PEDRO CALMON

 HISTORIADOR MILITAR E SUAS LIGAÇÕES COM A AMAN

 

Cláudio Moreira Bento
Presidente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil e membro emérito do IHGB

Abordar este enfoque da vida e obra do professor Pedro Calmon, como historiador militar e na forma de Memórias e no transcurso de seu centenário em 2002 é motivo para nós de um duplo sentimento, o de alegria , ao lado do de muita saudades.

O historiador militar Pedro Calmon justifica-se pela sua eleição como patrono de cadeira da Academia de História Militar Terrestre,(AHIMTB) ao lado do Barão do Rio Branco, também ex presidente do IHGB e que nele ingressou muito jovem, com um tema de História Militar do Brasil, ao biografar o Marechal José de Abreu.

Relação esta muito restrita, ampliada após, com os patronos de cadeiras Dr Eugênio Vilhena de Morais, o biógrafo do Duque de Caxias e o intermediário, em 1925, da doação para o IHGB de sua maior relíquia a espada invencível de 6 campanhas do membro deste Instituto o Duque de Caxias e patrono da AHIMTB e, mais o patrono de cadeira Gustavo Barroso, historiador militar que imprimiu ao Museu Histórico Nacional um caracter muito expressivo de culto as glórias castrenses do Brasil também expressivamente presentes em sua obra literária .Museu ao qual Pedro Calmo ajudou a imprimir o caracter castrense mencionado e na condição de seu conservador por concurso público.

Pedro Calmon ingressou no IHGB em 1931, onde, dentre suas notáveis colaborações registre-se a conferência que pronunciou e de grande repercussão sobre o Tricentenário da expulsão dos holandeses da Bahia.

Em 14 de julho de 1954 assistimos maravilhados, como cadete a iniciar freqüentar o 2º ano da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) a sua inesquecível Aula Inaugural, onde focalizou as glórias militares das armas brasileiras, numa forma camoniana e brilhante, ao final da qual foi a aplaudido de pé.

Ali fui seduzido para estudar, pesquisar, preservar, cultuar e divulgar a História Militar Terrestre do Brasil, estimulado pela maneira bela como Pedro Calmo nos a apresentou. E desde ai defini a minha vocação irresistível para o tema História Militar Terrestre do Brasil e em especial a do Exército Brasileiro .

Antes ele já havia estado na então Escola Militar de Resende onde registrou no livro de Visitantes Ilustres estas impressões como que antevendo, 2 anos antes, a atual denominação da AMAN como se verá. Escreveu :

 

' Visitando esta grandiosa Escola e o faço amavelmente conduzido pelo seu nobre comandante General Ciro do Espirito Santo Cardoso - sinto revigorada a minha confiança no Brasil.

É digna do Exército. É a Escola Militar de que necessitava a Pátria, alto baluarte de patriotismo, sobre cujas ameias inexpugnáveis flutua o pendão do heroísmo nacional, guardado pela fidelidade dos Cadetes de Caxias.

Em Resende e na sua Academia das Agulhas Negras, a 8 de julho de 1949. Ass: Pedro Calmon .'

Em 1970/71 fomos encarregados em Recife, pelo então Comandante do VI Exército, Gen Ex Arthur Duarte Candal da Fonseca de coordenar o projeto, a construção e a inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes o que teve lugar em 19 abril 1971, como também escrever a obra então ali lançada: As batalhas dos Guararapes análise e descrição militar editada pela UFPE em 2 volumes, na qual, inserimos esta magistral interpretação de Pedro Calmon do que ali ocorreu, em trecho retirado de sua palestra nas comemorações do Tricentenário das Batalhas dos Guararapes e publicado pela Revista do Arquivo Estadual de Pernambuco. E ali Pedro Calmon escreveu :

 

' Foi nos Montes Guararapes há trezentos anos. A maior das batalhas. O supremo desafio . O duelo mortal do invasor com o filho da terra, do estrangeiro e do nativo, da poderosa opressão e da liberdade heróica .

Nestes montes Guararapes que tem a paisagem pernambucana o insólito relevo de uma fortaleza, predestinada do choque dos exércitos, em verdade fixou e definiu o luso-brasileiro o seu direito à terra. Tornou-se pela força das armas o seu dono.

No próprio sítio da batalha, fez Francisco Barreto de Menezes construir monumental - " ex voto " - a igreja barroca e vasta da Senhora dos Prazeres dos Guararapes, que eleva suas torres brancas sobre a vegetação desse montes, pondo no panorama áspero que domina, a imprevista nota da religião e da arte...'.

