morro. Vendo-se sitiados, os emboabas pediram socorro a Viana .Este enviou, em socorro , uma força emboaba ao comando de Bento do Amaral Coutinho, conhecido pelo temperamento rude e sanguinário.

Os paulistas, ao saberem que Coutinho comandava os reforços, levantaram o cerco e e continuaram a retirada para S. Paulo. Chegando a Ponta do Morro e não encontrando inimigos, Bento do Amaral Coutinho determinou que o Capitão Gonçalo Corço, comandando um destacamento, fosse em perseguição dos retirantes.

Próximo de Ponta do Morro, numa campina, margeada por um rio, tendo ao centro grande capão de mato, Gonçalo Corço encontrou pequeno grupo . Logo regressou para avisar seu comandante da situação. Amaral Coutinho cerrou sobre a campina, cercou-a e determinou abertura de fogo. Os paulistas resistiram bravamente, causando diversas baixas na tropa emboaba, irritando Amaral Coutinho . Após um dia e uma noite de intensa fuzilaria , falta de víveres e munição, os paulistas dispunham-se à rendição, desde que lhes fossem poupadas as vidas. Com a promessa de Coutinho de que "nenhum mal faria aos paulistas que espontaneamente se entregassem", eles deixaram o interior do capão, depondo as armas. Terminada a triste rendição condicional, com os paulistas agora desarmados. Logo que os viu desarmados, Amaral Coutinho , auxiliado pelos escravos, assassinou friamente a tiros os paulistas rendidos , apesar dos protestos de seus oficiais. Ficou o campo juncado de cadáveres de homens valentes que confiaram na palavra e no juramento de um pérfido.

Episódio semelhante ocorreria em Rio Negro ,Bagé, em 28 non 1893, em que tropas do governo, rendidas sob garantia de vida, tiveram cerca de 300 civis que constituíam a Cavalaria do Governo , à disposição do Exército, degolada por mercenários uruguaios e correntinos , episódio que resgatamos em "O Massacre federalista do Rio Negro" , em Bagé, em 28 nov 1893. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.v.154, n o 378,jan/mar 1993,p.55/88.Liderava a Cavalaria Civil o Cel GN Manoel Pedroso , descendente de migrantes de São Paulo da praça da Sé ,por volta de 1800.

 

A tentativa de vingança do massacre do Capão da Traição

A 1º abr 1709, animados pelas mulheres, os paulistas reuniram no Paço da Câmara, em S. Paulo, cerca de 1300 homens. Decidiram vingar-se dos emboabas pelo massacre do Capão da Traição.

Organizaram-se em companhias de Infantarias e piquetes de Cavalaria, com seus comandantes, subalternos e graduados.

Foi aclamado chefe da expedição Amador Bueno da Veiga, juiz de órfãos, que, para chefiá-la, conseguiu licença da Câmar4a de S. Paulo.

A expedição deixou , em marcha lenta, o pátio do Colégio, em direção às Minas, na tarde de 24 ago 1709.

Apesar das dificuldades das comunicações, e das vias de transportes na época, o aparato dos preparativos e a lentidão da marcha fizeram com que os emboabas também se aprontassem para a defesa. Aconteceu o que os paulistas não esperavam. Eles encontraram a região do rio das Mortes, bem defendida, escudada até em um forte.

Os atacantes sitiaram a posição emboaba e levaram vantagem, inicial .Foi então que os chefes paulistas começaram a se desentender e se negaram apoio mútuo.

Alguns homens do grupo Amador Bueno falavam em retirar-se para S. Paulo, apoiados por outros que estavam sob as ordens de Luís Pedroso de Barros .Este sitiava a fortificação. Pedroso, vendo o desânimo abater-se sobre seus comandados, animou-os a manter o combate, pois os emboabas estavam fracos, pelas muitas baixas sofridas. Mas Pedroso manteve- o cerco.

Depois de uma noite de violenta luta, quando os emboabas pensavam em rendição, saíram, pela manhã, em campo aberto, para oferecer o último combate.

Ficaram surpresos por não encontrarem os paulistas . Durante a noite, eles retiraram-se, levantando o cerco, com a informação de que grande reforço se dirigia de Ouro Preto para o local, a fim de socorrer os emboabas .

Terminara a Guerra dos Emboabas. Houve, em S. Paulo, tentativas de organizar-se nova expedição, não concretizada, devido às medidas estabelecidas pelo governador-geral, para pacificar a região.

Resultado dessa Guerra entre paulistas e emboabas: a separação de Minas Gerais de São Paulo. Foi nomeado governador da nova capitania Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, chefe militar e administrador experimentado.

 

Conclusões

 

A Guerra entre paulistas e emboabas constitui um dos capítulos do surto nativista, ou da série de protestos de brasileiros , contra o domínio português.

Revelou combatividade, de parte a parte, na disputa por aquilo que julgavam direito.

Quanto aos paulistas, a guerra representou uma manifestação contra a usurpação da posse de terras por eles descobertas.

O sentimento de ódio ao domínio dos portugueses ficou evidente nessa Guerra, e foi-se agravando pelo insucesso decorrente.

Na primeira fase da luta, ressaltaram o heroísmo, a valentia, e o combate corpo –a -corpo.

Na segunda, a organização de um verdadeiro exército, com companhias de Infantaria, piquetes de Cavalaria e uma hierarquia bem estruturada, caracterizou a atuação dos paulistas. Por outro lado, da parte dos emboabas registrou a construção de uma fortificação para aumentar seu poder de defesa .


 

 

5-A GUERRA DOS MASCATES - (1710-1711)

Olinda x Recife

Antecedentes

A colonização de Pernambuco teve início melhor que a das outra capitanias. Duarte Coelho, fidalgo, veio com a família, acompanhado de nobres empobrecidos, incentivando a agricultura, explorando a plantação da

cana-de-açúcar, deu grande prosperidade à capitania.

No século seguinte, Olinda era a mais importante vila do Brasil.

Recife, era praia de pescadores e porto de Olinda. Havia, em Olinda , a administração pública, solares, casas assobradadas de alvenaria, residências dos nobres da terra, dos ricos senhores de engenho, igrejas e mosteiros.

No Recife, casebres de pescadores, normalmente portugueses sedentários que não se dedicavam ao cultivo do solo.

A ocupação holandesa arrasou e incendiou Olinda, levando o progresso para Recife.

Das lutas contra o invasor , ficaram dois exemplos no espírito dos pernambucanos .:

- que eram povo forte, pronto para lutar contra qualquer potência aguerrida;

- que, sendo a Holanda república, havia também forma de governo sem rei, capaz de tornar poderosa uma nação.

Terminada a guerra, voltaram ao trabalho e a reedificarão de sua capital.

Enquanto isso, os portugueses, dedicados mais ao comércio do que à agricultura, começaram estabelecer-se na povoação de Recife, onde abriram casas de negócios.

Do Senado da Câmara de Olinda, elevada à cidade, excluíram-se os recifenses, a pretexto de que mercadores não podiam ser eleitos. O orgulho dos olindenses pelos títulos nobiliárquicos não tinha limites.

Com desprezo, tratavam os comerciantes de Recife, apelidando-os de Mascates, em vista das profissões e da origem humilde com que iniciaram os seus negócios. Por outro lado, os desmedidos gastos para a manutenção do estado de nobreza faziam com que muitos habitantes da capital caíssem debaixo da usura dos recifenses: empréstimos a juros altos.

Os olindenses produziam o açúcar, negociado para o exterior, através do comércio dominado em Recife. Eram estes que supriam de mantimentos os engenhos e compravam daqueles toda a produção. Em pouco tempo, tornaram-se os Mascates grandes capitalistas, que somente almejavam a participação na direção da coisa pública, o que lhes era negado pelos nobres de Olinda.

Odiaram-se olindenses nobres devedores e recifenses mercadores credores .

Os recifenses aos governantes pediam intervenção junto ao rei, para elevar Recife a vila, para se libertarem da tutela administrativa de Olinda.

Empossou-se, a 9 jun 1707, como governador da capitania, Sebastião de Castro Caldas, que, pouco a pouco, se distanciou de Olinda, aproximando-se dos Mascates. Em conseqüência de nova petição, apoiada pelo novo governador, os recifenses obtiveram Carta-Régia, 19 nov 1709, a instituição da vila do Recife, independente de Olinda.

Sebastião de Castro Caldas mandou preparar, às escondidas, as pedras para o levantamento do pelourinho e, efetivamente, o fez, a 15 fev 1710, instalando a vila de Recife .

A nobreza olindense foi desafiada !

 

A declaração de guerra

Sabendo os moradores de Olinda que o governador costumava ir a pé à igreja de N.S. da Penha, prepararam-lhe uma emboscada. Ele foi alvejado a tiros, e ferindo.

Estourou o movimento rebelde. Logo foram presos os principais suspeitos. Levantaram-se em armas os conjurados no interior.

O Governador enviou tropas para combatê-los. Algumas foram derrotadas pelos rebeldes, e outras confraternizaram com eles.

Os revolucionários vieram do interior sobre Recife . Recebendo adesões. Acamparam em Afogados, à margem direita do Capibaribe, às portas de Recife .

Impotente para a resistir , o Governador Castro Caldas fugiu para a Bahia. O exército revolucionário transpôs o Capibaribe e marchou em direção a praça principal de Recife . Arriaram a bandeira que tremulava no pelourinho, arrasaram-no, libertaram os presos das cadeias e das fortificações. Destituíram dos cargos todos os portugueses e queimaram a lista dos eleitos para a Câmara de Recife .

 

A República Pernambucana

 

O sonho pioneiro de República no Brasil: Vitoriosos em Recife, os revoltosos voltaram para Olinda. Após o terceiro dia da fuga do governador, combinaram os rebeldes uma assembléia no Senado da Câmara de Olinda, para tratarem dos assuntos relacionados com a direção do governo, acéfalo, no momento.

Durante a discussão, surgiram dois partidos:

Um moderado, pretendia o retorno à legalidade e que, segundo a tradição, se entregasse o governo, provisoriamente, às mãos do bispo. O outro grupo, constituído pelos senhores da terra, manifestou-se pela instituição de uma república como a da Holanda ou de Veneza.

O líder deste grupo, Bernardo Vieira de Melo, expôs a situação extrema a que se havia chegado, fazendo sentir a todos que o maior perigo seria recuar. Propunha a transformação de Pernambuco em república, "pois, só assim ficariam livres dos riscos por que acabavam de passar".

Discutiu-se longamente a proposta .e, não obstante a assembléia se ter manifestado simpática à idéia, preponderou o espírito conciliador dos mais prudentes. Ficou decidida a entrega do governo ao bispo D. Manuel Álvares da Costa, desde que concedesse anistia ampla, em nome do rei.

 

O governo do bispo D. Manoel Alves da Costa

 

O bispo assumiu o governo, em 15 nov 1710 . 0 seu primeiro ato foi a anistia geral aos revoltosos.

Para acalmar os espíritos e desfazer, a animosidade reinante, e crescente, O bispo , governador provisório, ora estava em Recife ora e em Olinda e Recife. Balançava como um pêndulo de relógio . ora favorável aos olindenses, ora aos recifenses .

Bernardo Vieira de Melo, ante a possibilidade de que o novo governador, esperado a qualquer momento de Portugal , não confirmasse a anistia geral, concedida pelo bispo, dirigiu-se para Recife, acompanhado do filho, do capitão André Vieira de Melo e de grande comitiva .

Deliberam que, se o novo governador não confirmasse a anistia, seria proclama a república. Para tal , Vieira de Melo, concentrou ,em seu sítio Ipojuca, as forças que mandara vir de Palmares. E foi recrutando gente, e conspirando com vários chefes sertanejos, preparando-se assim para reação no momento oportuno.

Os recifenses, porém, não ficaram impassíveis. Sentindo que o bispo conciliador era dominado por Vieira de Melo e sua gente, trataram de se mobilizar para uma contra-revolta.

Conseguiram acumular por cotas um fundo de 70 mil cruzados. À frente da tropa improvisada , colocaram-se diversos oficiais da antiga tropa. Era o prenúncio de novo choque.

A mobilização dos Mascates para a reação

 

Uma discussão entre os soldados do regimento de Recife e a gente de Vieira de Melo foi o pretexto para o início da luta. Presos os do Regimento de Recife, presos por ordem do bispo governador; os oficiais do regimento intercederam no palácio pela libertação dos mesmos .

Disse-lhes, porém, o bispo que não poderia deixar de puní-los, em vista da pressão de Vieira de Melo. Sentindo-se injustiçados, os soldados saíram do Convento do Carmo .Dali dirigiram-se para o Regimento aos gritos de "Viva o Rei! Abaixo os traidores!" .E tiveram a adesão do Regimento , à frente da qual se puseram alguns oficiais. Os recifenses , associando-se à manifestação, reuniram-se à força. O bispo, assustado, refugiou-se no Colégio dos Jesuítas. O povo cercou a casa de Vieira de Melo, que foi preso pelo Ouvidor Geral e recolhido preso à cadeia.

Intimou-se o bispo a retornar para palácio do governo. Foi guardado por 180 mascates.Ia começar a Guerra aberta entre as duas facções.

Os republicanos levantaram, mais uma vez, Pernambuco , incluindo a população de Olinda, e os moderados da nobreza, bem como todo o interior.

Conquistando o bispo governador a confiança dos revoltosos republicanos, em face das cartas circulares expedidas aos capitães-mores e às Câmaras da capitania, ao exortá-los a manter a tranqüilidade e informá-los dos acontecimentos em Recife, em que culpava Vieira de Melo, decidiu ir para Olinda, a pretexto de lá apaziguar os ânimos.

O comandante João da Mota pediu que ficasse em Recife., mas não cedeu. E foi recebido em Olinda com grandes manifestações pelo povo. Pouco depois submeteu-se aos desejos dos olindenses.

Por não acatarem as determinações do bispo, os olindenses prepararam-se para sitiar Recife. O bispo D. Manuel Álvares da Costa renunciou ao governo, entregando-o à Câmara de Olinda, ao Ouvidor- Geral e ao Mestre –de – Campo(coronel) Cristóvão de Mendonça Arriais. E a Guerra estourou , "uma guerra mais fértil em crimes, do que em ações dignas de se comemorarem."

Durava cerca de 3 meses o cerco de Recife, quando surgiu uma frota de Portugal, trazendo o novo governador, Félix José Machado de Mendonça que tomou posse, sem oposição alguma, em 9 out 1711.

Decorridos alguns dias de governo, percebeu Olinda a parcialidade de Machado de Mendonça para com os negociantes do Recife, seus patrícios.

Sem considerar a anistia concedida pelo bispo, e com a aprovacão real, foram sendo perseguidos os chefes da nobreza, que mais se destacaram no movimento de 1710.

Muitos foram presos. Vieira de Melo, refugiado no arraial de Palmares, resolveu entregar-se. Os chefes da reação, contra os revoltosos de Olinda, eram recebidos agora, em Recife, com grandes festas e aclamados como heróis.

Foi novamente instituído o pelourinho, constituída a nova Câmara e celebrada a instalação da vila: a vitória definitiva dos mascates ou dos recifenses.

Só 4 anos mais tarde, com a chegada de outro governador, D. Lourenço de Almeida, é que foi restabelecida a tranqüilidade pública.

Mas persistiria pelos tempos a fora rivalidade entre pernambucanos e portugueses (marinheiros) , como ficaram conhecidos os filhos de Portugal.

.A Guerra dos Mascates foi um Movimento Nativista, precursor da nossa Independência e República . Originada pela discórdia entre duas localidades, Olinda e Recife. A primeira, habitada por fazendeiros, senhores de Engenho, nascidos no Brasil, orgulhosos descendentes da Nobreza, que valentemente lutara contra o Domínio Holandês .E Recife , habitada por negociantes portugueses, enriquecidos à do Comércio do açúcar produzido pelos primeiros.

A vitória final a favor dos mascates aumentou mais a rivalidade entre naturais do Brasil e filhos de Portugal, culminando com a independência proclamada por D. Pedro I em 1822 ..Eis o primeiro pronunciamento de emancipação realizado no Brasil, onde se manifestou a idéia do estabelecimento de um regime de governo sem rei - um regime republicano.

Dos patriotas pernambucanos da época, herdamos o sentimento de soberania, de liberdade, de luta contra o domínio estrangeiro. Sentimentos que estiveram presentes no período monárquico 1808-89, como se poderá concluir, e abrandados na República, de cujo sonho foram pioneiros no Brasil .


 

6 - A REVOLTA DE VILA RICA EM 1721

 

Antecedentes

Criou-se a capitania de S. Paulo e Minas Gerais, em 1709, como conseqüência da Guerra dos Emboabas. O novo governador, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho, tomou posse em 18 de junho de 1710, na Vila de S. Paulo, após corresponder-se com os principais moradores.

A presença da nova autoridade encerrava o conflito entre paulistas e emboabas. Começou outra ordem administrativa. Antônio de Albuquerque, nos primeiros dias de governo, proibiu o porte de armas por pessoas não qualificadas. Organizou um regimento de Infantaria com 3 companhias, comandado pelo capitão Manuel Carvalho da Silva Bueno. Solicitou à metrópole a elevação de S. Paulo de vila a cidade e sede do bispado, e concretizada a sua solicitação pela Carta - Régia, 14 jul 1711.

 

Deixando S. Paulo, sob o governo interino do Capitão-mor Domingos da Silva Bueno, partiu o governador para Minas .Ali , regulou a cobrança dos quintos de ouro, fundou vilas, regularizou a posse imobiliária com documentos de propriedade, designou oficiais para manter a ordem.

O seu sucessor , D. Brás Baltazar da Silveira, assumiu o governo, em S. Paulo, 31 ago 1713 e, no fim do ano, já estava em Minas Gerais. Ali, resolveu o problema da cobrança dos quintos, evitando um descontentamento geral. Era experimentado, veterano de guerra, e sabia não possuir força suficiente para impor a sua autoridade na região do ouro.

A 1a Tropa de Linha em Minas Gerais – Os Dragões :D. Pedro de Almeida, conde de Assumar, nomeado por D. João V para governador, assumiu o cargo em S. Paulo, em 4 set 1717 .Em dezembro, estava em Vila Rica. Tinha 31 anos de idade. Como seu antecessor, era veterano de guerra. Inteligente e enérgico, realizou governo ativo.

Sentindo-se impotente, pediu à metrópole fosse enviado para as Minas Gerais um corpo de tropa de Linha para ali ficar sob seu comando. Uma companhia de Dragões, de 41 homens, comandados pelo Capitão José Rodrigues de Oliveira, procedente de Lisboa, chegou a Minas. Ainda que reduzida em efetivo, em 1719, restabeleceu a ordem no rio das Velhas, a fim de garantir o fornecimento de gado. Em Pitangui, tomou de assalto trincheira guarnecida por elementos que promoviam desordens, em desrespeito as determinações do Governador.

A revolta de Vila Rica em 1721

 

No início de 1721, as capitanias de São Paulo passaram a ter cada qual o seu governador, ao invés de um comum e decorrência da Guerra dos Emboabas .

Nesse mesmo ano, Minas foi sacudida por fatos graves ligados ao ouro. Foram questões ligadas a cobranças de impostos; descaminho e circulação de ouro em pó etc .

Os emboabas, orgulhosos de seu poder consolidado depois da Guerra dos Emboabas, passaram a ver seus interesses pelo governo de D.Pedro de Almeida, conde de Assumar .

 

O suplício de Felipe dos Santos

 

Em 28 jun 1721, quando o Governador se encontrava em Ribeirão do Carmo , agitadores mascarados fizeram desordens e quebra-quebras, com isso querendo forçar o governador a fechar as casas de fundição de ouro .Decorridos 4 dias, forçaram o conde de Assumar ,sob a ameaças de armas, a prometer atender suas reinvidicações e a perdoar previamente os motins que promoveram .

Fora uma simulação do Conde de Assumar para sentir as reais intenções dos amotinados e a participação de cada um na revolta.

 

 

 

 

 

Decorridos cerca de 12 dias de sua enganosa promessa, na noite de 14 jul 1721, conseguiu esmagar e neutralizar a revolta .Mandou incendiar o arraial do Ouro Podre .Conseguiu a condenação, com o Ouvidor, de Felipe dos Santos, o mais impetuoso líder do motim em Vila Rica .Esse foi condenado à morte por crime de Lesa-Majestade .Foi enforcado e esquartejado como exemplo .

 


 

7- A GUERRA GUARANÍTICA NO RIO GRANDE DO SUL 1754-56

 

Antecedentes

Em 1750, treze anos decorridos da fundação do Rio, Portugal e Espanha celebraram o Tratado de Madrid de 1750. Por ele ficaram estabelecidos os limites entre Espanha e Portugal no território da 3ª RM. Portugal abriria mão da Colônia do Sacramento, que fundara há 70 anos, e a Espanha abriria mão dos Sete Povos das Missões, espanhol, e também com 70 anos de influência jesuítica.

Para Portugal tomar posse dos Sete Povos, era condição que os índios missioneiros e os jesuítas abandonassem a região e fossem para a margem direita do rio Uruguai.

Para dar cumprimento ao tratado, Espanha e Portugal deviam proceder à demarcação.

Portugal organizou no Rio de Janeiro o Exército Demarcador ao comando do Gen Gomes Freire de Andrada , governador de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro, ao qual se subordinava a Comandância Militar do Rio Grande de São Pedro. Gomes Freire foi nomeado Comissário de Portugal na Demarcação do Tratado no Sul.

Para substituir os índios nos Sete Povos, foi prevista a imigração de casais jovens açorianos, com uma arma por casal para, em número de 60 casais, ocuparem cada um dos Sete Povos e promoverem o seu desenvolvimento e defesa.

Mas, no curso da Demarcação, os índios, sob a liderança de jesuítas, resistiram à evacuação dos Sete Povos. E aconteceu a Guerra Guaranítica 1752-56 dos Exércitos Demarcadores de Portugal e Espanha contra os índios liderados pelos jesuítas.

 

O Exército Demarcador de Portugal no Rio Grande

 

Em 1750 Portugal e Espanha celebraram o justo Tratado de Madri, pelo qual Portugal cederia a Espanha a Colônia do Sacramento no Uruguai e defronte a Buenos Aires em troca dos Sete Povos das Missões e mais extensas faixas do atual Rio Grande do Sul .

Para cumprir o Tratado no Sul Portugal encarregou o Ten Gen Gomes Freire de Andrade ,governador do Rio de Janeiro e com apoio de um Exército Demarcador que viria a enfrentar junto com um Exército Demarcador de Espanha os índios missioneiros liderados por jesuítas por haverem se recusado a abandonar os Sete Povos e entregá-los a Portugal para serem povoados por casais de açorianos enviado por Portugal para tal missão.

O Exército Demarcador de Portugal foi organizado com tropas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande, num total de 1633, muito expressivo para a época. Para sua constituição, o Rio Grande do Sul atual contribuiu com 491 homens ou cerca de 30% do Exército Demarcador. Efetivo representado pelo Regimento dos Dragões do Rio Grande de São Pedro(Infantaria a cavalo).

A tropa estranha ao atual território do Rio Grande do Sul era do Rio de Janeiro – Regimento de Artilharia(189 homens); de Infantaria Velho(atual Sampaio – 204 homens); de Infantaria Novo(104 homens), ou seja, 590 cariocas ou cerca de 36%.

De São Paulo: A Infantaria de Santos(104 homens).

Para o apoio ao movimento e como vaqueanos,(guias) duas companhias de aventureiros paulistas e de Laguna(160 homens), comandadas pelos oficiais de Dragões Cap. Francisco Pinto Bandeira e Ten Antônio Pinto Carneiro(de Minas).

Para o apoio logístico e serviços gerais, foram destinados 266 homens.

Este Exército trouxe a seguinte Artilharia do Rio de Janeiro ao comando do célebre Cel Fernandes Pinto Alpoym, autor então de livros sobre o assunto: 7(sete) peças de bronze e 3 (três) peças de ferro , tradicionadas por bois. Ela foi a primeira Artilharia de Campanha que atuou no Brasil, ao que se tem conhecimento.

Como o meio de transporte, este Exército dispôs:

Este Exército Demarcador realizou 3 campanhas que estudamos com ampla iconografia em História da 3 RM 1808-189 e Antecedentes (Porto Alegre:3a RM,1995):

1ª Campanha: Em 7 Abr. 1752, o Exército Demarcador concentrou-se em Rio Grande. Marchou pelo litoral em 1 set 1752 até Castilhos Grande, onde se encontrou com o Exército Demarcador da Espanha. Em 1º Out foi colocado o 1º marco divisório em Castilhos. Em Jan 1753, o comissário espanhol Andonaegui de Valdelírios retirou-se para Montevidéu. Gomes Freire marchou para a Colônia do Sacramento a fim de preparar a sua entrega. Na altura de Santa Tecla, em Bagé atual, os índios missioneiros, sob a liderança de Sepé Tiarajú, impediram os trabalhos de demarcação.

O trabalho foi interrompido, e as partidas demarcadoras se dirigiram à Colônia do Sacramento e Montevidéu.

2º Campanha: Gomes Freire e Andonaegui, em Mar 1754, conferenciaram na ilha Martins Vaz. Decidiram evacuar os Sete Povos pela força das armas. Andonaegui remontou o Uruguai até Japeju, onde ficou detido.

Gomes Freire retornou com o Exército, por terra e por água, até Rio Grande e daí da mesma forma até Porto Alegre. Ali mandou fabricar canoas para remontar o Jacuí até o Passo São Lourenço, a montante da Cachoeira do Sul atual. Dali pretendia, por terra, invadir os Sete Povos. Em Jun 1754 ele atingiu a atual Rio Pardo, onde a vanguarda dos Dragões do Rio Grande em Rio Pardo já haviam erigido uma fortificação t chamada Jesus –Maria -José.

O forte foi atacado pelos índios, em 29 Abr 1754, ao comando de Sepé Tiaraju, apoiado em 4(quatro pequenas peças de Artilharia(pedreiros). O forte respondeu ao ataque dispersando os atacantes e matando 6 índios. Sepé, com vistas a conquistar o forte, deixou-se prender com 53 índios. Pretendia no interior da fortificação rebelar-se e tomá-la dos Dragões. Foram desarmados e obrigados a devolver 70 cavalos do forte que apresaram. Sepé prometeu entregá-los.

Deixou o forte sob guarda, a qual terminou por iludir e fugir espetacularmente, abandonando seus liderados à própria sorte. Deles, 53 foram enviados presos para o Rio Grande. No meio da Lagoa dos Patos, eles se rebelaram e dominaram a embarcação, após matarem 3 Dragões, ferirem 2 e aprisionarem os restantes no porão, junto com suas armas. Os Dragões reagiram e fizeram fogo, matando 13 índios. Os restantes, desesperados, jogaram-se n’água, morrendo 25 afogados. Sobreviveram só 15, que foram levados ao Rio Grande.

De Rio Pardo, o Exército Demarcador rumou por terra até o passo São Lourenço, tendo construído, com o concurso dos aventureiros paulistas, sobre o rio Pardinho, a primeira ponte flutuante acreditamos no Brasil , conforme registramos em artigo "Travessia militar de brechas e cursos d’água no Brasil". Defesa Nacional (nº 722, 1985, Nov/Dez).

O Exército Demarcador acampou no passo do São Lourenço, de 7 Set – 18 Nov 1754, por dois meses e 11 dias. Ali foi colhido por violenta enchente, registrada em 4 cartas panorâmicas existentes no Arquivo Histórico do Exército, as quais foram pintadas pelo Quartel Mestre General(encarregado do Apoio Logístico) da Expedição Cel Engenheiro Miguel Ângelo Blasco e seu ajudante Jerônimo Mattos.

