CONTINÊNCIA A UM HERÓI:
General Plinio Pitaluga

Faleceu no dia 17 de dezembro no Hospital Central do Exército o General

Plínio Pitaluga ,

herói brasileiro da 2a Guerra Mundial ,no comando do Esquadrão de Cavalaria Mecanizado da FEB ,atualmente sediado em Valença.

Era acadêmico emérito da Academia de História Militar Terrestre do Brasil(AHIMTB) cuja posse teve lugar nas dependências da AEDB com expressiva presença de cadetes de Cavalaria .Ele teve seu batismo de fogo em Resende como cabo na Revolução de 32 e como comandante de uma patrulha governista que progredia para a fronteira Rio –São Paulo .

A AHIMTB que preserva a História deste bravo ,se associa e se solidariza as homenagens a ele prestadas no artigo a seguir de Ernesto Caruso Ass: Cláudio Moreira Bento pela AHIMTB .


Muitos lhe prestaram homenagens e reconheceram os seus méritos. Hoje o faço com a singeleza destas palavras desprovidas de adjetivos que pudessem dignificar e exaltar a vida desse herói.

Pensei no epíteto "Repouso do guerreiro" ou "Repouso do herói". Ambos não agradaram pois "repouso" não lhe assenta bem. Continência é eterna.

Passou para a reserva efetiva com mais de 90 anos, sempre empunhando uma maleta a lhe forçar a coluna.

Não lhe incomoda. Os desafios burocráticos e as necessidades diuturnas são enfrentados com galhardia e determinação a despeito do peso dos papéis, dos documentos e das responsabilidades que ele próprio lhe atribui para atender os seus semelhantes, ex-combatentes.

E o fazia com abnegada devoção. Refere-se também com entusiasmo aos ex-combatentes das outras nações envolvidas no confronto.
Participou da Segunda Guerra Mundial. Foi, combateu, comandou e venceu, como expõem seus companheiros, então capitães e tenentes, agora reformados e em postos mais elevados.

Puderam reviver fatos gloriosos e instantes de tristezas, eixando registrados seus pensamentos, imagens e palavras no Projeto História Oral do Exército na egunda GuerraMundial.
Magnífica obra em oito volumes, recém lançada, que buscou depoimentos de muitos dos nossos heróis que honraram o verde-amarelo impresso nos seus fardamentos e corações.

São testemunhas dos atos que reforçam esta apreciação. Não podemos esquecê-los e precisamos ser criativos, para não se aceitar o amortecimento imposto pela opressão das cifras elevadas, da caneta e voz impiedosas nas sucessivas campanhas de descrédito dos vultos nacionais.

Embora da arma de Osório, sua tropa foi empregada como companhia de fuzileiros nas piores condições de combate em regiões elevadas, onde o americano atuara com elementos de montanha.

E, sem poder utilizar suas armas principais integradas aos carros de combate que, por imposição do terreno, ficaram afastados.

Fase de triste recordação, pois lá, a unidade perdeu um dos seus bravos, o Ten Amaro, quando comandava uma patrulha.

Em um dos relatos da História Oral, o Gen Adhemar Machado, que na época, ocupara tais alturas efetuando uma substituição em posição, lembrou das dificuldades de acesso, necessitando de cordas e tendo que agir como alpinistas, onde as mulas não atingiam e a carga era transportada nas costas dos combatentes.
Seus outros companheiros não lhe poupam elogios, relembrando os fatos e momentos de apreensão, e muitas vezes de condolências.

Fiéis testemunhas, lutando ombro a ombro, contra o frio a que não estavam acostumados e enfrentando um inimigo com experiência de combate, conhecimento do terreno e ocupando as alturas dominantes.
O Gen Montagna diz que na fase do aproveitamento do êxito, foi o grande homem, fazendo muito mais do que se esperava.

O Gen Meira Mattos ressalta a ousadia na busca do contato, lançando-se a grandes distâncias, contribuindo para que se impedisse o retraimento do inimigo.

O Coronel Amerino Raposo não faz por menos, o chama de excepcional comandante.

Nas palavras carinhosas do Gen Rubens Restel, aquela gente por vezes trazia problemas para eles, observadores de Artilharia, porque não parava; quando iam atirar em seu apoio já estava mais à frente.

Já o Gen Moziu Moreira Lima afirma que sempre cumpriu com grande brilho as missões recebidas e quem tomou a iniciativa do cerco aos alemães.
Recordando momentos em que seus elementos de Material Bélico recuperavam armamento sob tiros do inimigo, destacou o Gen Confúcio no seu depoimento, o valente e excepcional comandante do elemento apoiado.

Em pé designava os objetivos com destemor e exemplar autoconfiança.

Seu companheiro, como observador aéreo, Cel Elber de Melo, cita que divisava os carros de combate do nosso herói vencendo caminhos alternativos pois as pontes eram destruídas pelo inimigo ao retrair.

Completa chamando-o de consagrado ex-combatente.

O Gen Otávio Costa destaca a sua bravura e lucidez extraordinária. Ratifica o Gen Ruy Campello as demais referências como sendo um bravo, destacando a sua contribuição no sucesso ao cerco dos alemães.

Conclui o Cel Sólon Rodrigues D'Ávila que o audaz combatente Capitão Pitaluga impôs-se como chefe pela competência profissional, coragem, liderança e energia.
São comentários de oficiais de Infantaria, Artilharia e da própria Cavalaria, visto ao lado, à frente e até do alto, por observadores aéreos. Todos lhe devotam admiração e reconhecimento.

Liderança inconteste, foi repetidas vezes mantido como Presidente do Conselho Nacional das Associações dos Ex-Combatentes. Propôs e lutou para que se atribuísse ao Esquadrão de Reconhecimento a denominação histórica de Esquadrão Tenente Amaro.
Não há quem, com um mínimo de conhecimento da participação do Exército Brasileiro na Segunda Grande Guerra, não tenha identificado nestas linhas a figura do grande soldado- O Capitão Plínio Pitaluga
Se não se fez, fica o apelo para se construir um monumento lá em Valença ,no Esquadrão Ten Amaro, , ao herói General Plínio Pitaluga, que do torreão dos seus carros de combate, comandou, lutou e venceu. A nossa continência ao herói!

Cláudio Moreira Bento