 

Inaugurado o Parque dos Guararapes e lançado nosso livro sobre a batalhas ali travadas, recebemos do professor Pedro Calmon, em 17 de maio de 1971 carta em que assim nos incentivava.:

 

' Excelentíssimo amigo Major Cláudio Moreira Bento, Ia mandar-lhe parabéns calorosos pelos feliz sucesso que foi a inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes, a que deu o melhor de seu senso patriótico e histórico. Foi quando chegou as minhas mãos, os seus três trabalhos, todos magistrais: Descrição e análise militar das batalhas dos Guararapes; A grande festa dos lanceiros, no Parque Histórico Osório e os esboços topográficos que facilitam o entendimento das Batalhas dos Guararapes.

Envio-lhe com prazer, não somente o louvor de que é digno o seu trabalho, como a palavra cordial de estímulo, para que prossiga neste útil afã. Considero que já ninguém neste pais poderá versar o tema Guararapes, sem lhe bater a porta, pedir-lhe a contribuição, beber nas suas fontes de verdade, sobre o terreno das batalhas, inspirar-se nas ruas indicações, abonar os seus critérios analíticos e concluir segundo a sua clara e douta lição.

Não seria tudo o cercar a área dos Montes dos Guararapes, ali erigir Parque Histórico Nacional dos Guararapes e protegê-lo como lugar sagrado. Também se fazia mister iluminar com a forte luz da história este campo santo . E foi o que senhor fez com sabedoria e amor, o que Honra a Cultura e o Exército.

Já registrei o seu nome entre os patrícios ilustres que as entidades especializadas como o nosso Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro gostariam de incluir em seus quadros.

Fico outrossim muito grato por suas bondosas palavras. De fato, no Conselho de Patrimônio Histórico relatei o processo que mandou tombar o terreno das Batalhas dos Guararapes impedindo que ele fosse retalhado e invadido, sem contudo podermos aspirar a grande solução que foi o Parque Histórico Nacional dos Guararapes, na série prometida pelo Presidente Médice, ao inaugurar o Parque Histórico do Patrono da Cavalaria do Exército, o invicto Osório.

Em escala menor, ajudei formar-se na Bahia o Parque Histórico de Castro Alves, recentemente inaugurado pelo governador Luiz Viana.

Dei parabéns a Gilberto Freyre, a quem tanto admiramos, pelo oportuno e memorável discurso que pronunciou na inauguração ao Parque Histórico Nacional Guararapes.

Ao prezado confrade e amigo as lembranças e homenagens de seu admirador e patrício, ufano das realizações a que ligou o seu nome. Ass: Pedro Calmon.'

Esta carta foi a 4ª que o Professor Pedro Calmon nos enviou como Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro relacionada com a nossa missão no Parque Guararapes .

Havíamos recebido antes, em 5 de janeiro, 25 de fevereiro e 16 de março de 1971 três cartas do Professor Pedro Calmon em resposta as nossas de 1o de janeiro e 10 de março do mesmo ano, as quais anexamos cópias a presente abordagem .Cartas que testemunham a participação do IHGB para tornar realidade o Parque Histórico Nacional dos Guararapes .

Em sua carta de 5 de janeiro de 1971 em que nos agradeceu informações que lhe enviamos sobre o andamento do Parque Guararapes, a certa altura escreveu:

 

' Desejo congratular-me por intermédio de V. Excia, com VI Exército por essa realização que não honra só a cultura brasileira, como o espírito cívico das nossas Forças Armadas, em comunhão com as glórias autênticas da Pátria.

Fazemos votos para que a inauguração do Parque Histórico Nacional dos Guararapes se faça com o esplendor adequado. Seria de desejar que houvesse indicações de natureza didática para que, em visita ao campo das batalhas dos Guararapes, a juventude escolar aprenda no terreno das batalhas dos Guararapes a lição mais bela dos antepassados, na defesa militar do chão natal.

Queremos crer que o Parque Guararapes trará os maiores benefícios a educação moral dos jovens brasileiros, reatando ao mesmo tempo o culto da tradição...

.....Para qualquer colaboração que desejem os organizadores, esta Velha Casa ( IHGB ) se põe inteiramente a disposição ... '

 

De sua carta de 25 de fevereiro de 1971 em resposta a várias perguntas nossas em seu item 2 escreveu:.

 

' 2 - Rogo ver na minha História do Brasil, edição José Olímpio em 7 tomos, os capítulos alusivos aos Guararapes, pois os considero ótimas tentativas de restauração da verdade, quanto a indumentária e a topografia, os desenhos de Watch Rodrigues que a ilustram...'