Estudamos Ângelo Blasco em Estrangeiros e descendentes na História Militar do RGS .( Porto Alegre:IEL,1975).

Impedido de prosseguir além do passo São Lourenço e mesmo em razão do Comissário de Espanha ter ficado detido em Japejú, Gomes Freire celebrou um armistício com os índios e jesuítas e retornou ao Rio Grande.

Deixou implantado o forte Jesus – Maria - José do Rio Pardo, que se celebrizou como a Tranqueira Invicta e como a 2ª base militar terrestre, no Rio Grande.

3ª Campanha: O Exército Demarcador partiu do Rio Grande e dirigiu-se ao Forte São Gonçalo, que então foi construído no corte do rio Piratini. Dali partiu em Dez 1755. Atingiu os Sete Povos em maio 1756, após 4 meses de marcha. Em 16 Jan 1756, operara junção com o Exército da Espanha no campo das Mercês, assim chamado pelas condecorações e graças que ambos os exércitos concederam a seus integrantes.

A partir de Santa Tecla, os índios liderados por Sepé Tiaraju levaram a efeito uma Guerra de guerrilhas , a mãe da Guerra à gaúcha

Queimaram as pastagens na retirada, mataram cavalos cansados para não serem usados pelos demarcadores e trucidaram patrulhas e homens isolados que ousaram deixar o grosso dos exércitos.

E o que foi essa Guerra no dia-a-dia ficou no Diário do Cap Jacinto Rodrigues da Cunha (RIHGB, v. 10, 1853)

Em 7 fev. 1756, foi morto o chefe índio Sepé Tiaraju, na Sanga da Bica, na cidade de São Gabriel atual, quando montava um ataque noturno. Foi lanceado por um peão português nas costas e morto pelo governador de Montevidéu com um tiro de pistola.

Em 10 fev. 1756, travou-se o combate de Caiboaté, onde o Exército Missioneiro foi cercado e dizimado pelas cavalarias dos dois exércitos em cerca de uma hora. Foram mortos 1.400 índios e feitos prisioneiros 127.

Estudou essa tragédia o Gen Ptolomeu Assis Brasil em A Batalha de Caiboaté (Palegre:Liv. Globo, 1935).

Em 10 Mai 1756, travou-se, próximo a São Miguel, o último combate, o de Churieby, onde os índios se apoiaram em trincheiras e peças de artilharia de taquaruçu (bambu) retovadas de couro. Ângelo Blasco imortalizou esta cena em planta existente no Arquivo Histórico do Exército.

Após penetrar no Sete Povos, o Exército Demarcador lá permaneceu por 10 meses. Nesse período, estima-se que a miscigenação dos soldados com índias missioneiras que tiveram seus maridos mortos em Caiboaté tenha sido intensa .É um fato a pesquisar .

Depois o Exército retirou-se para Rio Pardo, onde ficou por 18 meses. Finalmente, retornou ao Rio, após 7 longos anos de permanência no Rio Grande do Sul .

Gomes Freire deixou plantados no território gaúcho mais os fortes de Jesus –Maria -José do Rio Pardo e o de São Gonçalo, no rio Piratini, e ainda o de Santo Amaro, além de haver reconhecido e devassado o interior gaúcho.

Os açorianos que se destinavam aos Sete Povos concentraram-se em torno do Rio Grande e ao longo do Jacuí, entre Porto Alegre e Rio Pardo.

Através das serras dos Tapes e Herval, território dos atuais municípios de Pelotas, Pedro Osório, Canguçu e Encruzilhada, foi aberto e explorado um caminho de articulação das duas bases militares do Rio Grande e Rio Pardo, cujas áreas de jurisdição eram separadas pelo rio Camaquã, curso d’água que passou a separar as fronteiras do Rio Grande e do Rio Pardo, a primeira divisão militar do território da 3ª RM.

O Regimento dos Dragões do Rio Grande, após 20 anos em Rio Grande, teve transferida sua sede para Rio Pardo, sob a denominação de Dragões do Rio Grande ,mas popularmente e por tradição chamados Dragões do Rio Pardo, e com assinalados serviços à História do Brasil, no Rio Grande do Sul.

Essa unidade foi amplamente estudada por Fernando Luiz Osório(neto do General Osório), em Sangue e Alma do Rio Grande. (Palegre: Ed. Globo, 1937), e pelo Cel Deoclécio de Paranhos Antunes, em Dragões do Rio Pardo(Rio de Janeiro : BIBLIEX, 1954), e ainda pelo Cel Jonathas do Rego Monteiro.

Esteve à frente da Comandância Militar do Rio Grande, durante a Guerra Guaranítica, de 28 jun 1752-17 Jan 1761, o Ten Cel Paschoal de Azevedo, cuja ação foi ofuscada com a presença no Rio Grande do Ten Gen Gomes Freire, governador do Rio de Janeiro, com jurisdição sobre o Rio Grande.


 

 

8- AS INCONFIDÊNCIAS MINEIRA E CARIOCA

 

Antecedentes

O Brasil despontou, a partir de 1710, aos olhos da Europa , como o mais rico país produtor de Ouro , em Minas Gerais ,Cuiabá e Goiás .

Para Werner Sombart, o desenvolvimento capitalista e industrial da Europa, no fim do século XVIII, não teria sido possível, sem a maciça entrada do ouro brasileiro, na Europa ..

. Lisboa, que estava em ruínas, por um terremoto, foi reconstruída .Ele fez florescer indústria inglesa e o comércio da Europa .

Durante o Ciclo do Ouro no Brasil , o luxo e a ostentação foi possível em pequenas cidades mineiras lideradas por Vila Rica( atual Ouro Preto).Cidades que surgiram da noite para o dia, e cresceram em ritmo acelerado.

Com o Ciclo do Ouro e a corrida para ele em Minas, logo ela passou a contar com um governador - defensor dos direitos da coroa, auxiliado por tropa de Linha , funcionários de toda ordem e muitos fiscais. As barreiras ou registros foram guarnecidos para previnir o descaminha do ouro que passou a ser obrigatoriamente fundido, e os viajantes, fiscalizados . E os crime e transgressões punidos com castigos severos .

Ao lado de abundante legislação, foi regulamentada pesada tributação, que atingiu índices de verdadeira insensibilidade social: começando pelo quinto do ouro, alfinetes de rainha e outros menores, vinham a seguir a clausura, que trancava as regiões mineradoras, inclusive as diamantíferas; os registros que bloqueavam entradas e saídas e a taxação, onerando, pesadamente, as mercadorias indispensáveis à vida e ao trabalho das populações mineradoras; proibições de toda espécie, impedindo as atividades de advogados, ourives e da imprensa; sugestões essas agravadas pelo ato de D. Maria I, que proibiu as manufaturas e mandou arrasar as existentes.

As difíceis condições de vida, a que estavam submetidas as populações dos núcleos mineradores, pioraram no século XVIII. A produção das minas caiu.. Vila Rica virou "a Vila Pobre". Mas Portugal ,100 arrobas ,no mínimo . Com a queda da produção, o imposto deixou de ser pago .E a dívida dos contribuintes foi num crescendo .

Em conseqüência, uma grande preocupação para o povo das minas. A cobrança à força da dívida, significando ruína, seqüestro, talvez prisão por insolvência. Ou seja, a derrama.

Na América do Norte, em 1776, houve a independência das colônias inglesas, que passaram a chamar-se Estados Unidos da América.

Lá se declarou sagrada a vida humana, a liberdade de pensamento; que todos os homens são livres, iguais e dignos de participar do governo que, quando não garantisse as liberdades dos povo, a este assistia o direito de depô-lo.

Essas idéias difundiram-se pelo mundo, inclusive no Brasil, e fizeram parte do ideal da Conjuração Mineira.

As liberdades públicas – o sonho dos conjurados :Os ideais de liberdade no Brasil foram trazidos, por estudantes do Brasil em universidades européias. José Joaquim de Maia, Domingos Vidal Barbosa, José Alves Maciel, José Mariano Leal e outros.

Vila Rica era a sede do governo de Minas .Possuía como de guarnição – um Regimento de Dragões .Era a sede de órgãos da Justiça e de altos funcionários .Sua sociedade era rica .Seus filhos, em muitos casos, estudavam na Europa. Em Vila Rica, os sentimentos nativistas eram potencializados pela ganância e prepotência da Coroa, Foi em Vila Rica que germinou o protesto contra a opressão, e a exploração a que era submetido o povo.

Nomes como o do poeta Tomás Antônio Gonzaga, Cláudio Manoel da Costa, também poeta e advogado; Alvarenga Peixoto, poeta, proprietário de minas e coronel do Regimento de Cavalaria do Rio Verde, apareceram ao lado de nomes de padres, Oliveira Rolim e Toledo Melo, e militares profissionais, Tenente Coronel de Cavalaria Francisco de Paula Freire de Andrade e o Alferes Joaquim da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes. Todos identificados com os ideais de liberdade e de justiça..

Durante longo tempo, permaneceu quase desconhecida a Conjuração Carioca e Mineira de 1789. O Império como seria natural não teve interesse em evocar a tentativa republicana mineira .

. A divulgação do conteúdo do famoso saco verde da Secretária do Império, constitui o primeiro passo para a reivindicação que se impunha.

Continha uma coleção de documentos originais das duas devassas a que se procedeu, em Vila Rica e no Rio de Janeiro.

Dos trinta e quatro indiciados na Conjuração Carioca e Mineira , oito foram julgados inocentes. Constituíram o grupo ativo, aqueles que tomaram a peito o levante: Alferes Joaquim José da Silva Xavier, Tenente-coronel Freire de Andrade, padres Carlos de Toledo e Oliveira Rolim, Coronel Inácio José de Alvarenga, Tenente-coronel Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Sargento - mor ( Major Luiz Vaz de Toledo Piza e Tenente-coronel Domingos de Abreu Vieira.

O dia da Derrama, o sinal para o levante .Marcou-se o dia para o levante: o da derrama.

Um traidor denunciou a trama ao governador, Visconde de Barbacena. Avisado, ele suspendeu a derrama – sinal combinado para o inicio da revolta, medida que serviria de pretexto à deflagração da revolta. Ao mesmo tempo, Barbacena ordenou as prisões dos conjurados. Tiradentes foi preso no Rio de Janeiro, onde andava em propaganda; 32 foram presos em Vila Rica, e na maior parte membros das principais famílias de Vila Rica .Foram transferidos para o Rio, onde foram encarcerados. Uns na cadeia local carioca e outros na Fortaleza da Ilha das Cobras.

Em 1790, condenaram-se 11 à pena de morte .capital. Mais tarde., comutou-se a pena de morte pela de degredo, exceção de Tiradentes.Tiradentes, enforcado no Rio de Janeiro .

Tiradentes –o patrono cívico do Brasil :Joaquim José da Silva Xavier, alferes da Cavalaria das Minas Gerais, tornou-se a figura maior da Conjuração Carioca e Mineira, por seu entusiasmo e amor à causa.

Tiradentes e outros conjurados militares constituem mais uma prova de identificação da força terrestre brasileira, com as aspirações da Nacionalidade.

Se fosse argumentado que o acaso poderia explicar a sua presença ao movimento libertário, citaríamos a repetição do fenômeno social na Inconfidência Baiana, 1798, e Revolução Nativista de 1817. A constância da participação de militares de terra dos movimentos precursores da nossa Independência, se, de um lado, decorre da própria natureza da força terrestre no período colonial – o povo em armas – de outro, nos mostra que seu seguimento regular ou profissional, o exército de então, já não era uma classe ou uma casta, perseguindo objetivos estranhos aos interesses da Nacionalidade nascente.

Como se verá a Revolução Farroupilha de cujo seio emergiu a Republica, Rio Grandense – a única experiência republicana efetiva antes de 15 nov 1889 contou com a participação decisiva dos comandantes das unidades do Exército no Rio Grande do Sul e de integrantes das mesmas, fato que tem sido sonegado.

O primeiro general farroupilha proclamado foi João Manoel Lima e Silva, fluminense e comandante do Batalhão de Infantaria , destacado em São Borja .O Coronel José Mariano de Matos , carioca e comandante do Batalhão de Artilharia no Rio Pardo ,foi Ministro da Guerra, Vice- Presidente e Presidente interino da República .Os dois Bento , o Gonçalves e Manoel Ribeiro eram coronéis de Estado –Maior do Exército e ex-comandantes de unidades de Cavalaria do Exército em Jaguarão e Alegrete .E assim por diante .

Tiradentes recebeu do Brasil , a mais alta distinção: a de ser o Patrono Cívico da Nacionalidade.

 

 

AS LUTAS INTERNAS NO PERÍODO MONÁRQUICO

E A AÇÃO DE CAXIAS

As lutas internas do período monárquico, que durou 81 anos ( 1808-89) ,ou seja, de 1808, transferência da sede do Reino de Portugal para o Brasil com a chegada do Príncipe Regente D .João e da Rainha D. Maria I, até 15 de novembro de 1889, data da Proclamação da República pelo Marechal de Campo Manoel Deodoro da Fonseca, o qual passou à História como o Proclamador da Republica Brasileira.

Neste quase século de Monarquia no Brasil, regime a que muito se deve a preservação da Unidade Nacional, ocorreram as seguintes lutas internas, que foram conjuradas e assim preservada a Unidade do Brasil. Lutas que ameaçaram transformar o Brasil quando dava seus primeiros passos como nação independente, numa colcha de retalhos e em especial as que eclodiram no período regencial.

Estas foram as principais lutas internas no período monárquico ocorridas no Brasil, afora motins e pequenas revoltas locais de pequena intensidade, que Ernani Donato focaliza em seu Dicionário de batalhas brasileiras (S.Paulo,IBRASA,1996.2ed.)

 

No Brasil Reino Unido de Portugal e Algarve sob a égide de D. João VI

- A Revolução Pernambucana 1817.

No reinado de D.Pedro II.

- Confederação do Equador no Nordeste ,em 1824.

- Revolta de unidades de mercenários no atual Palácio Duque de

Caxias - 1828

Na Regência 1831-1840.

- Setembrada e Novembrada 1831 em Pernambuco.

- Revolta da Brigada de Artilharia da Marinha na Ilha das Cobras 1831

- Revolta do 26 o BI no Rio ,em 12 jul 1831.

- Revolta da Guarda da Polícia Militar da Corte em 13/14 jul 1831.

- Abrilada 1832 ,em Pernambuco

- Revolta do Major Miguel Frias no Campo de Santana 3 abr 1832

- Revolta de parte tropas da Corte lideradas pelo barão de Bülow

17 abr 1832.

- Revolta dos federalistas ou dos Guanais na Bahia 1832-33

- Motim do 10 o BC em Salvador 1832.

- Insurreição Restauradora do Crato - CE 1832

- Revolta Restauradora de Santo Antão -PE 1832.

- A Cabanagem no Pará 1831-1840.

- A Revolta do Cabanos em Alagoas e Pernambuco 1832-1835.

- Levante Restaurador de Ouro Preto-MG 1833

- Levante do Forte do Mar em Salvador-BA-1833.

- Rusgas de Cuiabá 1834.

- Revolta de Escravos Nagô em Salvador em 24 jan 1835

- Carneiradas em Pernambuco 1834-35.

- A Revolução Farroupilha em Santa Catarina e Rio Grande do Sul

1835-1840

- A Sabinada na Bahia 1837-1838.

- A Balaiada no Maranhão-1838-1840.

- Anselmada da Franca em Franca -SP em 27 out 1838

- Revolta de Manoel Congo em Pati do Alferes -RJ 1838

- Levante de Sobral -CE em 14 dez 1840

No reinado de D.Pedro II.

- A Revolução Liberal de São Paulo 1842.

- A Revolução Liberal de Minas Gerais 1842.

- A Revolução Farroupilha no Rio Grande do Sul 1840-

1845(continuação)

- Revolta dos Lisos em Alagoas 1844.

- Motins do Fecha- Fecha em Recife ,set 1844 e nov 1848.

- Motins do Mata - Mata em dez 1847 e jun 1848, em Salvador.

- Insurreição Praieira em Pernambuco 1848-50

- Levante dos Marimbondos de Pau d’Alho -Pernambuco-1852.

- Motim da Carne s/ osso, da farinha s/ caroço e do toucinho do

grosso-BA-1858

- Revolta dos Muckers do Ferrabraz-São Leopoldo -RS 1874.

- Arruaças do Quebra Quilos na Paraíba, Pernambuco e Alagoas

1874-75.

- O Motim do vintém no Rio de Janeiro ,em 4 jan 1880.

 

Nota :As fontes serão indicadas no local em que for tratada a luta interna e não ao final para ,que o leitor ou pesquisador faça os aprofundamentos desejáveis.


 

 

9-A REVOLUÇÃO NATIVISTA PERNAMBUCANA 1817.

Generalidades

As lutas internas fratricidas ocorridas no Brasil tem o sabor de tragédias gregas, nas quais as partes em confronto estão com a razão e a verdade. E parece que o Duque de Caxias entendeu isso logo em sua ação pacificadora da Família Brasileira, dividida por idéias elevadas, mas conflitantes e até inoportunas como a República .

Segundo Lourenço Lacombe, ex diretor do Museu Imperial de Petrópolis, o título de Pacificador de Caxias foi iniciativa de D.Pedro II em uma reunião oficial em que os convidados, após cumprimentarem o Imperador, este apontava para Caxias, próximo, e dizia ao interlocutor- "Cumprimente o nosso Pacificador !"

Caxias levou em sua campanha pacificadora o sábio conselho de Simon Bolívar :

"Nas lutas internas, impõe-se a generosidade para com o adversário, senão a violência cresce em escala geométrica."

Os ideais republicanos irradiados da França, dos Estados Unidos, da Inconfidência Mineira e Carioca, e mesmo com origem na Guerra dos Mascates, em Olinda, encontraram acolhida em Pernambuco em 1817.

A República encontrou guarida entre os padres do Seminário de Olinda, entre oficiais brasileiros do Regimento de Artilharia do Recife, situado em local, no passado, defronte à Santa Casa e , em razão da fortíssima rivalidade que possuíam com os oficiais portugueses e ,na Maçonaria.

Na Maçonaria, lideranças militares, clericais e civis republicanas acertavam os ponteiros ,como o maçon Cap Domingos Teotônio que será o líder da Revolução e mais 60 padres e 10 frades todos maçons, liderados pelo padre João Ribeiro Pessoa, alma da revolução e mestre junto com o padre Miguelinho do Convento de Olinda, incluindo-se o Frei Caneca que atuará como secretário de um corpo militar revolucionário e irá liderar 7 anos mais tarde outra revolução republicana - a Confederação do Equador.

Na Europa, a Maçonaria havia congregado secretamente homens crentes em Deus de diversas confissões religiosas para combater o Absolutismo e implantar os ideais de Liberdade, Igualdade e Fraternidade no mundo.

Como se defrontavam dois regimes ,o Monárquico e o Republicano, ambos desejavam, independente de República ou Monarquia, serem os povos dirigidos por uma Constituição ou Carta Magna.

Desse modo, passaram a incidir na América do Sul duas correntes maçônicas:

A Maçonaria inglesa ou azul, defensora da Monarquia Constitucional, e a Maçonaria francesa ou vermelha, favoráel a República Constitucional. E nos subterrâneos da política brasileira iriam degladiar-se essas duas correntes, gerando em grande parte as lutas internas na Monarquia.

A Monarquia Constitucional era vista na época como capaz de manter a unidade da América do Sul portuguesa e da espanhola, que davam seus primeiros passos como independentes. O General San Martim era favorável à Monarquia Constitucional, e Simon Bolívar à Republica Constitucional. Num encontro entre ambos os libertadores, em reunião maçônica, San Martim teria sido voto vencido e se retirou para a Europa sem dar explicações ,deixando o campo livre para Bolívar que não conseguiu ,como é público e notório, manter a sonhada unidade da América do Sul espanhola.

O nosso Duque de Caxias pertenceu a Maçonaria inglesa ou azul favorável à Monarquia Constitucional ,por julgar a mais indicada para a época .O general Osório, por seu turno ,ligado à maçonaria francesa ou vermelha desde tenente em Rio Grande (cidade).Ali recebeu simbolicamente uma armadura para seu peito guerreiro. Mas achava que não havia chegado o tempo da República e que o trono significava ainda e por muito tempo a Unidade Nacional.

A compreensão dessa idéia de Osório pela linha maçônica vermelha que caracterizou a Revolução Farroupilha ,irá somar-se às forças de que Caxias dispôs para pacificar a Família Brasileira, em 1 o março de 1845 ,em D.Pedrito atual ,conforme abordamos na obra Contribuição à História de D. Pedrito . D.Pedrito: Prefeitura,2001.e em O Exército farrapo e os seus chefes .Rio de Janeiro: BIBLIEx,1992.2v

A presença de Caxias na maçonaria e estudada por ;

PROBER,Kurt. O Duque de Caxias, sua vida na Maçonaria.

Rio ,1972(Sesquicentenário da Maçonaria no Brasil).

 

O desenvolvimento da revolução pernambucana de 1817

 

Pernambuco dispunha na época de duas unidades do que hoje seria o Exército. Uma de Infantaria e a outra de Artilharia .Nesta teve início a revolução. Possuía além 18 corpos de Milícias ,sendo 11 no interior e oito fortes litorâneos.

O estopim da revolução foi um incidente numa festa comemorativa da expulsão dos holandeses em que um alferes do Regimento dos Henriques surrou um português que havia injuriado os brasileiros. A oficialidade portuguesa dominante achando tratar-se de um incidente grave envolvendo aspectos políticos e sociais, tratou de punir os militares brasileiros envolvidos.

O comandante do Corpo de Artilharia ,um brigadeiro português, ao tentar efetuar a prisão dos três oficias brasileiros de sua unidade , inclusive o líder cap Teotônio, foi assassinado pelo cap José de Barros Lima, "O Leão Coroado", que o atravessou com sua espada, auxiliado por um familiar. Espada que se encontra no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, onde se encontram também valiosas fontes sobre esta tentativa republicana.

O cap Teotônio começou a agir com vistas a implantar um governo republicano em Pernambuco. O Governador procurou proteção no Forte do Brum, onde capitulou sem resistir ,em 7 de mar 1817 ,e embarcou para o Rio.

Foi criado um Governo Provisório representativo das diversas categorias sociais. A militar foi representada pelo cap Domingos Teotônio ; a eclesiástica pelo padre João Ribeiro Pessoa, e a comercial, por outro líder maçon - Domingos José Martins.

Foram melhorados os vencimentos e promoções na tropa depois de alguns protestos contra privilégios .Os ideais da Revolução Francesa se alastraram pelo Nordeste e conquistaram a Paraíba em 14 março, e o o Rio Grande do Norte em 29 de março.

Foram enviados emissários ao Ceará, à Bahia e aos Estados Unidos .Este com dinheiro para comprar armas e munições e contratar oficiais franceses e obter apoio daquela República.

O padre Roma, enviado à Bahia, foi preso e fuzilado defronte ao seu filho, o cap de Artilharia Francisco Abreu e Lima, que lá se encontrava preso no forte São Pedro " por assuada, resistência e ferimento" ao envolver-se em incidente com oficiais portugueses, quando servia na unidade de Artilharia em Recife.O General Abreu e Lima é hoje denominação histórica de Comapanhia de Engenharia em São Bento do Una -PE

Conseguiu dali evadir-se em 18 fev 1818 e fugir para os Estados Unidos onde se uniria a Simon Bolívar e participaria ,com destaque ,da Libertação da América conforme nosso artigo -"O brasileiro que foi general de Simon Bolívar. "A Defesa Nacional .725,1986,que resgata sua vida militar como oficial de Artilharia egresso da Academia Real Militar que freqüentou de 1812-16.

.Conhecimentos que colocou a serviço da libertação da América, como chefe de Estado -Maior de lideranças libertadoras da Venezuela, Colômbia, Equador e Peru, razão por que muito justamente figura em monumento na Venezuela - Aos libertadores da América.

Em 3 abr 1817, os comandantes de unidades revolucionárias foram apresentados à bandeira e tope nacional da nova república, que é a atual bandeira de Pernambuco, e juraram solenemente defendê-los até a morte.

A reação do governo não se fez esperar. Em 23 abr uma esquadra do governo com 4 barcos bloqueou o porto do Recife e foram lançadas proclamações anti - evolucionárias em Alagoas, Paraíba e Rio Grande do Norte. Neste ,o povo ,aos brados de Viva El Rei!, varou à espada um oficial revolucionário ,numa espécie de resposta ao ato do Leão Coroado. Na Paraíba a contra- revolução foi vitoriosa.

O Conde de Arcos lançou tropas da Bahia pelo litoral e teve início a debacle revolucionária. Em 13 e 14 de mai no Engenho do Trapiche os revolucionários em grande inferioridade numérica se retiraram e abandonaram sua Artilharia em presença das forças do Conde de Arcos que mais tarde seria proprietário do edifício onde funcionou por muitos anos o Senado e que atualmente abriga no Rio uma Faculdade de Direito.

No Recife, os revolucionários se renderam à força naval .Recife foi abandonada e ocupada pela força naval .

E teve início a repressão dura e violenta contra revolucionários, simpatizantes e suspeitos. Violência que teve como agentes inclusive ex-revolucionários .Violência - resposta à revolução iniciada com uma violência inominável nos meios castrenses , a de ferir de morte a Hierarquia e a Disciplina. Ou seja, a violência gerando a violência em escala geométrica, segundo Bolívar.

Os ideais dessa revolução nativista seriam concretizados 72 anos mais tarde com a Proclamação da República, pelo alagoano mal Manoel Deodoro da Fonseca e consolidada por outro alagoano ,o mal Floriano Peixoto .Essa ao custo das sangrentas e cruéis Guerra Civil 1893-95 na Região Sul e Mato Grosso e Revolta na Armada 1893-94 com reflexos em todo o pais. Ocasião em que foi organizada em Pernambuco a Esquadra Legal que teve papel decisivo na vitória do Governo no domínio da revolta na Armada na Baia de Guanabara e o refluxo federalista do Paraná para o Sul.

Caso a Revolução Pernambucana tivesse vencido ,como teria sido o destino do Brasil ,cuja Unidade e Integridade haviam sido preservadas pela Insurreição Pernambucana 1640-1654 que expulsou os holandeses do Brasil .Evento que na interpretação do grande pernambucanp Gylberto Freire:

"Em Guararapes escreveu-se a sangue o destino do Brasil! O de ser um só e não dois ou tres hostis entre si".

E convidamos o leitor a meditar e fazer uma simulação futorológica !

A repressão violenta e outras questões pendentes como o conflito nativistas x portugueses levarão Pernambuco a fazer, 7 anos mais tarde ,mais uma tentativa republicana - A Confederação do Equador 1824, além de outras revoltas de iintensidades variadas, assunto que está a merecer um estudo integrando todas.

Hoje, sabe-se que, no contexto dessa revolução, foi planejado libertar Napoleão da ilha Santa Helena e trazê-lo para o Brasil para colocar-se à frente da Revolução .É o que aborda Donatelo Grieco em Napoleão e o Brasil, do editorial 1995 da BIBLIEx.

Caxias, com 13 anos, ultimava seus estudos preparatórios no Seminário Real São Joaquim, na atual rua Marechal Floriano, que viria ali a se transformar no Colégio Pedro II. Decorridos pouco mais de 2 meses ,em 25 ago 1817, jurou a Bandeira do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarve e iniciava sua brilhante carreira de soldado.


