CONSEQÜÊNCIAS DA 1ª BATALHA

Para os holandeses:

- destruição de grande parte de seu poderio militar, com a conseqüente perda de sua capacidade ofensiva estratégica terrestre para atuar na campanha de Pernambuco;

- adoção da defensiva estratégica terrestre em Pernambuco e mantêm, porém diminuída, a ofensiva estratégica marítima através de sua esquadra, desfechando ataques em diversos pontos do litoral do Nordeste e principalmente na Bahia.

 

A morte, atingido grande número de oficiais, numa época em que o mercenário devia temer mais o seu oficial do que o próprio inimigo, trouxe graves reflexos para manutenção da disciplina dos soldados holandeses no Recife.

Com a chegada da esquadra de socorro no Recife, os holandeses pretendiam estabelecer bases de suprimentos próximas, além de submeter os patriotas e ampliarem suas conquistas até a Bahia; isso não ocorreu, e o pior , ficam submetidos, com a retomada de Olinda, a um cerco no Recife, mais apertado e agressivo do que antes.

Acreditando a Holanda contar com recursos locais para o abastecimento de suas tropas, diminuiu sensivelmente o fluxo de víveres remetidos ao Recife, dando motivo a sérias reclamações e, ao mesmo tempo, gerando a indisciplina entre os sitiados.

Estas escassez de víveres no Recife sitiado foi assim descrita, respectivamente por With e Cornelis Van der Branden:

"O Recife sitiado é e continua a ser a cidade da fome."

"Nós holandeses aqui vivemos como bestas e morremos como porcos."

 

A Companhia de Comércio das Índias Ocidentais sofreu rude golpe ao ver destruído o caríssimo exército de 9.000 homens que aprestara na Europa para submeter os patriotas de Pernambuco e, após, conquistarem a Bahia e outros pontos do litoral, incluindo-se o próprio Rio de Janeiro.

Isto pôs por terra os sonhos de grandes lucros comerciais da Companhia das Índias Ocidentais e acelerou, mesmo, seu processo de falência.

Em resumo, a 1ª Batalha dos Guararapes foi o começo do fim do domínio holandês no Brasil, e se convencem da inutilidade da organização e estratégia em voga na Europa, em face das adotadas pelos patriotas no Brasil. Por esta razão, decidem adaptar-se para um próximo confronto, à luz da doutrina militar dos patriotas, predominantemente brasileira, conforme tivemos oportunidade de analisar quando tratamos deste assunto, e que ganharia grande renome em Portugal e Europa como doutrina militar da "Guerra Brasílica".

 

Para os luso-brasileiros:

- vitória maiúscula da doutrina militar brasílica conta a doutrina militar em voga na Europa, posta em confronto na América do Sul;

- submissão dos holandeses a um cerco mais rigoroso no Recife, além de reconquistarem Olinda;

- reforço de seus meios materiais, com os copiosos petrechos que tomaram dos holandeses na batalha;

- os patriotas passam a ser admirados, respeitados e recebem mais ajuda de Portugal em razão do grande feito militar;

- a sensível diminuição da capacidade ofensiva estratégica da esquadra holandesa, por falta de aguadas e víveres, tornou possível uma expedição partida do Rio de Janeiro burlar o bloqueio marítimo e recuperar Angola das mãos dos holandeses.

- a situação da esquadra, com a dificuldades de víveres e aguadas, beneficiou todo o litoral nordestino, pois diminuíram as incursões inimigas em toda a orla marítima.