No seu item 5 Pedro Calmon respondeu positivamente ao nosso resgate da figura heróica de Antônio Dias Cardoso, hoje consagrado patrono das Forças Especiais do Exército Brasileiro e que não figurava, injustamente, talvez por ser nascido em Portugal, ao lado dos heróis de Guararapes João Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, Henrique Dias e Felipe Camarão. Mas que continua ainda injustiçado em algumas interpretações teimosas e autoritárias e sem base na História .E escreveu o mestre Pedro Calmon :

"5 - Não teria dúvida em incluir Antônio Dias Cardoso entre os heróis da Insurreição Pernambucana."

Deste modo confirmava o que sobre o assunto me havia escrito o mestre Câmara Cascudo e que reproduzo :

 

' ... Parabéns pela útil exaltação de Dias Cardoso, Soldado do Rei em serviço do Brasil, numa legitimidade heróica na tarefa inesquecível. Louvo-o muito bem quando os profissionais de História o esqueceram...'

 

E na carta de 16 de março de 1971 ao referir-se a subsídios que lhe enviamos relacionados com as Batalhas dos Guararapes e com nossas lutas no Rio Grande do Sul escreveu a certa altura.

 

'... Junto ao seu precioso estudo sobre as batalhas dos Guararapes, recomenda o seu nome ao respeito dos especialistas da História Pátria, a quem o amigo contenta, falando das glórias militares do Norte e do Sul do Brasil ...'

 

E prossegue :

 

'... Formulamos sinceros votos pela prosperidade de seus trabalhos, sobretudo pela beleza da inauguração do Parque Guararapes, obra pioneira que atendendo a História Militar, sensibiliza a consciência cívica dos brasileiros ...'

Fomos eleito sócio honorário de IHGB cerca de 7 anos mais tarde, em 13 de dez 1978, quando servíamos como instrutor de História Militar na AMAN e privaríamos com o mestre por cerca 7 anos ate seu falecimento.

Foi então que como sócio do Instituto e Oficial da AMAN fomos encarregados pelo comandante da AMAN e pelo mestre Pedro Calmon para comandarmos Guarda de Honra e de Segurança, integrada por cadetes, para transportar com toda pompa a circunstância a Espada do Duque de Caxias, até a AMAN para lá participar das cerimônias, em 1979, do centenário de falecimento do General Osório e Marques do Herval e presente o Presidente João Figueiredo, o 1 o ex detentor do Espadim de Caxias a ser Presidente da República .

E no ano seguinte a mesma cerimônia se repetiu e agora com a presença do professor Pedro Calmon, e em 7 de maio de1980, na Cerimônia Nacional Evocativa do Centenário de Falecimento do Duque de Caxias ..

E Pedro Calmon participou emocionado durante toda a manhã de cerimônia presidida pelo Presidente da Republica

Coube-me a difícil honra, por recomendação dos confrades do Instituto de acompanhar como uma espécie de assistente, todos os passos do mestre .Vez por outra eu era alertado para controlar os seus possíveis excessos de emoção, físicos e de alimentação para prevenir um possível reflexo negativo na sua saúde, aos 77 anos e que já inspirava cuidados. Fiquei muito preocupado mas tudo correu bem.

E pela 2ª vez deixou registrada na página 26 do livro de Visitantes Ilustres suas impressões. E escreveu:

 

" Voltando quase 30 anos depois à admirável Academia Militar das Agulhas Negras revejo-a mais bela, mais brilhante mais pomposa, no dia em que comemora o Centenário da Morte do Duque de Caxias.

Dou graças ao Deus do Exércitos pelo brasileiro milagre de ter tomado sob sua evidente proteção este imenso Instituto, fazendo que a sua organização impecável encha de alegria e otimismo o coração leal e dos que amam e unem a Pátria.

No esplendor desta manhã de luz e homenagem, sentimos maior a nação na moldura primorosa de sua Escola de Cadetes. A mocidade que aqui se educa sai todos os anos revigorada no culto dos seus deveres, pela sabedoria dos mestres, pela austeridade do ambiente, pela grandeza dos exemplos, por tudo o que se respira no ar bendito das Agulhas Negras - áureas agulhas a qual se prende a alma do Brasil. Na Academia, 7 de maio 1980, Pedro Calmon .'