 

10 - A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR 1824

Generalidades

A permanência da Família Real no Brasil de 1808-1821 criou condições infra-estruturais para a Independência do Brasil. Portugal fora constitucionalizado em função da Revolução do Porto de 1820 e D.João VI obrigado a retornar a Portugal ,tendo antes jurado a Constituição. Deixou em seu lugar como Regente do Brasil seu filho D. Pedro e com o seguinte alerta que a tradição consagrou: "Coloca a coroa do Brasil na tua cabeça antes que outro aventureiro o faça."

Pressões sobre o Príncipe obrigando-o a retornar a Lisboa ,inclusive à força e, recusando-se a tal ,com respaldo de forças militares do Brasil ,o que passou à História como o Dia do Fico. Fato que o levou a proclamar a Independência do Brasil em 7 de set 1822 e ser aclamado c,erca de um mês mais tarde , Imperador e Defensor Perpétuo do Brasil.

Era o final de uma luta surda de bastidores entre a maçonaria azul ou inglesa liderada por José B o n i f á c i o de Andrada , favorável à Monarquia

Constitucional, e a maçonaria vermelha ou francesa liderada por Gonçalves Ledo e favorável a República Constitucional.

Houve um confronto entre as duas que resultou na prisão na Fortaleza de Santa Cruz de muitos maçons da linha republicana e inclusive o alagoano padre Antônio José Caldas .Este depois de fugir da fortaleza foi ter na Argentina onde colocou-se a serviço de Alvear e com ele invadiu o Brasil em 1827 ,na qualidade de capelão. Em 11 set 1836, proclamação da República Rio - Grandense ele encontrava-se próximo ,em Rio Branco atual no Uruguai, defronte a Jaguarão, influenciando nos acontecimentos ,com ligações com outros maçons na localidades próximas como Jaguarão que foi a primeira a reconhecer a República Rio - Grandense conforme abordamos em artigo: .Alagoas e a República do Brasil. Revista do Museu do Açucar.Recife, n o 5,1970.

Face as ameaças internas e externas sobre o nascente império, D.Pedro I melhorou o Exército. Em fala do trono destacou:

"O Exército esta pronto em armamento, pessoal, em disciplina e em breve chegará ao auge."

Criou um avançado e modelar para a época Depósito de Recrutas entre outras medidas de fortalecimento.

Enquanto Portugal não reconhecesse a nossa Independência, o que só ocorreu em 5 ago 1825, impunha-se esta mobilização ,pois as três divisões de Portugal que guarneciam o Rio, a Cisplatina e a Bahia em pouco foram obrigadas a retornar, não sem parte dos seus quadros haverem aderido ao Brasil.

Isto foi a oportunidade para oficiais brasileiros ascenderem hierarquicamente no Exército Imperial do Brasil o qual só teria sua primeira organização pelo Decreto de 24 dezembro de 1824 ,em que foram abolidas denominações de unidades pela cor da pele de seus integrantes .

Havia no povo uma mágoa contra contra militares portugueses que, segundo João Ribeiro:

"Eles inflamavam e justificavam os ódios nativistas. Eram grosseiros, soberbos e prepotentes e por toda a parte semeavam o rancor e a cólera."

Depois de 322 anos de domínio colonial com governos militares, as mágoas e ressentimentos de parte de lideranças políticas da Assembléia Constituinte iriam tranferir - se para o Exército Imperial Brasileiro.

O Imperador se empenhava em constitucionalizar o Império, mas a Assembléia não chegava a um denominador. Cansado de esperar ,o Imperador espalhou no Exército,

"Que a Assembléia Constituinte o acabara de depor e de degredar o Exército para os confins do Brasil."

Aliás essa idéia de afastar o Exército da Corte e confiná-lo no litoral e fronteiras existia e com a Abdicação seria implementada e diminuída a importância do Exército com a criação da Guarda Nacional e Policias Militares em 1831 o que foi a origem de algumas revoltas e motins.

A Guarda Nacional então criada na Regência ,na Revolução de 1842 em São Paulo e Minas, tornou-se política e a eleição de seus oficiais não era respeitada e sim manipulada.Com o tempo tornou-se anti - Exército ,situação que perdurou até 1918 quando foi extinta pelo presidente Wenceslau Braz.

O início de sua decadência e incapacidade para a Defesa Nacional, a não ser no Rio Grande do Sul, o demonstra o insuspeito trabalho de Jeanne Berrance de Castro A milícia cidadã - A Guarda Nacional 1831-50.(Coleção Brasiliana n o 359).

E foi com apoio do Exército que o Imperador dissolveu a Assembléia Constituinte e outorgou um Constituição que vigorou 65 anos ,tendo inserida nela a figura do Poder Moderador para prevenir e solucionar crises político -militares. Como teria sido o destino do Império com a Constituição elaborada pela Constituinte ? Tente o leitor uma simulação sobre esta pergunta!

Essa participação atraiu sobre o Exército animosidades de parte de algumas elites políticas da Corte pelo que seria cobrado alto preço do Exército na Regência ao tentarem confiná-lo nas fortalezas e fronteiras e logo a seguir reduzi-lo a efetivos perigosos, como os regimentos de Cavalaria do Exército que iriam aderir à Revolução Farroupilha por passarem a efetivos de 100 soldados.

Isto explicaria ,em parte ,diversos motins que ocorreram na Regência após ter o Exército e seus chefes tomado posição a favor do povo ,indo reunir-se no Campo de Santana sob a liderança do pai do futuro Duque de Caxias. Sobre isto escreveu Evaristo da Veiga em nome da Assembléia:

"Tudo , tudo se deve à resolução e patriotismo do povo e a coragem invencível do Exército Brasileiro que desmentiu as senhas insensatas da tirania"

E suas lideranças atuaram prudentemente para evitar outra tentativa precoce de República.

Em 2 jul 1824, primeiro aniversário da Independência na Bahia. teve início em Pernambuco mais uma revolução republicana - a Confederação do Equador 1824.Terminado esse movimento, o Exército passou em 24 dez 1824 por sua primeira organização. Foram renumeradas as unidades de Linha e de Milícias e eliminadas denominações que caracterizavam a cor da pele de seus integrantes.

 

Desenvolvimento da Confederação do Equador de 1824

 

Suas causas próximas prenderam-se à dissolução da Assembléia Constituinte e outorga da Constituição de 1824 pelo Imperador D .Pedro I ,com o apoio do Exército.

O Imperador nomeou governador de Pernambuco o Marquês de Recife, Francisco Pais Barreto. Reagiu a esta medida Manoel de Carvalho Pais de Andrade, presidente de Junta Governativa de Recife-Olinda, e recusou-se a transferir o governo ao Marquês do Recife. Em 2 jul 1824 ,1o aniversário da libertação da Bahia ,proclamou a Confederação do Equador e convidou outras províncias nordestinas a participarem.

Tropas da guarnição do Exército do Recife prenderam Pais de Andrade no Forte do Brum. Dali foi libertado pela guarnição do forte e juntou-se em Olinda às tropas revoltadas .O movimento conseguiu a adesão do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. O porto do Recife foi bloqueado temporariamente por força naval que foi obrigada a retirar-se, face a informe de Portugal estar enviando esquadra para atacar o Brasil e restaurá-lo como sua Colônia.

O Imperador incumbiu ao cel Francisco Lima e Silva, pai do futuro Duque de Caxias ,de comandar expedição a Pernambuco para debelar a revolta. Ele foi transportado por Divisão Naval ao comando de Cochrane .Desembarcou sua força em Maceió e seguiu por terra rumo ao Recife.

Em Barra Grande, operou junção com forças do Exército do Recife que para ali haviam se deslocadas junto com o Marquês do Recife. Em 12 e 13 set, depois de desbordar resistência revolucionária na Ponte dos Carvalhos ,o cel Lima e Silva entrou no Recife com o que Pais de Andrade buscou asilo em fragata inglesa --- a Tweed.

Em 17 set, o cel Lima e Silva atacou Olinda, fazendo com que os revolucionários buscassem proteção no interior. A revolução foi neutralizada na Paraíba e a seguir no Rio Grande do Norte .Em 28 nov 1824 ,após cerca de 5 meses de revolução, remanescentes revolucionários foram surpreendidos e presos na Fazenda do Juiz.

A repressão mais uma vez foi forte. Tribunal Militar condenou à morte 17 revolucionários. Entre eles o célebre português Ratcliff e o frei Joaquim do Amor Divino Caneca .Este foi fuzilado em local até hoje balizado do Forte das Cinco Pontas, na área da então Campina do Taborda, cenário da rendição holandesa em 1654.

E assim teve fim mais uma tentativa republicana precursora .Pais de Andrade foi perdoado e, mais tarde, senador. Caso tivesse sido vitoriosa ,como teria ficado a Integridade e Unidade do Brasil preservada pelos pernambucanos e, em especial ,nas vitórias dos Guararapes, nas quais, segundo mais uma vez o sociólogo Gylberto Freyre: "escreveu-se a sangue o destino do Brasil,o de ser um só e não dois ou tres hostis entre si....",conforme abordamos em nossa obra: As Batalhas dos Guararapes-Análise e descrição militar.Recife:Universidade Federal de Pernambuco,1971.

Entre as punições impostas a Pernambuco foi a de perder para a Bahia a sua Província Sanfranciscana, a parte baiana ao oeste do rio São Francisco.

Nesse tempo, Caxias havia retornado da Bahia para a Corte ,onde, com o Batalhão do Imperador aquartelado em São Cristóvão e no posto de capitão dava segurança ao Imperador e residia no quartel do 2 o BC aquartelado no local do atual Palácio Duque de Caxias, conforme nosso Quartéis generais das Forças Armadas do Brasil.Rio,FHE-POUPEX,1988.

A repressão à Confederação do Equador, sabe-se, provocou certos pesares confessos no cel Lima e Silva que mais tarde, na Regência , por diversos meios procurava minimizar suas conseqüências. Crê-se transferiu esta experiência ao filho que sempre atuou como pacificador e não repressor de irmãos brasileiros em luta .


 

11 - A REVOLTA DOS BATALHÕES MERCENÁRIOS NO ATUAL

PALÁCIO DUQUE DE CAXIAS

9-12 jun 1828

 

Generalidades

 

Mal o Brasil consolidara a sua Independência e terminava com a Confederação do Equador , teve de fazer um grande esforço operacional para enfrentar em Montevidéu e no Rio Grande do Sul a Guerra Cisplatina 1825-1828 ,da qual resultaria a independência do Província Brasileira da Cisplatina 1821-1828, como República do Uruguai .

O retorno da grande massa de oficiais e tropa da 3 divisões portuguesas que guarneciam o Brasil criou grande dificuldades para o novel Exército Brasileiro com a lacuna deixada por eles .

Assim, todas as tropas do Rio de Janeiro e de outros locais foram enviadas para o Rio Grande e para guarnecer Montevidéu, onde se encontrava Caxias, então capitão do Batalhão do Imperador. A segurança do Rio ficou a cargo do Batalhão de Granadeiros Estrangeiros que aquartelava no atual Palácio Duque de Caxias ,cuja história é focalizada em nosso álbum citado Quartéis generais da Forças Armadas do Brasil .Havia mais o 27 o Batalhão de Caçadores de Alemães- "Os diabos brancos." na Praia Vermelha .Comandava as Armas da Corte(atual 1a RM) no atual Palácio Duque de Caxias, o brig Joaquim Thomaz .Valente,conde do Rio Pardo que Caxias irá substituir no combate à Revolução Farroupilha.

O estopim da revolta dos mercenários foi o castigo imposto pelo maj Francisco Pedro Drago ,fiscal do batalhão(sub cmt) ,a um soldado que trabalhava no Paço Imperial e no valor de 100 pranchachos de espada .O soldado se recusou a ser castigado! O major mandou amarrá-lo e aplicar agora 200 pranchadas. Foi o estopim de uma revolta que assim é sintetizo:

Um grupo foi até o Imperador em São Cristóvão queixar-se e pedir a demissão do maj Drago ,sem resultado. O conde do Rio Pardo ,comandante das Armas tentou sem sucesso acalmar os soldados. E estes foram até a casa do major, na atual marechal Floriano e a depredaram ea incendiaram.

Nos dias 10 e 11set, os mercenários praticaram toda a ordem de tropelias e tomaram conta do atual Palácio Duque de Caxias de onde o conde do Rio Pardo conseguiu escapar pulando uma janela. Munidos de pedras, as atiravam em que passasse defronte o quartel. Arrombaram o Almoxarifado da Polícia e armaram-se e se entrincheiraram no quadro do atual Palácio Duque de Caxias.

Dia 12 set, o Conde do Rio Pardo reuniu os meios possíveis .E, com o apoio inclusive de Artilharia ,investiu à baioneta os revoltosos .Rendidos ,eis as baixas 12 mercenários mortos e 50 feridos .

O principal cabeça da revolta ,o soldado Steinhousen foi julgado e fuzilado no Campo da Aclamação , próximo do atual Quartel General no Palácio Duque de Caxias. Para conseguir acabar a revolta, o conde do Rio Pardo contou com o apoio da Brigada de Artilharia da Marinha da Ilha das Cobras ( a qual irá revoltar-se 3 anos mais tarde e ser pacificada pelo Batalhão Sagrado e Guardas Municipais Permanentes ,evento onde Caxias terá decisivo papel).

Ajudaram a combater os mercenários em revolta , marinheiros de navios franceses e ingleses , populares e escravos que ali convocados na emergência, compareceram armados .

O Ministro da Guerra foi demitido e em solidariedade a ele os demais ministros pediram demissão, menos o Marquês de Aracati.

Esse fato provocaria, após a Abdicação, medidas que obrigaram a dissolução deste corpos.

Deles o 28 o BC de Alemães combateu em Passo do Rosário bem. Mas se amotinou no dia de Natal de 1828 ,em Pelotas ,em razão de atraso de vencimentos.

São estudados por nós em Estrangeiros e descendentes na História Militar do RGS(Palegre,IEL,1975)e em Mercenário do Imperador do cel Juvêncio Saldanha Lemos reeditado pela BIBLIEx em 1996. Comandava os granadeiros o cel Dall Hoste que seus comandados o enfiaram num caldeirão da cozinha que ficava junto à atual rua Marcílio Dias.

O Corpo de Estrangeiros fora criado em 18 jan 1822 e se constituiu inicialmente de 2 Batalhões de Caçadores Alemães e 2 de Granadeiros.

Eram filhos de mercenários do 28 o BC que combateu em Passo do Rosário ,em 20 fev 1827 ,o futuro mal Bernadino Bormann ,Ministro da Guerra em 1910, além de historiador militar fecundo e ,o Barão de Tefé ,herói naval da Batalha do Riachuelo.

 

Revoltas no Período Regencial

 

Como foi abordado antes, em 9 anos de Regência aconteceram aquelas lutas internas cujas causas e intensidades variaram muito .As menores, afora as do Rio de Janeiro as balizaremos como referências para outros estudos:

A setembrada e novembrada em Pernambuco em 1831 tiveram forte componente ant i- lusitano por portugueses dominarem o comércio, o latifúndio e a sociedade. Caracterizaram-se pelo saque a casas de comércio de portugueses e exigências de que fossem expulsos. A setembrada consistiu numa revolta da guarnição do Exército no Recife , iniciada pelo 14 o BI na noite de 14 set 1831 e que dominou a cidade até 16 e saquearam casas comerciais. Na repressão, morreram 300 revoltosos e foram presos 800, enviados inicialmente para Fernando de Noronha e a seguir para o Rio, aonde chegaram quase nus, tendo o Ministro da Guerra brig Manoel Fonseca Lima e Silva, tio de Caxias, mandado dar-lhes sapatos, bonés ,camisas e jaquetas de Polícia .Uma peça de cada.(Aviso de 5 nov 1831).A Abrilada em Pernambuco teve o cunho restaurador de D.Pedro I com ramificações pelo interior, mas logo apagada.

A Revolta dos Guanais ,em Salvador na Bahia 1832-33 .Foi liderada por Bernardo Miguel de Guanais (Mineiro) e foi de natureza federalista. Dominou e resistiu três dias em Cachoeira. Preso no Forte do Mar, converteu à sua causa a guarnição e com ela resistiu 3 dias ao governo.

A Revolta do 10o BC, em Salvador 1832 . Sublevado pelo próprio comandante reclamando melhoria de tratamento à unidade e à sua tropa. O 10o BC, foi dominado, desarmado e dissolvido .Eram reflexos do tratamento erradicador do Exército, uma das causas não abordadas dessas revoltas e motins militares na Regência, como o que aconteceu na Revolução Farroupilha a qual a expressiva maioria da guarnição do Exército aderiu .

A Insurreição do Crato de 1832 : Teve caráter restaurador de D. Pedro I. Foi liderada pelo cel Joaquim Pinto Madeira .Ocuparam a cidade de Crato e ali estabeleceram um governo Provisório para o Cariri. Foi desbaratada pelo mal Pedro Labatut ,e seu líder foi julgado sumariamente por inimigos políticos e fuzilado.

A Revolta de Santo Antão - PE de 1832 foi restauradora de D. Pedro I. Liderada em Bonito por Torres Galindo, os rebeldes foram debandados à aproximação da tropa de Santo Antão.

O Levante de Ouro Preto em 1833 . Foi restaurador de D.Pedro I e também por descontentamentos de preterições de promoções militares impostos sobre cachaça e proibição de sepultamentos em igrejas. O Governo a partir de São João del Rei investiu Ouro Preto em 23 mai 1833, terminando com a revolta sem luta. O mesmo ocorreu em Caeté e Mariana.

As Carneiradas em Pernambuco em 1834-35 . Foi uma revolta liberal liderada pelos irmãos Antônio e Francisco Carneiro Machado Rios que promoveram três motins. Partindo de Goiana na tentativa de conquista do Recife, foram batidos e debandados.

As Rusgas de Cuiabá em 1834 .Foi uma reação contra os restauradores de Mato Grosso e contra tudo quando fosse português , ou de retorno de D.Pedro I. Foi uma explosão popular em 31 mai 1834 com assaltos a casas de moradia e comerciais de portugueses. Houve chacina seguida de queima de cadáveres, violações de mulheres, incêndios. Os mortos ,segundo Hernani Donato, chegaram a uma centena.

A Revolta dos escravos Nagôs em Salvador em 1835.Estourou em 24 jan 1835 com reivindicações como abolição do Catolicismo e da propriedade. Propiciou alguns confrontos sangrentos e severa repressão que incluiu 5 fuzilamentos e muitas condenações com açoites. Episódio que, como o de Zumbi dos Palmares, deverá ser aprofundado do ponto de vista dos revoltosos.

A Anselmada de Franca -SP em 27 out 1838 .Foi um movimento liderado por Anselmo Barcelos contra autoridades e políticos liberais de Franca que resultou em mortes, feridos e fugas. Julgados , foram absolvidos.

A Revolta de Manoel Gongo em Vassouras 1838.Consistiu numa revolta de escravos de uma fazenda e que se aquilombaram. Foi-lhes dado caça por autoridades locais resultando a condenação à morte do líder Manoel Gongo, hoje justamente ,numa nova leitura dos fatos ,consagrado e cultuado mártir da luta que culminou na Abolição.

O Levante de Sobral em 14 dez 1840.Frustrou-se em seu plano de convulsionar o Ceará após fracassar ataque à casa do presidente do Ceará ,padre José Martiniano de Alencar. Foi fruto de radicalização política .

O relacionamento de todas as revoltas durante 9 anos de Regência, mais de 20, serve para demonstrar a instabilidade política , com sérias ameaças à Unidade do Brasil conseqüentes da ausência do trono. Relacionadas todas as que passaram à História ,a seguir serão abordadas as de maior intensidade .Registrem-se as muitas de natureza restauradora de D.Pedro I.


 

 

12-A CABANAGEM NO PARÁ

Antecedentes

Dois fatos associaram-se para dar início à rebelião:

inconformismo de fazendeiros e comerciantes locais contra o presidente nomeado para a província pelo governo central

e

a extrema pobreza em que vivia a população paraense.

 

A grande maioria vivia em cabanas, perto dos rios; daí a designação "cabanos", dada aos revoltosos.

A Revolta

Ao chegarem ao Pará, as notícias da abdicação de D. Pedro I acarretaram uma série de manifestações populares, que provocaram a queda de numerosas autoridades locais.

Mobilizando a comarca do Rio Negro (atual Estado do Amazonas), o cônego João Batista Gonçalves Campos submeteu o governo da província a suas determinações, passando a controlá-la indiretamente.

Só em fins de 1833, com a nomeação de Bernardo Lobo de Sousa para a presidência, o governo regencial procurou restabelecer sua autoridade. A enérgica repressão impulsionada por Lobo de Sousa logo o tornou impopular.

A facção de Batista Campos conspirava contra o novo presidente e, nas páginas de "A Sentinela Maranhense e na "Guarita do Pará", Vicente Ferreira Lavor denunciava as arbitrariedades governamentais.

Em 1834, Lobo de Sousa ordenou a prisão do cônego, que se refugiou numa propriedade de Félix Antônio Clemente Malcher, editor do jornal A Sentinela. Ali, entrou em contato com Eduardo Angelim e com os irmãos Francisco Pedro, Manuel e Antonio Vinagre, dispostos a pegar em armas contra o governo e se auto – intitulou o "1º presidente cabano".

Em 7 janeiro 1835, os cabanos investiram e conquistaram Belém sob a liderança de Antônio Vinagre e Souza Aranha. Dominaram facilmente a guarnição do Exército e o Palácio do Governo e comunicaram sua conquista à Regência, em 16 março de 1835.

Formou-se, então, o governo cabano, agora presidido por Malcher, e bem solidificado graças às medidas de controle militar.Representante dos proprietários rurais, Malcher pretendia manter o Pará unido ao Império. Contrários a essa política, Vinagre, Angelim e outros líderes populares refletiam a radicalização das camadas populares . As divergências entre os dois grupos explodiram a 19 de janeiro, quando Malcher ordenou a prisão de Angelim e de Ferreira Lavor. A seguir, voltou-se contra Francisco Pedro Vinagre, que, porém, ocupou o Arsenal de Guerra e depôs o governador.

A fraqueza e a falta de visão da Regência e as ambições irreconciliáveis dos partidos locais ameaçavam jogar Belém no caos, enquanto o domínio cabano, cada vez mais, encontrava apoio no interior.

Em 1º de abril de 1835, foi nomeado Presidente e Comandante das Armas o marechal Manoel Jorge Rodrigues. Aportou em Belém em 1º de junho de 1835, apoiado em forte esquema militar. Foi bem recebido, inclusive pelos cabanos.

Apesar da oposição dos setores mais radicais liderados por seu próprio irmão (Antônio Vinagre), o líder cabano acabou negociando com as autoridades e, a 26 de julho de 1835, entregou o poder ao marechal Manuel Jorge Rodrigues, nomeado pela Regência. Em 25 de junho de 1835, passou o governo do Pará, que exercera por meio ano, ao marechal Manoel Jorge, que substituiu as forças cabanas pelas suas. Os cabanos, simbolicamente, devolveram suas armas e munições. Em realidade, as melhores, incluindo canhões, eles as contrabandearam para o interior, para suas bases.

Insatisfeitos com o acordo obtido, os líderes mais radicais, Antônio Vinagre e Eduardo Angelim, retiraram-se da capital e refugiaram-se entre os sertanejos, índios tapuias e os negros e, em pouco tempo, estavam prontos para investir sobre Belém, o que fizeram em 14 de agosto de 1835, menos de 2 meses da posse do marechal Manoel Jorge.

Em 22 de agosto, pela desproporção de efetivos, tornou-se insustentável a situação das forças legais, sitiadas por terra. Na madrugada de 23 agosto, o marechal Manuel Jorge evacuou Belém e estabeleceu o Governo e seu Quartel General na ilha Tatuoca, bloqueando o porto de Belém. Em 26 de agosto de 1835, Eduardo Angelim foi aclamado o "3 o presidente cabano", proclamou a república e desligou a província do império. Começou a ter grande dificuldade para dominar a situação:

Em 9 de abril de 1836, o marechal Andréa reassumiu a Presidência e o Comando das Armas . Utilizando operações conjuntas, foi retomando várias posições cabanas e tornando insustentável a posição dos revoltosos em Belém.E em 13 de abril de 1836, depois de cerca de sete meses sob domínio cabano, Belém retornou ,em definitivo ,ao controle da Regência. Os cabanos deixaram a cidade em pequenos barcos e foram em grande número capturados pela Marinha.No interior da província, a fraqueza demonstrada pelo governo em se fazer presente, deixou espaços vazios, ocupados por lideranças cabanas que conquistaram o apoio popular, até por coação.

O marechal Andréa procurou identificar concentrações cabanas e batê-las por partes, sem, no entanto, conseguir capturar Eduardo Angelim e outros líderes escondidos no labirinto aquático da Amazônia. Só foram capturados em 20 de outubro de 1836, no rio Pequeno, próximo do lago do Porto Real. Em dezembro, o marechal Andréa conseguiu retomar Santarém dos cabanos.

Houve um momento em que a Integridade Nacional do Brasil esteve em perigo, traduzido pelo apoio aos cabanos no Amapá de parte dos franceses que ali litigavam com Portugal e depois com o Brasil em torno de limites. Mas o esforço para desintegrar a resistência cabana, atomizada na imensidão da Amazônia, prosseguiu durante os anos de 1837 e 1838. Designado para combater na Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, o marechal Andréa passou o governo do Pará ao Dr João Antônio de Miranda, que realizou excelente administração.Em 1840, o poder central declarou a região pacificada.

A impunidade cabana e a ausência do Estado na imensa área amazônica estimularam esta guerra quase sem fim que teria sido vitoriosa se maior capacidade intelectual e política tivessem tido as lideranças cabanas.


 

13- A GUERRA DOS CABANOS em Pernambuco e Alagoas

Esta revolta teve por cenário o norte de Alagoas e o sul de Pernambuco, entre o mar e o sertão, envolvendo em suas ações em Pernambuco as cidades de Una, Panelas, Limeira, Água Preta e Santo Antão, e em Alagoas, Barra Grande, Jacuípe, Palmeira e Porto Calvo.

A região em foco era povoada por sertanejos ou "cabras", mestiços de brancos e índios, por escravos negros e por fazendeiros e senhores de engenhos de açúcar que dominavam o contexto social, econômico e político. As relações entre esses últimos com os sertanejos e negros eram rígidas e de dominação.

Antecedentes

Em Pernambuco, continuavam as disputas entre a aristocracia rural e a burguesia comercial emergente, que já se haviam confrontado na Guerra dos Mascates entre Recife e Olinda, no início do século XVIII.

Esta burguesia era ajudada por pressões da minoria liberal da área, carente de melhoria de vida ,num quadro dominado pela aristocracia, onde se encontravam muitos portugueses e descendentes.

A Abdicação de D. Pedro I provocou distúrbios políticos no Recife e no interior entre os caramurús portugueses e conservadores, inconformados com perdas diversas com a nova situação criada. Por outro lado, alimentou entre os liberais e nativistas melhores oportunidades e o fim de sua posição sócio - política inferior aos caramurús .Este seria o combustível principal da revolta dos cabanos (gente humilde e pobre do interior) que, por extensão da Cabanagem em curso no Pará, seriam tratados pela mesma denominação.

Em Pernambuco, eles foram instigados e apoiados por interesses do grupo local que perdeu com a Abdicação e passou, com apoio dos cabanos, a lutar pela restauração de D. Pedro I.

