Coronel de Artilharia Germano Seidl Vidal

Veterano da FEB

 

19 jul 1922 – 04 out 2008

Acadêmico Emérito - Academia de Historia Militar Terrestre do Brasil

Cadeira 19 - Marechal Mascarenhas de Moraes

Sócio Efetivo - Instituto de Geografia e História Militar do Brasil

Cadeira 40 - Major Ladislau dos Santos Titara

 

Por ISRAEL BLAJBERG Eng Ten Art R/2 (*)

Acadêmico e Delegado da Academia de História Militar Terrestre no Rio de Janeiro

  

Aos 86 anos, o militar, escritor  e historiador Germano Seidl Vidal faleceu no Rio de Janeiro as 1400 de 04 out 2008, na Casa de Saúde São José.

 

Até a internação há uma semana o Velho Artilheiro da FEB prosseguia com entusiasmo o seu trabalho. Há pouco havia trocado correspondência com o Comandante da Força, Gen ENZO, sobre FEB e outras temas históricos.

 

Em 2006 grande evento no Museu Militar Conde de Linhares marcou os 2 milhões de acessos ao seu site www.guerraproscrita.com.

 

Fazia planos para as comemorações dos 3 milhões de acessos, cercado pelo carinho da família e assistido pela esposa dedicada Dona Eunice, com quem comemorou em 2006 na Igreja Santa Margarida Maria  as bodas de diamante, 60 anos do casamento celebrado com o jovem tenente, recém chegado do front italiano.

 

Seu ultimo artigo “Pacifismo Ativo: Utopia ou Realidade?” foi publicado em A Defesa Nacional de dez/2007.

Germano nasceu na cidade do Rio de Janeiro, filho do Maj.Brig.Godofredo Vidal e da D.Beatriz Seidl Vidal.  Cadete de abril da 1940 da Escola Militar do Realengo, declarado Aspirante na Turma de 1º de março de 1943.  Cursou a ECEME, e na ESG os Cursos de Comando e Estado-Maior das Forças Armadas e Superior de Guerra

Promoções: 2º Tenente em 25 Set 43, 1º Tenente em 25 Set 44, Capitão em 25 Mar 48, Major em 25 Jan 53, Tenente-Coronel em 25 Abr 62 e Coronel em 25 Dez 66, as três últimas por merecimento.  Foi transferido para a reserva, a pedido, em Jan 72. 

Foi Comandante da Linha de Fogo da 2ª Bateria do Grupo Escola – depois I/1º RAPC (4º Grupo de Artilharia, na FEB), Comandante da 2ª Bateria do 8º GMAC (Rio - RJ), Comandante da 8ª Bateria do 2º RO-105 (Itu-SP), Instrutor da EAC (Rio - RJ), Chefe da 3ª Seção / EM da 6ª Região Militar (Salvador-BA), Comandante da 1ª/4º GACos M (unidade isolada, em Salvador-BA), Adjunto da 5ª Seção / EME (Rio - RJ), Comandante do CPOR de Salvador e Membro do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (Rio - RJ). 

Representou o Exército na Comissão de Planejamento Nacional (COPLAN) e na Junta Executiva Central do Conselho Nacional de Estatística. 

Como integrante da Força Expedicionária Brasileira (FEB) embarcou no 2º Escalão e participou de todas as operações do 4º Grupo de Artilharia, comandando a Linha de Fogo da 2ª Bateria de Obuses de 155 mm (material modelo 1943, somente conhecido já na Itália durante os preparativos para o deslocamento ao “front”), tendo permanecido como tropa de ocupação no Norte da Itália até a reunião da 1ª DIE, concentrada em Francolise, próximo a Nápoles, aguardando o regresso no 2º Escalão. 

Por duas ocasiões exerceu também a função de observador avançado de Artilharia, em sistema de rodízio, a 1ª em Torre di Nerone (durante o inverno) e a 2ª, no quarto e bem sucedido ataque ao Monte Castelo. 

Foi agraciado com a  Medalha Militar de Ouro, Medalha de Guerra, Medalha de Campanha da Itália, Cruz de Combate de 2ª Classe, Mérito Militar – no grau de cavaleiro, Mérito Militar – no grau de Oficial e Mérito Santos Dumont. 

Na vida civil foi Secretário-Geral do Conselho Nacional de Estatística (1964), Editor Técnico do Projeto “Matriz Energética Brasileira” (MME, IPEA e as seis maiores empresas de consultoria brasileira no setor) pela MONTOR SA PROJETOS E SISTEMAS (1972-1974) e Chefe do Departamento de Planejamento de Suprimentos da ITAIPU BINACIONAL (1974-1989)

Publicou, entre outros, os livros LINHA DE PENSAMENTO MILITAR (SENAI / BA, 1967, 155 pág.), e A GUERRA PROSCRITA (Razão Cultural Editora, 1999, 411 pág.) além de artigos publicados nas Revistas Mensário de Cultura Militar, A Defesa Nacional, Clube Militar, Militar Brasileira, Marítima Brasileira, Segurança e Desenvolvimento e Exército Brasileiro. 

Tem verbetes assinados na ENCICLOPÉDIA BARSA (14 volumes, 1ª Edição em 1964, da Encyclopaedia Britannica Editores Ltda). 

Colaborou na elaboração da HISTÓRIA ORAL DO EXÉRCITO, como entrevistado em 09 jan 2001. 