 

Ao tomarmos posse no IHGB o tema de nossa oração de posse por sugestão do Professor Pedro Calmon, foi o 35 o Aniversário da Academia Militar das Agulhas Negras .Oração publicada na RIHGB, volume 336,jul/set 1982.,Fomos recebido por outro grande mestre e amigo O General Jonas Correia, grande e notável Presidente do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil onde também havia nos recebido em seção que contou com o prestígio da presença de Pedro Calmon .

E então na AMAN e agora como Instrutor de História Militar eu assistiria 26 anos depois de sua excelente conferência sobre O Exército na Formação Histórica do Brasil outra magistral conferência sua agora alusiva ao Duque de Caxias.

E ao final da mesma foi aplaudido de pé pelos oficiais e cadetes da AMAN e com aplausos mais prolongados e vibrantes do que os que recebera há 26 anos no mesmo local.

De seu memorável discurso de improviso sobre o Duque de Caxias destaco estes trechos que mandei gravar e depois degravar :

 

" Dirijo-me, sobretudo, aos jovens cadetes de Caxias, para uma meditação. Correm por aí versões corruptas, insidiosas, sobre o papel do Brasil na Guerra do Paraguai. Um massacre daquele povo; o imperialismo brasileiro; nada mais errado, mais falso, mais mentiroso, mais antinacional. Fizemos a guerra ao Paraguai por uma razão sumária e única, porque Francisco Solano Lopez, Presidente da Nação Guarani, violou a fronteira brasileira, invadindo o Mato Grosso e o Rio Grande do Sul. Fizemos a guerra defensiva, foi uma guerra em nome, não só da honra no seu sentido metafísico e filosófico da expressão, mas no sentido dos resgate do território brasileiro tomado pelo inimigo .

Se não fizéssemos a guerra ao Paraguai e não vencêssemos, não seríamos dignos de sermos brasileiros . Eu sinto senhores oficiais e cadetes, que esta afirmação fala dos cem mil mortos nacionais, dos cem mil patrícios, cujo sangue jorrou pelas planícies do Paraguai. '

 

Sobre a ação pacificadora de Caxias no Maranhão, São Paulo, Minas Gerais e do Rio Grande do Sul que lhe valeram o título de Pacificador, com o qual D, Pedro II o apresentava, segundo Lourenço Lacombe Calmon assim a definiu aos oficiais e cadetes da AMAN .

 

"O barão de Caxias venceu sobretudo por convencer, pois a verdadeira vitória não consiste em sufocar ou subjugar o adversário, pois é antes uma tarefa de persuasão, de conquista de corações para que se atinja o ideal vencedor. E Caxias sobrepôs a olhos fratricidas, a dignidade da paz justa, cobrindo as forças em luta com o véu iluminado da concórdia e da pacificação. Pois ali reuniu ao gênio de guerreiro consumado, a generosidade clemente e aliciadora .'

 

E noutro trecho falando da espada de Caxias:

 

' A espada que brilhou à luz de Itororó, no momento mais grave da sua vida, seria o modelo do espadim dos cadetes do Brasil. São vocês, cadetes, futuros generais da pátria, que têm a honra de trazer o sabre de todas as campanhas do Duque de Caxias, para que se perpetre o milagre que o nosso patriotismo pede ao Deus dos Exércitos, para que a luz da estrela de Caxias continue iluminando os caminhos do futuro e por eles passe, guiada por essa brilhante juventude que aqui estuda na Academia Militar das Agulhas Negras, com o breviário, com o evangelho do civismo para que esta juventude possa levar adiante, como ele guiou pelos campos de batalha do Paraguai, as forças, as energias, as exuberâncias, os votos, as possibilidades, tudo aquilo que o Brasil tem para ser a grande Nação que sonhamos. '

 

E a certa altura assim definiu o significado que Caxias podia ter para o Exército :

 

'Como o chefe integral do Exército, o seu modelo, a sua alma, a imagem maravilhosa do espírito que nele deve vibrar, e a síntese mágica das virtudes e brios de que ele deve estar embuído '

 

Das suas obras como historiador militar registro Gomes Carneiro - o general da República; História da Casa da Torre. História da Independência da Bahia e sua História do Brasil em 7 volumes riquíssimos em subsídios de História Militar do Brasil como as Efeméndes do Barão do Rio Branco, e sobre o qual produzimos artigo - Um diplomata com alma de soldado.

Artigo que se ainda oportuno poderia talvez figurar em publicação alusiva ao centenário do início de suas atividades como Ministros das Relações Exteriores e como uma contribuição, da Academia de História Militar Terrestre do Brasil que o tem como patrono de cadeira

No Instituto Pedro Calmon nos confiou algumas missões onde destaco a de representar o Instituto como seu orador na comemoração do Centenário do Marechal João Batista Mascarenhas de Morais - o comandante da Força Expedicionária Brasileira e trabalho publicado na RIHGB, volume 344,jul/set 1983..