A Revolta

Em Panelas, Pernambuco, surgiu um grupo ,sob a liderança de Antônio Timóteo, propagando a volta de D. Pedro I ao trono do Brasil. Em 30 julho 1832, em Passo, foi proclamado D. Pedro I como Imperador do Brasil. E o problema criado foi tomando vulto, sendo enviadas para a região forças para reprimir o movimento restaurador. Entre agosto e setembro de 1832, operações do governo em Una, Jacuípe e Barra Grande obtêm sucesso. Alagoas foi pacificada e as lideranças cabanas alagoanas foram presas.

Em Altino, foi estabelecido o Quartel General Legal. Líderes cabanos alagoanos conseguiram fugir da prisão e ocorreram sérias divergências entre o presidente da Província, o Comandante das Armas e o chefe de Polícia de Pernambuco, tendo os legalistas sofrido derrota em Cafundó. A seguir, o major Manuel Santiago impôs derrotas sucessivas aos cabanos.

Os presidentes de Pernambuco e de Alagoas se reuniram no Teatro de Operações em 13 de maio de 1834 e coordenaram ações em um Plano de Operações, que decidiu pelo estabelecimento de uma área dentro da qual os cabanos seriam sitiados. .Área assim limitada pelas linhas:

Foi dado um prazo para a população ordeira evacuar a área sitiada.

A perda do apoio da população da área sitiada, o corte no apoio recebido do partido pernambucano que defendia a volta de D. Pedro I e a escassez de munição de guerra e de boca,diminuíram o ímpeto combativo dos cabanos que passaram a errar pelos sertões, em grupos cada vez menores, devido às deserções. Em pouco tempo, só restavam os líderes e os negros escravos.O presidente de Pernambuco retornou a Recife, enquanto grupos de cabanos continuaram perturbando a tranqüilidade no interior.

Com a morte de D. Pedro I, a revolta perdeu a sua motivação política principal. Mesmo assim, Vicente de Paula continuava a liderar cabanos índios e negros no prosseguimento da luta.Para a reintegração dos cabanos à comunidade alagoana e pernambucana, foi relevante a atuação do bispo D. João Marques da Purificação. Ele procurou ganhar a confiança dos revoltosos, que começaram a se apresentar e a entregar as armas.

Em abril 1835, conseguiu da Assembléia de Pernambuco ajuda aos cabanos em roupas, remédios e ferramentas, reforçando a apresentação ao governo.

Em Japaranduba, em 29 de maio de 1835, se renderam os derradeiros cabanos de Alagoas e Pernambuco. Mas o líder Vicente de Paula ganhou o sertão com os seus jagunços.

Agosto de 1835 assinala a pacificação da revolta. Retornaram ao Recife as tropas que lhes davam combate e o Bispo de Recife e Olinda, D. João Marques.

O líder Vicente de Paula foi contatado em 1841, em seu arraial. Mais tarde, envolver-se-ia na política pernambucana, tomando parte na Revolução Praieira, em 1849.

Esta revolução foi paradoxal, depois de três movimentos republicanos em Pernambuco.

Por quê? Porque lutou pela restauração de D.Pedro I


 

14 - A REVOLTA DOS MALÊS - BA

Enquanto a Cabanagem introduzia a radicalização social nos movimentos contrários à Regência, em Salvador, a propriedade escravista foi posta em questão pela Revolta dos Malês, a mais ampla e bem organizada rebelião de escravos no Brasil.

Antecedentes

A iniciativa do levante partiu dos hauçás, que exigiam o retorno à África . Eram muçulmanos e possuíam, além disso, uma solidariedade étnica e lingüística. Sua atuação foi reforçada pelos nagôs da baía de Benim, que pertenciam às civilizações sudanesas, vistas como as mais brilhantes do continente africano e que possuíam, igualmente, certa cultura muçulmana combinada com suas crenças primitivas. Em conjunto, hauçás e nagôs procuraram estabelecer a unidade com os escravos nascidos no cativeiro, mais facilmente controláveis pelos proprietários.

Em 1814, apesar das intenções manipuladoras do conde dos Arcos e outras autoridades, a solidariedade "profissional" começou a se impor sobre as rivalidades entre etnias. Nesse ano eclodiu a revolta dos negros das armações (organizadas para a caça da baleia), com forte participação muçulmana. Sufocada a rebelião, 6 de seus líderes foram condenados à forca e vários outros ao degredo, enquanto numerosos participantes sofreram penas de trezentos a quatrocentos açoites.

Dizimada por uma grande seca em 1825, a população escrava da Bahia, procurando escapar da fome, viu-se diante de um dilema inexorável: Ou fugir para o interior, onde se formariam quilombos, ou conspirar nas cidades contra a ordem escravista.

Iniciou-se, assim, em 1826, outro ciclo de revoltas, dessa vez lideradas pelos nagôs, apesar das penas rigorosíssimas para levantes escravos previstas na Constituição de 1824. Desse modo, 9 anos depois, em 1835, a população negra de Salvador pôde contar com lideranças provadas na luta e com experiência de organização clandestina para o levante que mais seriamente ameaçou pôr em xeque a estrutura escravista: a Revolta dos Malês.

Salvador constituía, nessa época, o ambiente ideal para um movimento contra a estrutura escravista, pois os negros - libertos ou escravos - representavam aproximadamente a metade de sua população.

Eram a grande maioria .Ou cerca de 80% deles eram negros de ganho, que exerciam atividades profissionais e pagavam, regularmente, determinada quantia a seus proprietários.

Os senhores recorriam a todos os meios para conseguir essas rendas. Luís dos Santos Vilhena conta que:

"das casas mais opulentas" que chegavam a possuir mais de setenta escravos para serviços domésticos - saíam "oito, dez ou mais negros a vender pelas ruas, a pregão, as coisas mais insignificantes e vis, como sejam iguarias de diversas qualidades".

Nem mesmo os defeitos físicos dos escravos eram obstáculo para que seus amos ganhassem um bom dinheiro. Colocados à porta das igrejas, os negros cegos e aleijados deviam entregar-lhes, semanalmente, uma boa parte das esmolas recebidas. Respeitáveis senhoras cristãs costumavam encaminhar à prostituição suas escravas mais bonitas - prática, aliás, legitimada pela Câmara, mediante o pagamento de uma taxa.

A maioria dos negros de ganho, no entanto, escapava a essas atividades marginais: Eram alfaiates, ferreiros, carpinteiros, encanadores, barbeiros, acendedores de lampião, vendedores ambulantes - enfim, exerciam todo tipo de atividades urbanas ligadas à produção, à circulação de mercadorias e à prestação de serviços. Vestiam-se e alimentavam-se com seus próprios ganhos (descontada a parcela dos senhores) e, geralmente, viviam em casebres e cortiços espalhados pelos bairros pobres. Tinham, desse modo, suas horas livres, longe da pressão da senzala. Além disso, a atividade produtiva reafirmava seu valor na vida social e, como estavam integrados a uma economia monetária, podiam levantar recursos para comprar a liberdade. Esta, porém, não lhes dava qualquer possibilidade de ascensão social: o negro, mesmo liberto, era sempre tratado com desprezo e violência, daí sua participação ativa na liderança de movimentos como a Revolta dos Alfaiates, ocorrida na Bahia em 1798.

 

 A Revolta

Ao contrário do movimento de 1798, a revolta de 1835 não contou com a participação intelectual do branco. Sua organização foi obra exclusiva dos escravos e libertos e, apesar da denominação de Revolta dos Malês , termo genérico para os negros muçulmanos que sabiam ler e escrever em árabe, dela participaram indivíduos de todas as etnias e padrões culturais. Eram, aproximadamente, 1.500 negros reunidos em uma sociedade secreta, com núcleos em Salvador e no Recôncavo. Os libertos forneceram a maioria dos líderes - Manuel Calafate, Aprígio, Pai Inácio e outros. Os carregadores de cadeirinhas, que podiam circular sem ser vigiados, encarregaram-se da transmissão de mensagens.

Os conspiradores tinham um plano estratégico, redigido em árabe, que objetivava libertar os negros e massacrar brancos e mulatos, que eram vistos como traidores, por se haverem integrado à ordem vigente.

Os rebeldes arrecadaram dinheiro para a compra de armas e planejavam entrar em luta usando uniforme que se compunha de barrete azul e branco, longa camisa usada por cima das calças e amarrada com cinto branco de algodão. Consta que os malês chegaram a envergá-la em um dos combates mais importantes, na ladeira da Praga.

A insurreição, marcada para a madrugada de 25 de janeiro, foi denunciada ao entardecer do dia 24, o que permitiu a rápida mobilização das tropas e a prisão de alguns líderes. Com isso, o principal trunfo dos rebeldes - a surpresa - ficou sem efeito e muitos deles entraram em pânico.Mas nem assim o movimento recrudesceu. Sob nova liderança, decidiu-se libertar os ativistas presos e ocupar o quartel que controlava a cidade.

Inferiores em número e armamentos, os rebeldes foram dizimados pelas tropas do governo e dispersaram-se pelo Recôncavo, provocando incêndios e atacando propriedades.

"No dia seguinte, Salvador despertou com os gemidos dos moribundos.

As ruas estavam juncadas de cadáveres", segundo o historiador Décio Freitas.

Os que conseguiram escapar ao massacre foram presos e lançados às masmorras da Bahia, onde muitos foram torturados até a morte. Outros, submetidos às condições insalubres do cárcere, terminaram morrendo de fome e de doenças. Mais tarde, alguns negros foram condenados pelo simples fato de terem papéis escritos em árabe.

Desse modo, as condenações à morte e castigos físicos recaíram, principalmente, sobre os libertos, sem dinheiro ou influência. Nos arquivos de Salvador existem processos de aproximadamente trezentos indivíduos, mas um grande número morreu ou sofreu condenações à parte.

A Revolta dos Malês foi a mais ampla de uma série de rebeliões de escravos que vinham ocorrendo na Bahia desde 1807 e que constituem, talvez, as únicas insurreições urbanas de escravos na América.


 

15- A SABINADA na Bahia

Antecedentes

Na Corte, o Parlamento e a Regência se digladiavam! Nos meios intelectuais do Brasil, incidiam várias doutrinas mal assimiladas (idéias da Revolução Francesa e do federalismo americano, por exemplo), cujos defensores teoricamente se extremavam em defendê-las e colocá-las em prática, sem levar em conta a sua viabilidade prática em um país gigante que ensaiava seus primeiros passos como independente.

Todas elas eram amplamente divulgadas e debatidas nas lojas maçônicas e pelos jornais. Só na Bahia, por exemplo, foram editados, de 1831 a 1837, cerca de 60 jornais diferentes. Mas nessa babel de idéias em debate havia um consenso : a necessidade de mudanças. Conservadores, federalistas e republicanos estavam desesperançados.

Além disso, a audaciosa fuga de Bento Gonçalves, revolucionário gaúcho, preso no forte do Mar e a renúncia do padre Feijó à Regência estimularam a agitação vigente.

A propaganda liberal era feita, na Bahia, pelo Novo Diário da Bahia, de Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira. Em artigos veementes, o jornalista, que emprestaria seu nome ao movimento, denunciava a centralização e o despotismo do governo central, divulgando ideais separatistas. Após os dois fatos já citados, Sabino e seus companheiros decidiram passar da propaganda à ação armada.

 

A Revolução

Em novembro de 1837, sublevaram-se as tropas do forte de São Pedro, conseguindo a adesão de outras unidades. As autoridades centrais fugiram de Salvador e os rebeldes constituíram um governo autônomo, empossando na presidência da Bahia livre, Inocêncio da Rocha Galvão e confiando a secretaria de governo a Francisco Sabino.

Seu programa, publicado no Novo Diário, visava

Esses objetivos, no entanto, não foram alcançados. Se, por um lado, faltaram meios para a organização do exército permanente, por outro, as referências separatistas ou republicanas logo desapareceram da propaganda rebelde, para não indispor o movimento com os grandes proprietários, os chamados "tiranos déspotas do Recôncavo", que não se deixaram envolver na rebelião.

A repressão veio no início de 1838, com as tropas fiéis ao governo reforçadas por destacamentos procedentes dos Estados de Sergipe, Pernambuco e Rio de Janeiro. Apoiado pelos "tiranos déspotas", o general João Crisóstomo Calado,( veterano da Batalha de Passo do Rosário em 27 fevereiro de 1827) comandante das forças governistas, ordenou o ataque geral.

Durante dois dias combateu-se em cada bairro, em cada rua de Salvador. Três Brigadas do Exército investiram sobre a cidade. Depois de sangrenta luta, os rebeldes se renderam, e um júri formado por fazendeiros - cuja ferocidade lhe valeria o nome de "júri de sangue" - iniciou suas atividades.

Francisco Sabino foi deportado para Mato Grosso (onde daria continuidade, até o fim de seus dias, à oposição jornalística) .Outros rebeldes foram condenados ao calabouço e às galés, até serem beneficiados pela anistia subseqüente à maioridade de D. Pedro II, em 1840.

Finda a Sabinada foi para o Rio Grande o líder sabino que ajudara Bento Gonçalves da Silva a fugir do Forte do Mar .Em lá chegando foi promovido a ten cel Farrapo por Bento Gonçalves que lhe deu o comando de um batalhão de Infantaria de Linha .Personagem cuja história resgatamos em O Exército Farrapo e os seus chefes .Rio de Janeiro: BIBLIEx,1992 v.2.p.31ss.Era a mais alta autoridade maçônica no Rio Grande e foi que elevou Canabarro a grau 17 condição para poder comandar o Exército Farrapo ao final da Revolução.


 

16 - A Balaiada 1838 –1840 NO MARANHÃO

Antecedentes

Em meados de 1838, a economia maranhense apoiava-se na cultura algodoeira e na pecuária. A primeira estava em decadência desde que o algodão norte-americano reconquistara os mercados europeus. Durante seu período de prosperidade (fins do século XVIII e início do XIX), o algodão havia atraído para a região um numeroso contingente de escravos e, agora que a crise havia chegado, ninguém sabia como lidar com aquela multidão negra ,pois por volta de 1838 havia no Maranhão 90.000 escravos para uma população total de 200.000 .A pecuária, por sua vez, mobilizara boa quantidade de sertanejos semi-assalariados, que, aliados aos escravos rebeldes, ajudariam a impulsionar a futura rebelião.

A vida política no Mraranhão se reduzia às disputas entre "conservadores" (apelidados de cabanos sem, contudo, ter nenhuma ligação com os cabanos do Pará) e "liberais" (conhecidos estes como "bem-te-vis", expressão retirada do jornal que defendia suas posições). Quando os "conservadores" pretenderam aumentar os poderes dos prefeitos, como forma de fortalecer seu próprio controle sobre o Maranhão , provocaram, com a medida, graves ressentimentos entre os "bem-te-vis", criando um clima propício às convulsões sociais, que vieram a precipitar o conflito.

Sob o estímulo do Ato Institucional que proporcionou maior autonomia às províncias, os partidos disputavam em tom violento o poder. De um lado, os conservadores integrados por portugueses e chamados "bem-te-vis", contrários à situação em poder do Partido Liberal ou "cabano", que os bem-te-vis comparavam aos cabanos do Pará, Pernambuco e Alagoas.

A revolta

Aparentemente, o movimento teve início quando o vaqueiro Raimundo Gomes, empregado de fazendeiro bem-te-vi, passava com sua boiada pela Vila do Manga, distante 10 léguas de São Luís, e teve companheiros seus presos injustamente pelo vice - prefeito, José do Egito, do partido "cabano" local. Entre eles, um irmão acusado de homicídio .Tentou, em vão, Raimundo Gomes, libertar seus amigos e irmão. E retirou-se !

Em 13 de dezembro, retornou à Vila do Manga com nove outros homens. Arrombou a prisão e conseguiu aliciar para seu grupo, junto com os prisioneiros soltos, os 22 soldados encarregados da segurança policial da vila. Este feito repercutiu nos meios maranhenses, revoltados com as arbitrariedades dos donos do poder, passando a receber adesões crescentes, inclusive de outros líderes como Lívio Pedro Moura, Mulungueta e o Manuel Francisco - um fabricante e vendedor de balaios apelidado de Balaio - termo que designaria os rebeldes e inspiraria o nome da própria rebelião.

Enquanto as colunas dos balaios atacavam as fazendas do interior, os escravos aproveitavam-se da instabilidade para fugir em massa, organizando quilombos. 0 maior deles reunia 3.000 negros e tinha como líder Cosme, que se proclamou "tutor e imperador das liberdades bem-te-vis". No entanto, quilombolas e sertanejos permaneceram desunidos, sem articular objetivos comuns.

A Balaiada configurou-se, assim, como uma sucessão de levantes de vaqueiros e rebeliões de escravos, testemunhando a resistência popular à ordem escravista e à dominação dos proprietários rurais, mas incapaz de oferecer uma alternativa a essa dominação. Além disso, qualquer proposta unitária era deliberadamente combatida pelos bem-te-vis.

Sob o pretexto de oferecer alguma organização militar ao movimento , os liberais só se integravam a estes para conter lideranças mais conseqüentes. Apesar dessas debilidades, em julho de 1839, os rebeldes ocuparam Caxias, segunda cidade da província, onde formaram um governo de bem-te-vis. Raimundo Gomes, líder dos revoltosos, agora com outros objetivos que não o saque e vantagens pessoais, tornou-se, com seu bando, uma ameaça à segurança, à ordem e à tranqüilidade públicas no interior maranhense .Reunidos, decidiram investir contra a cidade de Caxias, onde ali foram precedidos da má fama de que em ações isoladas vinham destruindo e saqueando fazendas e vilas que encontravam no caminho.

Em Caxias, sob a liderança civil de João Paulo Dias, líder naquela comarca e a militar do capitão Ricardo Leão Sabino, que participara da Guerra na Península Ibérica para libertar Portugal do jugo napoleônico, foi organizada uma força denominada Corpo de Exército, que atingiu um efetivo de cerca de 1.000 homens mobilizados na população caxiense. Foi constituído de 8 companhias, dispondo cada de 1 capitão,16 tenentes e 32 alferes nomeados por João Paulo, líder civil da resistência.

O capitão Sabino organizou sob o seu direto comando uma bateria de Artilharia e um esquadrão de Cavalaria. E com esta organização popular, protegida por trincheiras então construídas e contando com o concurso de mulheres preparando munições de boca e de guerra, os caxienses resistiram 46 dias ao sítio do bando de Raimundo Gomes, tendo que evacuá-la após.Esta vitória animou o partido Bem-te-vi. Os balaios chegaram a enviar a São Luís emissários propondo ao presidente do Maranhão rendição sem resistência. Os líderes balaios não possuíam unidade de comando, impossível ,face às vaidades e ambições de cada líder. O próprio Balaio, numa incursão a uma fazenda, foi atingido por bala disparada por um integrante de seu bando e veio a falecer de gangrena.

Depois que esgotaram e saquearam os recursos de sua sustentação em Caxias, evacuaram –na e partiram à procura de outras vilas e cidades mais rentáveis para pilhar. Espalharam-se os bandos pelo Maranhão, levando o medo, a insegurança e a desordem por onde passavam, chegando, mais de uma vez, a ameaçar São Luís.

Tal era a situação em 1840, quando o coronel Luís Alves de Lima e Silva e futuro Duque de Caxias chegou ao Maranhão, assumindo os cargos de Presidente e Comandante das Armas.

A Pacificação

O novo presidente e comandante das armas estava credenciado pelo seu talento, sua boa estrela militar, que havia revelado na Guerra da Independência da Bahia, na Guerra da Cisplatina em 1825-1828, no subcomando do Batalhão Sagrado e na organização e comando por cerca de nove anos da organização que se constitui, hoje, na Policia Militar do Rio de Janeiro, com a qual superou ameaças ao Poder Central e à população carioca e preveniu outras tentativas de perturbação da ordem.

Ao futuro Duque de Caxias foi dada a missão de pacificar o Maranhão, ficando a ele subordinadas todas as tropas em operações naquela província e mais as do Piauí e Ceará, onde lhe foi concedida licença prévia de neles conduzir operações militares se necessárias à sua missão.Em 7 de fevereiro de 1840, ele assumiu suas funções em meio à euforia geral. Dirigiu sua primeira proclamação aos maranhenses, dizendo-lhes a que vinha:

 

"....Maranhenses, venho partilhar de vossas fadigas e concorrer quanto em mim couber para a inteira e completa pacificação desta bela parte do Império.

Um punhado de facciosos, ávidos de pilhagem, conseguiu encher de consternação, de luto e de sangue, vossas cidades e vilas!

O terror que necessariamente deviam infundir-vos esses bandidos, concorreu para que eles tivessem engrossadas suas hordas.

Contudo, graças à Providência, as vitórias até hoje por eles alcançadas começam a diminuir diante de vossas armas.

Mais um esforço e a desejada paz virá curar os males da guerra civil.

Maranhenses, mais militar do que político, quero até ignorar os nomes dos partidos que por desgraça entre vós existam. Deveis conhecer a necessidade e as vantagens da paz, condição da riqueza e prosperidade dos povos.

E, confiando na Divina Providência, que por tantas vezes nos tem salvado, espero encontrar em vós ,maranhenses, tudo o que for necessário para o triunfo de nossa causa"

 

Esta proclamação, espalhada por todos os recantos do Maranhão, terminou resultando na aceitação de Caxias pelos partidos e povo maranhense. Caxias encontrou, segundo Vilhena de Moraes, as tropas assim:

"As companhias inteiras vinham só com calças rotas ou de camisas e com o correame de couro cru sobre a pele. Uns só com espadas e outros com armas de caça. E a disciplina que apresentavam condizia com o grotesco de seus uniformes."

Como era de seu feitio, Caxias passou a organizar suas forças sem descuidar da estrutura de apoio logístico. Colocou em dia o pagamento das tropas e conseguiu organizá-las, instruí-las e torná-las vencedoras. Qual era a situação?

Os revoltosos maranhenses ligados aos bem-te-vis eram estimados em 2 mil na comarca de Brejo e cerca de igual efetivo na comarca de Pastos Bons, além de grupos esparsos em torno da cidade de Caxias. Não possuíam bases fixas: sua estratégia era de guerrilha rural. Atacavam só pontos fracos das defesas do governo. O que fez Caxias?

Em resposta a esta estratégia resolveu manter guarnecidas as vilas e cidades que eram alvo dos revoltosos.

Criou uma Divisão Pacificadora dividida em três colunas operacionais, para combater a guerrilha com a guerrilha !

Caxias, colocando o governo do Maranhão a funcionar a contento, deixou São Luis e foi coordenar pessoalmente as operações de guerrilha contra guerrilha .E foi a partir desses pontos’- fortes criados que Caxias passou a combater a Balaiada, usando com freqüência o cerco de contingentes rebeldes localizados.Com esta estratégia de sempre ser mais forte em todas as partes, aos poucos ele foi minando as forças dos balaios.

Caxias, com apoio do futuro Almirante Tamandaré, pessoalmente reprimiu, em Itapicuru-Mirim, um levante da guarnição local por atraso de soldos. Foi um confronto sangrento, mas que terminou com a restauração da disciplina , punição e o afastamento dos responsáveis.

Em 23 de agosto de 1840, ao ser conhecida no Maranhão a Maioridade de D. Pedro II, Caxias achou o momento oportuno para espalhar aos quatro ventos do Maranhão a seguinte proclamação antológica:

"Maranhenses ! Uma nova época abriu-se aos destinos da grande família brasileira. Sua Majestade, o Imperador, empenhou o cetro da governança e assumiu os direitos que pela constituição do Estado do Brasil lhe competem.

Declarado maior, ei - lo enfim como símbolo da paz, de união e de justiça, colocado à frente da nação que o reclamava.

No interior da província, no meio dos bravos que defendem vossos bens e vidas, encontrou - me tão lisonjeira novidade. E se deixei aqueles bravos, pois por eles daqui me havia ausentado, é para confirmar o que sabeis, para participar do geral regozijo e aumentá-lo, se for possível, com a notícia da quase extinção da guerra civil, restando apenas da terrível tempestade uma nuvem negra, que apesar de carrancuda breve será dissipada.

Maranhenses! Um sublime pensamento deve agora inflamar o coração brasileiro. Aspérrima foi a longa experiência. Aproveitai-a. Amor ao Imperador, respeito às leis e esquecimento das vergonhosas intrigas que só têm servido para enfraquecer-vos. Um só partido, enfim, o do Imperador. E no vosso entusiasmo repitam mil vezes: Viva sua Majestade o Senhor D. Pedro II, Imperador constitucional e defensor perpétuo do Brasil ! Viva a nossa Santa Religião! Viva a Constituição do Estado! ". Palácio do Governo na cidade de São Luiz do Maranhão, 27 agosto de 1840."

Caxias exultava com a continuidade da Monarquia que fora posta em jogo em 7 de abril de 1831 e durante toda a agitada Regência. Dois dias antes, fizera 37 anos.

A partir daí priorizou ações diplomáticas ou de relações públicas em nome do Imperador e da Igreja. E acenou aos rebeldes com concessões. Mas nem todos se sensibilizaram e continuaram as operações de rescaldo por quase cinco meses , até 19 de janeiro de 1841, data da pacificação do Maranhão.Com base em ato de D. Pedro II (22/08/40), cerca de 2 mil revoltosos balaios foram anistiados.

Ao passar o governo do Maranhão ao Dr. Antônio Miranda, Caxias lançou esta proclamação:

"Não existe hoje um só grupo de rebeldes armados. Todos os seus chefes foram mortos, presos ou enviados para fora do Maranhão. Restabeleceu-se a ordem. Fui sempre respeitado e obedecido. Todos os empregados e chefes de repartição desvelaram-se em cumprir os seus deveres durante o tempo de meu governo. Não me ufano de haver mudado corações e sufocado antigos ódios de partidos, ou antes de famílias, os quais se por um tempo se acalmam, tal como a peste, se desenvolvem por motivos que não podemos prever ou não nos é dado dissipar."

Pacificado o Maranhão, Caxias foi promovido a oficial general como Brigadeiro (atual General de Brigada). O título de Barão de Caxias, em razão da cidade de Caxias, se tornou símbolo da autodefesa popular à desordem e à anarquia .Ela resistiu 46 dias ao sítio dos Balaios.

Raimundo Gomes rendeu-se em 15 de janeiro de 1841. Foi anistiado e enviado para São Paulo, tendo morrido a caminho. Seu substituto, Cosme, chefe de escravos, continuou na luta. Preso, foi julgado e condenado à forca, em setembro de 1842.

Caxias, segundo Vilhena de Moraes, trouxe do Maranhão, um indiozinho órfão, filho de um cacique ao qual dera seu nome Luis Alves, nome que daria também ao seu filho nascido em 1847.

No combate à Balaiada mereceu menção especial a atuação do pernambucano filho de Goiana, Tenente Conrado José de Lorena Figueiredo, que já havia se destacado em ações contra os balaios no Maranhão e no Piauí. Este herói tombou morto em ação em 25 de setembro de 1840, na comarca de Pastos Bons, aos primeiros tiros ,com um punhado de balaios. Caxias, ao saber do fato, ficou muito sentido e dedicou uma Ordem do Dia a exaltar os feitos do Ten Conrado. E então escreveu ao Tenente Coronel José Thomaz, comandante da coluna integrada pelo tenente:

 

"Muito penalizado fiquei com a notícia que me deu da morte do bravo Conrado. Eu não cheguei pessoalmente a conhecê-lo, porém por ele nutria grande simpatia, por tratar-se de um bravo e me informarem de que não era cruel para com os vencidos, nem dos que deixam o inimigo fugir quando acham boa bagagem (quando fazem bom saque).