Produziu os vídeo-documentários PARTICIPAÇÃO DO BRASIL NA II GUERRA MUNDIAL - esforço histórico para fins didáticos, A MAIOR AVENTURA DA AVIAÇÃO MILITAR BRASILEIRA – o raid do avião Duque de Caxias em 1931e EU VI NASCER A OBRA DO SÉCULO – a saga de construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu.

Recentemente prestou depoimento ao programa "No Compasso do IME", pela UTV Canal 16 - NET Rio.

 

Um dos programas abordou o Ten Cmt da Linha de Fogo da 2ª Bia do 4° GO 155, a mais poderosa unidade da AD/1ª DIE, sua experiência, e como se tornou o pacifista ativo, poeta, pintor, historiador e editor na Internet.


Outro programa enfocou o Maj-Brig-Ar Godofredo Vidal, pai do Cel Germano, que pilotou o avião Duque de Caxias no vôo de circunavegação das Américas do Sul e Central em 1931, o primeiro raid da Aviação Militar Brasileira.

 

Na data de seu passamento, o contador do site do Cel Germano registra 2.928.740 acessos.  Sua alma, elevando-se aos Jardins do Éden, breve assistirá um click do mouse que registrará os tão sonhados 3 milhões, possivelmente de um dos muitos jovens estudantes que buscam o site, já que tem sido de consulta constante de acadêmicos de escolas civis e militares. Será um momento paradigmático, mostrando que realmente valeu a pena !

 

Para nos que ficamos, sua família que tanto o amava, seus muitos admiradores e amigos, o exemplo que transmitiu ficará eternizado na memória dos que o conheciam e admiravam.

 

Na realidade virtual da Internet a sua obra certamente será perenizada, amenizando um pouco a sensível perda, para o Exército e para o Brasil.

 

A cerimônia de sepultamento realizou-se domingo 05 out 2008 as 1400 no Jazigo da Família no Cemitério São Francisco Xavier no Caju, precedido de Salmos de Meditação e da Oração de São Francisco. A Academia foi representada pelos confrades Gen Geraldo Luiz Nery da Silva, Cel Roberto Mascarenhas de Moraes e Prof. Israel Blajberg.
 
Em sintonia com o legado do Cel Germano, nada mais justo que as honras fúnebres fossem prestadas por uma unidade de escol da Arma de Artilharia, o 11°. GAC – Grupo Montese, unidade sucessora do Grupo Escola – I/1º RAPC (4º Grupo de Artilharia 155 da FEB) onde o então Ten GERMANO comandou a Linha de Fogo da 2ª Bateria.
 

Ao iniciar-se o deslocamento do cortejo, uma tropa de 42 homens formada na alameda central pouco depois do portão executou a salva regulamentar, em meio a grande emoção  pelas vozes de comando seguidas do forte ruído dos disparos e das cápsulas caindo ao solo. Enquanto o vento frio da tarde chuvosa espalhava a fumaça pelas aléias, a tropa apresentou armas na última continência prestada ao ilustre FEBiano.

 

A Bandeira Nacional, cuja honra defendera com galhardia na Itália, e que envolvia o caixão foi removida e passada as mãos do filho Germano Vidal pelo Sub-Comandante do Grupo, Major Cruz.

 

Em seguida o militar mais antigo presente, General Geraldo Luiz Nery da Silva convidou os irmãos de arma presentes a entoar a ultima estrofe da Canção da Artilharia.

 

O Toque de Silencio cortando os amplos espaços da derradeira morada simboliza a partida de um Grande Soldado, mas o exemplo frutificará, do trabalho ingente, dedicação aos ideais, preservação e divulgação da memória da FEB.

 

A melhor homenagem que lhe poderemos prestar será manter desfraldada a bandeira a qual dedicou toda a sua rica existência. Que a sua alma faça parte da corrente da vida eterna.

 

 

Após o término da Campanha da Itália, a  2a. Bateria do 4º. Grupo de Artilharia 155 da FEB posou para uma fotografia histórica, com todo o seu efetivo, sob o comando do Capitão de Artilharia Samuel Kicis, tendo ao fundo as 4 peças da Bateria, obuseiros de 155 mm de fabricação americana, as peças de maior poder de fogo com que contava a Artilharia Divisionária da FEB.

 

“ ... a foto demonstra o nosso grupo perfilado, com os obuseiros da bateria. O original desta foto foi doado ao GRUPO MONTESE, na Vila Militar, na passagem do 45o. aniversário da conquista de Montese (Itália) pelos brasileiros ... ...é a nossa 2a. bateria do atual 11o. Grupo de Artilharia de Campanha (GAC).

Vários componentes do grupo assinaram no verso da foto !

É o melhor registro em foto que temos desta brilhante corporação militar atuando no teatro de operações na Itália. “ (Cel Germano Seidl Vidal)

 


MHEx e Forte Copacabana  -  13 nov 2007

Academia de Historia Militar Terrestre do Brasil

Cel Germano, elevado a Acadêmico Emérito, com Mal Levy Cardoso e General Moreira na posse de Acadêmico do Cel. Roberto Mascarenhas de Moraes na Cadeira Mal João Baptista Mascarenhas de Moraes, seu avô.

 


 

Honras Fúnebres prestadas pelo 11°. GAC – Grupo Montese, unidade sucessora do Grupo Escola – I/1º RAPC
 (4º Grupo de Artilharia 155 da FEB) onde o então Ten GERMANO comandou a Linha de Fogo da 2ª Bateria. 

 

 


Referências:

www.brasilinter.com.br/guerraproscrita/relancamentoisrael.htm

  (*)  da AHIMTB

3°. VP e Delegado - RIO

 iblaj@telecom.uff.br