INFORMATIVO DA ACADEMIA  
   CANGUÇUENSE DE HISTÓRIA


O MEMÓRIA
  Patrono: Conrado Ernani Bento  

         Ano:  2011                    28 outubro                n  o   º ESPECIAL

 

MENSAGEM MEUS 80 ANOS A ACANDHIS EM 28 OUT 2011

 

Cel Claudio Moreira Bento

   Presidente ACANDHIS

 

 

     Agradeço a Deus a ventura de ter completado 80 anos, em 19 de outubro de 2011, e aprovado com louvor em 11 de outubro de 2011 em exame clínico por meu cardiologista.

     Eu nasci uma semana depois de inaugurado no Rio de Janeiro o Monumental Cristo Redentor, uma das 7 maravilhas do mundo contemporâneo.

     Nasci no intervalo de duas revoluções brasileiras a de 1930 e a de 1932,  em cenário de grandes emoções e incertezas decorrentes. Daí talvez se encontre as raízes psicológicas de minha atividade cultural de historiador militar e a de soldado profissional a serviço do Exército e a de historiador militar brasileiro. Fui batizado no dia de Natal de 1932, em concorrida cerimônia, por ser filho do 2º Prefeito de Canguçu nomeado pela Revolução de 30 e, em momento em que a praça Marechal Floriano Peixoto em Canguçu passava por histórica modernização e a vila se preparava para desfrutar os benefícios da iluminação elétrica que foi inaugurada em  grande festa comunitária em 31 de dezembro de 1933. Nesta  ocasião iam avançadas as tratativas entre O Bispado de Pelotas, a  Prefeitura de Canguçu e a Ordem das Freiras Franciscanas para a inauguração do Colégio N.S Aparecida. Colégio que iniciou a funcionar em março de 1934 e no qual eu estudaria de 1938/44 e do qual carrego. lembranças infantis inesquecíveis, que traduzi em Memórias v.1 das quais entreguei exemplar ao CFENSA. Memórias que  as evoquei em minha plaqueta Minhas lembranças infantis 1931/1944 de Canguçu. Barra Mansa/:ACANDHIS, 2008 que n 4ª capa relaciona minha bibliografia sobre meu berço natal. Obra em que recordo meninas e meninas de então.

     Hoje aos 80 anos guardo agradáveis sensações do dever bem cumprido. Ouvi que “um homem para se sentir realizado deve ter escrito um livro, plantado uma árvore e ser pai”

       Como historiador, escrevi 80 livros de História, plantei ao que me recordo duas árvores e sou pai de três filhos, hoje profissionais competentes e dedicados, servindo nossa Marinha de Guerra e Mercante. Profissão que acredito, muito apreciava  meu saudoso Conrado Ernani Bento  que passou sua infância junto a Barra do Rio Grande e na garganta da Lagoa dos Patos, junto ao farol de Itapuã, encantado com a vida marítima.