Se ele não tivesse morrido em breve, seus serviços não seriam por mim jamais esquecidos. Se ele é casado e V.Exa sabe o nome da mulher e filhos, mande-me dizer, pois tomarei desde já sob minha responsabilidade mandar-lhes pagar o soldo com todas as vantagens da campanha, como pensão, até obter do Governo a sua confirmação, pois tenho certeza de que o conseguirei."

Esta qualidade de chefia é eloqüente e dispensa comentários. Depois, Caxias soube que Conrado era solteiro, conforme Vilhena de Moraes em Novos aspectos da vida de Caxias.Aí lutou, também, o então Alferes Antônio de Sampaio e atual patrono da Infantaria, onde comandou o destacamento de Passagem Franca.


17-Revoluções liberais de 1842 em São PAULO E MINAS GERAIS

Antecedentes

O golpe da Maioridade de D. Pedro II, em 1840, fora organizado pelos "liberais", que, desse modo, recuperaram o poder, perdido quando da queda de Feijó, em 1837. A supremacia "liberal", entretanto, teve curta duração: as necessidades de centralização do governo imperial exigiam o restabelecimento do Conselho de Estado e outras medidas que negassem as "conquistas liberais", vigentes desde 1834, ano da promulgação do Ato Adicional, que descontentou os partidários do fortalecimento do poder central.

Assim, utilizando como pretexto o envolvimento do ministério "liberal" nas "eleições do cacete" de 1840, célebres pelo nível de fraude e violência que apresentaram, D. Pedro II dissolveu a Câmara e reconduziu os "conservadores" ao poder. A estes caberia concretizar a reforma do Código de Processo Criminal e outras leis "regressistas" que complementavam a Lei de Interpretação do Ato Adicional, de maio de 1840.

As primeiras reações "liberais" a essa ofensiva "conservadora" ocorreram no Rio de Janeiro, sendo articuladas pela sociedade secreta dos "Patriarcas Invisíveis", liderada por José Martiniano de Alencar. Como os políticos que a integravam tinham adeptos em São Paulo e Minas Gerais, decidiram sublevar, simultaneamente, as duas províncias, dificultando a ação repressiva do governo.

Além disso, pretendiam aliar-se aos farrapos do Rio Grande do Sul e obter o apoio dos cafeicultores fluminenses. Visavam, em resumo, a uma repetição das rebeliões do Período Regencial, caracterizadas pela aliança entre as elites agrárias (ligadas ou não aos mercados externos) e as camadas médias urbanas.

A Situação do Exército

O Exército foi muito perseguido e prejudicado depois da abdicação de D. Pedro I. Sutilmente afastado das cidades para "a defesa das fronteiras e do litoral", passou a sofrer a concorrência da Guarda Nacional. Em realidade, foi o alvo do maior esforço de sua erradicação de toda a sua História.

Na época, as fortalezas e unidades de fronteiras tiveram seus efetivos reduzidíssimos. Oficiais estrangeiros, que haviam lutado no Exército por nossa Independência, Integridade e Soberania, de 1822 a 1831, foram dispensados. Exemplo eloqüente foi Emilio Luiz Mallet !

Essas perseguições e injustiças geraram revoltas, motins e quarteladas por todo o Brasil. No Rio, para contê-las, recorreu-se ao Batalhão Sagrado, só de oficiais, do qual o futuro Duque de Caxias foi subcomandante.


 

18 - A REVOLUÇÃO LIBERAL EM SÃO PAULO

Em São Paulo, o pretexto para o desencadeamento da revolução foi a substituição, pelo governo central, do Presidente da Província, Rafael Tobias de Aguiar, substituído pelo baiano José da Costa Carvalho, Marquês de Monte Alegre. Sua política provocou o isolamento de Tobias de Aguiar, cuja liderança acabou limitando-se a Sorocaba, sua cidade natal, e aos centros urbanos mais próximos.

Em 17 de maio de 1842, estourou a revolução em Sorocaba, cuja Câmara proclamou Tobias de Aguiar e o ex-regente Padre Feijó presidente e vice -presidente interinos de São Paulo, respectivamente. Declararam lealdade a D. Pedro II e formaram um Gabinete de Ministros absolutista e oligárquico, o Gabinete de Ministros.

O objetivo militar era um ataque à capital, São Paulo, para depor o presidente que substituíra Tobias de Aguiar.A corte agiu rápido. Nomeou o Barão de Caxias, que acabara de pacificar o Maranhão, com carta branca para pacificar São Paulo.

Caxias, com 400 homens, desembarcou em Santos e chegou à capital em 22 de maio. Ali ocupou Moji das Cruzes, organizou a defesa e bloqueou a ponte de Pinheiros, que lhe dava acesso. Isolou os revolucionários, nas regiões de Itararé, Lorena, Guaratinguetá e Resende. A elas foram incorporadas, de 18 de junho a 29 de agosto, as localidades paulistas de Guará, Cunha, Queluz, Silveiras, Areias e Bananal.Os revolucionários perderam tempo e não atacaram São Paulo. Caxias pôde, assim, tomar a iniciativa. Em dois ataques sucessivos, obrigou os revolucionários a se retirarem para longe, perseguindo-os na direção São Paulo - Campinas. Em 7 de junho 1842, deu-se o combate de Venda Grande, no qual os revolucionários, com superioridade numérica, foram surpreendidos e batidos. Isso abriu caminho para Caxias investir sobre Sorocaba, onde entrou vitorioso em 20 de junho de 1842.Não encontrou Tobias de Aguiar, que tinha buscado a proteção dos farroupilhas. Encontrou, no comando da resistência, o padre Feijó, que tentou, sem êxito, negociar. Foi preso com todo o respeito e levado para o Espírito Santo. Em 20 de maio de 1842 , Caxias mandara, ao comandante dos revolucionários, uma carta nesses termos, na tentativa de evitar a sorte das armas:

"Que pretende? Quer V.S. empunhar as armas contra o governo legítimo de nosso Imperador? Não o creio porque o conheço de muito tempo, sempre ttrilhando o caminho do dever e da honra... Acabo de chegar da Corte munido de autoridade para tudo aplanar. Não tenho sede de sangue dos meus patrícios, porém não deixarei de cumprir os meus deveres como militar. Ainda é tempo, não ensangüentemos o solo que nos viu nascer e não acendamos a guerra civil nesta bela província para não a vermos reduzida ao estado do Rio Grande de São Pedro do Sul e sua vizinha( Santa Catarina). Responda-me e não se deixe fascinar por vinganças alheias."

Não atendido em seu apelo, Caxias teve de cumprir seu dever com firmeza.


 

19 - A REVOLTA LIBERAL EM MINAS GERAIS 1842

De início, o descontentamento mineiro expressou-se em sociedades e clubes secretos, surgidos logo após a dissolução da Câmara provincial pelo governo "conservador". A 10 de junho, a revolta explodiu em Barbacena, onde a Guarda Nacional aclamou José Feliciano Pinto Coelho como novo presidente da província, à revelia do poder central. 0 programa do governo rebelde propunha-se defender a autonomia local e os direitos dos cidadãos ameaçados de perder seus empregos, devido às medidas centralizadoras do governo imperial; além disso, pretendia denunciar a possível assinatura de um novo tratado anglo-brasileiro, demasiado benéfico aos ingleses.

Embora as manifestações de oposição às "leis regressistas" tenham começado ao mesmo tempo em São Paulo e em Minas Gerais, os fazendeiros mineiros só se decidiram a pegar em armas quando a sedição paulista estava praticamente vencida. Além disso, a rivalidade entre os senhores rurais alcançou proporções muito maiores em Minas Gerais.

Por trás dessas propostas, o que realmente preocupava os proprietários rurais de Minas era a perda de seu poder de nomear os juizes de paz e as autoridades policiais. Foi esse aspecto que semeou focos rebeldes no território mineiro, impossibilitando a atuação efetiva das tropas controladas pelo presidente "legal", Bernardo Jacinto da Veiga.

Apesar de mais numerosas do que em São Paulo, as forças rebeldes eram chefiadas por homens que não se entendiam entre si. Não só não reconheciam uma liderança comum, como conduziam seus próprios bandos em escaramuças episódicas e desconexas que não levavam a nada. Essas condições facilitaram a pacificação imperial, mais uma vez conduzida pelo Barão de Caxias, o pacificador de São Paulo.

Em 13 de julho, quando retornava ao Rio, em Guaratinguetá, Caxias soube de sua nomeação para pacificar Minas Gerais, com carta branca, como fizera em São Paulo.

Apesar da resistência de Ouro Preto, os revolucionários dominavam a parte mais populosa de Minas Gerais e as comunicações com o Rio de Janeiro. Fortificaram-se em Queluz (Conselheiro Lafaiete) e fizeram de São João Del -Rei a sua capital. Aí decidiram que conquistariam Ouro Preto com forças de Baependi, São João Del -Rei e Barbacena, após se unirem ao grosso das forças revolucionárias em Cataguases.

Foi quando tiveram conhecimento da pacificação de São Paulo, o que provocou a diminuição da euforia inicial. Enfraquecidos por divergências internas, os "liberais" não ousaram atacar a capital. As divisões estenderam-se então à cúpula do movimento, onde José Feliciano foi substituído pelo tribuno "liberal" Teófilo Ottoni, que deixara o Rio de Janeiro tão logo soubera da derrota de seus correligionários em São Paulo. A mudança, no entanto, não contribuiu para a unidade das forças rebeldes, que continuaram divididas entre si.

A corte, temerosa que o movimento se generalizasse pelo Brasil, tomou as seguintes providências: Desarticulou a possibilidade de revolta no Rio pela adoção do estado de sítio; convocou guardas nacionais da reserva, em licença e férias e os funcionários públicos em disponibilidade; tornou obrigatório o salvo conduto para viagens em Minas; ordenou a prisão dos líderes do Partido Liberal, e direcionou para Minas os guardas nacionais que conseguiu mobilizar, bem com algumas unidades do Exército.

Os revolucionários tiveram a pronta adesão de São João Del -Rei, Queluz (Conselheiro Lafaiete) e outras cidades do sul de Minas e ao norte e leste de Ouro Preto.

Caxias chegou a Ouro Preto em 6 de agosto para pacificar Minas. Sua fama fez os revolucionários desistirem de atacar Ouro Preto e evacuaram Queluz. Divergências continuaram a dividir os revolucionários que se dirigiram para o leste e conquistaram, com pouca luta, Sabará, em 13 de agosto de 1842 . Aí, procuraram negociar uma rendição condicional, que não foi aceita.

Inseguros, os revolucionários procuraram concentrar-se no arraial de Santa Luzia, que proporcionava, por sua posição numa serra, comandamentos de vista e fogos sobre os seus acessos, além de apoiar um de seus flancos no rio das Velhas.

Em 20 de agosto de 1842 , ocorreu o memorável combate de Santa Luzia, vencido com dificuldades pelas forças legais, que ali fizeram frente a 3.300 revolucionários, que souberam tirar grande partido tático das excelentes condições defensivas oferecidas pelo terreno. Com a vitória de Caxias , em Santa Luzia, teve fim a revolta de Barbacena, que durou 2 meses e 10 dias e que causou sérias preocupações à Corte tendo em vista o fato de sua maior consistência militar.

Caxias entrou vitorioso e aclamadíssimo em Ouro Preto em 10 de setembro, tendo sido promovido, em 29 de agosto, a Marechal - de -Campo graduado (atualmente, General de Divisão), com 39 anos de idade.


 

20 -Revolução Farroupilha 1835-45

Foi a que consagraria Caxias como

Antecedentes

De 1835 a 1845, verificou-se no Rio Grande do Sul, território da 3ª RM, a Revolução Farroupilha. Ela foi resultado, segundo interpretações dominantes, da insensibilidade política do governo central e da intolerância do provincial, em defesa de interesses do que, na época, eram classificados de "galegalidade", ou lei dos galegos ou portugueses, que ainda exerciam grande influência no Brasil.

A revolução expressou as peculiaridades do desenvolvimento da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul. Colonizada tardiamente pelos portugueses, a região só se integrou economicamente ao Brasil no final do século XVIII, com a difusão das charqueadas para o mercado interno e do couro para exportação. O charque, ou carne conservada pelo sal, era muito consumida no Brasil. Assim, os senhores de escravos tinham interesse em que o preço do produto se mantivesse baixo, até porque era um dos alimentos básicos da população. Entretanto, o alto custo do sal e dos escravos fez com que os proprietários do Sudeste e do Nordeste adquirissem produto similar na Argentina e no Uruguai, onde era mais barato. Essa solução era desastrosa para os estancieiros e charqueadores gaúchos , que proporam a taxação do produto importado.

A reação dos compradores foi taxar, também, o charque gaúcho nos portos do Sudeste e Nordeste. Com a nomeação de Antonio Rodrigues Fernandes Braga para a presidência da província gaúcha, o descontentamento aumentou com medidas por ele adotadas na forma de impostos e a criação de uma força policial diretamente subordinada à sua autoridade, o que enfraquecia a posição dos estancieiros, donos de contingentes armados.

O estopim da revolta, porém, foi a imposição de uma taxa sobre as propriedades rurais. Como reação, Bento Gonçalves ocupou Porto Alegre, obrigando a fuga de Braga. Aí começou o longo processo revolucionário gaúcho.

A Farroupilha foi também uma revolta da maior guarnição do Exército, depois da do Rio, em aliança com a Guarda Nacional e forças econômicas (fazendeiros e charqueadores), como protesto pelas discriminações feitas ao Exército e seus membros e sobre as quais a História tem silenciado.Os líderes militares dessa Revolução saíram de comandos de unidades do Exército: Bento Gonçalves, Bento Manuel, José Mariano de Matos, João Manoel de Lima e Silva (tio de Caxias), e outros.

O Processo

As operações em nível estratégico se desenvolveram em 5 fases distintas, segundo interpretamos com o apoio na análise crítica de obras relacionadas na História da 3ª RM 1809-1953 e Antecedentes, às quais remete-se o leitor.

1a Fase -Vitória da Revolução

(20 de setembro de 1835 - 15 de janeiro de 1836 - cerca de 4 meses)

Constituiu na tomada e posse dos revolucionários de Porto Alegre, em 20 de setembro de 1835, seguida, no mês de outubro, de diversas ações para superar reações apresentadas pela 3ª RM em Rio Pardo, São Gabriel, Pelotas, São José do Norte, Rio Grande e Colônia São Leopoldo.

Ao final do mês, as primeiras lideranças militares contra a revolução haviam sido neutralizadas ou obrigadas a emigrar. O Presidente da Província, deposto, havia -se dirigido ao Rio de Janeiro. Ficou, assim, todo o Rio Grande do Sul em poder dos revolucionários, que colocaram na Presidência da Província o Dr. Marciano Ribeiro (médico mineiro), deputado e, no lugar do Comandante da 3ª RM, o Coronel Bento Manuel Ribeiro, então Coronel do Exército de Estado-Maior, há pouco destituído do comando da Fronteira do Rio Pardo.

A revolução ocorreu de surpresa, aproveitando a situação de os comandantes da 3ª RM e da Fronteira do Jaguarão, principais focos de reação, estarem em suas estâncias, crentes que o líder político militar do movimento, o Coronel Bento Gonçalves da Silva, Comandante Superior da Guarda Nacional da Província,se encontrava em Corrientes, na Argentina, em licença. O governo central, na época, era exercido pelos liberais.

 

2a fase – A República Rio -Grandense

(15 de janeiro de 1835 - 28 de março de 1837 - cerca de 14 meses)

Com a nomeação do novo Presidente da Província, Dr. Araújo Ribeiro, pelo Governo Central, a cidade do Rio Grande, ponto estratégico militar, retornou em 15 de janeiro de 1836, ao controle do governo Central, através de hábil manobra política.

Esse fato serviu para o Governo, no Rio, introduzir, via marítima, importantes reforços militares terrestres e navais para consolidar aquela posição e combater, a partir dela, a revolução. Aderiu à causa legal o Coronel Bento Manuel Ribeiro, comandante revolucionário da 3ª RM, fator importante que evitou o ataque de reconquista da cidade de Rio Grande pelos revolucionários.No confronto que se seguiu, segundo Canabarro Reichardt, houve divergências de estratégias entre Bento Gonçalves (líder político-militar) e João Manoel de Lima e Silva (que assumiu o comando revolucionário da 3ª RM).

Bento Gonçalves ,era favorável à concentração de tropas para derrotar Bento Manuel para, a seguir, investir contra a cidade de Rio Grande.

João Manuel era favorável à concomitância das duas ações: contra Bento Manuel e a cidade do Rio Grande.

Dessa hesitação, decorreu serem os revolucionários batidos por partes, com a perda definitiva de Porto Alegre, em 15 de julho de 1836, reconquistada num ousado golpe de mão pelo então Major Manuel Marques de Souza, futuro Conde de Porto Alegre , seguido da prisão dos revolucionários que foram enviados enviado para o Rio.

Isso provocou a desistência de João Manoel de investir sobre Rio Grande e, pouco depois, a prisão de Bento Gonçalves, em 4 de outubro de 1836, na ilha de Fanfa. Este fato ocorreu quando se retirava de Porto Alegre, numa frustrada tentativa de reconquistar aquela capital ou mantê-la sob sítio terrestre.

Neste quadro extremamente adverso, o Coronel Antônio de Souza Netto, com sua Brigada Liberal, bateu em Seival, em 10 de setembro de 1836, a força legal do Coronel João da Silva Tavares, proclamando, no dia seguinte, em Campo do Menezes, a República Rio- Grandense, logo reconhecida pela Câmara de Jaguarão e, a seguir, pela de Piratini.

Pressionado por Bento Manuel, os chefes João Manuel e Antônio Netto reuniram suas forças em Piratini, na Serra dos Tapes, escolhida capital da República Rio - Grandense, para aí instalarem e estruturarem seu Exército.

Em 10 de dezembro de 1836, sob pressão de Bento Manuel, o Exército da República Rio-Grandense foi obrigado a se internar no Uruguai, deixando o Rio Grande sob controle militar dos imperiais. Bento Gonçalves foi escolhido o Presidente da República e Comandante-em-Chefe de seu Exército, quando se encontrava preso no Rio de Janeiro.

Assumiu a liderança militar farrapa o Coronel Antônio Netto, em substituição ao primeiro General da República - João Manoel Lima e Silva, que se internou no Uruguai para tratar de ferimento no rosto, recebido no combate de São Gonçalo, em Pelotas. Já se assinalava, nessa altura, reação à sua liderança militar, por condições de saúde precárias.

 

3a fase -Retorno da República do Uruguai

(28 de março de 1837 - 18 de julho de 1839 - cerca de 27 meses)

Desavenças entre o Presidente da Província, Brigadeiro Antero Ferreira Brito, e o Comandante da atual 3ª RM, o Coronel Bento Manoel Ribeiro, terminaram por modificar o curso da revolução.

O Presidente saiu de Porto Alegre para prender e destituir o Comandante da 3ª RM. Mas este se antecipou e prendeu o Presidente, em 28 de março de 1837, no Passo de Itapevi, em Alegrete. Assim, Bento Manoel, pela segunda e última vez, passou-se para o lado republicano, para onde levou a vitória, como fiel da balança e novo ponto de inflexão da guerra em favor da revolução.

Os republicanos, então, retornaram ao Rio Grande. Restabeleceram a capital em Piratini, conquistaram Caçapava em 8 de abril de 1837 e colocaram sob sítio, em 13 de maio de 1837, a capital Porto Alegre. Este sítio se prolongaria por três anos. Conquistaram Triunfo, em 15 de agosto. Três dias depois, em São Borja, aconteceu a morte brutal, depois de emboscado e torturado, do General farrapo João Manoel Lima e Silva, aos 32 anos. Era tio do futuro Duque de Caxias.

 

Objetivos do sítio farrapo a Porto Alegre

Os republicanos, ao colocarem Porto Alegre sob sítio terrestre, objetivavam estrategicamente

  1. fixar importantes efetivos imperiais na capital;
  2. impedir o apoio mútuo terrestre entre Rio Grande e Porto Alegre;
  3. impedir o envio de reforços terrestres de Rio Grande a Porto Alegre pelo litoral, ou a partir de Santa Catarina;
  4. impedir a expansão de pontos-fortes terrestres, com apoio naval ao longo do Jacuí e seus afluentes, assegurando, assim, a livre circulação e comunicações republicanas no interior do Rio Grande;
  5. realizar melhor a espionagem dentro dos muros da sitiada Porto Alegre, através de agentes republicanos infiltrados;
  6. assegurar a articulação da Campanha com a região serrana e, em decorrência, com Santa Catarina e São Paulo, por terra.

Assim, enquanto os republicanos mantiveram Porto Alegre sob sítio, viveram o período áureo e de maior segurança no campo militar. Foi em razão do alto sentido estratégico do sítio republicano a Porto Alegre que, por cerca de três anos, o esforço militar imperial concentrou-se em levantá-lo.

Um herói da defesa da sitiada Porto Alegre

Desempenhou destacado papel, para defender e apoiar logisticamente Porto Alegre sitiada, o Ten Cel GN Francisco Pedro de Abreu no comando do célebre Esquadrão da Barra e, depois, 5º Corpo de Cavalaria da Guarda Nacional.

Exerceu essa ação a partir de outubro de 1837, através do Forte da Picada ou Chico Pedro, que estabeleceu como sua base de operações em ilha, na foz do rio Jacuí com o Guaíba, ligado à margem oposta do porto de Porto Alegre por uma picada.

A partir dai, em diversas ações com Cavalaria e Infantaria, ao longo da Lagoa dos Patos até o rio Camaquã e, ao longo do rio Jacuí até o Rio Pardo, com apoio naval, realizou memoráveis golpes - de - mão sobre os republicanos, inquietando-os, aprisionando-os e trazendo gado para alimentar as tropas, a população e hospitais de Porto Alegre, aumentando, assim, a sua capacidade de resistir.

Toda essa movimentação revolucionária de dois anos, até 15 de setembro de 1839, foi realizada com o governo central nas mãos do Partido Liberal. Nesse período foram enviados, em reforço ao Rio Grande, 1904 homens, que representaram cerca de 17% do efetivo total enviado até a pacificação.

Assumindo o governo, o Partido Conservador foi intensificando o combate à revolução, com envio de reforços ao Rio Grande até abril de 1839, num total de 5.772 homens.

Os imperiais levantam o sítio de Porto Alegre

Em fevereiro de 1838, o Presidente e Comandante Militar da Província , General Elzeário de Miranda Brito, objetivando derrotar os republicanos que sitiavam Porto Alegre, executou a seguinte manobra:

- Embarcou sua tropa em Porto Alegre e a desembarcou na margem esquerda do Jacuí. Por uma manobra desbordante dos rios Caí, Sinos e Gravataí, tentou cair sobre os sitiantes, pela retaguarda. Estes, ao comando do Coronel José Mariano de Mattos, levantaram o sítio e retraíram para a Cima da Serra, de onde avançaram sobre Lajes, em Santa Catarina. Bento Gonçalves pressionou Porto Alegre, mas foi rechaçado pelo General Elzeário ao longo do Jacuí até Rio Pardo. Esta foi retomada pelo Império em março de 1838.

Os republicanos reagiram e recuperaram Rio Pardo em 30 de maio de 1838, na maior e mais retumbante vitória que obtiveram. Logo a seguir, restabeleceram o sítio de Porto Alegre. A segunda tentativa do General Elzeário de desbordar os sitiantes foi anulada com a vitória obtida pelos republicanos em Caí, em 1º de fevereiro de 1839, ao comando do General Bento Manoel Ribeiro.

No campo naval, os imperiais desalojaram os republicanos dos fortes do Itapoam e da Ilha do Junco, na estreita entrada para a Lagoa dos Patos, no rio Guaíba. Neutralizaram a interferência de barcos farrapos na navegação imperial, ao longo da Lagoa dos Patos, por navegarem em comboios. Tentaram destruir o estaleiro republicano no rio Camaquã (Passo do Mendonça).

A expedição farrapa a Laguna-SC

Logo a seguir, em 1839, houve a expedição republicana terrestre e naval a Santa Catarina, visando à conquista de um porto de mar, na Laguna, para a república do Rio Grande. O Capitão José Garibaldi, Comandante da Marinha da República, depois de construir os lanchões "Seial" e "Farroupilha" no estaleiro do rio Camaquã, atravessou a Lagoa dos Patos e transportou os barcos para o rio Tramandaí. Fez, então, longa e épica travessia com os barcos transportados em enormes carretas. Do rio Tramandaí atingiu o oceano e depois Laguna, em Santa Catarina, somente com o lanchão "Seival", em razão do "Farroupilha" haver sido engolido por uma tempestade em alto-mar.

Proclamada, a efêmera República Juliana ela teve seu epílogo com a derrota da esquadra republicana, pela Imperial, no combate naval de Laguna, de 15 de novembro de 1839.

A expedição a Laguna, em julho de 1839, e o abandono definitivo da causa republicana, pelo general Bento Manuel Ribeiro, derivando para um período de neutralidade, aconteceram com o Partido Liberal no poder no Rio de Janeiro , desde abril de 1839.

Encerrou-se, assim, a fase da república Rio-Grandense, com capitais em Piratini e Caçapava, de onde editaram o jornal oficial - O POVO.

 

4a fase - Declínio da República Rio-Grandense

 

(18 de julho de 1839 - dezembro de 1842 - cerca de 3,5 anos)

O ano de 1839 terminou para os republicanos com a derrota naval em Laguna, em 15 de novembro, e com a vitória terrestre de Santa Vitória (Bom Jesus) a 14 de dezembro, em que forças retirantes de Santa Catarina,ao comando do Coronel Teixeira Nunes, e "a maior lança farrapa" (Tasso Fragoso) bateram e dispersaram a Divisão Paulista, ou Divisão da Serra, que invadia o Rio Grande, a partir de Lages, em Santa Catarina, em apoio à atual 3a. RM, para levantar o sítio de Porto Alegre.

O ano de 1840 foi, inicialmente, de equilíbrio. Assumiu o comando imperial o General Manoel Jorge Rodrigues, decidindo logo por atacar os republicanos que sitiavam Porto Alegre.

Planejou desbordar o sítio, como o tentara duas vezes, sem êxito, o General Elzeário. Só que agora, com mais forças e depois de operar junção na margem direita do rio Caí, com coluna ao mando do Brigadeiro Oriental Izaías Bonifácio Calderon, após partir do canal de São Gonçalo, próximo a Pelotas, e atacar Caçapava, a capital da República. Como resultado desta manobra, aconteceu, em 3 de maio de 1840, a indecisa batalha de Taquari e, no campo estratégico, a consolidação do sítio republicano a Porto Alegre.

O grande endividamento interno e externo da República abalou seu crédito por esta época, com reflexos negativos no apoio logístico à guerra e na unidade do movimento. Tiveram, então, lugar as primeiras gestões visando à pacificação, circunstância coincidente com a maioridade de D. Pedro II.

Em 10 de julho de 1840, já com o Partido Liberal novamente no poder, teve lugar o mais sangrento combate da Revolução, em São José do Norte, mas assinalado por nobres gestos dos comandantes rivais - Bento Gonçalves e o Coronel Antônio Soares de Paiva. A falta de Infantaria tornou-se gritante para os republicanos.

Em 14 de maio de 1841, Bento Gonçalves reassumiu a Presidência em São Gabriel.

 

SoaresAndréa levanta o sítio de Porto Alegre

Assumiu a Presidência do Rio Grande e o comando da 3ª RM o General Soares Andréa, o futuro Barão de Caçapava. Concentrou seus esforços em obrigar os republicanos a levantar o sítio de Porto Alegre.