E a nos confiou solicitação do General de Divisão Mello Mattos de produzir, em nome do Instituto, trabalho sobre a Divisão Encouraçada na Guerra do Paraguai. Trabalho que serviu de apoio para a denominação histórica da 3ª Divisão de Exército em Santa Maria - RS. e que publicamos na Revista Infantaria 1978,na AMAN.

Em sua obra Miguel Calmon uma grande vida o ajudamos a iluminar as raízes castrenses da esposa de Miguel Calmon, D, Alice da Porciúncula rica herdeira pelotense que em grande parte financiaria as viagens de Olavo Bilac em propaganda do Serviço Militar Obrigatório, adotado em 1916 com o 1o Sorteio Militar, tarefa a que muito se dedicou Miguel Calmon ao participar da fundação em 6 de setembro de 1916 da Liga de Defesa Nacional, no Clube Militar çom vistas a retirar o Brasil da grave situação em que se encontrava a Defesa Nacional durante a 1a Guerra Mundial, para a seguir, como exemplo alistar-se como soldado do Tiro de Guerra n o 7 .

Livro de que nos doou exemplar com a seguinte dedicatória:

 

'Ao querido confrade e amigo Coronel Bento .Cordial homenagem e a cultura riograndense que revejo na alta qualidade de espirito da Senhora Miguel Calmon, grande pelotense .Pedro Calmon, 7dez 1983.'

 

Calmon era motivo de grande apreço pelos militares que o assim o consideravam é um dos nossos. E isto lhe valeu para realizar o seu sonho de construção do edifício do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, através de apoio recebido do Presidente Médici por intermédio de antigo instrutor deste o Marechal Estevão Leitão de Carvalho, membro do Instituto e que representara em Washington o Brasil na Comissão Mista de Defesa Brasil,-EUA pela qual passaram todas as resoluções relacionadas com a participação das Forças Armadas do Brasil na 2a Guerra Mundial, conforme abordamos em, As Forças Armadas e a Marinha Mercante do Brasil na 2a Guerra Mundial .Volta Redonda"Gazetilha,1995.

Tal foi a gratidão de Pedro Calmon, a sensibilidade do Presidente Médici, que decidiu mobiliar uma sala no Instituto a guisa de escritório com o nome do Presidente Médici e que pudesse ser usada pelo presidente benfeitor do Instituto, a Casa da Memória Nacional, quando deixasse a presidência .Conhecemos a sala que foi desfeita depois da morte de Pedro Calmon e cujos motivos devem por certo constar em relatório da diretoria que substituiu Pedro Calmon.

O Presidente Médici tinha um grande apreço pelo culto da História do Brasil e ao tomar posse como Presidente de Honra do IHGB, em 3 de junho de 1970 falou a certa altura :

 

'Á ninguém é licito ignorar a importância da História no desenvolvimento nacional, como instrumento de ação, na elucidação de temas e na definição de alternativas prospectivas, assim como o encontro de métodos de análise que sirvam do individual ao coletivo. .Aqui podemos afirmar que não se bem governa sem História e historiadores .'

 

Estivemos a última vez com Pedro Calmon em 1985, pouco antes de sua morte, em cerimônia no antigo Palácio Imperial .Ele já caminhava com alguma dificuldade. E por esta razão o acompanhamos junto com seus amigos os generais Jonas Correia e Francisco de Paula e Azevedo Pondé, ilustres membros de sua diretoria no IHGB e presidentes de elevada estatura moral e intelectual do IGHMB ..A certa altura queixando de mal estar digestivo, e sabendo a razão de seu mal tentamos, tentamos dizer-lhe que a razão fora algum alimento ingerido .E o acompanhamos o ilustre trio onde aprendemos muito com a troca de informações valiosas entre ambos .E só o revi morto em seu velório na Academia Brasileira de Letras, cujo corpo acompanhei sentido até a sua sepultura junto com seus confrades da Academia de Letras .Sua presença faz muita falta no cenário historiográfico brasileiro .E aqui as nossas saudades bem como a de todos os soldados do Brasil que tinham consciência de seu real e raríssimo valor cultural e da importância que dava a valorização da profissão soldado do Brasil .

E de se perguntar qual a explicação de uma personalidade tão doce, suave, alegre, gentil e agradável como Pedro Calmon haver nascido na cidade baiana de Amargosa.