       E além de 80 livros sem contar centenas de artigos, estimulei a atividade histórica literária criando academias municipais de História em Canguçu, Piratini, Itajubá, Itatiaia, Resende e Barra Mansa.  Fundei em 10  de setembro de 1986, há 25 anos, no sesquicentenário do combate do Seival,  o Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul e há 15 anos a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, desde 23 de abril deste ano, bicentenário da Academia Real Militar foi  transformada  numa Federação sob nossa Presidência, com 4 academias filiadas e  diversas espalhadas pelo Brasil, além de integrarmos  entidades internacionais de História de Portugal, Espanha, Argentina e Uruguai, Peru e Venezuela, as nacionais e várias estaduais e  municipais.   Como principais objetivos conquistados em 41anos como historiador:   O resgate da História de Canguçu, a que me dedico febrilmente desde 1956, com cerca de 5 livros a ela referentes, incluindo os originais desta História em 2 volumes dos quais distribuímos cópias xérox a diversas entidades.   Tarefa em que fomos auxiliados, a partir de 1978, com a Delegacia da Academia Brasileira de História em Canguçu que criamos sob a liderança da falecida Irmã Firmina Simon, minha mestra e grande amiga e hoje consagrada como patrona de cadeira na ACANDHIS, nome de uma escola em Canguçu. E mais a falecida professora Marlene Barbosa Coelho, hoje merecidamente consagrada como nome da Casa da Cultura e com a qual mantive intenso intercâmbio epistolar  a serviço da História de Canguçu, a professora acadêmica Laedi Bachini Bosembecker, já com expressivos e originais  artigos sobre a História de Canguçu  e o saudoso amigo o radialista falecido Adão Jesus Marques Pereira, comunicando pela rádio nossas pesquisas históricas.       A partir de 1988 com a fundação da ACANDHIS recebemos vigoroso reforço de seus acadêmicos  tornando possível organizarmos e produzirmos a rica  Revista dos 200 anos de Canguçu.    E para o sucesso da retomada cultural em 1978 foi importante o apoio do hoje acadêmico da ACANDHIS, o Prefeito Gilberto Moreira Mussi.    Hoje para completar minha sensação de realização no tocante a História de Canguçu só falta à construção da sede da ACANDHIS como a Casa de Memória de Canguçu, para que ela não seja perdida como foi lamentavelmente no passado. Estamos conscientes de que a ACANDHIS fez a sua parte. Nos resta aguardar que os poderes Executivo e Legislativo de Canguçu façam a sua parte em 2012, bicentenário de Canguçu Freguesia.

No tocante ao meu comando do 4° Batalhão de Engenharia de Combate sinto-me realizado ao resgatar a sua bela história hoje preservada no Museu Juarez Távora  que lá criamos, há 29 anos, bem como uma capela ao ar livro, em invocação a N.S Aparecida, e na forma de um oratório para os militares que lá servem

      Quanto a Academia Militar das Agulhas Negras, a minha mãe profissional e a cuja sombra há 31 anos me abrigo, orgulhosamente sou considerado o seu maior historiador e nela recolhi todo o meu acervo como historiador, como medida da segurança  na esperança que ele seja preservado e usado. na formação de novas gerações de oficiais de nosso Exército

       No tocante ao meu querido Rio Grande do Sul, sinto-me realizado pelo sucesso do Instituto de História e Tradições do Rio Grande do Sul e mais pelo privilégio de haver criado desde 1994 e realizado o Projeto História do Exército no Rio Grande do Sul, onde produzi cerca de 20 livros isoladamente ou com o concurso de parceiros onde destaco o Cel. Luiz Ernani Caminha Giorgis.   Este projeto é único no Brasil. E nele resgatei a História do Casarão da Várzea 1885/200, atual caserna do Colégio Militar de Porto Alegre, onde estudamos de 1951/52 na Escola Preparatória de Cadetes que ali funcionava.  Na minha atividade como historiador fui  premiado em sete concursos literários, sendo 3 sobre a História do Rio Grande do Sul

      Em Berra Mansa, ao assumir a cadeira Marechal Floriano Peixoto, na Academia Barra - mansense de História ouvi um orador assim falar;

“O ser humano (homem ou mulher) tem três mortes”. A primeira ao exalar  o último suspiro. A segunda ao baixar a sepultura, e a terceira e definitivamente a última vez que o seu nome foi pronunciado ou lembrado.

       Assim me orgulho de haver sido um ressuscitador de centenas de pessoas que tiveram a 3ª morte, ao exumar suas vidas e obras, pela remoção da pátina do esquecimento e da ingratidão que as encobriam. E assim atuei na história do Exército e na de Canguçu. E se houver vida depois da morte, os ressuscitados espiritualmente por este historiador, creio me receberão no andar de cima, festivamente. E assim espero!.     Hoje minha obra literária se encontra bem distribuída por diversas bibliotecas brasileiras e,  em especial na do meu saudoso colégio  o CFENSA, nas Escolas do Exército, aonde estudei, nas  instituições históricas de que sou membro, na  Biblioteca do Congresso dos EUA. E inclusive nas bibliotecas de Nova York e na de Coimbra em Portugal, onde nesta  deixei exemplar de meu Canguçu reencontro com a História. Creio que minha obra pode ser acessada no Google em função do que publiquei nos sites www.ahimtb.org.br  e www.ihtrgs.com.br em especial.