Andréa, com o concurso de forças navais e terrestres em torno de Porto Alegre, tentou cercar os republicanos que a sitiavam.

Lançou contra eles, a partir de Santa Catarina, uma Divisão ao comando do General Pedro Labatut, reedição da malograda Divisão da Serra. Assim, a 3ª RM serviria de bigorna e a Divisão Labatut, de martelo. Em Taquari, interposto entre Porto Alegre e Campanha, Andréa deixou forte efetivo, destinado a cortar a retirada dos sitiantes de Porto Alegre, pretendida reedição da armadilha da ilha do Fanfa.

Para fugir da armadilha, Canabarro e Bento Gonçalves, sucessivamente, deixaram o sítio de Porto Alegre e marcharam para Cima da Serra, ao encontro de Labatut, visando também atingir a Campanha por um amplo movimento desbordante, que foi o mais épico feito terrestre farrapo.

Eles anularam a manobra de Labatut, conseguiram atingir a Campanha, por Santa Maria, desbordando Taquari, mas enfraqueceram o sítio de Porto Alegre.

Andréa, apesar do insucesso de Labatut, conseguiu uma grande vitória estratégica, alternativa da derrota pretendida dos sitiantes, ou seja, obrigá-los a levantar, em definitivo, o sítio de Porto Alegre. A partir dessa vitória, as forças imperiais de terra, com apoio naval, foram- se espraiando e se fixando em pontos fortes, bem como ao longo das barrancas norte do rio Jacuí e afluentes e, ainda, confinando os republicanos na Campanha Rio-Grandense e nas Missões (São Borja e Cruz Alta). A região de Cima da Serra passou ao controle imperial.

 

A Expedição do General João Paulo dos Santos

O General João Paulo dos Santos Barreto, agora Comandante da 3ª RM, concentrou seu exército de 5 mil homens, na região de Cachoeira (Passo São Lourenço). Sua estratégia era penetrar na Campanha e travar uma batalha campal com os republicanos. E, assim, procedeu uma longa marcha pela Campanha, de 4 de março a 13 de junho de 1841, ao longo da qual sofreu uma guerra de desgaste ou de recursos, eufemismo de guerras de guerrilhas.

Chegou ao final, na estância do Carmo, margem direita do Ibicuí, em 21 de julho de 1841, destituído do comando, com a Cavalaria quase a pé e a Infantaria extenuada e desfalcada pela peste, disenteria e deserções.

Enquanto acreditava estarem os republicanos fugindo de um combate decisivo, estes estavam desenvolvendo uma guerra de guerrilhas, típica da área, chamada de guerra de recursos ou guerra à gaúcha.

Aproveitando o insucesso dessa manobra, imaginaram os republicanos um ataque a Rio Grande, que não foi efetivado, mas preocupou seriamente a Corte.

 

O Marechal Pereira Valente comprime a mola do Apoio Logístico

O Governo Central, desde março sob controle dos líderes do Partido Conservador, substituiu no Comando da 3ª RM o General João Paulo pelo Marechal Tómas Joaquim Pereira Valente, Conde do Rio Pardo.

Este, durante o longo período de 14 meses, não alterou o quadro estratégico. O esforço operacional do Império voltava-se então para Minas e São Paulo. Mas se dedicou a preparar-se logisticamente, ou seja, refazer-se dos desgastes sofridos pelo General João Paulo. Recebeu reforços de 5.450 homens, ou metade do efetivo total de 11 mil enviados ao Sul, desde 1835.

As revoluções liberais de Minas Gerais e São Paulo haviam trazido um alento moral aos republicanos. Mas este espírito pouco perdurou, pois a discórdia entre os republicanos já começara a lavrar. Discórdia que se evidenciou mais tarde, na instalação da Assembléia Constituinte, em Alegrete, em 1º de dezembro de 1842, ocorrida cerca de 20 dias depois de Caxias haver assumido, em Porto Alegre, a Presidência da província, cumulativamente com o comando da 3ª RM.

5a fase - A pacificação do Rio Grande por Caxias

(5 de novembro de 1842 - 1º de março de 1845 - cerca de 28 meses)

Ao assumir a Presidência e o comando da 3ª RM, em 9 de novembro de 1842, Caxias, precedido da justa aura de Pacificador do Maranhão, São Paulo e Minas Gerais,encontrou o seguinte quadro estratégico:

O Plano Estratégico de Caxias

Caxias iniciou a campanha transportando, por terra, sete mil cavalos de Rincão dos Touros, em Rio Grande, após fixar Netto em Piratini, e Canabarro face ao Passo São Lourenço. Atravessou o São Gonçalo no Passo da Barra. Depois de costear a Lagoa dos Patos e o rio Jacuí, por cerca de 80 léguas, atingiu o Passo São Lourenço.

Em que pese à desgastante e persistente ação do Exército da República, sob a liderança de Canabarro, para evitar o combate (guerra de recursos), Caxias saiu-se vitorioso. Conseguiu:

1. conquistar superioridade em cavalhada frente aos republicanos e, com isto, superá-los em mobilidade ou capacidade de manobrar;

2. ocupar as povoações na Campanha e Missões com Infantaria e Polícia e fortificá-las, quando necessário, com trincheiras - caso de Canguçu - ou com fortes - caso de São Gabriel (Forte Caxias) e Santa Maria (Forte da Imperatriz);

3. melhorar as fortificações de Rio Grande e Porto Alegre (bases navais e terrestres);

4. abrir as fronteiras nos rios Uruguai e Quaraí e em Santana do Livramento, ao recebimento de cavalos adquiridos no Uruguai e Argentina;

5. fechar estas fronteiras para o mesmo fim aos republicanos;

6. fazer transportar sua Infantaria a cavalo e abrir mão da Artilharia de Campanha, para maior mobilidade, conservando-a em sua Divisão;

7. com o concurso dos caudilhos Oribe e Rosas, fechar as fronteiras, em Santana do Livramento e nos rios Quaraí e Uruguai, às imigrações dos republicanos;

8. estimular, no Rio Grande, no Uruguai e na Argentina, a reação e a cooperação econômica e militar de imperiais ou dissidentes dos republicanos imigrados naqueles países, ou por eles neutralizados no Rio Grande;

9. desenvolver, em Passo do Rosário, Rincão Del- Rey, em Rio Pardo, e no Ricão dos Touros, em Rio Grande, junto ao canal São Gonçalo, invernadas de cavalos para manter a mobilidade de seu Exército superior à dos republicanos;

10. não levar a guerra contra a população civil, estimulando-a a sobreviver economicamente e não requisitando dela recursos, como já havia feito o General João Paulo (mandou inclusive recuperar a igreja de Canguçu, que estava quase em ruínas);

11. proteger a invernada de Rincão dos Touros, inclusive com auxílio da Marinha, no corte do São Gonçalo, e com expedições preventivas contra a Serra dos Tapes (Canguçu e Piratini), de onde podiam partir ataques;

12. oferecer o perdão e a anistia aos que depusessem armas (Decreto de 18 de dezembro de 1844);

13. tratar da paz em condições honrosas, negociar com firmeza, mas em alto nível de consideração aos negociadores republicanos, não transigindo com propostas de separação do Rio Grande do Império;

14. conservar para si a direção estratégica da guerra e atuar taticamente, com o concurso de oficiais rio-grandenses especializados naquele modo de luta típica das coxilhas que se estava travando. Assim recorreu ao Brigadeiro Bento Manoel e ao Tenente Coronel Francisco Pedro de Abreu, ou Chico Pedro, conhecedores da terra e gente rio-grandense;

15. lançar no centro do "reduto mais farrapo", a Serra dos Tapes (Piratini e Canguçu), com base de operações em Canguçu, atual nó orográfico desta serra, a Ala Direita do seu Exército, ao comando do citado Tenente Coronel Francisco Pedro de Abreu, o célebre Moringue, o mais competente guerrilheiro da 3ª RM;

16. lançar no momento decisivo, suas reservas em cavalos, de Rincão dos Touros, para fechar a fronteira do Jaguarão à Revolução, ao único apoio externo que recebiam através do General Rivera;

17. conduzir a guerra no inverno, para provocar o desgaste das cavalhadas republicanas e de seus soldados, por lhes negar apoio nas povoações, quebrando uma tradição de interromper a guerra nesta época do ano;

18. desenvolver esforços para arruinar a cavalhada republicana. Isto por obrigá-los à intensa movimentação, ao combate no inverno, por fechar-lhes as fronteiras à importação de cavalos, por localizar e tomar suas invernadas e proteger as invernadas imperiais de Passo do Rosário, Rincão Del Rey e Rincão dos Touros de incursões como a que aconteceu, com êxito, em Passo do Rosário e uma, malograda, sobre Rincão dos Touros;

19. procurar apressar a paz, para prevenir interferência de Rosas e da Inglaterra, que esboçou desejos de proteger os farrapos, segundo Antônio da Fontoura em seu Diário.

Não se travaram encontros expressivos nesta fase. Os mais significativos foram os de Ponche Verde, a surpresa de Porongos, os dois combates de Canguçu e o combate de Serro de Palma, em Candiota, última vitória republicana.

Em 1º de março de 1845, em Ponche Verde, foi selada a Paz da Revolução Farroupilha.

Foi o reencontro da Família Brasileira, envolvida em lutas fratricidas desde 1831.

Por desejo dos revolucionários, Caxias foi mantido na presidência da Província e no comando da 3ª RM. De Ponche Verde a Bagé e depois até Porto Alegre, Caxias foi ovacionado.

Ligou-se, desde então, afetivamente aos rio-grandenses republicanos, que se tornaram seus amigos e colaboradores nas guerras externas contra Oribe e Rosas (1851-52), e da Tríplice Aliança contra o Paraguai (1865-70).Gaúchos que o elegeram para representá-los no Senado, o que fez por cerca de 30 anos até falecer .

Paz de D .Pedrito(em Ponche Verde e Margem do Santa Maria)

Quando tiveram início as negociações de paz, que culminaram em Ponche Verde, segundo Henrique Oscar Wiedersphan, os farrapos reconheciam a precariedade de sua situação: confinados a uma área da Província quase sem recursos, sem disporem de nenhuma vila ou povoado como base de suas operações, ou para servir de sede ao que restava do governo e da administração civil, vagando sem destino certo e procurando evitar um confronto com a coluna principal de Caxias.

D. Pedro II decidiu, ainda, terminar a guerra nas condições propostas pelos farroupilhas, basicamente estruturadas por Bento Gonçalves, e disso encarregou Caxias que, desde então, declarou:

"estar disposto a carregar com qualquer responsabilidade que possa sobreviver, uma vez que tenho consciência que o bem da província é do Brasil".

 

Por estar doente, Bento Gonçalves mandou o pelotense Ten Cel Ismael Soares da Silva representá-lo em reunião convocada por David Canabarro, para deliberarem sobre a paz. Independente da representação, mandou sua opinião a respeito, que sintetizamos na carta a Canabarro, de 22 Fev 1845, da Estância do Velho Netto:

 

"Tendo emitido minha opinião, resta repetir-vos que a paz é absolutamente necessária, que os meios de prosseguir a guerra se escasseiam, o espírito público (opinião pública) está contra qualquer idéia que tenda a prolongar seus sofrimentos, classificando de caprichosa a continuação da atual. Uma conclusão é sempre preferível aos azares de uma derrota e a história antiga e moderna nos fornecem mil exemplos que não devemos desprezar".

E, em carta de 6 de março de 1845 a Dionísio Amaro da Silva, cinco dias depois da paz de Ponche Verde, Bento Gonçalves faz justiça a Caxias ao escrever:

"Sabes melhor que ninguém que aceitei as negociações da Paz ao ponto de ir contigo ao Campo do Barão de Caxias, depois de muitas viagens que para aquele efeito ali havia ido. Sabes que mesmo o Barão de Caxias havia acordado o meio de uma paz que só conseguimos algumas vantagens pela generosidade do Barão de Caxias. Deste homem, verdadeiramente amigo dos rio-grandenses, que não podendo fazer-nos publicamente a Paz, por causa da péssima escolha dos negociadores e da estupidez sem igual dos que a dirigiram, nos fez o barão o que já não podíamos esperar, salvando assim, em grande parte, nossa dignidade".

 

Finalizando a carta escreveu:

"Sigo para a minha pequena fazenda, unicamente com a ingente glória de achar-me o homem, talvez, mais pobre do país".

Bento Gonçalves, em realidade, foi que fez as primeiras sondagens de paz com Caxias, das quais resultou o esboço que se concretizou.

Caxias, então, mandou responder a Bento Gonçalves que dissesse as condições de paz solicitadas pelos farrapos, e que desde que não fosse a separação da Província, podiam pedir o que quisessem, pois tinha poderes para tratar do assunto e, ainda, que o envio de emissários à Corte era só para preencher formalidades.

Assinada a paz, Caxias teve dificuldades, por pressão dos escravocratas, de cumprir a "cláusula IV:

"São livres e como tais reconhecidos todos os cativos que serviram à República Rio-Grandense".

 

Os escravocratas julgaram-na uma afronta ao direito de propriedade. Chegaram a exigir o cumprimento do artigo 5 das Instruções Reservadas de 18 Dez 1844, enviadas a Caxias:

"5º - os escravos que fizeram parte das forças rebeldes apresentadas serão remetidos para esta corte à disposição do Governo Imperial que lhes dará o conveniente destino".

Canabarro entregou 120 soldados negros dos célebres Lanceiros Negros Farrapos, do 1º Corpo de Lanceiros e outros de um Batalhão de Caçadores para serem levados para a Real Fazenda de Santa Cruz no Rio de Janeiro, inicialmente como escravos estatizados.

Mas o Barão resistiu à pressão. Concedeu-lhes a alforria prometida. Aplicou ,então, o Aviso Ministerial de 19 de novembro de 1838, que assegurou liberdade a todos os soldados republicanos ex-escravos que desertassem de suas fileiras e se apresentassem às fileiras imperiais.

Assim, entre cumprir a instrução reservada que implicava manter como escravos, fora do Rio Grande, os negros que lutaram pela República, e libertá-los totalmente, conforme a Convenção de Ponche Verde, o Barão conciliou a divergência, libertando os soldados negros da República e os incorporando como soldados ao Exército nas unidades de Cavalaria Ligeira da 3ª RM, onde prestaram assinalados serviços, inclusive em Monte Caseros. Com isso, Caxias tornou-se pioneiro abolicionista, glória que a 3ª RM partilha.

Ninguém parte para uma revolta ou revolução sem motivos. E os que as lideraram merecem o respeito histórico da posteridade, pois contribuíram com suas vidas, sangue e sacrifícios para alicerçarem a Pátria Brasileira.Nestas circunstâncias, o Duque de Caxias, patrono do Soldado do Brasil e da Academia de História Militar Terrestre do Brasil ,deve servir de oráculo na busca mais adequada de solução em determinada conjuntura de confrontos entre irmãos brasileiros. Além do título de Pacificador , o historiador e jornalista Barbosa Lima Sobrinho o chamou de Patrono do Instituto Jurídico da Anistia no Brasil .Esta parece ser a mais preciosa lição a retirar-se da lutas internas do período monárquico. Nelas, encontram-se subsídios valiosos a serem estudados interdisciplinarmente para orientar uma nova dimensão da História Militar, que deve ser estudada não só para melhor conduzir-se a pacificação militar de outras, mas também para isolar os fatores responsáveis por suas eclosões a serem colocados à disposição das lideranças nacionais .E Caxias nos fornece lições imortais como se viu .


21 - A REVOLUÇÃO PRAIEIRA 1848 -1849 EM PERNAMBUCO

Generalidades

De 1844-1848 o Pardido Liberal dominou politicamente Pernambuco. Ao ser substituído pelo Conservador em 1848,produziram-se grandes reações que seriam o combustível para a derradeira maior revolta no período monárquico- a Praieira em Pernambuco.

Nome Praieira derivado da rua da Praia no Recife ,local da sede do jornal o Diário Novo, porta voz dos liberais locais. Segundo Joaquim Nabuco em Um estadista do Império:

"O povo pernambucano acreditava que possuía dois inimigos que o impediam de ganhar a vida e desfrutar algum bem -estar .Eles eram os portugueses que monopolizavam o comércio das cidades e os senhores de engenho que monopolizam a terra no interior .A guerra dos praieiros era feita contra estes dois elementos, daí o seu caráter social mais do que político."

E os praieiros terão a adesão sucessiva de dois líderes republicanos Borges da Fonseca e Nunes Machado. Os liberais tiveram na liderança militar Pedro Ivo Veloso da Silveira.As violências e abusos de autoridades do interior iriam detonar a revolta Praieira.

 

Desenvolvimento da Revolução Praieira.

 

A revolução teve início com concentrações praieiras em Igaraçu que a seguir rumaram para Nazaré.E depois isolaram as comunicações de Recife com o interior.Eles conseguiram o apoio de 300 guardas nacionais treinados sob o controle de chefes liberais.

Os praieiros ,a par de medidas militares ,desencandearam vigorosa campanha contra o governo de Pernambuco visando desestabilizá-lo por voltar o povo contra ele.

E o governo local reagiu.Expediu contra os revolucionários o Chefe de Polícia com apoio de 100 policiais.Sentiu essa autoridade ser impotente para resolver a questão.

Em 10 nov 1848, o cel José Vicente de Amorim Bezerra, com o seu 4 o Batalhão de Artilharia de Posição, reforçado por 80 guardas nacionais e policiais, recebeu a missão de dar combate aos revolucionários.E retraindo sob pressão do governo ,os revoltosos chegaram à região do engenho Mussupinho onde foi travado violento combate com vitória dos legais.Combate descrito pelo cel José Vicente ao presidente de Pernambuco nestes termos:

"Comunico que força ao meu comando obteve o mais completo triunfo no lugar Mussupinho,concentração dos rebeldes.

O combate durou 3 horas e foi renhido e sangrento.Os desalojei levando-os a completa debandada até vasta distância do acampamento.

Desarmei os prisioneiros .Não persegui fugitivos por estar fora de combate o clarim(corneteiro)de Cavalaria e eu não podendo fazer executar os toques para que a Cavalaria fizesse carga.Em seguida mandei a Infantaria ao encalço dos revoltosos derrotados, apresentando-se alguns deles.

A perda do inimigo foi considerável -18 mortos e uma grande parte de feridos.Ficaram em nosso poder 56 prisioneiros e grande porção de armamento e cartuchos,3 barris de pólvora,muitas pedras de ferir(silex) e uma corneta.

Nossa perda foi de 10 mortos e poucos feridos."

Pouco depois chegava ao Recife o deputado Joaquim Nunes Machado ,um dos mais importantes líderes da área liberal oficialmente ,mas em realidade republicano.E sob a liderança dele praieiros reuniram-se nas matas de Catuca.

Ali o jornalista liberal(republicano) Borges da Fonseca redigiu um manifesto dirigido ao mundo ,manifestando idéias liberais avançadas praticadas no ano anterior na Europa e que haviam culminado com a derrocada da Monarquia na França.

O Manifesto ao Mundo

Escrito por Antônio Borges da Fonseca, continha as assinaturas dos principais chefes militares da revolta e propunha a luta por um programa de dez pontos, assim resumido por Caio Prado Jr.:

1º - Voto livre e universal do povo brasileiro.

2º - Plena liberdade de comunicar os pensamentos pela imprensa.

3º - Trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro.

4º - Comércio a retalho para os cidadãos brasileiros.

5º - Inteira e efetiva independência dos poderes constituídos.

6º - Extinção do poder moderador e do direito de agraciar.

7º - Elemento federal na nova administração.

8º - Completa reforma do poder judicial em ordem a assegurar as

garantias individuais dos cidadãos.

9º - Extinção do juro convencional.

10º - Extinção do atual sistema de recrutamento.

 

As tropas legais investiram Catuca, onde os revulucionários praticavam ações guerrilheiras Acuados, retiraram-se para a cidade de Goiana ,berço natal do heroico tenente Conrado morto no combate à Balaiada, com grande pesar de Caxias.

E novamente se concentraram em Igaraçu.

No Natal de 1848 assumiu a presidência de Pernambuco o dr Manuel Vieira Tosta .Demonstrando vontade política de pacificar, distribuiu proclamação assegurando justiça e oferecendo perdão aos praieiros de armas nas mãos.

Os praieiros responderam com concentração em Agua Preta de cerca de 2.000 homens dispostos a atacar o Recife , que levaram a efeito na manhã de 2 fevereiro 1849.

A defesa do Recife esteve a cargo do citado cel José Vicente ,comandante da Artilharia a Pé .E foi travado violenta batalha que envolveu ruas e praças do Recife,chegando os defensores em muitos momentos temerem pela perda da vitória.

Em fins de 1848, o baiano Manuel Vieira Tosta chegou a Recife como presidente da província, com instruções precisas para sufocar o Diário Novo e outros periódicos "liberais" e prender os deputados praieiros.

Apoiado nas tropas que o acompanhavam, Vieira Tosta fez bem mais do que isso, estabelecendo um verdadeiro regime de terror. Tipografias foram fechadas e seus proprietários encarcerados; assim como os jornalistas do Diário Novo. Depois vieram os recrutamentos forçados, as invasões de residências a qualquer hora do dia ou da noite, os saques sob o pretexto da "busca de rebeldes".

Submetidos a torturas, muitos confessaram delitos que jamais cometeram. 0 ponto alto da violência foi atingido após o dia 2 de fevereiro de 1849, quando a coluna de Pedro Ivo ocupou quase toda a capital, deixando atrás de si um amontoado de cadáveres. Ao saber da morte de Nunes Machado (um dos líderes da Praia), durante os combates de 2 de fevereiro, Vieira Tosta ordenou a recuperação do corpo, exposto a seguir nas ruas de Recife, enquanto os guabirus davam vivas ao imperador. Em menos de 24 horas foram feitas mais de trezentas prisões, lotando as cadeias e os porões imundos e abafados dos navios de guerra.

No final do movimento, a rendição dos rebeldes desmascarou a verdadeira intenção do governo, oculta pelas promessas de perdão. Preso no Rio de Janeiro, Pedro Ivo foi enviado para a fortaleza da Laje, depois de sofrer uma pesada condenação. Muitos de seus companheiros tiveram a mesma sorte. Borges da Fonseca permaneceu incomunicável durante meses na fragata Paraguaçu. Outros combatentes foram trancafiados nos porões dos navios de guerra.

Alguns rebeldes foram desterrados para a ilha de Fernando de Noronha; outros foram mantidos a ferros em suas próprias residências.

A repressão tornou-se tão feroz que o próprio governo central resolveu confiar a província a Carneiro Leão, encarregando-o de suavizar as drásticas medidas de seu antecessor.

Exercício

Estudar a ideologia subjacente ao programa Manifesto ao Mundo .


 

22 - A REVOLTA DOS MUCKERS DO FERRABRAZ NO RIO GRANDE DO SUL 1875

Nos anos de 1873-74, sendo comandante da 3ª RM o Marechal de Campo Vitorino Carneiro Monteiro e barão de São Borja, teve lugar em São Leopoldo o episódio conhecido como A Revolta dos Muckers do Ferrabraz, que terminou provocando a intervenção de forças da 3ª RM para combatê-la.

O triste episódio de fanatismo religioso, aliado a intrigas de colonos e autoridades e falta ou deficiência de informações exatas, terminou por provocar uma tragédia social que melhor poderá ser avaliada politicamente pelo leitor e historiador interessado na leitura das seguintes obras, entre outras:

 

SHUPP, Ambrósio (padre jesuíta). Os Muckers(mais de uma edição).

PETRY, Leopoldo. Episódio do Ferrabraz – Os Muckers. São Leopoldo:

Ed. Rotermund, 1957.

DOMINGUES, Moacyr, Cel av. A Nova face dos Muckers. São Leopoldo:

Ed. Rotermund, 1977.

 

O cenário da revolta foi a linha Ferrabraz em Sapiranga, tendo envolvido as localidades atuais de Campo Bom, Lomba Grande, Novo Hamburgo sob a liderança do casal João Jorge e Jacobina Maurer.

A falta de habilidade policial, instigada por acusações exageradas, terminou por acirrar o ódio entre os colonos que seguiam o casal Maurer, contra a situação de vexame que lhes impunham autoridades e vizinhos. O conflito com os muckers foi se agravando ao ponto de o Presidente da Província, Dr. João Pedro Carvalho de Moraes, determinar à 3ª RM a intervenção na revolta.

E sob o comando do Cel Genuíno Olímpio de Sampaio, herói da Guerra do Paraguai, a 3ª RM, destacou um forte contingente de 500 homens de Infantaria, Cavalaria e Artilharia nucleado pelo 13º BC de Porto Alegre (que deu origem à atual OM de Infantaria de Jaboatão/PE).

Ao escurecer de 28 jun 1874, o Cel Genuíno ordenou um ataque sobre a casa dos Maurer esperando obter sua prisão.

Mas o Cel Genuíno teve a surpresa. Os Muckers entrincheirados em troncos de árvores, depressões de terreno que conheciam muito bem, reagiram violentamente ao custo de 4 mortos e 30 feridos.

Sendo noite, o Cel Genuíno determinou o retraimento para 10 Km à retaguarda, em Campo Bom atual.

Decorridos 21 dias, em 19 Julho 1874, o Cel Genuíno com reforços recebidos, inclusive 150 colonos alemães voluntários, atacou novamente o reduto mucker na casa do casal Maurer.

O ataque e reação foram violentos! Morreram na reação 12 homens e 8 mulheres muckers. Foram presos 6 homens e 36 mulheres. Poucos conseguiram fugir.

Cerca de 17 muckers se retiraram para outro reduto. Eles constituíam parte das lideranças mais expressivas. Para o Cel Genuíno pareceu que a vitória tinha sido completa.

Ao amanhecer de 20 jul 1874, o acampamento legal foi atingido por tiros de tocaia, disparados de mato próximo. E teve lugar cerrado tiroteio. O Cel Genuíno teve cortada com um tiro uma artéria da coxa, vindo a perecer, após esvair-se, em sangue, sem o socorro do médico que se deslocava-se para São Leopoldo com os feridos.

A tropa do Exército, após combater no dia 21, retraiu novamente para Campo Bom. Assumiu o Comando o Cel Cézar Augusto.

Em 21 set 1877, novo ataque ao reduto dos muckers foi repelido, com 5 mortos e 6 feridos do Exército.

Em 25 set 1874, força civil composta de colonos de Sapiranga, Taquara, Dois Irmãos e outras picadas tentaram, sem êxito, um ataque ao reduto mucker.

Foi aí que o Cap. Francisco Clementino Santiago Dantas, que participara dos ataques iniciais ao lado do Cel Genuíno, se ofereceu ao Presidente do Estado para comandar o ataque final.

E, em 2 ago 1874, decorridos 35 dias do início das operações contra os muckers, o Cap. Santiago Dantas atacou o último reduto dos fanáticos. No renhido combate pereceram 17 muckers, dos quais 13 homens e 4 mulheres.

Os muckers, presos antes e durante a luta, após processo em que foram condenados, apelaram e foram libertados em 1883.

Os muckers sobreviventes, para fugir às perseguições dos habitantes do lugar, mudaram-se para Terra dos Bastos, em Lageado. Lá, no Natal de 1898, foram atacados e chacinados por colonos da Picada de Maio, por acreditarem terem sido os muckers os assassinos bárbaros da Sra. Shoroeder, vítima, em verdade, de seu marido, que a matara para casar com outra. Verdade que só veio à luz depois do linchamento dos muckers inocentes.

Participaram do combate aos muckers os mais tarde coronéis Carlos Teles, que será sitiado por 45 dias em Bagé, e João Cézar Sampaio, que o libertou em 8 jan 1894, á frente da Divisão do Sul. O último era genro do indigitado Cel Genuíno, morto no Ferrabraz. Ambos, Carlos Teles e Sampaio, destacar-se-iam por feitos heróicos em Canudos.

Nesse tempo, a 3ª RM sentia os maléficos efeitos do Regulamento de Ensino do Exército de 1874, de cunho bacharelesco, e de sua subordinação direta ao Presidente do Estado (atual).

No episódio do Ferrabraz, tropas da 3ª RM, sem disporem de um desejável sistema de Informações, foram lançadas numa operação sangrenta, fruto da mobilidade das autoridades de São Leopoldo e da Província. Em Canudos, isso se repetirá em maiores proporções.

O General da Reserva Flávio Oscar Maurer, natural de Campo Bom, ex comandante do 19º BI Mtz, em São Leopoldo, 1990-91, e com curso de Estado-Maior na Alemanha, e que foi chefe do EM/CML é descendente direto de um irmão de João Jorge Maurer. Ele tem estudado o episódio dos Muckers e nos formulou a seguinte opinião a complementar as obras citadas do padre Shupp, Leopoldo Petry e Cel Moacyr Domingues.

Julga que a que mais se aproximou da realidade foi Videiras de Cristal, de Antônio Assis Brasil. Mencionou que a resistência dos muckers contou com o concurso de colonos veteranos da Guerra do Paraguai; que os muckers foram colonos que ocuparam o Ferrabraz no centro do triângulo balizado por Novo Hamburgo, Taquara e Gramado, povoado por imigrantes alemães agricultores; que os colonos sem assistência médica, religiosa e educacional entraram num processo de decadência social seguido de empobrecimento.

Nesse quadro de abandono despontaram as lideranças de João Jorge Maurer, um curandeiro a quem os colonos confiavam sua saúde.

A par disso, sua esposa Jacobina, na falta de padres e pastores, passou a interpretar a Bíblia e assim a desfrutar grande credibilidade que aumentou com seus ataques epilépticos, atribuídos e explorados como encontros com Deus.

Jorge Maurer, cuidando do corpo, e sua esposa, do espírito de um povo abandonado nas matas e grotas, facilmente exerceram liderança que resultou no triste episódio de revolta que tantas vidas imolou.

Mencionou que os colonos vindos para povoar a região citada eram originários da região de Henruch, no SO da Alemanha, e hoje estado, onde, na época, havia grande miséria decorrente do arrasamento sofrido pelas tropas de Napoleão ao se retirarem derrotados pelo General Inverno, na Rússia.

Ë neto de uma Maurer o Gen Ex Virgílio Ribeiro Muxfeldt ,atual comandante do CMNE ,conforme nos relatou .Sua avó foi retirada menina do local antes do confronto final ,salvando-se deste modo .

O DUQUE DE Caxias

( A presente abordagem é uma adAptação DIDáTICa DE NOSSO TRABALHO INËDITO CAXIAS E A UNIDADE NACIONAL DISPONIVEL NO SITE DA AHIMTB

www.resenet.com.br/users/ahimtb elaborado para o bicentenário de nascimento de caxias em 2003

 

A sua significação histórica

Caxias prestou ao Brasil mais de 60 anos de excepcionais, inigualáveis, relevantes serviços como político, administrador público e soldado de vocação e de tradição familiar, a serviço da Unidade, da Paz Social, da Integridade e da Soberania do Brasil Império.

Foi consagrado patrono do Exército Brasileiro em 13 março de 1962:

Por ter vencido seis campanhas militares (quatro internas e duas externas), dirigido o Exército de forma marcante e muito fecunda como Ministro da Guerra em quatro oportunidades (1855/58, 1861/62 e 1875/78, cumulativamente como Chefe do Governo do Brasil, na condição de Presidente do Conselho de Ministros.

Seu aniversário, em 25 de agosto, passou a ser considerado o Dia do Soldado do Exército Brasileiro. Podemos falar de Caxias como profissional, como cidadão e como ser humano.

Caxias o profissional militar

 

Foi:"o chefe integral do Exército, o seu modelo, a sua alma, a imagem maravilhosa do espírito que nele deve vibrar, a síntese mágica das virtudes e brios de que ele deve estar imbuído".

Pedro Calmom)

também

"uma espécie de oráculo para consultas em momentos críticos, para autocríticas e correções de rumos ou na busca da solução mais adequada em determinadas conjunturas complexas".

(Cel Cláudio Moreira Bento)

Como Ministro da Guerra realizou muitas coisas importantes. Entre elas:

Como militar de alto gabarito, sempre sonhou que o Exército Brasileiro possuísse uma Doutrina Militar genuína, vontade que expressou ao baixar as Ordenanças do Exército Imperial do Brasil, calcadas em adaptações das Ordenanças do Exército de Portugal às realidades operacionais do Brasil, que vivenciara pessoalmente na chefia vitorioso de cinco campanhas militares.

Nelas, conduziu o Exército Brasileiro à vitória, fazendo, no entanto, uma ressalva:

"até que o nosso Exército possua uma Tática (Doutrina) genuinamente nossa".

A Doutrina usada na Guerra do Paraguai, não deixou margens a quaisquer críticas.

 

O pioneirismo e o esforço de Caxias foram focalizados pelo pensador brasileiro Raposo

Filho.

"Caxias, além de militar de vocação, como demonstra sua vida e obra, foi militar de tradição: conviveu com 11 marechais em sua família; era bisneto, neto, filho, sobrinho, tio e irmão de destacados infantes."

 

Como grande conhecedor das Artes e Ciências Militares

 

Os livros - textos usados eram predominantemente de cientistas e generais franceses e constam da obra referenciada na Bibliografia.

Tiveram influência na sua formação militar as obras sobre fortificações em campanha do General e Barão Gay de Vernon e do Conde de Cessac sobre Estratégia, Tática e Serviço em Campanha.

Gay de Vernon organizou a defesa da França nos Pirineus: dirigiu o Bureau de Guerra em 1795; presidiu o Conselho de Estado em 1803; foi Ministro da Guerra em 1808 e Inspetor Geral da Infantaria em 1814.

Escreveu obras como O Guia do Oficial em Campanha, em 1786, em 2 volumes; Projeto da Organização do Exército da França (1789) e Arte Militar (Tática e Estratégia), editado depois da Revolução Francesa.

 

"Que a disciplina (doutrina) militar prestante não se aprende na fantasia, senão vendo,( estudando a História Militar) tratando(fazendo exercícios militares ) e pelejando( combatendo )."

Confira a sua vivência castrense :

De 1823 a 1828, atuou expressivamente como ajudante do Batalhão do Imperador na Guerra da Independência na Bahia e na Guerra Cisplatina, em Montevidéu.

De 1831 a 1840, foi peça - chave na segurança da Corte no subcomando do Batalhão Sagrado e da atual Policia Militar .

De 1839 a 1845, comandou o dispositivo militar que pacificou o Maranhão e adjacências, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.

De 1851 a 1852, comandou, no mais alto nível, as armas do Brasil na vitória militar contra Oribe e Rosas.

De 1868 a 1869, comandou a fase decisiva da Guerra do Paraguai.

 

A adaptação às realidades operacionais sul-americanas da Arte da Guerra de Napoleão, em especial o conceito de que "a guerra é uma arte toda de execução"

Evoluções operacionais na Guerra do Paraguai semelhantes às da Guerra de Secessão nos Estados Unidos. Um exemplo eloqüente foi o de Caxias adquirir dois balões dos irmãos Allen, balonistas norte-americanos, que haviam atuado para o Gen Lee na Guerra de Secessão. Os oficiais brasileiros subiram nestes balões e puderam realizar reconhecimentos, como também confeccionar os croquis da área para a realização da vitoriosa marcha de flanco sobre Humaitá.

Isto é confirmado pelo pontoneiro, capitão Jacob Franzen, que conduziu Caxias de lancha para se certificar se dos locais na foz dos afluentes do Chaco haviam sido removidos entulhos para facilitar o embarque e o desembarque de tropas.

Acredita-se que a correspondência mais importante, por descontraída e reveladora de aspectos de seu pensamento militar, era a enviada ao seu irmão Barão de Tocantins e a sua esposa.

Seu irmão citado ao pressentir a morte, mandou queimar todos os seus papéis e com ele a correspondência recebida de Caxias.

A sua esposa pedia sempre:

"Não fales em cousas de guerra com outras pessoas para não colocar-me em má posição, pela possibilidade de não conseguires transmitir com fidelidade o meu pensamento."

 

Lamentavelmente, as cartas que escreveu foram extraviadas por seus destinatários.

Caxias, desde 1855, como presidente do Conselho de Ministros, também recebia muitas cartas de brasileiros em missão cultural ou diplomática no exterior, relatando-lhe assuntos de interesse militar, como o demonstra Vilhena de Moraes em "Novos aspectos de Caxias".

 

Nos serões que alimentava em sua residência e nos quartéis - generais, em campanha, colheu e absorveu experiências em Arte Militar por muitos anos. Era muito amigo de conversar após o jantar.

 

Esta característica se comprova no questionário que respondeu, em 1852, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro sobre a Batalha do Passo do Rosário, de 20 fevereiro de 1827, que não assistiu por estar guarnecendo Montevidéu, mas que reconstituiu e interpretou devido apenas a conversas que teve com participantes brasileiros, uruguaios e argentinos, de 1827 a 1852.

O trabalho foi reproduzido pela Revista do Instituto Histórico do Rio Grande do Sul, em 1927 (alusivo ao centenário da Batalha do Passo do Rosário).

Como líder de batalha, seu grande feito estratégico foi a modelar Manobra de Flanco da posição fortificada de Piquiciri através do Chaco, onde correu Risco Calculado ao sacrificar o Princípio de Guerra da Segurança em benefício do princípio da Surpresa, que obteve, quando desembarcou na retaguarda profunda do adversário em Santo Antônio. Com isso, abreviou a duração do conflito e poupou recursos de toda a ordem e vidas humanas de irmãos brasileiros, argentinos, uruguaios e paraguaios envolvidos no maior conflito até hoje ocorrido na América do Sul e o primeiro com características de Guerra Total entre nações.

 

Como líder de combate, seu maior momento foi na conquista da ponte de Itororó. Ao perceber que o seu Exército poderia ali ser detido, desembainhou sua invencível espada de cinco campanhas, brandiu-a ao vento, voltou-se decidido e convincente para seus liderados e apelou com energia com o brado - "Sigam-me os que forem brasileiros!" Ato contínuo, lançou-se sobre a ponte de Itororó com o seu cavalo de guerra, indiferente ao perigo, arrastando atrás de si todo o Exército detido, para, em seguida, colher expressiva vitória tática.

 

Como pacificador, atuou com sucesso em quatro lutas internas.

Sua derradeira ação foi a de ajudar na solução da Questão Religiosa ou Epíscopo - Maçônica, defendendo e obtendo êxito com a assinatura pelo Imperador do decreto de Anistia, de 17 de setembro de 1875.

 

"Artigo Único. Ficam anistiados os bispos, governadores e outros eclesiásticos das dioceses de Olinda e Pará que se acham envolvidos no conflito suscitado em conseqüência de interditos postos a algumas irmandades das referidas dioceses, e em perpétuo silêncio os processos que por este motivo tenham sido instaurados."

 

Caxias cidadão

Foi o 1o Porta-Bandeira do Pavilhão Nacional, tão logo proclamada a Independência e em solene cerimônia, em 1º de novembro de 1822, na Capela Imperial, quando a recebeu das mãos do próprio Imperador. Ninguém mais do que ele glorificou a bandeira do Império do Brasil que ali recebia.

Possuía grande orgulho nativista por haver sido veterano da Guerra da Independência, na Bahia, como integrante do Batalhão do Imperador, merecendo condecoração alusiva de ouro que sempre ostentou com grande carinho e orgulho e integrou a Sociedade dos Veteranos da Independência na Bahia, sendo o único na condição de sócio efetivo.

Outra atuação importante foi a pacificação da família brasileira em Ponche Verde, em D. Pedrito - RS, em 1º de março de 1845, quando, pioneiro abolicionista, assegurou, a despeito de pressões de escravocratas do Sudeste, liberdade para os lanceiros negros farrapos, incorporados ao Exército como livres na Cavalaria Ligeira do Rio Grande, ao comando dos Generais Osório e Porto Alegre, seus auxiliares na Pacificação.

Caxias- ser humano

"Possuidor de inteligência realista de homem de ação, tudo nele era lucidez, precisão, justeza, objetividade e imaginação concreta e realista. Refratário a sonhos, fantasias e a planejar sobre irrealidade. Considerava as coisas como as coisas eram. Suas qualidades de estadista o levariam a ter sucesso em qualquer atividade que viesse a se dedicar. Possuía um temperamento equilibrado e sólido, calmo e saudável de nervos. Possuía emotividade controlada sem exageros ou desequilíbrios afetivos de qualquer espécie. Um temperamento feito de equilíbrio, força, indulgência e calma, nobreza e magnanimidade. Não lhe faltava coragem física que até lhe sobrava, mas a usava calculadamente no momento exato, como aconteceu em Itororó. Possuía visão clara da natureza humana e o dom de perceber as qualidades dos líderes que enfrentara ou das populações que se propunha pacificar ou em seu seio exercer comandos. Possuía a intuição inata de um psicólogo realista, com a compreensão exata e realista da psicologia dos grupos (dir-se-ia hoje ser possuidor de elevado índice de inteligência emocional. O homem que era inteligente e vivia com inteligência, qualidades que nem sempre andam de braços dados).

Calma objetiva e lúcida, a sua inteligência percebia tudo. Nenhum detalhe escapava ao seu senso observador. Caxias, tendo tudo nas mãos e podendo ser tudo, foi o mais modesto dos heróis, o mais obediente dos cidadãos. Salvaram-no e salvaram os brasileiros as qualidades fundamentais de sua personalidade que lhe conferiram por um lado a calma, a indulgência, a magnanimidade e, por outro lado, a desambição, o desprendimento, a ausência de amor próprio e de vaidade, pois estudando-se Caxias, chega-se à conclusão de que não houve ninguém mais desprovido de vaidade, ambição e sede de poder".

 

"Caxias foi militar íntegro, estadista modelar, sem jamais haver revelado a mínima ambição pelas invulgares honrarias que lhe foram concedidas por seus reais méritos. As sumas dignidades que conquistou e os mais altos postos da hierarquia a que ascendeu não lhe alteraram a formação magnífica de homem probo, sereno, bravo, bondoso, altivo, justo, crente, patriota, educado, esposo e pai amantíssimo, como havia sido filho dedicado e respeitador ."

 

 

"Caxias não possuía um temperamento frio, mas comedido. Não era um emotivo, mas sensível às emoções que sabia dominar. Não era arrogante, mas mantinha, em qualquer circunstância, a dignidade da postura e a reserva de comportamento. Era calmo, tranqüilo, sereno, mas possuía a eloqüência dos gestos e das palavras nos momentos especiais ."

 

"Depois que o Conde da Caxias se despediu em Jaguarão de seus companheiros e amigos, negros, brunos (mulatos) e amarelos, seguiu viagem para Pelotas em vapor".

Mas de acordo com a Democracia Étnica Brasileira, tal crítica vale por um elogio.

Em Santa Mônica, nos primeiros tempos, seu grande prazer era cavalgar. Certa feita, o cavalo assustou-se e Caxias foi ao solo batendo com a cabeça e ficando desacordado. Ao ser exumado, foi encontrada em seu crânio uma fissura restaurada, não se sabendo se foi devido à queda na igreja de Assunção, onde desmaiou, ou se à citada em Santa Mônica.

Um momento muito triste para o Duque de Caxias, segundo testemunhos colhidos por Vilhena de Moraes, e que acelerou seu fim, foi o dia em que, deixando seu quarto no segundo andar, estava sendo esperado por seu filho de criação, o índio maranhense Luís Alves com o seu cavalo encilhado. E, ao tentar alçar-se a sela faltou-lhe perna, o que lhe encheu de profundo desgosto. Após este fato nunca mais quis montar.

Feijó - "E então general, ontem ao lado do povo e hoje contra ele?"

Caxias - "Não senhor! Ontem ao lado da lei e hoje ao lado da lei!"

"Não se pode ser ministro nestes tempos, porque os ingratos e descontentes são muitos... Rogo que o Imperador não se lembre de convidar-me de novo, pois, do cargo, só colho desgostos e despesas e a perda de amizades velhas, sem conservarmos as novas que vêm com o cargo e ficam com ele e com quem manda."

Tinha grande amizade pelo general Osório; formaram uma dupla complementar de líder de Batalha com líder de Combate. Esta amizade, os políticos liberais conseguiram abalar.

Posteriormente, ao se defrontarem no Senado, houve um constrangimento por Osório não ter ido cumprimentar seu velho e grande amigo senador gaúcho pelo Partido Conservador.

Daí por diante, houve um constrangimento recíproco e a política tratou de colocar um fosso entre os dois. Osório faleceria um ano antes de Caxias,como Ministro da Guerra, atirando antes seu charuto no chão e exclamando magoado:

"Morro e esqueço as ingratidões!"

Mas houve uma reconcialiação que constatamos ao escrever sobre esta amizade .O Senador Caxias apoiou um projeto de Osório de transfere6encia dos campos para a conservação das cavalhadas do interior do Rio Grande para junto dos quartéis nas fronteira . E Osório rebateu com veemência uma insinuação maldosa de um senador que Osório havia criticado Caxias ,o que abordamos em Caxias e a Unidade Nacional em www.resenet.com.br/users/ahimtb .

Criou, então o LIVRO de REGISTRO de PRISIONEIROS, relacionando-os.

Este livro foi localizado pelo autor , no Curso de Intendência da AMAN e levado para o Arquivo Histórico do Exército, depois de feita a comunicação ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Ainda em vida e até nossos dias, o povo, a imprensa , estadistas, chefes militares notáveis,pensadores, escritores e historiadores militares têm definido Caxias, entre muitos títulos, com os de "Filho Querido da Vitória", "O Pacificador", "General Invicto", "Contestável", "Escora e Espada do Império do Brasil", "Duque de Ferro e da Vitória", "Símbolo da Nacionalidade", "o Maior Soldado do Brasil", "o maior dos generais sul-americanos", "Alma Militar do Brasil", "Herói tranqüilo e perfeito", etc.

Exercício :Escolha um deles para explicar, justificando sua escolha.

O reconhecimento histórico

O herói

- Homenagens junto à sepultura, no dia do enterro.

"Só a maior concisão, unida à maior singeleza é que poderá contar os seus feitos! Não há pompas de linguagem! Não há arroubos de eloqüência capazes de fazer maior esta individualidade, cujo principal atributo foi a simplicidade na grandeza."

(Alfredo de Taunay)

"Se houve quem prestasse serviços excepcionais ao Brasil, foi o Duque de Caxias. Se houve quem menos os fizesse valer, foi o Duque de Caxias!"

(Exército - Ordem do Dia)

- Outras homenagens.

Mais tarde, em 30ago1949, a estátua foi trasladada junto com os restos mortais de Caxias e da sua esposa para o Panteon, na Praça Duque de Caxias, defronte o atual Palácio Duque de Caxias, sítio histórico onde serviu, por muitos anos, ao Exército e ao Brasil, de tenente a Marechal de Exército e Ministro da Guerra.

 

A obra Brasilicus.

 

Manuscrito de 1869, ou Resumo Histórico das Operações Militares dirigidas pelo Marquês de Caxias na Campanha do Paraguai. Obra editada em 1872, quando Caxias era Provedor da Irmandade da Santa Cruz dos Militares e defendia-se, face às críticas que lhe foram feitas no Parlamento e pela imprensa brasileira e argentina. Seu autor, usando pseudônimo de BRASILICUS, assim expôs a finalidade de sua obra:

 

"O fim em vista, apresentando um Resumo dessas Operações, foi o de estabelecer a verdade dos fatos, tão adulterada por alguns escritores, os quais, por espírito de Partido, ou por qualquer outro motivo não menos censurável, no entanto, têm ridicularizado os brilhantes feitos de nosso brioso Exército e o de seu ilustre e digno general (Caxias)."

 

Em estudo crítico sobre o autor da obra, foi identificado tratar-se de Patrício Augusto Câmara Lima, da estirpe militar dos Correia da Câmara, iniciada por seu avô, o Marechal Patrício Correia da Câmara, 1º Visconde de Pelotas, nascido em Porto Alegre, em 1800, e que foi funcionário da Fazenda.

 

É possível que tivesse sido, apenas, o tradutor de opiniões dos assessores militares de Caxias, tais como o Cel Fonseca Costa, Chefe do Estado-Maior de Caxias e de historiadores e escritores como Taunay e Emílio Jordan ( a quem Floriano encarregaria de escrever sobre as campanhas do Paraguai para subsidiar estudos dos alunos das escolas militares do Ceará, Porto Alegre e Praia Vermelha, dentro das realidades operacionais sul-americanas) e mesmo de Bernadino Borman, biógrafo e ajudante - de ordens de Caxias

 

Mas são possibilidades e não certezas.

Em duas cartas ao Marechal Câmara, Caxias fez referências a Brasilicus.

 

 

É obra de grande interesse para os militares do Exército por abordar e discutir aspectos de Tática , Estratégia e de Chefia Militar, ao justificar as ações e chefia de Caxias nas mais brilhantes Operações Militares até hoje empreendidas pelo Exército Brasileiro.

"Para alimentar o cérebro de um Exército na paz, para melhor adestrá-lo para a eventualidade de uma guerra, não existe livro mais fecundo em meditações e lições do que o da História Militar."Mal Foch

"O vilão"

"O papel aceita tudo o que nele se escreve, inclusive a mentira". A manipulação da História acontece e se constitui uma praga no Brasil. Daí a importância de uma leitura atenta e criteriosa.

Ao historiador cabe avaliar as fontes históricas em que baseia seu trabalho e, ao leitor atento, avaliar se o historiador fez bom uso das fontes em que baseou seu trabalho e distinguir o que é verdade do que é mentira e fantasia.

 

Caxias foi, ao longo de sua vida, vítima de manipulações da História que, veiculadas insistentemente na Sociedade Brasileira, viraram "verdades". Vez por outra, constata-se, por parte de pessoas sérias, manifestações de conceitos errôneos ou manipulados sobre Caxias.

Eis algumas:

 

  1. Caxias, como comandante da corporação que deu origem à atual Policia Militar do Rio de Janeiro, reprimiu um levante de escravos liderado por Manoel Congo, matando-os.

 

Acusação feita por conhecido político nos anos 30, veiculada no D.O. do Rio de Janeiro.

Pesquisas recentes da OAB -Rio nada encontraram a respeito. Caxias apenas se deslocara até Vassouras para avaliar a situação face à possibilidade de a revolta envolver escravos trabalhando por seus donos na Fábrica de Pólvora de Estrela, na raiz da serra de Petrópolis, o que se tornaria um problema de segurança nacional por ser (ela) a única do país.

A revolta foi reprimida por forças locais. Esta versão manipulada conseguiu abrigo no Rio de Janeiro.

 

  1. Caxias comandou violenta repressão em 1842 em Silveiras, SP, a revolucionários liberais, que haviam massacrado, implacavelmente, autoridade política local.

 

Notícia que circulava no Vale do Paraíba.

Em realidade, a região do Vale do Paraíba paulista foi subordinada ao Rio de Janeiro e a repressão citada foi praticada por Guardas Permanentes do Rio, sem nenhuma subordinação a Caxias. O fato foi esclarecido em plaquetede nossa lavra "História Militar do Vale do Paraíba" .E agora divulgada a historiadores do Vale do Paraíba

 

  1. Caxias, em conluio com o presidente Mitre, na Guerra do Paraguai, lançou no rio Paraguai cadáveres de soldados coléricos para atingir adversários políticos do presidente argentino.

 

Essa acusação aparece em um livro chamado "Genocídio Americano". Seu autor se baseou em um panfleto político circunstancial, como foi descoberto pelo General Jonas Correia e não em documentos comprovadamente históricos. Acabamos de publicar plaquete pela AHIMTB evidenciando a Verdade e Mentira sobre Caxias

 A ação de Caxias

De 1823 a 1869, Caxias teve papel preponderante na nossa história, como militar e estadista.

Além de atuar nas guerras de Independência (Bahia), foi o responsável pela pacificação de algumas províncias que, em lutas separatistas, ameaçavam a Unidade Nacional.

Mas, sem sombra de dúvida, sua principal atuação foi na Guerra do Paraguai, onde dirigiu operações militares memoráveis: Humaitá, Itororó, Lomas Valentinas, que culminaram com a entrada das tropas aliadas em Assunção (05jan1869), mostrando que o final da guerra estava próximo e a derrota paraguaia já era, praticamente, um fato consumado.

Cronologia do Duque de caxias

ANO

DIA / Mês

EVENTO

1803

25 / 08

Nascimento.

1808

22 / 05

Titulado Cadete de 1a classe (aos 5 anos).

   

Pouco se sabe da infância de Caxias. Pelo almanaques do Rio de Janeiro da época, publicados pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que davam o nome das ruas em que moravam as autoridades governamentais, sabe-se que seu pai passou a residir na rua das Vielas a partir de 1811, quando foi promovido a Capitão.

1818-21

 

Escola Militar no Largo de São Francisco.

1821

dezembro

Desliga-se da Academia e vai servir no atual Regimento.

1822 - 23

 

Participa da Guerra da independência.

1822

 

Ajudante do Batalhão do Imperador (atual Batalhão Presidencial).

1823

 

Batismo de Fogo na Guerra da Independência na Bahia.

1824

17 / 01

Cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro.

 

22 / 01

Capitão (aos 21 anos).

1825 - 28

 

Guerra Cisplatina.

1828

02 / 12

Major do 2o RI de 2ª Linha em Montevidéu.

1829

março

Comandante do Batalhão do Imperador.

 

outubro

Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa.

 

abril

Comanda o Batalhão do Imperador na Abdicação de D. Pedro I.

1831

 

Deixa o Batalhão do Imperador, torna-se Oficial da Corte (3a classe).

 

outubro

Como subcomandante do Batalhão Sagrado e com o apoio de 180 Guardas Municipais Permanentes, que estava organizando, participou com destaque do domínio da revolta do Corpo de Artilharia da Marinha, aquartelado na Ilha das Cobras.

1831 - 1845

 

Lutas internas.

   

Tornou-se Subcomandante do "Batalhão Sagrado", Batalhão de Oficiais Soldados Voluntários da Pátria para manter a lei e a ordem na Corte e instrutor de Infantaria da Guarda Nacional da Corte.

 

 

 

1832

 

 

 

03 / 04

Com forças do Batalhão Sagrado e Guardas Municipais Permanentes, reprime, com êxito, no Campo de Santana, revolta liderada pelo Major Miguel Frias que ali tentou proclamar a República. O Major Frias, perseguido por Caxias, homiziou-se em casa no local da atual Policlínica do Exército, junto à antiga Casa da Moeda. Localizado por Caxias, foi deixado em paz e, mais tarde, foi seu chefe de Estado-Maior na Farroupilha.

 

 

 

1832

 

17 / 04

Participou do combate a 500 revoltosos no Paço de São Cristóvão, favoráveis à restauração de D. Pedro I e liderado pelo aventureiro alemão Barão von Bulow. O comandante foi rápido e foi a última perturbação séria pós-Abdicação.

 

18 / 10

É nomeado comandante do Corpo de Guardas Municipais Permanente da Corte.

 

 

1837

25 / 08

Assassinado em São Borja, RS, o General farrapo João Manoel Lima e Silva, tio de Caxias, dois anos mais moço que ele, que fora o primeiro general promovido pela República Rio-Grandense. Haviam convivido 3 anos como cadetes do atual Regimento Sampaio e 2 anos como alunos da Escola Militar no Largo do São Francisco.

 

12 / 09

Tenente Coronel - Comando da atual Polícia Militar do Rio de Janeiro.

 

1838

 

Desloca-se até Vassouras como comandante da atual PMRJ para observar a revolta liderada pelo escravo Manoel Congo, face à possibilidade de envolver escravos da Fábrica de Pólvora de Estrela, a única do Império.

 

1839

03 / 03

a

03 / 05

Viaja ao Rio Grande do Sul como ajudante de Ordens do Ministro da Guerra e como comandante da atual PMRJ. Lá conhece o capitão Osório, prestes a deixar o Exército por desgostos dele e outros com o Comandante das Armas do Rio Grande. Contorna o problema.

 

02 / 12

Promoção a Coronel.

 

12 / 12

Nomeado Presidente da Província do Maranhão e Comandante Geral de suas forças em Operações contra a Revolta da Balaiada.

 

17 / 12

Exonerado do comando da atual PMRJ (8 anos no comando).

1840 - 41

 

Resolve a rebelião no Maranhão.

 

19 / 01

Declarada extinta a rebelião e restaurada a ordem e a paz maranhense.

1841

13 / 05

Transfere o governo do Maranhão ao seu substituto.

 

18 / 07

Promovido a Brigadeiro (atual General de Brigada).

 

18 / 07

Titulado Barão de Caxias por ter, na cidade maranhense de Caxias, pacificado a Balaiada, que foi o maior símbolo de suas vitórias.

 

Mai/Jul

Revolução Liberal de São Paulo.

 

17 / 05

Comandante-em-Chefe das Forças da Província de São Paulo.

 

18 / 05

Vice-presidente da Província da São Paulo.

 

20 / 07

Entrada de Caxias em Sorocaba, foco da revolução liberal.

1842

23 / 07

Nomeado Ajudante de Campo de sua Majestade, o Imperador.

 

30 / 07

Marechal de Campo graduado (atual General de Divisão).

 

11 / 08

Sabará é dominada.

 

20 / 08

Vitória decisiva em Santa Luzia.

 

24 / 09

Comandante-em-Chefe do Exército em Operações contra os Farrapos na Província do Rio Grande do Sul, há 7 anos em revolta.

 

28 / 09

Presidente da Província do Rio Grande do Sul, cumulativamente.

 

01 / 03

Consegue a Paz da Família Brasileira em Ponche Verde.

1845

25 / 03

Marechal de Campo efetivo.

 

02 / 04

Conde de Caxias.

 

   

Passa a Presidência da Província do Rio Grande do Sul em paz.

1846

23 / 03

Chega ao Rio com a glória de Pacificador de quatro províncias.

 

13 / 10

Reassume o Comando das Armas da Corte (atual 1a. RM).

 

11 / 05

Assume a cadeira de Senador pela Província do Rio Grande do Sul, ao lado de seu pai, antigo Regente e então senador.

1847

23 / 05

Sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

 

Nov

Senador pela 2a. vez pelo Rio Grande do Sul.

 

15 / 06

Presidente da Província do Rio Grande do Sul (2a. vez).

 

16 / 06

Comandante-em-Chefe do Exército do Sul, a organizar.

1851

09 / 07

Ida a Pelotas para ordenar concentração em Orqueta.

 

24 / 07

Marcha Pelotas-Pedro Osório-Bagé-Santana do Livramento..

 

28 / 07

Termina a organização do Exército em Operações em Santana do Livramento.

   

Guerra contra o Uruguai.

 

02 / 02

Batalha de Monte Caseros.

1851 - 52

26 / 06

Marquês de Caxias.

 

21 / 07

Exonerado da Presidência do Rio Grande do Sul.

 

22 / 07

Exonerado do Comando-em-Chefe do Exército do Sul.

 

05 / 09

Recebe Medalha de Ouro do Uruguai (concedida em 14 mar).

1853

01 / 01

Nomeado Conselheiro de Estado.

1854

 

Senador pela Província do Rio Grande do Sul.

 

14 / 06

Ministro da Guerra.

 

30 / 06

Criação da Ajudância Geral do Exército.

 

03 / 09

Presidente do Conselho de Ministro (1a vez). Chefe de Governo.

1857

31 / 01

Aprova, como Presidente do Conselho, a regulamentação da Ajudância Geral, substituída pelo Estado-Maior do Exército em 1899.

1858

08 / 12

Conselho de Guerra.

1861

 

2ª vez Ministro da Guerra e Presidente do Conselho de Ministros.

1862

24 / 05

Deixa o Ministério da Guerra e o Conselho de Ministros.

1863

02 / 12

Marechal de Exército graduado.

1864

 

Senador pelo Rio Grande do Sul e Conselheiro de Guerra.

1865

18 / 09

Assiste como observador, ao lado do Imperador D. Pedro II, a rendição dos invasores paraguaios que ocupavam Uruguaiana.

1866

13 / 01

Marechal de Exército Efetivo (último posto, com 63 anos).

 

18 / 11

Comandante em Chefe das Forças do Império do Brasil em Operações contra o Paraguai (por 2 anos e 2 meses).

1867

10 / 02

Comandante Geral das Forças da Tríple Aliança em Operações.

 

 

05 / 08

Rendição de Humaitá - Objetivo Militar de Guerra.

1868

Nov

Abertura da Estrada pelo Chaco.

 

Dez

Dezembrada, Santo Antonio, Avaí, Lomas Valentinas

1869

05 / 01

Caxias ocupa Assunção - objetivo político da guerra.

 

16 / 02

Muito doente e entendendo haver vencido a guerra no campo estratégico, retira-se para o Rio, onde foi recebido pela esposa.

 

23 / 03

Duque de Caxias, por relevantes serviços na Guerra do

Paraguai, foi o único brasileiro a receber o título de Duque.

 

12 / 10

Conselheiro Extraordinário do Estado.

1872

 

Medalha de Guerra do Paraguai (3 listras).

1875

25 / 06

Ministro de Guerra e Presidente do Conselho de Ministros.

 

17 / 12

Baixou Regulamento para a Disciplina e Serviço Interno dos corpos arregimentados em quartéis fixos, que substitui o centenário Regulamento Disciplinar do Conde de Lippe.

1878

06 / 06

Deixa o Ministério e a Presidência do Conselho de Ministros, mas continua exercendo a senatoria pelo Rio Grande do Sul e as funções de Conselheiro de Estado e de Guerra.

1878-80

 

Retira-se para a companhia da única filha viva, a Baronesa de Santa Mônica, na Fazenda de Santa Mônica, em Estação Desengano (atual Juparanã), Valença - RJ, onde passou os últimos 2 anos de sua vida.

1880

08 / 05

Morre Caxias.

 

Bibliografia sobre Caxias do autor

Coronel Claudio Moreira Bento

Referências em livros, plaquetes e álbuns.

- Centenário do término da Guerra do Paraguai. Maceió: Trib Contas,1970 (Plaq.).

- Estrangeiros e descendentes na História Militar no RGS. Palegre, IEL, 1975 (Referências p. 108, 113, 124, 133-137 (ilust.), 156 (balões), 287-288.

- O negro na correspondência de Caxias e apreço a seus soldados negros in: O negro e descendentes na sociedade do RGS. Palegre, IEL, 1975, pp.163-164 e p. 202 e p 221 doc. de 16 nov. 1848 que Caxias devolve escravos mandados para a guerra para substituir ilegalmente brancos. p.221.

- Memória dos sítios farrapos de Porto Alegre e a administração da capital gaúcha por Caxias. Brasilia: SGEx-EGGCF,1989.

- O exército farrapo e os seus chefes. Rio de Janeiro : BIBLIEx, 1992 (Acão de Caxias na pacificação da Revolução Farroupilha. pp.15-22 e biografia de seu tio General Farroupilha João Manuel Lima e Silva. pp.45-68.

- História da 3ª Região Militar e antecedentes. Palegre: SENAI-3ª RM, 1995. v.1.

(Referências à atuação de Caxias como comandante da 3ª RM por duas vezes).

- Escolas de Formação de oficiais das FFAA do Brasil. Rio de Janeiro : FHE, 1988.

- Quartéis generais das FFAA do Brasil. Rio de Janeiro: FHE, 1987 (Focaliza inclusive a História do Palácio e Praça Duque de Caxias e seu Panteon e estátua).

- Canguçu, reencontro com a História. Porto Alegre, IEL, 1983(Canguçu, acampamento da Ala Esquerda do Exército de Caxias e outras referências a Caxias )

- Sesquicentenário da Polícia Militar de São Paulo. São Paulo, PMSP, 1981 (ref. a Caxias).

Artigos em revistas

- Na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio- RJ(RIHGB)

O Espadim de Caxias dos cadetes do Exército, v. 325, out/dez 1979, pp.90-109.

Fontes da Cultura de Caxias em Arte da Guerra, v.328, jul/set 1980. pp.21-131.

Centenário da Morte de Caxias, v.338, jan/mar 1893, pp. 165-196.

A Revolução Farroupilha e fontes para seu estudo-sesquicentenário, v.348,1985.

Evocação da Guerra do Paraguai no centenário do término, v.96, jan/mar 1971.

O Espadim de Caxias - simbolismo, v.114, mai 1980, pp.185-196.

Fontes da Cultura de Caxias em Arte da Guerra, v.116, mai 1980, pp. 185-190 e repetido pela revista no v. 120, out/dez 1983, pp.4-11.

- Na A Defesa Nacional (DN)

Caxias e o uso militar de aeróstatos no Paraguai, no 666, mar/abr 1976, pp.195 ss.

Desenvolvimento estratégico da Farroupilha e ação de Caxias, no 723, jan/fev 1986.

Caxias e ponte do Passo Geral do Rio Jacuí n o 752, abr/jun 1991, p. 146.

Sesquicentenário da pacificação de São Paulo e Minas por Caxias, no 757, jul/set 1992. p.144.

- Na Revista do Clube Militar (RCM)

Cinqüentenário da 1ª entrega de espadins aos cadetes do Exército mai/abr 1982.

Caxias em 1946, segundo o cadete Virgílio da Veiga, jul/ago 1984, p.29.

A espada de campanha de Caxias pela 1ª vez em Brasília, n o 276, 1986. p.17.

- Na Revista Infantaria (RI) da AMAN

Caxias soldado de Infantaria, no 16,1980.

- Na Revista Agulhas Negras (RAN) da AMAN

Condecorações do Duque de Caxias(ilustrado a cores), 1980.

Centenário do falecimento do Duque de Caxias, 1980.

(Este número registra as comemorações oficias na AMAN, escolhida como local para a cerimônia principal evocativa dos 100 anos de morte de Caxias)

- No Jornal Agulhas Negras (AMAN)

O Espadim de Caxias dos cadetes do Exército-histórico. 2º, 1978.

- Na Revista Judiciário em Revista (RJV)

Caxias pioneiro abolicionista, no 1, ago 1988.

- Na Revista do Clube de Sargentos - Rio - RJ

Caxias pioneiro abolicionista 1988.

- No mensário Letras em Marcha (LM)

A Cavalaria Brasileira do passado, segundo Caxias, n o 39, jan 1975.

O Espadim de Caxias (encarte ilustrado) no 82, ago 1978.

Necessidade de uma biografia de Caxias (em equipe ), mar 1979.

O local da morte de Caxias (Santa Mônica), no 57, nov 1980.

Centenário da morte de Caxias - reconstituição, no 103, mai 1980

A recuperação do solar de Caxias (Faz Santa Mônica), no 157, out 1984.

Caxias pioneiro abolicionista, ago 1988.

Caxias e a ponte do Passo Geral do Jacuí, no 226, jul/ago 1991

Caxias vítima da manipulação da História, jul/ago 1993.

- Na Revista da Academia Riograndense de Letras. Porto Alegre-RS

Bases da cultura de Caxias em Arte da Guerra, 1980, p. 104ss.

- Na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (RIHGMT)

Caxias pioneiro abolicionista em Ponche Verde, 1o mar 1845.

- Na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo (IHGSP).

Significação histórica do Duque de Caxias, v.85, 1990, p.71.

- No Boletim do Instituto de Estudos Valeparaibanos (IEV)

Caxias pioneiro abolicionista em Ponche Verde, set 1992.

- No Mensário do Arquivo Nacional (MAN).

-Peças históricas ligadas a Caxias - inventário e localização,1980.

Artigos em jornais

- No Diário Popular - Pelotas - RS

Canguçu na Revolução Farroupilha 1,2 e 9 jan. 1972(Aspectos da ação de Caxias)

A Cavalaria gaúcha segundo Caxias (morte de Andrade Neves), 22 set 1974.

Centenário da morte de Caxias em Santa Mônica, 4 mai 1980.

Caxias e a pacificação da Farroupilha (Edição 95 anos do jornal)1983

Caxias pioneiro abolicionista em Ponche Verde, 12 jun 1985.

- No O Liberal - Santa Vitória do Palmar-RS

Projeção histórica do Duque de Caxias,1983.

- Na Folha Popular - Santana do Livramento- RS

Caxias, vítima da manipulação da História, 25 ago 1990.

Caxias e a ponte do Passo Geral do Jacuí, 24 set 1992.

- No Estado de São Paulo - SP

Caxias pioneiro abolicionista em Poncho Verde, 22 jun 1988

- No Diário de São Paulo - SP

Caxias e as Relações Públicas, 5 mai 1974.

- No Correio Braziliense - DF

Caxias herói da Guerra da Independência, 25 ago 1972

- No Jornal do Commércio - Rio de Janeiro - RJ

Centenário da morte de Caxias em Santa Mônica, 7 mai 1980.

O Duque de Caxias pioneiro abolicionista em Ponche Verde, 8 jul 1988

- Na Voz da Cidade, Volta Redonda - RJ

Centenário da morte de Caxias em Santa Mônica, no 1.429, 7 mai 1980.

- No Jornal do Commércio - Recife - PE

Os lanceiros negros farrapos e a Abolição, 10 jun 1970.

Caxias e a pacificação da questão religiosa em 1875, 4 jul 1971.

Caxias e a órfã de guerra que trouxe do Paraguai, 5 out 1971.

- No Diário de Pernambuco - Recife - PE

Os lanceiros negros farrapos e Caxias, 3 jun 1870.

 

Do autor: Dr Eugênio Vilhena de Moraes

Caxias e o Jornal do Commércio do Rio, Rio de Janeiro, 1927 (100 anos do jornal).

O gabinete Caxias e anistia aos bispos - Questão Religiosa, Rio de Janeiro , 1929.

O Duque de Ferro - aspectos da vida de Caxias, Rio deJ aneiro , 1933.

Caxias em São Paulo - A Revolução de Sorocaba, Rio, de Janeiro , 1934.

Apontamentos para a História Militar do Duque de Caxias, por Eudoro Berlink, Rio, de Janeiro ,1934.

Novos aspectos da vida de Caxias, Rio de Janeiro , 1937.

O Pacificador das consciências: sua unidade e integridade moral, Rio de Janeiro , 1977.

Vilhena de Moraes, em suas pesquisas a descendentes de personalidades ligadas a Caxias, conseguiu documentos preciosos e relíquias.

  1. Conseguiu que a espada de campanha que Caxias deixara para o Marechal João de Souza Fonseca Costa, Visconde da Penha, fosse doada ao Instituto Histórico Geográfico Brasileiro em 1925. E ali a foi encontrar o então Coronel José Pessoa para dela tirar cópia e confeccionar os espadins dos cadetes do Exército na Solingen, Europa.
  2. A imagem de N.S da Conceição, que pertencia a Caxias e a cujos pés ele espirou, na Fazenda Santa Mônica, doou à Academia Militar das Agulhas Negras.
  3. O altar de campanha de Caxias foi encaminhado ao museu do Mosteiro de Santo Antônio.
  4. Destinou documentos importantes sobre Caxias ao IHGB.

Os documentos e relíquias de Caxias foram conservados pelo senador Eusébio de Queiroz, que casou com uma neta de Caxias. A filha do casal, Eveline Matoso, casou com João José da Cunha. Foi a única dos três filhos do senador que deixou descendentes, em Quissamã. Com o senador Euzébio de Queiroz, que conservou e ordenou o arquivo de Caxias, foi que o Dr. Vilhena de Moraes obteve autorização para doá-los ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, onde se encontram.

  1. Um único livro da biblioteca de Caxias o Dr. Vilhena conseguiu preservar: dois volumes de Marília de Dirceu.
  2. Os retratos originais de família que pertenceram a Caxias (avós, irmãos, tios, etc) encontram-se no Museu Mariano Procópio, em Juiz de Fora. Há, inclusive, um livro dourado oferecido por oficiais à Duquesa de Caxias e precedido de valioso estudo do senador Firmino Rodrigues da Silva, amigo pessoal de Caxias, em que este rebateu críticas a Caxias na Revista Deux Monds.
  3. A espada de ouro que o povo ofertou a Caxias ao retornar de Portugal foi destinada à AMAN e é a que se faz presente na cerimônia de entrega dos espadins aos cadetes.

Ensaios biográficos sobre o Duque de Caxias

Registramos, a seguir, em ordem cronológica, destacando o ano de publicação, diversos ensaios biográficos realizados sobre Duque de Caxias, excluídos os nossos trabalhos já relacionados no texto básicos e os de Vilhena de Moraes e o Manuscrito de 1869.

 

Ainda em vida do Duque de Caxias.

1867-1 - ALENCAR, José de. O Duque de Caxias. Rio, Vileneuve, 1869 (c/ret. r.).

1878-2 - CAMPOS, Joaquim Pinto de. A vida do grande cidadão Luís Alves Lima e Silva. Lisboa, Imp. Nacional, 1878.

Após sua morte

1880-3 - BORMAN, José Bernandino, Major. Marechal Duque de Caxias. Rio de Janeiro:

Tip. Cruzeiro, 1880, 50 pp. (Foi Aj. O de Caxias e grande historiador)

No centenário de seu nascimento na República

1903-4 - ROMERO, Sílvio. O Duque de Caxias e a Integridade do Brasil. Rio de Janeiro:

Laemmert, 1903 (c/retr).

 

 

1903-5 - ABREU, Capistrano de. O Duque de Caxias. Gazeta de Notícias, 4 de agosto,

1903.

1903-6 - OLIVEIRA, Antônio José Dias, General. Caxias o Pacificador. Revista da Escola

Militar da Praia Vermelha, 1903.

1904-7 - SEIDL, Raimundo Pinto. O Duque de Caxias - esboço de sua gloriosa vida. Rio

de Janeiro ,1904 (c/retr.).

Depois do seu centenário natalício

1907-8 - MACIEL, Alfredo Pretextato. Duque de Caxias, in Os generais do Exército

Brasileiro. Rio de Janeiro M. Orosco, 1907.

1909-9 - SENE, Ernesto. Caxias. Rio de Janeiro , 1909.

1920-10 - HAFKMEYER, João. O Duque de Caxias. Porto Alegre: Barcelos Bertaso, 1920.

1925-11 - Caxias, depoimento de sua lavra: "Lembrança do que se passou com minha nomeação como Comandante –em Chefe do Exército do Sul", 1851. Pp, 376-382.

Pós-Revolução de 30

1927-37 - Obras do biógrafo de Caxias, Vilhena de Moraes, relacionadas antes.

1934-12 - ORICO, Osvaldo. O Condestável do Império. Porto Alegre, 1934.

1935-13 - REVISTA MILITAR BRASILEIRA, n.º 125, agosto, 1935 do Estado-Maior do Exército (5a Seção).

Mensagem de próprio punho do presidente Getúlio Vargas (trecho):

"... Nas lutas internas em que foi chamado a intervir, nunca se deixou ganhar por ódios políticos ou por paixões subalternas. Agia dentro de um equilíbrio perfeito entre o dever do cidadão e o prestígio da função militar, orientado sempre pelo sentimento da Unidade Nacional." Getúlio Vargas, 8 de agosto, 1835.

Combate de Santa Luzia 1842 - MG, pelo General Tasso Fragoso, p. 11.

Hino ao Duque de Caxias, pelo Arcebispo D. Aquino Correa, p. 18.

Caxias e a Defesa Nacional, de Vilhena de Moraes do IHGB, pp. 37-54.

O temperamento de Caxias, por Oliveira Viana, pp. 57-63.

Caxias, ensaio psicológico, por General Liberato Bittencourt, pp. 77-90.

O Comando de Caxias no Paraguai - A doutrina em nossa História Militar, pelo Tenente Coronel da Reserva Genserico Vasconcellos.

Caxias, alma militar do Brasil, por Max Fleius. Pp 33/34.

Dois esboços sobre marchas de Caxias na Farroupilha, homenagem EME.

Duque de Caxias, por Ramiz Galvão, pp. 27-28.

Caxias no Armorial Brasileiro, por Tenente Egon Pinto (contracapa).

Caxias varão de Plutarco, pp. 131-142.

1936-14 - REVISTA MILITAR BRASILEIRA - 25 de agosto 1936 (Especial):

Caxias na Heráldica e na Genealogia.pp.1/3.

Caxias na Medalhística Militar, por Francisco Santos, pp.23/38, (com 10 estampas de condecorações).

Caxias pacificador, por Gen E.F Souza Docca, pp.99/115.

Caxias presidente da Província(RGS), por Eurico Salis, pp.117/121.

Caxias através da gravura (29 reproduções de gravuras), pp38/48.

Caxias na Numismática, por Coronel Laurênio Lago.

Caxias na bibliografia brasileira, por Tancredo Paiva, pp.49/65.

Caxias no Museu Histórico Nacional, por Gustavo Barroso.

Caxias senador pelo Rio Grande, .por Wanderlei Pinho, pp.123/163.

Caxias Ministro da Guerra, por Major José Faustino Filho, pp.165/170.

Caxias Conselheiro de Estado (resoluções em que atuou).

Caxias Comandante em Chefe, por General P. A. Goes Monteiro, pp. 231/271.

1938-15-CARVALHO, Afonso de, Coronel Caxias. Rio de Janeiro : BIBLIEx, 1938.

1939-16-TROTA, Frederico. Caxias. São Paulo,1939.

1939-17-FIGUEIREDO, Lima. Caxias, in: Grandes soldados Brasil. Rio de Janeiro

BIBLIEx, 1939.

1941-18-REVISTA MILITAR BRASILEIRA jul/set 1941.

O herói perfeito, por Carlos Maul.

Significação do Duque de Caxias, por Lourival Fontes. Pp. 239/241.

1942-19-REVISTA MILITAR BRASILEIRA jan/mar 1942.

Caxias e a Freguesia do Engenho Velho, por Mons. Mac Dowell. pp.328/331.

1942-20-REVISTA MILITAR BRASILEIRA abr/jun 1942.

Cartas de Caxias ao General Caldwell, por Hélio Viana.pp.340/350.

1942-21-CORREIA,Viriato. Caxias. Rio, 1942.

1949-22-REVISTA MILITAR BRASILEIRA, 25 ago, 1949.

Edição especial relativa à exumação, exposição na Santa Cruz dos Militares, traslado para o Panteon da Praça Duque de Caxias dos restos mortais do Duque e da Duquesa de Caxias. Edição primorosa a cores e farta ilustração.

1953-23-REVISTA MILITAR BRASILEIRA, 25 ago. 1953 (Poliantéia)

A Espada de Caxias, por Gustavo Barroso. p.7.

A Paz de Ponche Verde, por Eurico Salis, p.151.

Significação de Caxias, por General Inácio José Veríssimo, pp. 67/71.

Caxias e a Estatística Militar, por Humberto Viana, pp. 239/244.

Caxias homem de fé, por D. Jaime Câmara (arcebispo Rio), pp.9/11.

Caxias no bronze (monumentos) por Coronel João Batista de Matos,
pp. 157/201.

(Relaciona e descreve os monumentos a Caxias no Brasil).

Caxias chefe militar no contexto nacional, por Coronel J. B. Magalhães, pp.81/95.

(Estuda a personalidade de Caxias dentro das circunstâncias de sua época).

Caxias, a espada do Império, pelo Marechal J.B. Mascarenhas de Moraes, p.15.

O Duque de Caxias, por Marcos Carneiro de Mendonça, pp. 59/63.

Caxias, Tamandaré e Jaceguai, relacionamento, por CT Murilo Silva, pp.224ss.

Culto à memória de Caxias, pelo General Pedro Aurélio Góes Monteiro, pp.227ss.

Caxias político e diplomata, por Coronel Vet. Valdemiro Pimentel, pp.141/149.

O verdadeiro espírito da paz, por Capitão Rubem Mário Jobim, pp.227/230.

Biografia de Caxias - uma necessidade e diretrizes, por Marechal Tristão de Alencar Araripe. Sem dúvida, uma obra de equipe, mas uma necessidade premente.

1954-24-BARRETO, Flamarion, General et alli. Caxias, o Comandante em Chefe. Rio de

Janeiro , ECEME,1956.

1954-25-TINOCO, Brigido. As duas paixões de Caxias. Rio de Janeiro: BIBLIEX, 1954.

1959-26-RAPOSO FILHO, Amerino, Major. Caxias e a doutrina Militar Brasileira. Rio de

Janeiro : BIBLIEX, 1959.(Importante e pioneiro estudo).

1966-27-PILAR, Olinto (méd.).Duque de Caxias in: Patronos das Forças Armadas, Rio,

de Janeiro:BIBLIEx,1966.

1971-28-CÂMARA, Rinaldo P, General. Caxias um grande capitão em Brasilidade e

Catolicismo. Porto Alegre, 1971 (biógrafo do Marechal Câmara em 3 v.)

1972-29-ABRIL CULTURAL. Duque de Caxias o criador do Exército Nacional, in: Grandes

personagens de nossa História, v.4, 1972, amplamente ilustrado a cores - 22

ilustrações.

1973-30-PEIXOTO, Paulo Mattos. Caxias nome tutelar da Nacionalidade. Rio de janeiro

EDICO,1973.2v.( Muito bom trabalho)

1970-1996-31-Trabalhos do autor da pesquisa, interpretação e texto básico da presente publicação relacionados antes e em especial Caxias e a Unidade Nacional no site da Academia de História Militar Terrestre do Brasil

Relatórios do Ministro da Guerra Duque de Caxias

O Duque de Caxias ocupou o Ministério da Guerra em quatro oportunidades, num total recorde no Império de 6 anos, 6 meses e 24 dias, deixando, em todos os períodos, relatórios que foram microfilmados pelo Arquivo Histórico do Exército em 1990, sendo os originais enviados para Brasília.

 

1º Período -14 Jun 1855-4 Mai 1857 - Microfilme rolo 01

2º Período -2 Mar 1861-24 Mai 1862 - Microfilme rolo 01

3º Período -22 Mar 1875-26 Fev 1876 - Microfilme rolo 05

4º Período -22 Mar 1876- 5 Jan 1878 - idem.

 

Os assuntos tratados podem ser procurados no documento:

ARQUIVO HISTÓRICO DO EXÉRCITO. Índice dos assuntos dos relatórios dos ministros da Guerra e do Exército 1832 - 1937. Instrumento de trabalho nº 10, 1990 (Contribuição ao Centenário da República).

Exemplares:

Ministro, Chefe EME, IHGB, CDOCEx, MHEx, BIBLIEX, ECEME, AMAN (CadHistória), ARQUIVO NACIONAL, A Hist. Itamarati, CP Doc-GV, Museu Nacional (Bibl) AHEx, Coronel Claudio Bento (Diretor AHEx).